Interlocutores do ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), alimentam a versão de que, além do fator eleitoral, a operação aberta nesta quarta-feira, 5, pela Polícia Civil pode ter relação com um processo movido contra o governador João Doria (PSDB).
Em outubro, França entrou com uma notificação para o tucano se explicar por atribuir a ele a divulgação do vídeo íntimo que circulou nas eleições de 2018, quando Doria foi eleito para o Palácio dos Bandeirantes. Desde que a gravação veio a público, o governador questiona sua autenticidade e atribui as cenas ao que se chama de deepfake - quando técnicas de inteligência artificial são usadas para criar vídeos falsos, mas realistas.
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"Foi o tal do Márcio Cuba, esse o Márcio França. Esse é um desqualificado completo", diz o governador ao podcast Inteligência Ltda em julho do ano passado. "E tem um vereador, um outro, desculpa, um idiota que é amigo dele, que fez essa, essa, maldade, nos provamos inclusive com especialistas que aquilo era uma produção, era fake", acrescenta Doria no programa.
A declaração levou França a acionar a Justiça. O pedido foi para obrigar Doria a responder sete perguntas, incluindo em quais provas sustenta a afirmação sobre o vídeo. Caso não houvesse explicação, alerta o documento, o pessebista poderia entrar com uma queixa-crime por calúnia e difamação, 'com o fim de resguardar sua honra'.
Pré-candidato ao governo de São Paulo, França não parece encampar a tese e, segundo apurou o blog, insiste que o fator definidor para a deflagração da operação foi mesmo a proximidade das eleições. Em nota divulgada mais cedo, após ser alvo de buscas da Polícia Civil, ele disse que a operação foi baseada em 'fatos produzidos por autoridades com medo de perder as eleições' e apontou abuso de poder político na investida.
"Já venho há tempos alertando que um grupo criminoso em SP tenta me impedir de expressar a verdade. Sabem que não compactuo com eles, que querem tomar conta do Estado de SP. Se depender de mim, não vão conseguir. Aliás, já enfrentei adversários muito mais qualificados. Não vão ser os meus atuais concorrentes, notórios mentirosos, que me farão recuar" , diz o texto.
De olho na corrida pelo Palácio do Planalto, Doria tem evitado comentar os ataques. Até o momento, ele avalia que a melhor estratégia é deixar as acusações sem resposta. Procurado, o governo não se manifestou.
Desdobramento da Operação Raio X, que investiga suspeitas de desvios em contratos firmados entre prefeituras e organizações sociais na área da Saúde, a ofensiva aberta na manhã de hoje apura se Márcio França recebeu doações de campanha do grupo sob suspeita.