O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) apura uma denúncia de que o deputado estadual Adalto Santos e a vereadora do Recife Aimée Carvalho, ambos do PSB, teriam cometido irregularidades na contratação de servidores para os seus gabinetes.
O inquérito do MPPE investiga se os dois empregaram, supostamente, funcionários que não chegaram a prestar serviço na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Vereadores, mas recebiam seus salários e devolviam uma parte para os parlamentares. A prática é conhecida como "rachadinha".
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O presidente da Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco, pastor Ailton José Alves também é investigado por envolvimento no esquema. Se a denúncia for comprovada, eles devem responder por improbidade administrativa e crime contra a administração pública.
De acordo com detalhes do documento que instaura o inquérito, que foi publicado no Diário Oficial do MPPE da última quinta-feira (19), a denúncia foi feita por um homem que disse ter sido contratado pelo gabinete de Adalto para ser secretários parlamentar, mas nunca exerceu a função, uma vez que morava em Ipubi, no Sertão do Estado, e atuava como pastor assembleiano.
Além disso, o relato também aponta que a esposa do ex-funcionário também foi contratada primeiro pelo gabinete de Aimée Carvalho entre 2013 e 2016, onde seu cargo tinha uma remuneração de RS 7 mil, mas ela recebia apenas R$ 500,00. E foi lotada no de Adalto entre 2017 e 2018, em um cargo em que o salário era R$ 13,6 mil, contudo recebia os mesmos R$ 500,00.
Nesta época, conta o documento, o “cartão e senhas da conta [ficava] em mãos do Deputado Adalto que repassava os valores ao Pastor Ailton, o qual direta e indiretamente administrava os gabinetes dos políticos da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco”.
A denúncia aponta também que os dois empregavam “membros e pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco em retribuição ao apoio e patrocínio do pastor Ailton José Alves, tendo em vista que a campanha eleitoral do citado parlamentar foi realizada com dinheiro daquela igreja”.
O denunciante ressalta, ainda, que o vínculo e a remuneração dele foram acertados entre o pastor Ailton e o deputado. "Em conluio, economizavam o dinheiro da Igreja fazendo uso do dinheiro público derivado do Gabinete do Deputado Adalto, sendo esta uma prática constante, envolvendo outros membros da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco", diz o texto do MPPE.
Outro lado
O deputado estadual Adalto Santos disse, em nota, que "não compactua com qualquer tipo de irregularidades em seu gabinete, utilizado para a prestação de serviço público com transparência e responsabilidade". Além disso, ponderou que "está à inteira disposição do Ministério Público para prestar todos os esclarecimentos que porventura se façam necessários".
A vereadora Aimée Carvalho salientou que "desconhece este tipo de prática em seu gabinete” e disse que não havia sido notificada pelo MPPE, mas estava “absolutamente disponível para esclarecer o que for necessário".
Também por meio de um comunicado à imprensa, o pastor Ailton José Alves ressaltou que "está, como sempre esteve, à disposição de todos os órgãos do Estado para prestar as informações que forem julgadas necessárias".
O religioso expressou, ainda, que "diante da consciência tranquila de quem serve a Deus há mais de 30 anos, está sereno diante de difamações grosseiras que, da mesma forma que nasceram, sucumbirão".