A cinco dias da cerimônia de abertura, o presidente Thomas Bach rejeitou neste domingo qualquer responsabilidade do COI diante da incerteza que reina sobre o número exato de atletas russos que poderão disputar os Jogos Olímpicos do Rio-2016.
Acusado de não ter pulso firme em relação à punição contra a Rússia, acusada de organizar um esquema de doping estatal no esporte, o chefão do COI explicou que a entidade que rege o esporte olímpico "não é responsável pelo 'timing' da publicação (18 de julho) do relatório McLaren".
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Utilizando o relatório como base, o COI pediu em 24 de julho às federações internacionais para que excluíssem atletas russos dopados ou acusados de doping.
Mas a cinco dias da cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, o número exato de russos que poderão participar do evento ainda é incerto.
As federações internacionais redigiram suas listas de atletas russos autorizados a disputar os Jogos, mas o COI finalmente confiou no sábado a três de seus membros a responsabilidade de estabelecer a lista definitiva da delegação russa, com a possibilidade de afastar novos nomes. Isso tudo após solicitar a opinião de um especialista do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS).
O número de atletas da delegação russa, que convocou inicialmente 387 atletas, vem diminuindo consideravelmente. O ministro dos Esportes russo, Vitaly Mutko afirmou na sexta-feira que seu país será representado no Rio por 266 atletas, em 29 modalidades.
Segundo a última contagem da AFP, 117 atletas russos já estão oficialmente excluídos dos Jogos do Rio, quase um terço da delegação prevista.
-"Culpa da Wada"-
"O COI não é responsável pelo fato de diferentes informações dadas a Agência Mundial Antidoping (Wada) há alguns anos não terem sido seguidas", explicou Bach em coletiva de imprensa neste domingo.
O COI também "não é responsável pelo credenciamento ou supervisão dos laboratórios antidoping, então o COI não pode ser responsabilizado nem pelo 'timing', nem pelos motivos dos incidentes com os quais temos que lidar a alguns dias dos Jogos", completou, afirmando não ter conversado "com qualquer autoridade governamental russa" antes ou depois da publicação do relatório McLaren.
"A confusão reina e tudo isso é um pouco culpa da Wada", explicou à AFP um membro de uma federação, que não quis ser identificado. "Como é possível divulgar o relatório McLaren a apenas alguns dias dos Jogos? Isso coloca as federações numa situação muito difícil".
"O COI já mostrou muita firmeza", respondeu o sérvio Nenad Lalovic, presidente da Federação de Luta e membro do COI, questionado pela AFP. "Para que o COI tome uma decisão mais dura, são necessários argumentos indiscutíveis".
O escândalo explodiu em novembro de 2015, com a acusação de um doping organizado no atletismo russo, o que causou a exclusão de todos os atletas do país pela Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), inclusive a bicampeã olímpica do salto com vara Yelena Isinbayeva e o campeão do mundo dos 110 m com barreiras Sergey Shubenkov.
Somente Darya Klishina (salto em distância), que treina nos Estados Unidos, foi declarada elegível para os Jogos por responder positivamente aos critérios definidos pela Iaaf para poder competir.
- Recursos individuais -
Outras federações internacionais anunciaram punições severas nos últimos dias. Os oito halterofilistas russos, assim como 22 dos 28 remadores da delegação do país, foram excluídos dos Jogos, citados pelo relatório McLaren.
As decisões das federações internacionais de boxe, ginástica, golfe e taekwondo, porém, ainda não foram anunciadas.
Os atletas rejeitados de antemão, porém, têm a possibilidade de recorrer ao TAS para contestar sua exclusão, um caminho que os nadadores Vladimir Morozov e Nikita Lobintsev anunciaram ter escolhido neste sábado.
Ambos medalhistas de bronze nos Jogos de Londres-2012, os nadadores apresentaram recurso contra a decisão do COI de 24 de julho e contra a Federação Internacional de Natação (Fina).
Uma decisão poderá ser anunciada neste domingo, afirmou à AFP Cornel Marculescu, diretor-geral da Fina, que anunciou também que a nadadora russa Yulia Efimova recorreu ao TAS.