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O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra que as instituições brasileiras estão "funcionando com tranquilidade". A avaliação é do presidente Michel Temer, que nesta terça-feira, 23, desembarcou em Zurique e, amanhã, 24, segue para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Sua participação, porém, coincide com o julgamento do ex-presidente, em Porto Alegre, nesta quarta-feira, 24, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Ainda que empresários e organizadores tenham declarado à reportagem que estarão com um olho em Davos e outro no tribunal brasileiro, Temer insiste que não há risco de "mal-estar". "Não acredito que isso ocorra. Não vai causar mal-estar nenhum. É natural", disse, ao entrar em seu hotel em Zurique.

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"Isso significa que as instituições brasileiras estão funcionando e funcionando com toda a tranquilidade, o que naturalmente dá muita segurança para quem quer investir no País", disse Temer.

O presidente indicou que sua esperança é de que, com sua participação em Davos, "os investidores se interessem cada vez mais pelo Brasil".

Incógnita

Entre os organizadores, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.

Em declarações à reportagem, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira. Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é "uma incógnita". Sua avaliação é a mesma traçada por diversos outros organizadores consultados pela reportagem.

Davos, porém, deixa claro que colocou o palco para que as autoridades brasileiras possam dar suas versões do que ocorre no País. Numa delas, Temer, empresários e banqueiros falarão sobre a tarefa de "moldar a nova narrativa do Brasil".

Organizadores do evento admitiam que sabiam da coincidência das datas. Mas, não por acaso, o principal discurso de Temer em Davos ocorre na manhã desta quarta-feira, quando o processo de Lula no Brasil nem mesmo terá sido iniciado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem no zelador José Afonso Pinheiro um eleitor arrependido. Mais do que isso, Afonso torce para que o petista seja condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Nesta quarta-feira (24), a Corte de apelação da Lava Jato vai julgar recurso de Lula contra a sentença de 9 anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro imposta pelo juiz federal Sérgio Moro no processo do triplex do Guarujá (SP). Em abril de 2016, Afonso foi demitido do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, o prédio onde fica o polêmico triplex.

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Meses antes, ele havia prestado depoimento ao Ministério Público de São Paulo e declarou ter visto Lula visitar o apartamento do andar mais alto do Solaris. Lá em cima, fica o triplex 164-A que a empreiteira OAS teria supostamente reformado para presentar o ex-presidente.

O Ministério Público Federal acusou Lula pelo suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex, pelo armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016. Moro absolveu Lula desta segunda acusação.

José Afonso Pinheiro foi testemunha de acusação durante a instrução deste processo perante o juiz Sérgio Moro. "Eu espero que a Justiça seja feita. Como ele já foi condenado na primeira, eu espero que ele seja condenado na segunda instância também", afirmou o zelador em entrevista. "Como a Justiça é para todos, para todos os homens, para todas as pessoas, igual para todos, espero que ele pague por aquilo que foi feito", completou.

O zelador, que votou em Lula em 2002, quando o petista se elegeu pela primeira vez presidente, diz que não vai mais digitar o número dele na urna. "Ele teve as oportunidades dele e deu no que deu", afirmou. Leia, abaixo, a íntegra da entrevista de Pinheiro:

No dia 24, o ex-presidente Lula vai ser julgado em segunda instância. Qual a sua expectativa?

Eu espero que a Justiça seja feita. Como ele já condenado na primeira, eu espero que ele seja condenado na 2.ª instância também. Essa é a minha expectativa. Como a Justiça é para todos, para todos os homens, para todas as pessoas, igual para todos, espero que ele pague por aquilo que foi feito.

O sr. quer ver o Lula na cadeia?

Claro. Se ele cometeu o erro, nada mais justo. Se a Justiça é igual para todos, tem que pagar pelos erros que foram cometidos. Só pelo fato de tudo o que aconteceu comigo, toda a situação que aconteceu comigo, na verdade, foi uma injustiça, uma situação que eu não tinha culpa de nada, eu só falei a verdade, e ele já foi condenado na 1.ª instância, eu quero mais é que ele pague. Quero mais que ele seja condenado.

