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Depois de consumir cinco anos em tratativas e discussões para tornar viável a construção de uma linha de transmissão entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR) - último trecho que resta para conectar todos os Estados do País ao sistema integrado de eletricidade - o governo brasileiro se vê obrigado a assumir uma dívida de, pelo menos, R$ 534 milhões, sem dispor de um metro sequer de linha de transmissão nesta área.

A concessionária Transnorte Energia, formada pela estatal Eletronorte e a empresa Alupar, entregou a conta para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O cálculo faz parte de um estudo financeiro feito pela Fundação Getúlio Vargas, que estimou os gastos da empresa com o projeto nos últimos cinco anos e que agora foram convertidos em um pedido milionário de indenização.

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A Aneel já havia sido informada desde o fim do ano passado sobre a intenção da Transnorte Energia em devolver a concessão, porque a empresa não conseguiu obter o licenciamento ambiental com os órgãos federais. O estudo da FGV, a que o Estado teve acesso, detalha os gastos e as fórmulas matemáticas que resultaram no pedido de ressarcimento. Na conta foram incluídos desde benefícios fiscais que a empresa receberia com a obra em operação, até gastos com a aquisição de equipamentos e as multas que a Transnorte terá de pagar para indenizar contratos firmados com fornecedores.

O contrato frustrado é uma derrota para o governo e para o Ministério de Minas e Energia (MME), que no fim de 2015 chegou a acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para tentar destravar o projeto, sem sucesso.

Leiloada em setembro de 2011, a linha Manaus-Boa Vista tinha prazo de três anos para ficar pronta, com entrada em operação prevista para janeiro de 2015. Até hoje, porém, o projeto não recebeu autorização do Ibama para início das obras. Do total de 721 km da linha, 125 km teriam de passar pela terra indígena Waimiri Atroari, onde estão 31 aldeias e 1,6 mil índios. O processo acabou travado na Funai.

A estimativa do próprio governo é de que a ligação resultaria em uma economia de R$ 450 milhões por ano, dinheiro que hoje é gasto na compra de óleo combustível usado pelas usinas térmicas que abastecem Roraima, e cobrado de todos os consumidores do País, por meio da conta de luz. Além disso, diz o governo, a linha acabaria com a dependência do suprimento de energia que Roraima recebe hoje da Venezuela.

Quando foi licitada, a linha de transmissão tinha custo estimado de R$ 1,1 bilhão e prazo de concessão de 30 anos. Hoje, com a deterioração da economia, a escalada do dólar e a mudança nas condições de financiamento, seu orçamento já ultrapassa R$ 1,8 bilhão. A Aneel diz que "o processo está em instrução na Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações de Transmissão e Distribuição, para decisão da diretoria".

Ministério

A Transnorte não se posicionou até o fechamento da reportagem. O MME declarou, por meio de nota, que não desistiu do projeto e que respeita a autonomia das instituições.

"Nesse contexto, o entendimento do MME é de que a implantação da linha de transmissão Manaus - Boa Vista é imprescindível para garantir suprimento energético adequado à região, uma vez que as alternativas de atendimento atuais são mais caras e poluentes. O MME está avaliando as formas de viabilização do empreendimento", diz a nota do Ministério.

Para entender

Diferentemente do que ocorre com os projetos de usinas hidrelétricas, que só vão a leilão após o governo conseguir a licença ambiental prévia de cada empreendimento, as linhas de transmissão são leiloadas sem licenciamento, ficando por conta e risco do empreendedor conseguir essas autorizações.

Empresários têm pedido que as redes de transmissão tenham o mesmo tratamento dado às usinas. Hoje, dos 347 empreendimentos de expansão da rede que a Aneel fiscaliza, 62% estão atrasados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Alupar Investimento, vencedora do Lote C do leilão de transmissão promovido nesta sexta-feira, 9, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informa que o investimento previsto é de R$ 262 milhões, a Receita Anual Permitida (RAP), de R$ 28,865 milhões, e prazo de implementação, de 36 meses, contados a partir da data de assinatura do contrato de concessão. A empresa foi vencedora oferecendo um deságio de 4,99%.

