A aceleração da economia brasileira deve contribuir para a criação de mais de 1,5 milhão de empregos no próximo ano, de acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto. "Se neste ano, que foi um ano difícil, conseguimos um saldo positivo de mais de 1,5 milhão de empregos, a tendência para o ano que vem é de um resultado melhor", afirmou ele, que preferiu não estabelecer um número específico porque o cálculo não seria baseado em uma análise científica. Neste sábado, o ministro participa em São Paulo de uma reunião entre trabalhadores e empresas responsáveis pela construção de um polo da cadeia do petróleo em Suape (PE).
Caso a projeção de Brizola Neto se confirme, a situação de pleno emprego registrada em algumas regiões metropolitanas, casos de Porto Alegre (3,6% de desemprego), Belo Horizonte (4%) e Rio de Janeiro (4,4%), deve se expandir ao longo do próximo ano. Conforme o conceito internacional, lembrou o ministro, o pleno emprego é representado por taxas de desemprego ao redor de 4%. "A expectativa é de que esse quadro de pleno emprego, que hoje é realidade nas regiões metropolitanas, se espalhe e vire uma realidade em todo o País", destacou Brizola Neto.
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Para enfrentar possíveis problemas de escassez de mão de obra, o ministro defendeu o investimento na qualificação de mão de obra e o avanço da inovação dentro das empresas. O direcionamento do investimento para essas áreas transferiria o debate sobre o custo de trabalho para o custo de produção, na visão do ministro. Dessa forma, as empresas brasileiras ampliariam sua competitividade.
O investimento em qualificação e inovação também contribuiria para estimular a geração de empregos, o que beneficiaria diretamente a demanda doméstica e os negócios da indústria, do comércio e de serviço. "Ao alimentarmos esse ciclo virtuoso e incluirmos os trabalhadores no mundo dos direitos com emprego formal, você também inclui diversos consumidores na economia nacional e com isso aumenta a demanda por serviço e por novos produtos", afirmou Brizola Neto.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, ponderou que não é plausível o Brasil atingir o pleno emprego apenas nas áreas de serviços e comércio e sofrer com taxas declinantes na indústria. "Todo país que se desenvolveu tem a indústria forte. Por isso continuamos brigando para fazer com que a indústria continue crescendo e, para isso, a presidente tem que baixar impostos e juros", alertou o sindicalista, que também participa do encontro na sede da Superintendência do Trabalho e Emprego de São Paulo. "Com isso podemos alcançar o pleno emprego, com empregos de qualidade e altos salários", complementou.
O representante dos trabalhadores afirmou que continuará a defender a redução da jornada de trabalho para 40 semanais, sem redução de salário, além de reajustes para aposentados e o setor público. Para equacionar a situação de maior demanda por trabalhadores e o pleno emprego, Paulo Pereira da Silva também defendeu o aumento da qualificação dos trabalhadores. "Ontem mesmo estivemos com o governador (de São Paulo, Geraldo Alckmin), para montarmos um grande centro de qualificação na área de saneamento", exemplificou.
Greve
O presidente da Força Sindical também participa das negociações sobre o impasse entre trabalhadores e funcionários das obras da Refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica Suape, em Pernambuco. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado (Sintepav-PE), Aldo Amaral, a classe patronal não estaria cumprindo uma cláusula negociada anteriormente que previa a equiparação salarial de trabalhadores de mesmas funções. O sindicato estima que as negociações afetam aproximadamente 50 mil trabalhadores, em greve desde o dia 30 de outubro. Cálculos não oficiais sinalizam que a equiparação salarial traria um gasto adicional de aproximadamente R$ 30 milhões por ano para as empresas responsáveis pelas obras do complexo.
Além do encontro em São Paulo neste sábado, está prevista para a próxima segunda-feira uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE) para discutir o impasse. Os trabalhadores agendaram para a próxima terça-feira uma assembleia para deliberar sobre o resultado dos encontros.