O governador Paulo Câmara (PSB) afirmou, nesta segunda-feira (13), que ainda não foram apresentadas provas que constatam as acusações apontadas pela Operação Torrentes, deflagrada na última quinta-feira (9), pela Polícia Federal. A investigação apura desvios de verbas federais que seriam destinadas às vítimas das enchentes que atingiram cidades da Mata Sul em 2010 e 2017.
“Se falar de superfaturamento, tem que mostrar onde está o superfaturamento, eu quero ver onde está. Se tiver vou ser o primeiro a punir, mas as peças que vimos não mostram claramente. Há nessa investigação um olhar sobre um grupo de empresas que poderiam ter sido favorecidas por servidores públicos e isso precisa ser apurado, mandei olhar todos os contratos, não vou admitir erro em nenhum deles. Agora, eu tenho clareza que acusar precisa ter provas, precisa estar no inquérito, estar na denúncia e isso, infelizmente, não foi visto ainda”, declarou, após a aula inaugural do Curso de Formação e Habilitação de Praças BM 2017.
##RECOMENDA##De acordo com o gestor, uma investigação interna já foi iniciada pelo governo. Paulo Câmara também ponderou que está "com a consciência tranquila do trabalho que foi feito". "Foi um trabalho muito sério que envolveu muita gente e devolveu às cidades condições de normalidade. E isso vai continuar, porque muita coisa das cheias de 2017 ainda precisa ser feita. E nós vamos fazer com a seriedade que o governo sempre se propôs", frisou.
Esta foi a primeira vez que o pessebista se pronunciou depois da operação. O silêncio dele diante do assunto foi criticado pela oposição.
Operação Torrentes
A investigação da PF surgiu a partir de denúncias anônimas enviadas à Controladoria Geral da União em Pernambuco, no ano passado. Os contratos investigados totalizam R$ 450 milhões para compra de comida, colchões, filtros de água e lonas de proteção para os desabrigados.
Segundo a PF, a fraude no valor de contratos para reestruturação de municípios da Mata Sul de Pernambuco após as enchentes de 2010 e deste ano pode chegar até a 30%. Segundo os investigadores, foi verificado ainda um conluio entre quatro grupos de empresas para que se conseguisse as licitações durante os períodos emergenciais.
Na última quinta, quando foi deflagrada a operação foram presos temporariamente quatro coronéis da Polícia Militar e 11 empresários. Além disso, foram cumpridos mandados de condução coercitiva contra os também coronéis Mário Cavalcanti e Carlos D'Albuquerque; e mandados de busca e apreensão na sala da Secrataria da Casa Militar, no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco.