A primeira audiência pública para o redesenho do projeto Novo Recife, realizada na tarde e noite desta quinta-feira (17), no auditório da Faculdade Fafire, foi tumultuada. Devido ao número elevado de pessoas que tentavam participar das discussões, a segurança começou a barrar a entrada, pois a instituição não comportava o alto fluxo de pessoas. Dentre as aqueles que não conseguiram entrar na reunião estavam os candidatos ao governo de Pernambuco pelo PSTU e PSOL.
Jair Pedro (PSTU), que chegou no horário marcado para o debate, mas mesmo assim não conseguiu entrar, comentou sobre a importância do tema para a população recifense e considerou a discussão uma queda de braço. “Está aqui uma queda de braço pela a ocupação de uma área pública, urbana, central e histórica do Recife. O Novo Recife tem de um lado a construtora Moura Dubeux como a parte mais interessada do processo, ladeada pela Prefeitura do Recife, e do outro a população recifense que luta pela revitalização do local, ao invés da construção de um empreendimento privado. Nós achamos que esse projeto tem que ser voltado de fato para a população de Pernambuco e não para especulação imobiliária”, afirmou o candidato.
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O candidato do PSTU também afirmou que a Prefeitura do Recife está maquiando o processo, pois a construtora investiu uma quantia elevada na campanha que elegeu o prefeito Geraldo Julio. “A Moura Dubeux tem tudo a ver com o processo eleitoral da Prefeitura do Recife, pois a construtora investiu cerca de 500 mil reais na campanha de Geraldo Julio. Por isso eles precisam mostrar serviço depois. Eles estão fazendo aí uma maquiagem, dizendo que vai atender a população, criar mais empregos, essa coisa toda”, declarou.
Sobre um novo destino para o Estelita, Jair Pedro sugeriu a criação de um shopping popular, de fácil acesso e produtos com preços módicos. Segundo ele, os camelôs que comercializam desordenadamente no centro da cidade seriam alocados. O que geraria mais emprego e ao mesmo tempo não iria ‘atacar’ a estrutura do Recife.
O candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL, Zé Gomes, também tentou participar do debate. Mas até o momento da entrevista não tinha conseguido. De acordo com o candidato a discussão abre portas e possibilita que a população seja ouvida. “Esse debate é importante porque, finalmente, o poder público começou a cumprir algo que já deveria ter sido feito há muito tempo, que é escutar a população. O grande problema não é só a legalidade ou ilegalidade dos tramites, mas o conceito de cidade que tá sendo construída pelas empreiteiras e construtoras em Recife, com o apoio do poder público”, disse Gomes.
Assim como Jair Pedro, Zé Gomes criticou a Prefeitura do Recife e considera que ela tem interesse direto no processo. “Infelizmente, depois do processo cheio de falhas, irregularidades e ilegalidades, a prefeitura tem tentado se colocar como árbitro, mas na verdade ela é parte e ré, inclusive, em 4 desses processos na Justiça. Então a prefeitura está em uma situação muito delicada. Coloca-se muito a culpa na outra gestão, mas parte dessas irregularidades já foi nessa gestão”, constatou.
Para Zé Gomes, ouvir a população é fundamental para a construção da democracia. E afirmou que suas propostas de governo serão baseadas no desejo do povo. “Nossa coligação é a Mobilização pelo Poder Popular. Nossa concepção se concretiza com a participação efetiva da população nas decisões do Estado. Infelizmente a cultura política em Pernambuco, nos últimos anos, tende a se desrespeitar os espaços de participação popular nas decisões do Estado e espaços públicos. A gente acha que a discussão com a participação popular deveria ser permanente e queremos garantir esse debate”, concluiu Zé Gomes.