Dando segmento às atividades da CPI da Petrobras em Curitiba, no Paraná, os parlamentares fizeram uma acareação entre o ex-executivo da Toyo Setal, Augusto Mendonça Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Durante a reunião, apenas Mendonça respondeu a perguntas dos membros do colegiado, os outros dois decidiram permanecer em silêncio.
Um dos delatores do esquema de corrupção, Mendonça Neto confirmou o teor de depoimentos prestados por ele à Justiça. Ele readmitiu ter feito pagamentos de propina a Renato Duque e confirmou a existência de um “clube de empreiteiras” para combinar o repasse das licitações da estatal.
##RECOMENDA##"Parte dos pagamentos era feito em espécie e entregues a emissários em meu escritório. E parte era depositada em contas no exterior movimentadas por Mário Góes”, disse Mendonça. Preso na Operação Lava Jato, Mário Góes é acusado de ser operador do esquema e de intermediar o pagamento de propina por empresas contratadas pela Petrobras.
“O senhor Augusto Mendonça é um mentiroso, mente na delação e sabe que está mentindo aqui, mas, por orientação dos meus advogados, vou permanecer em silêncio. Ele é um mentiroso contumaz. É um absurdo alguém dizer, na delação, que entregou vultosos recursos a uma pessoa chamada 'tigrão' [pessoa que receberia dinheiro em nome de Renato Duque, segundo Mendonça]”, retrucou Duque. “Confirmo tudo o que disse nos meus depoimentos”, treplicou Mendonça.
Como o delator era o único disposto a falar, o deputado Luiz Sérgio (PT/RJ), relator da CPI, questionou quem seria o “Tigrão”. "Era um codinome, não sei quem era. Foram pelo menos três pessoas com esse codinome 'Tigrão'", respondeu o delator.
Esse é o terceiro dia de trabalho da CPI na capital paranaense para ouvir presos em diversas fases da Lava Jato. À exceção do presidente da empresa Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que respondeu parte dos questionamentos da comissão, e Augusto Ribeiro de Mendonça, todos os demais convocados optaram pelo silêncio.
Renato Duque chama Augusto Mendonça de “ladrão”
O ex-diretor de Serviços da Petrobras acusou o empresário Augusto Mendonça de “ladrão” ao responder a uma pergunta da deputada Eliziane Gama (PPS-MA) sobre pagamento de propina que teria sido intermediada por Mendonça e pelo empresário Júlio Camargo – outro delator do esquema de desvio de recursos da Petrobras.
“Ele disse que recebeu dinheiro do consórcio, através do Júlio Carmargo, para repassar propina. Ele disse que pagou R$ 33 milhões de propina a mando do Júlio, mas o Júlio disse que a propina foi de R$ 12 milhões. Ele tem que explicar a diferença, onde está o dinheiro. Ele roubou do consórcio”, acusou Duque.
Na acareação, Mendonça alegou que a acusação faz parte da estratégia da defesa de Duque. “Ele pode falar o que quiser. Meu papel como colaborador é dizer a verdade sobre os fatos. Eu entreguei para o Ministério Público todos os contratos e notas fiscais que mostram a saída dos recursos. Entreguei também as contas que me foram indicadas para depositar”, respondeu o empresário.
*Com informações da Agência Brasil e da Agência Câmara