O lote C é composto de uma linha de transmissão de 40 quilômetros de extensão e duas subestações, localizadas em São Paulo. Conforme a Aneel, o objetivo do empreendimento é atender o aumento da carga no litoral paulista, atendendo os municípios de Cubatão, Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande.

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O presidente da Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), José Ragone, disse que a companhia está atenta a oportunidades tanto no mercado secundário quanto na elaboração de novos projetos. A empresa já analisa, informou, a possibilidade de participar do leilão de linha de transmissão de Belo Monte, previsto para 7 de fevereiro. A Taesa deverá participar do processo em parceria com a Alupar, em um consórcio com 50% de participação de cada empresa. Ragone pondera, no entanto, que essa formação pode mudar até a data do leilão.

O edital do leilão de Belo Monte será submetido à avaliação da diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em reunião extraordinária agendada para a próxima quinta-feira, 18. O edital deve ser divulgado cinco ou seis dias depois, segundo a diretoria da Aneel.

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Dois dias antes, a Aneel deve analisar o WACC que ditará as condições dos leilões de transmissão de 2014. Ragone acredita que o leilão de Belo Monte, agendado previamente para este mês, foi postergado para fevereiro de 2014 justamente para considerar o novo cálculo.

O leilão também já deve considerar uma nova condição de custos e riscos dos projetos brasileiros, já evidentes nos últimos leilões de transmissão. No certame de hoje, o deságio médio ficou em 5,64%, o que reflete uma "nova realidade" de deságios, segundo avaliação do diretor da Aneel, Edvaldo Santana.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, informou nesta quarta-feira, 29, que a Alupar não poderá deixar o Consórcio Energético Sinop (CES) até 17 de fevereiro de 2014, data em que está prevista a assinatura da outorga do Leilão de Energia A-5 realizado nesta quinta. Caso haja qualquer mudança no grupo que venceu a disputa pela Usina Hidrelétrica (UHE) Sinop até essa data, o consórcio é considerado desistente e, nesse caso, o segundo colocado do leilão pode assumir o projeto de construção da usina, o ativo considerado mais disputado do certame desta quinta-feira.

A Alupar, que detém 51% de participação do CES, informou minutos após a conclusão do leilão A-5 que havia assinado um Termo de Retirada do empreendimento. A revelação pegou de surpresa representantes da Aneel, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e do Ministério de Minas e Energia (MME), que promoviam coletiva de imprensa para comentar o leilão.

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Pepitone destacou que o projeto Sinop foi conquistado por um consórcio, e não pela Alupar. Eletronorte e Chesf, empresas do sistema Eletrobras, detêm os 49% restantes do consórcio. "Quem ganhou o leilão foi o Consórcio Energético Sinop, então vamos avaliar a habilitação do CES", destacou Pepitone.

O presidente da Comissão Especial de Licitação, Ivo Nazareno, reforçou que a escolha feita nesta quinta leva em consideração critérios técnicos, além do preço oferecido. "A licitação é uma forma de escolher, e escolhemos por preço e técnica. Então vamos habilitá-los tecnicamente. Faremos adjudicação técnico-econômico-jurídica, e vamos outorgar o resultado ao vencedor da licitação. Até lá não pode haver alteração", resumiu Nazareno.

Uma eventual mudança na configuração das três sócias do consórcio até fevereiro de 2014 irá configurar a desistência do CES e resultará na execução das garantias apresentadas pelo consórcio para a participação do leilão. Essas garantias equivalem a 1% do orçamento do projeto, o que no caso da usina Sinop soma R$ 17,7 milhões. Segundo executivos da Aneel presentes na sede da CCEE em São Paulo, a Alupar continuará no consórcio até a outorga do leilão.

Mais cedo, durante a coletiva, o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, se mostrou seguro em relação à posição da Alupar. "Estamos tranquilos porque a usina será concedida e construída. Houve uma grande disputa e tivemos um segundo colocado. Se tudo der errado, entrará o segundo colocado", destacou Tolmasquim. Pepitone reforçou a análise, lembrando que o preço final da energia ofertada pela usina Sinop ficou em R$ 109,40, o que representa um deságio de 7,3% em relação ao preço-teto estabelecido inicialmente, de R$ 118,00.

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