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A Polícia Federal (PF) faz buscas nesta quinta-feira, 14, na casa do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em Brasília. Investigado em inquérito perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa, Blairo foi citado na delação premiada do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB).

O pedido de busca é da Procuradoria-Geral da República. Na delação, Silval Barbosa confessou ter intermediado repasse de R$ 4 milhões, a pedido de Blairo e do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes ao deputado federal Carlos Bezerra, em 2008, com o fim de comprar apoio do PMDB nas eleições municipais. À época, segundo Barbosa, o partido teria declarado apoio ao adversário do aliado de Blairo.

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O delator narrou que o então Secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes foi designado a conseguir os valores para pagar Bezerra e que apresentou ao chefe da pasta o operador financeiro Júnior Mendonça, que teria conseguido R$ 3,3 milhões - "parte em cheque, parte em dinheiro".

Quando pediu a abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atribuiu ao ministro da Agricultura "a função de liderança mais proeminente na organização criminosa" delatada por Silval Barbosa.

O ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB/MS) afirmou, em delação premiada, que "herdou" um acerto de propinas de 40% sobre o valor de precatórios de uma construtora quitados pelo Estado. O esquema, segundo Silval, já estava em vigor desde a gestão de Blairo Maggi (PP-MT) e teria rendido R$ 35 milhões em vantagens indevidas somente em 2010.

A delação de Silval foi gravada em áudio e vídeo pela Procuradoria-Geral da República. O delator entregou aos investigadores vídeos da farra da propina em Cuiabá. As imagens mostram deputados e também o atual prefeito da capital de Mato grosso, Emanuel Pinheiro (PMDB) retirando mesadas milionárias das mãos do ex-chefe de gabinete de Silval no Palácio Paiaguás, Silvio Cesar.

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Segundo o delator, Eder Moraes, que foi seu secretário da Casa Civil e já era chefe da pasta da Fazenda quando Blairo ocupava o Palácio Paiaguás, o procurou no início de sua gestão. Moraes, segundo Silval, o informou que "o Estado de Mato Grosso estava efetuando a quitação de precatórios da Encomind na gestão de Blairo Maggi".

O então secretário informou que a construtora pagava um "retorno a titulo de propina no valor aproximado de 40% do valor recebido do Estado". Silval conta que ouviu do ex-secretário que ainda haveria outros precatórios da empresa e que o mesmo acerto poderia ser feito.

O ex-governador relatou ter se reunido com Moraes e com o sócio da construtora, Rodolfo Borges de Campos, e acertado valores para sua campanha de 2010.

Segundo Silval, R$ 80 milhões em precatórios foram pagos à Encomind somente entre abril e dezembro de 2010. O delator alega ter recebido pelo menos R$ 35 milhões da construtora.

Defesas

Em resposta à acusação, Blairo Maggi divulgou a seguinte nota:

"Deixo claro, desde já, que causa estranheza e indignação que acordos de colaboração unilaterais coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. Qualquer afirmação contrária a isso é mentirosa, leviana e criminosa.

2. Também não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato. Por não ter ocorrido isto, Silva Barbosa mentiu ao afirmar que fiz tais pagamentos em dinheiro ao Eder Moraes.

3. Repudio ainda a afirmação de que comandei ou organizei esquemas criminosos em Mato Grosso. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas.

4. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.

5. Por fim, entendo ser lamentável os ataques à minha reputação, mas recebo com tranquilidade a notícia da abertura de inquérito, pois será o momento oportuno para apresentação de defesa e, assim, restabelecer a verdade, pois definitivamente acredito na Justiça.

A reportagem não conseguiu contato com a construtora. O espaço está aberto para manifestação.

O governo brasileiro se movimenta para aproveitar possíveis oportunidades no comércio internacional de commodities, após a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Um dos alvos é o México, que compra anualmente cerca de US$ 30 bilhões em alimentos dos EUA. Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o Brasil está se preparando para exportar carne processada, soja e milho ao país.

Com receio de que o fornecimento de alimentos pelos EUA seja prejudicado pela discórdia, entre os países em torno do tema da imigração, o México se aproximou do Brasil nos últimos meses. "Na viagem que fiz em janeiro à Europa, havia lá 80 ministros de Estado da Agricultura. Falei com 17 deles. Muitos têm preocupações relacionadas aos EUA", afirmou Blairo, em entrevista ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Blairo disse que já tinha se encontrado antes com o ministro José Eduardo Calzada, em dezembro, em Cancún, quando o mexicano sinalizou interesse em ampliar o diálogo. Eles se encontrarão de novo nos dias 20 e 21, em São Paulo, para debater sobre o agronegócio.

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De acordo com Blairo, já há representantes do país verificando os frigoríficos brasileiros para a compra de carne processada. Uma das vantagens do Brasil, segundo o ministro, é que as negociações com o México não partirão do zero. "Já temos há alguns anos um protocolo comercial, que nunca evoluiu porque o México não queria. Agora, eles querem e precisam. E no comércio, quando dois países querem, as coisas andam bem", afirmou o ministro.

Além da carne processada, os mexicanos estão interessados na soja e no milho produzidos no Brasil. Este ano, a safra projetada é de 215,3 milhões de toneladas de grãos - um recorde histórico, conforme os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No caso da soja, serão 103,8 milhões de toneladas, outro recorde.

"Não sei mais quem os EUA estão incomodando com tanta força. Mas a União Europeia, que é um grande parceiro, também está intranquila. O bloco tem um comércio muito grande com os EUA. O importante é estar atento", disse Blairo.

Açúcar e café

De olho no mercado europeu, o Brasil também fez uma proposta formal à Argentina para incluir o açúcar na pauta de produtos do Mercosul. Assim, será possível negociar a venda à União Europeia em condições mais vantajosas. O problema é que a Argentina, que também é produtora, teme que o açúcar brasileiro, mais competitivo, invada suas fronteiras.

Segundo Blairo, foi proposto à Argentina uma blindagem contra o açúcar brasileiro, que inclui o estabelecimento de limites para exportação ao país vizinho e taxação de 35% - a alíquota máxima permitida no Mercosul. "O que o Brasil quer é o apoio da Argentina, e não o mercado do país", afirmou. O ministro disse ainda que o tema foi colocado na reunião com o presidente argentino, Maurício Macri, que esteve no Brasil esta semana.

Além disso, Maggi confirmou que a importação do café do tipo conilon - usado na indústria brasileira - deve ser anunciada nesta sexta-feira, 10. Será importado 1 milhão de sacas de café. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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