A cidade americana de Charlottesville se livrou neste sábado (10) de símbolos da escravidão e de seu passado racista ao remover várias estátuas controversas, incluindo as de dois generais confederados que estiveram no centro de confrontos mortais entre ativistas de extrema direita e manifestantes antirracistas em 2017.
As estátuas do general Robert Lee, líder do exército pró-escravidão do sul durante a Guerra Civil, e do general Thomas "Stonewall" Jackson, ambos fardados e a cavalo, ficavam em dois pequenos parques próximos ao centro histórico desta cidade no estado da Virgínia.
Funcionários municipais desmontaram as duas estátuas com um guindaste, diante de vivas e aplausos de várias dezenas de pessoas.
"Retirar esta estátua é um pequeno passo para ajudar Charlottesville, Virgínia e os Estados Unidos a enfrentar o pecado de ter ido tão longe a ponto de destruir os negros com fins de lucro", disse a prefeita da cidade, Nikuyah Walker, antes do início das operações.
Em agosto de 2017, centenas de militantes da extrema direita protestaram contra o plano do município de remover essas estátuas, que muitos consideram símbolos do passado racista e escravista dos Estados Unidos.
No final desta manifestação, eclodiram confrontos entre os supremacistas brancos e contramanifestantes.
Um simpatizante neonazista atropelou os ativistas antirracistas com um carro, matando uma mulher de 32 anos, Heather Heyer, e ferindo dezenas de pessoas.
O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou a violência "de ambos os lados", provocando uma avalanche de críticas.
As estátuas agora ficarão guardadas até que a cidade decida seu destino, anunciou a prefeitura, que recebeu dez propostas de organizações públicas ou privadas que querem recuperá-las, incluindo quatro do estado da Virgínia.
Desde o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em maio de 2020, muitos monumentos em homenagem ao exército confederado foram removidos.
Charlottesville já havia eliminado em setembro de 2020 a estátua de um soldado confederado erguida em 1909.
Outra estátua, localizada no centro da cidade, que representa os exploradores cujas descobertas levaram à expansão da população branca para o oeste em detrimento das comunidades indígenas, também foi desmontada neste sábado.
A decisão de retirar o monumento foi tomada em 2019, mas “decidimos aproveitar essa oportunidade para ter disponível o equipamento e o pessoal”, explicou à AFP um porta-voz do município.
Uma quarta estátua será retirada no domingo no campus da Universidade da Virgínia, disse um porta-voz da instituição à AFP.
Ela representa um general que lutou contra o exército britânico e, depois da guerra, contra as tribos indígenas para permitir a expansão dos colonos brancos.