Aos 39 anos, Daniel Alves se recusa a pensar em aposentadoria. Dispensado pelo Barcelona e ainda sem clube, o lateral brasileiro acha injusta a forma como vem sendo tratado no final da carreira e acredita que ainda tem muito o que contribuir com o futebol. Em entrevista ao inglês The Guardian, o jogador falou sobre isso, mas também sobre racismo e as especulações a respeito do seu futuro.
Dani Alves foi protagonista de uma discussão sobre racismo nos gramados em 2014, quando um torcedor do Villarreal jogou uma banana em sua direção. O baiano fingiu ignorar a representatividade racista da fruta no contexto e simplesmente a comeu. De lá para cá, o lateral diz ter notado um aumento nos crimes racistas, inclusive, nos esportes.
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O mais recente caso, que envolveu Lewis Hamilton e o ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet, não passou batido pelo ex-jogador do Barcelona.
“Não vou me aprofundar muito nisso porque empurrar [um] bêbado morro abaixo é fácil. Não é apenas por causa da declaração [de Piquet]. É por tudo que está acontecendo. O que aconteceu é o extremo. Se o maior vencedor da Fórmula 1 é atacado, desprezado, excluído, imagine quem está lá embaixo na sociedade?”, questionou.
Nas redes sociais, Dani Alves prestou apoio a Lewis Hamilton depois que ele se manifestou contra Piquet.
“Foi uma mensagem para ele seguir em frente com seu objetivo, que é muito grande”, diz Alves. “Ele é um cara que pode transformar vidas e precisa continuar lutando. Temos uma missão e ninguém vai nos abalar”, disse Alves.
Despedida do Barcelona
Daniel Alves começou dizendo que não saiu triste do time espanhol – para onde voltou após uma passagem turbulenta pelo São Paulo – mas deixou claro que a forma como foi tratada sua demissão do Barcelona o deixou incomodado.
“Desde que cheguei, deixei bem claro que não era mais um cara de 20 anos e que queria que as coisas fossem feitas de frente, sem esconder as coisas. Mas este clube pecou nos últimos anos. O Barcelona não se importa com as pessoas que fizeram história para o clube. Como culê [torcedor do Barcelona], gostaria que o Barcelona fizesse as coisas de forma diferente. A mentalidade é totalmente oposta ao que construímos há alguns anos. Tudo o que acontece no campo é reflexo do que acontece fora”, afirmou.
Futuro
Além de estar na frente por uma vaga entre os 26 de Tite para a Copa do Mundo, Daniel Alves ainda sonha em vencer jogando futebol. Recordistas de títulos, o lateral ainda acha que tem muita lenha para queimar.
“Gosto de desafios e me adapto a qualquer situação”, diz Alves. “Hoje estou desempregado, mas surgiram coisas interessantes. Estou fazendo meu estudo sobre lugares para ir que têm um bom nível de competitividade. Eu gosto de vencer. Eu quero ir a algum lugar onde eu possa vencer”, falou Dani, antes de informar que só volta ao Brasil se for para o Atlético Paranaense, de Luiz Felipe Scolari.
Segundo o The Guardian, o Real Valladolid, cujo acionista majoritário é o ex-jogador Ronaldo, também tem interesse em contar com o futebol do lateral direito baiano.
“Sei que todo mundo está falando da minha idade, que sou velho, que há 20 anos todos me queriam e hoje não. Mas discordo completamente porque hoje tenho uma experiência que não tinha há 20 anos. Quando há um grande jogo, os jovens de 20 anos ficam nervosos e preocupados, mas eu não”, finalizou.