A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) divulgou, nesta segunda-feira (30), a prisão de membros de uma organização suspeita de fraudar concursos públicos de todo o país. Além disso, o mesmo grupo tentou burlar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 e pretendia atuar novamente na edição de 2017, nas provas que serão realizadas nos próximos dois domingos.
O delegado Rômulo Figueiredo, da PC-GO, afirmou em entrevista concedida à TV Anhanguera, que a operação foi antecipada para impedir a fraude ao Enem. “Comprovamos que o Enem 2016 foi fraudado. Em todos os concursos eles tentam atuar de uma forma ou de outra. Em alguns casos tem êxito, em outros não. Antecipamos a operação para esta semana visto que estavam planejando, via ponto eletrônico, fraudar o Enem 2017”, explicou o delegado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) emitiu uma nota oficial afirmando não ter sido notificado a respeito do caso. O órgão ainda informou que estão“buscando acesso ao inquérito para poder se manifestar".
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Panoptes
A Operação Panoptes é realizada em conjunto pelas polícias de Goiás e do Distrito Federal com o objetivo de identificar e punir os responsáveis por liderar uma máfia de concursos. Entre os certames fraudados estão o da própria polícia, para o cargo de delegado substituto, e por esta razão foi suspenso pela Justiça.
Cebraspe
Entre os alvos da operação está um ex-funcionário do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), que é apontado como um dos líderes da organização. A polícia afirmou que o funcionário em questão foi demitido no mês de março após ser chamado para depor e que ele era responsável pela digitalização das provas, o que tornou possível que ele conseguisse preencher as folhas de respostas que eram entregues em branco com todas as respostas corretas antes de digitalizá-las e assim aprovar quem tivesse pago a propina.
"Este servidor subtraía o cartão resposta dos candidatos, que entregavam os mesmos em branco e, após a subtração, os preenchia indevidamente e os devolvia para a correção. Assim, os candidatos eram aprovados sem fazer qualquer prova", disse o delegado. "A média cobrada era em torno de 20 vezes o salário para o cargo. Temos registro que em 2016 remeteram 35 milhões de euros para a Europa”, acrescentou ele. Após a aprovação, os candidatos chegavam a pagar até mais de R$ 100 mil, a depender do salário do cargo pretendido pelo candidato que contratava a organização.
Além do Enem e de outros concursos por todo o Brasil, o Cebraspe também foi responsável por realizar vários concursos em Pernambuco, como os da Polícia Civil e Científica, que gerou polêmica por denúncias de irregularidades, da Defensoria Pública do Estado, da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), do Tribunal Regional Eleitoral e do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, todos realizados no ano de 2017.
Aliciamento de candidatos
A polícia também explicou que o grupo contava com aliciadores que atuavam nas portas de cursinhos preparatórios para Enem e concursos para conseguir clientes interessados em contratar o grupo. Os candidatos eram encaminhados por esses aliciadores para os principais articuladores da fraude. Os envolvidos no esquema fraudulento responderão por formação de organização criminosa, fraude a certame licitatório, falsidade ideológica e, em alguns casos, lavagem de dinheiro.
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