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No Dia Mundial da Retina, 24 de setembro, uma pesquisa inédita da organização não governamental (ONG) Retina Brasil, com apoio da Roche Farma Brasil, alerta que as dificuldades no diagnóstico da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) ocorrem, principalmente, pela pouca informação do paciente sobre a doença e pela demora para iniciar o tratamento. Segundo o estudo, muitas vezes, os sintomas são encarados como parte do envelhecimento e não existe rastreio adequado.

Com o envelhecimento da população brasileira, a DMRI torna-se mais prevalente. A doença afeta a área central da retina (chamada mácula) e representa a principal causa de cegueira irreversível em indivíduos com mais de 50 anos nos países desenvolvidos, informa o Ministério da Saúde.

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A pesquisa, que ouviu 100 pessoas com DMRI de todo o Brasil, revela que 81% encontraram barreiras para chegar ao diagnóstico. As principais dificuldades foram a demora para procurar um médico por achar que os sintomas não eram relevantes (59%), a falta de acesso a especialistas (17%) e o medo do diagnóstico (7%). Dificuldades financeiras ou para marcar consultas e realizar exames e falta de acompanhante também foram citadas pelos entrevistados.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia cita estimativas com base na projeção populacional segundo as quais, em 2030, o país terá quase 900 mil pessoas com DMRI. A doença não tem causa única e, sim, uma combinação de fatores de risco, como: idade, história familiar de DMRI, índice de massa corporal (IMC) elevado, tabagismo e etnia.

Com a progressão da doença, ocorre perda gradual da visão, que pode levar à cegueira total. Os indivíduos com DMRI devem ser examinados e acompanhados periodicamente por um especialista, pois a doença pode se agravar.

“É essencial que seja implantado o protocolo de atendimento no SUS [Sistema Único de Saúde] e na saúde suplementar para a boa gestão do tratamento para preservar a visão e a qualidade de vida. Programas de detecção precoce da doença, facilitação do fluxo dos exames e agilidade para o início do tratamento permitem melhores resultados visuais e otimização da capacidade funcional e independência do idoso”, afirma a médica e professora Juliana Sallum, oftalmologista especializada em retina e genética ocular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Sintomas

Os principais sintomas da degeneração macular relacionada à idade são: visão embaçada, com piora lenta e progressiva, que dificulta enxergar de perto e de longe; prejuízo na capacidade de executar trabalhos detalhados; aparecimento de pontos cegos na visão central e percepção de distorção de linhas. Quando a neovascularização se inicia, o paciente nota piora acentuada e abrupta dos sintomas. Nesse momento, deve começar o tratamento para minimizar a perda visual.

Estima-se que um terço dos adultos acima de 75 anos tem DMRI. Além disso, as mulheres têm mais risco de desenvolver a doença do que os homens, justamente em razão da maior expectativa de vida.

“A DMRI é uma doença degenerativa da retina, especialmente da área macular. A idade é o principal fator de risco. Já o tabagismo é um fator predisponente”, diz a oftalmologista. 

A degeneração macular relacionada à idade decorre do envelhecimento da retina. Na forma inicial da doença, ocorre a deposição de material degenerativo na retina, as drusas, fase drusiforme da retina. Na fase úmida, vem o desgaste das camadas da retina, deflagrando a formação de neovascularizacão sub-retiniana.



“A DMRI pode evoluir para a atrofia do epitélio pigmentado da retina na forma seca da doença. As áreas da retina afetada pela atrofia ou pela neovascularização correspondem a áreas de distorção e diminuição da capacidade de enxergar”, completa Juliana.

Prevenção e tratamento

Alguns hábitos saudáveis auxiliam na prevenção da DMRI e são recomendáveis, informa a especialista. “O primeiro [hábito] seria não fumar, pois o tabagismo é o principal fator de risco modificável, assim como proteger-se do sol com óculos escuros e chapéu. Também é indicada uma dieta rica em frutas e vegetais. Alguns estudos apontam benefícios na suplementação de luteína, zeaxantina, zinco e cobre para a prevenção de formas mais graves da doença.”

