Tópicos | vestimentas

O Irã decidiu abolir a polícia da moralidade após mais de dois meses de protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos detida por supostamente violar o rígido código de vestimenta do país, anunciou a imprensa local neste domingo (4).

"A polícia da moralidade não tem nada a ver com o Poder Judiciário" e foi suprimida, anunciou o procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, no sábado (3) à noite, segundo informou neste domingo (4) a agência de notícias ISNA.

O procurador-geral respondeu assim a uma pessoa que participava de uma cerimônia religiosa na cidade de Qom, a sudoeste de Teerã, que perguntou "por que a polícia da moralidade foi suprimida?".

A polícia da moralidade, conhecida como Gasht-e Ershad [patrulhas de orientação], foi criada sob o regime do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad [no poder de 2005 a 2013] para "espalhar a cultura da decência e do hijab", o véu muçulmano feminino.

Suas unidades são formadas por homens em uniforme verde e mulheres em xador preto, uma vestimenta que cobre todo o corpo, exceto o rosto. As primeiras patrulhas começaram seu trabalho em 2006.

O anúncio da abolição desta unidade, visto como um gesto em direção aos manifestantes, ocorre depois que as autoridades anunciaram que estavam analisando se a lei de 1983 sobre o véu obrigatório precisava de mudanças.

No sábado, em uma conferência em Teerã, o presidente iraniano, o ultraconservador Ebrahim Raisi, declarou que a Constituição do país "tem valores e princípios sólidos e imutáveis", mas que há métodos de aplicação que podem "ser mudados".

A República Islâmica está mergulhada em uma onda de protestos desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem curdo-iraniana em 16 de setembro após ser detida pela polícia da moralidade.

Desde então, as mulheres lideram os protestos, nos quais gritam palavras de ordem contra o governo, tiram e queimam seus véus.

De acordo com o último balanço divulgado pelo general iraniano Amirali Hajizadeh, da Guarda Revolucionária, mais de 300 pessoas morreram nas manifestações desde 16 de setembro.

Segundo ONGs, porém, esse número seria mais do que o dobro.

O uso do véu se tornou obrigatório no Irã em 1983, quatro anos depois da Revolução Islâmica de 1979.

A lei estabelece que tanto as mulheres iranianas quanto as estrangeiras, independentemente de sua religião, devem usar véu cobrindo o cabelo e usar roupas largas em público.

As autoridades afirmam que a morte de Amini se deveu a problemas de saúde, mas segundo a família, ela morreu após ser espancada.

Em setembro, o principal partido reformista do Irã pediu a anulação da lei.

O Partido da União do Povo Islâmico do Irã, formado por pessoas próximas ao ex-presidente reformista Mohamed Khatami, exigiu que as autoridades preparassem "os elementos legais que abram caminho para a anulação da lei do véu obrigatório".

O papel da polícia da moralidade mudou ao longo dos anos, mas sempre gerou divisões.

Sob o presidente moderado Hassan Rohani, no poder de 2013 a 2021, era comum ver mulheres de jeans justos e véus coloridos.

Mas seu sucessor Raisi pediu em julho a "todas as instituições estatais" que fortalecessem a aplicação da lei do véu.

"Os inimigos do Irã e do Islã querem minar os valores culturais e religiosos da sociedade espalhando a corrupção", declarou na época.

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Batista Brito Pereira, anunciou na noite deste sábado, 5, a revogação do polêmico ato que criava regras sobre o uso de roupas e impedia a entrada no edifício com calças colantes, minissaias, transparências e decotes, calças jeans rasgadas, shorts, bermudas, sandálias rasteirinhas. Em nota, o TST informa que a revogação do ato será encaminhada para publicação na segunda-feira, 6.

Essa nova regra gerou surpresa entre servidores e até mesmo ministros. O artigo 1º do ato dizia que só teria acesso ao Tribunal pessoas que se apresentarem com "decoro e asseio". Valeria para funcionários, estagiários, aprendizes, visitantes e até advogados que frequentam o tribunal.

##RECOMENDA##

O texto discriminava por sexo o tipo de roupa que ficaria vedado. O uso de chinelos e sandálias rasteirinhas também ficariam proibidos "exceto sob recomendações médicas".

Mais cedo, a assessoria de imprensa do TST alegou que o ato foi editado "devido à ausência de normativo interno em vigor" e que seguia o "protocolo adotado em outros tribunais superiores para orientar servidores, colaboradores e visitantes quanto à utilização de vestimenta".

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, João Batista Brito Pereira, baixou portaria com regras de vestimenta para frequentar a Corte. Está vedado trajar calças colantes, minissaias, transparências e decotes, calças jeans rasgadas, shorts, bermudas, sandálias rasteirinhas

As novas regras surpreenderam servidores e até mesmo ministros, que demonstraram-se incomodados. O 1º artigo do ato 353 define que só terá acesso ao Tribunal pessoas que se apresentarem com "decoro e asseio".

##RECOMENDA##

Vale para funcionários, estagiários, aprendizes, visitantes e até advogados que frequentam o tribunal.

O texto discrimina por sexo o tipo de roupa que fica vedado. O uso de chinelos e sandálias rasteirinhas também ficam proibidos "exceto sob recomendações médicas".

A assessoria de imprensa do TST alega que o ato foi editado "devido à ausência de normativo interno em vigor" e que "segue o protocolo adotado em outros tribunais superiores para orientar servidores, colaboradores e visitantes quanto à utilização de vestimenta".

Milhares de mulheres iranianas se uniram nos últimos dias em uma campanha online para pedir mais direitos, divulgando fotos de si mesmas quebrando o código de vestimenta do Islã. Mais de 154.000 pessoas curtiram a página no Facebook "Stealthy Freedoms of Women in Iran" (Liberdades Furtivas das Mulheres no Irã), criada há dez dias com o objetivo de incentivar o debate sobre se as mulheres devem ter o direito de escolher usar ou não o hijab, véu tradicionalmente usado pelas muçulmanas.

As autoridades ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto. Há o temor de que as pessoas estejam abandonando os valores tradicionais à medida que adotam um estilo de vida ocidental. O hijab é de uso obrigatório no país quando as mulheres estão em público. O véu cobre o cabelo e parte do corpo da mulher. É um dos principais pilares da interpretação iraniana da sharia, a lei islâmica, em vigor no país desde da revolução de 1979.

##RECOMENDA##

Mais de 100 fotos já foram postadas na página, mostrando mulheres geralmente em localidades remotas, mas também em áreas movimentadas de algumas cidades. "Esta sou eu, cometendo um crime", escreveu uma jovem, que postou uma foto em Nour, no norte do país. "Sem nada me cobrindo, mas em paz absoluta", acrescentou.

O questionamento ao hijab cresceu entre as mulheres na última década. A polícia tem uma divisão especial para tratar de assuntos relacionados à moral, que pode notificar, multar e até prender quem não respeita as regras. O presidente Hassan Rohani, um moderado eleito em junho de 2013, pediu que a polícia fosse tolerante com o hijab. Mas setores radicais se opõem a qualquer relaxamento. Na semana passada, milhares de religiosas conservadoras realizaram uma manifestação não autorizada em Teerã, protestando contra o crescente desrespeito ao código de vestimenta.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando