A 10 dias do pleito eleitoral, o candidato a governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), lidera as intenções de votos no estado com uma diferença de seis pontos percentuais em relação ao principal adversário, Armando Monteiro (PTB). De acordo com dados de um levantamento do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), encomendado pelo Portal LeiaJá, em parceria com o Jornal do Commercio, divulgado nesta quinta-feira (25), o socialista configura 39% da preferência e Armando 33%.
Os percentuais são maiores do que os da última amostra, veiculada no dia 11 de setembro, para os dois candidatos. Nela, Câmara atingia à casa dos 33%, já o petebista receberia 31% dos votos. Nas pesquisas do IPMN divulgadas antes desta data, o cenário era contrário ao atual, com a liderança ocupada por Armando. Em julho, ele tinha 37% da preferência, enquanto o socialista receberia 13% das intenções. Um mês depois, em agosto, a diferença entre os dois já reduzia. No levantamento divulgado no dia 30, após a morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB), eles apareciam tecnicamente empatados.
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Para o cientista político e coordenador da pesquisa, Adriano Oliveira, o cenário atual consolida a vitória de Câmara. “A tese de Paulo Câmara vencer as eleições se consolida, em virtude do crescimento eleitoral contínuo. Neste momento constato a possibilidade de vitória real no primeiro turno”, observou. “Ele tem amplas condições de permanecer com este quadro inalterado, se não houver nenhum fator relevante. É muito grande a chance de Paulo se eleger”, corroborou o analista e também coordenador do levantamento, Maurício Romão.
Questionado sobre a possibilidade da ascensão de Armando Monteiro, com os percentuais de voto que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem recuperado, Oliveira ressaltou a força do “eduardismo” no estado. “É possível, mas não é tão boa. Para isso ocorrer precisamos desprezar a força do eduardismo, pois os eleitores tendem a votar naquele que tem o legado de Eduardo Campos”, pontuou. “É possível de que Armando tenha uma reviravolta e leve a disputa para o segundo turno ou venha ganhar a eleição, mas esta possibilidade é remota”, acrescentou o estudioso.
Segundo o IPMN, os candidatos Zé Gomes (PSOL), Miguel Anacleto (PCB), Jair Pedro (PTSU) e Pantaleão (PCO) não atingiram um ponto percentual de acordo com o levantamento. Os indecisos (brancos e nulos/não souberam responder) neste levantamento somam 27%, o percentual reduziu, em comparação a última pesquisa divulgada no início de setembro, antes eles eram 35%.
O dado é significativo para a exploração dos candidatos, principalmente de Paulo Câmara, segundo Romão. “Os indecisos tendem a ir, na maior parte, para Paulo Câmara. Isso dá mais um reforço argumentativo para a vitória do socialista”, frisou.
A amostra foi a campo nos dias 22 e 23 de setembro e consultou 2.480 pernambucanos. O levantamento foi registrado junto a Justiça Eleitoral, sob os números PE-00028/2014 e BR-00743/2014, no dia 18 de setembro de 2014. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,0 pontos percentuais para mais ou para menos.
Percentuais por regiões
A liderança de Paulo Câmara permanece quando a aferição é analisada por regiões do estado. Na capital pernambucana, maior colégio eleitoral, o socialista aparece como o preferido por 43% do eleitorado, já Armando teria 24% das intenções e os candidatos Jair Pedro e Pantaleão um ponto percentual cada. Nas outras cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), o ex-secretário da Fazenda atinge à casa dos 41% e o senador licenciado teria 34% da preferência. Neste cenário, Miguel Anacleto e Jair Pedro aparecem com 1% cada.
A vantagem de Câmara sobre o petebista é ainda maior quando se chega a Zona da Mata, na região ele ganharia no primeiro turno, com 51%, e Armando configuraria 20% das intenções. Já no Agreste a disputa fica acirrada, com um empate entre eles. Ambos chegam a 34%.
O cenário muda, quando chega ao Sertão do estado. Lá Armando Monteiro lidera com folga e venceria o pleito no primeiro turno por 53%, contra 28% de Paulo Câmara. A preferência se repete no Vale do São Francisco, o senador licenciado atinge 46%, enquanto o afilhado político de Campos tem 31%.
“Neste instante, Paulo Câmara está em empate técnico no Agreste, mas é possível, diante dos apoios, que ele possa vir a obter, não a vantagem grande, mas a vitória nesta região. Armando, por sua vez, observamos que ele continua a liderar no Sertão e no Vale do São Francisco, principalmente no Sertão. Porém nas outras regiões ele continua em segundo lugar e com um percentual muito aquém, em relação ao primeiro lugar”, avaliou Adriano Oliveira.
O maior percentual de indecisos por região está no Recife, 32%, e o menor no Sertão, 19%. Os candidatos não citados nos cenários não atingiram um ponto percentual.
Votos válidos: Paulo Câmara venceria no primeiro turno
Caso o pleito eleitoral fosse hoje, considerando os votos válidos, o candidato do PSB seria eleito governador de Pernambuco no primeiro turno, com 53% da preferência. Armando ficaria com o segundo lugar, com 45% dos votos e os outros postulantes somariam a 2%. A computação dos votos válidos é uma novidade deste levantamento do IPMN.
Os percentuais foram aferidos de acordo com as intenções de voto de cada candidato no questionário estimulado, extraindo os votos brancos e nulos (veja no gráfico). Da mesma forma como a Justiça Eleitoral computa e divulga os percentuais no dia da eleição.
“Excelente vantagem para Paulo Câmara. Em votos totais ele tem maior preferência do que Armando Monteiro e não há uma terceira força, por isso a eleição tende a ser finalizada no primeiro turno”, observou Maurício Romão.
Dados espontâneos
A liderança de Paulo Câmara também é confirmada pela primeira vez no levantamento espontâneo, quando os pesquisadores não mencionam a lista com os postulantes ao Palácio do Campo das Princesas. Ele receberia 35% dos votos e Armando Monteiro 29%.
Apesar de ter falecido há quase dois meses, Eduardo Campos também é citado para governar Pernambuco, assim como as candidatas à presidência da República, Marina Silva (PSB), e Dilma Rousseff (PT). Eles teriam 1% da preferência, cada.