O tratamento para a forma úmida consiste em injeções intravítreas de anti-VEGF, por meio de injeções intraoculares periódicas, para evitar o dano causado pelo crescimento de complexos neovasculares sub-retinianos. 

“Trata-se de uma classe de medicamentos que inibem o VEGF, que é um fator de crescimento de vasos. A retina degenerada estimula a produção de VEGF para formar novos vasos. Mas estes têm a parede frágil, sangram e alteram o tecido retiniano, levando à formação de uma lesão. O paciente percebe como uma mancha que altera a visão central. O tratamento anti-VEGF visa diminuir e controlar esta lesão macular”, detalha Juliana.

Desinformação

Além da falta de informação, que faz com que as pessoas não percebam que a visão está sendo afetada, a pesquisa revela desconhecimento delas sobre sua própria condição, mesmo após o diagnóstico: 10% das pessoas ouvidas não souberam dizer se tinham DMRI seca ou úmida, informação relevante para os cuidados adequados, já que a forma úmida tem opções de tratamento.

Segundo a vice-presidente da Retina Brasil e uma das autoras da pesquisa, Maria Antonieta Leopoldi, a desinformação pode ser atribuída a três fatores: falta de escolaridade do paciente, impacto emocional no momento de ouvir o diagnóstico e falta de o médico comunicar o nome e as características da doença.

“Não é uma doença rara; é uma doença prevalente”, alerta Antonieta. “A desigualdade social do país se apresenta também no sistema de saúde, com diferenças enormes entre o atendimento público e o privado, na forma de obter o diagnóstico e tratar a DMRI. É preciso que as pessoas sejam atendidas cada vez mais rápido e melhor em ambos os serviços”, reforça.

A pesquisa indica necessidade de acompanhamento médico mais adequado para os pacientes. Perguntados sobre o que teria facilitado sua jornada, 38% citaram o fato de terem procurado um especialista no início dos sintomas, 17% disseram que teriam sido beneficiados se tivessem conseguido tratamento precoce e acessível, 10% queriam ter tido acesso a especialistas no início da doença e 8% responderam que ter mais acesso a informação teria sido benéfico. Chama a atenção o fato de que 27% não souberam explicar ou responder.

Outro dado mostra que 32% dos pacientes afirmaram não ter tido informações do médico sobre a DMRI e sobre como conviver com a doença após o diagnóstico. A pesquisa revela ainda que somente 15% das pessoas com DMRI entendem que vivem um novo contexto, uma nova identidade e tentam se adaptar à nova vida com baixa visão.

Entre os entrevistados, 84% resistem em admitir que a vida mudou com a doença, o que, para a ONG Retina Brasil, é mais um sinal de que a saúde mental dos pacientes merece atenção dos médicos, equipe profissional e rede de apoio.

“Quando perguntamos diretamente sobre o impacto no dia a dia, 43% alegaram dificuldade na leitura e na realização de atividades de perto e 45% disseram que estavam perdendo autonomia”, ressalta Antonieta. “Ouvimos constantemente relatos sobre perdas de trabalho, amizades, companheiros, deixar de dirigir e de ler”, acrescenta.

A chegada da idade avançada traz uma série de alterações físicas e mentais no organismo. Mas especialistas do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE) atentam para um cuidado que nem sempre vem em primeiro lugar na preocupação das pessoas: a saúde dos olhos. Esta também passa por um processo de desgaste com o passar dos anos, a exemplo da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que é hoje a principal causa de perda da visão após os cinquenta anos.

A DMRI é uma degeneração da mácula, uma pequena área localizada na porção central da retina, que contém a maior densidade de fotorreceptores e é responsável pela percepção de detalhes. Segundo o oftalmologista do HOPE, Felipe Patriota, ela é causada por depósitos de restos celulares, chamados drusas. "Estas drusas podem destruir os fotorreceptores e provocam proliferação anormal de vasos sanguíneos sob a retina. A partir daí, aparecem cicatrizes que afetam a integridade da mácula e comprometem a visão central e a capacidade de distinguir cores”, explica.

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A degeneração macular pode vir de duas formas: atrófica ou seca, quando evolui lentamente e provoca perda gradual da visão; ou úmida, quando se instala abruptamente e pode provocar perda total da visão. Alguns fatores de risco aumentam a probabilidade do surgimento da DMRI, como exposição à luz solar, predisposição genética, hipertensão, obesidade, ingestão de grandes quantidades de gorduras vegetais e dietas pobres em frutas, verduras e zinco. Fumantes ativos e passivos também estão mais sujeitos. “Um dos detalhes importantes da doença é que pessoas brancas são mais afetadas do que os negros ou pardos”, afirma Patriota.

Na fase inicial do problema, a perda visual não é muito perceptível, mas logo em seguida começam a aparecer os sintomas. Visão borrada, pontos luminosos, manchas no centro da visão, dificuldade de adaptação ao escuro e diminuição da sensibilidade aos contrastes de luz são alguns. O diagnóstico só pode ser feito por meio do oftalmologista com o exame da retina, além de outros mais específicos como a retinografia, a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica.

Quando diagnosticada no começo, o tratamento pode ser somente com regime alimentar ou com medicações que possuem vitaminas especificas para evitar essa destruição dos fotorreceptores. “Nas fases mais avançadas da doença, deve ser feita a aplicação de uma medicação diretamente no olho, os antiangiogênicos”, conclui.

Com informações da assessoria. 

O ácido acetilsalicílico (AAS) - conhecido popularmente como Aspirina - é um dos medicamentos mais utilizados no mundo inteiro. Entretanto, estudos mostram que esses usuários regulares estão ficando mais propensos a desenvolver degeneração macular exsudativa (molhada), doença acomete quase 30% dos pacientes com mais de 75 anos.

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma das principais causas da perda de visão depois dos 50 anos, sendo classificada em dois tipos: não-exsudativo ou seco (90%) e exsudativo (10%). Na forma exsudativa, vasos sanguíneos anormais se formam sob a mácula – pequena área central da retina que contém maior densidade de fotorreceptores e é responsável pela percepção de detalhes.

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O diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, o oftalmologista Renato Neves, fala que a doença pode ser adquirida de diversas formas. “A degeneração macular é causada por depósitos de restos celulares que destroem os fotorreceptores e provocam proliferação anormal de vasos sanguíneos sob a retina. Sabemos que a doença está estreitamente associada a fatores como predisposição genética, exposição aos raios ultravioleta, hipertensão, obesidade, ingestão de gorduras vegetais em excesso e dietas pobres em frutas, verduras e zinco”, disse o diretor.

Na opinião do especialista, ainda são necessários mais estudos associando pessoas que fazem uso regular de Aspirina com DMRI e alerta aos médicos que recomendam o remédio. “A pesquisa inicialmente publicada no jornal Internal Medicine, indica que o sistema imunitário pode ser cronicamente superestimulado pelo ácido acetilsalicílico, causando danos ao fundo do olho. Na dúvida, é interessante que os cardiopatas que façam uso de Aspirina com frequência mantenham suas consultas com o oftalmologista em dia.”

Novos tratamentos para DMRI

O oftalmologista afirma que o exame de fundo de olho faz parte de um primeiro diagnóstico, podendo sugerir a degeneração macular, mas a confirmação depende de exames muito mais específicos, como a retinografia e a angiofluoresceinografia – que utiliza contrastes.

As novas injeções intravítreas utilizadas para tratar a DMRI representam nova esperança para esses pacientes. Embora nem todo paciente recupere a visão perdida, só o fato de o tratamento interromper a progressão da doença e evitar que o paciente fique cego já é extremamente importante.

Além do tratamento de ponta, diminuir o consumo de gorduras, manter peso saudável, controlar a pressão arterial e adotar dietas ricas em frutas, folhas verdes, grãos integrais, peixes, nozes, castanhas e amêndoas mudanças são fundamentais para evitar a perda da visão. Os fumantes precisam abandonar o cigarro de vez, porque está mais do que comprovado que o fumo torna duas vezes maior o risco de desenvolver DMRI. 

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