O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), admitiu que o Governo Federal trocou o comando de ministérios por votos no Congresso Nacional. Ele admitiu a articulação durante uma palestra na Caixa. Segundo Padilha, a intenção era garantir no mínimo 88% de apoio no Legislativo. Para exemplificar os acordos firmados com os partidos, o auxiliar do presidente Michel Temer citou a escolha do deputado Ricardo Barros (PP) para o Ministério da Saúde.
“Lembram que quando começou a montagem do governo diziam: Só queremos nomear ministros que são distinguidos na sua profissão em todo Brasil, os chamados notáveis? Aí, nós ensaiamos a conversa de convidar um médico famoso em São Paulo, até se propagou que ele ia ser ministro da Saúde, mas nós fomos conversar com o PP: ‘O Ministério da Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um ministro da saúde assim’. Depois eles mandaram o recado por mim: ‘Diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros’. Aí, fui lá falei com o presidente: ‘Nós não temos alternativa’, nosso objetivo era chegar aos 88% (de apoio no Congresso)”, conta Padilha, no áudio revelado pela Coluna Estadão desta terça-feira (14).
##RECOMENDA##O martelo, segundo o ministro-chefe, só foi batido após a garantia de que todos os parlamentares do PP votariam em prol do governo nas votações legislativas. “Muito bem, vamos conversar. ‘Vocês garantem todos os nomes do partido em todas as votações?’, perguntamos, ‘garantimos’, disseram. ‘Então o Ricardo será o notável’”, declarou. Sob a ótica de Padilha, Barros “está saindo muito bem, é um dos que está conseguindo fazer mais economia”.
A exposição da articulação, de acordo com o ministro, serve para mostrar que eles conseguiram o maior apoio da história com “negociações políticas”. “Tivemos uma cota partidária. Mas vocês (governo) aceitaram que os partidos indicasse? Sim, aceitamos. Não há na história do Brasil um governo que tenha conseguido 88% do Congresso. E o Congresso é base do governo. Isso Vargas não teve, JK não teve, FHC não teve, Lula não teve, só nós que conseguimos”, cravou.