Quando o sr. foi demitido do triplex?

Foi logo depois do depoimento.

O que alegaram para o sr.?

Não alegaram nada, mas já estava tendo muito comentário que logo depois do depoimento, entre os condôminos mesmo lá, que eu ia ser demitido por força do meu depoimento. Como o engenheiro da OAS, na época, já tinha me pedido para não falar que ele ia no apartamento, que o apartamento pertencia a ele, depois desse depoimento eu tive um atrito com eles lá, por causa que eu falei no depoimento que ele (Lula) ia lá e que o apartamento era dele, o pessoal estava falando que eu ia ser demitido.

A OAS pediu que o sr. não dissesse que Lula esteve lá?

Isso, o engenheiro da OAS. Eu falei isso no meu depoimento ao Moro. Eles não queriam que falasse que ele ia lá, que o apartamento pertencia a ele. Vi (Lula) chegando, vi na unidade, eu estava lá durante a visita dele. Apresentei as áreas comuns para a Dona Marisa, ela gostou muito das áreas, piscina, salão de festa. Isso aí acabou gerando a minha demissão. Foi um ato de uma tremenda covardia com um trabalhador, por eu ter falado a verdade. Eu fiz o que todo cidadão deveria fazer, falar a verdade.

A ida do ex-presidente Lula ao Solaris provocou comentários na época?

Sempre gera, não é? Quando ele chegou, foi parado o elevador. Teve que parar os elevadores durante a permanência dele lá. Tinha muito morador que cobrava que parava o elevador no andar dele pelo tempo que ele permanecia no condomínio.

Por quanto tempo trabalhou no Solaris?

Trabalhei três anos e pouco, desde que quando foi entregue o condomínio até o depoimento para o Ministério Público.

O sr já está empregado de novo?

Fiquei um tempo desempregado e até por causa da repercussão foi meio complicado de arrumar trabalho num primeiro momento. Agora estou trabalhando e morando em Santos, estou tocando a vida. Claro que eu tive um prejuízo muito grande financeiro e da família, daquela repercussão toda. Para mim e para a minha família, foi tremendamente prejudicial. Eu espero que toda a injustiça e a humilhação que eu passei, tudo foi comprovado e ele foi condenado, espero que eu seja devidamente reparado.

O sr. foi candidato a vereador. Por que escolheu o nome 'Afonso do triplex'?

Como eu estava sendo candidato aqui em Santos, associamos ao fato que tinha acontecido comigo. A minha campanha naquela época lá foi sem recursos. Eu trabalhei só com apoio de amigos e colegas. Foi uma campanha limpa, gastei muita sola de sapato na época. Eu andei para caramba, fui em muito condomínio aqui em Santos. Foi no boca a boca, o que eu acho que todo mundo tinha fazer. Todo mundo tem quer ir na rua botar a cara.

Este ano tem eleição, o sr. vai se candidatar novamente?

Esse ano, não. Talvez eu saia para vereador de novo.

O sr. votaria no Lula? Por que?

Jamais, jamais, jamais, jamais votaria nele. Ele teve as oportunidades dele e deu no que deu. Acho que eu e a grande maioria da população está a favor de mudanças no nosso País, quer pessoas honestas, como o trabalho que o Sérgio Moro. O trabalho que ele está fazendo é uma coisa fantástica, que nunca teve. O Brasil precisa de mudanças, de pessoas honestas e sérias.

O sr. acha que o juiz Moro deveria se candidatar a presidente do Brasil?

Não cabe a mim responder, mas eu acredito que sim. Eu acho que não só ele, mas pessoas como ele. Toda pessoa de bom caráter deveria se candidatar, pessoas do bem, sem maldade, sem entrar na política pensando em ver seu lado, em roubar. Tem que ir lá ver coisas em prol da comunidade, em prol da sociedade. Na época que eu me candidatei, eu queria trabalhar em prol da sociedade, fazer coisas que as pessoas precisam. O Brasil precisa de mudanças.

Falta gente honesta na política?

Exatamente, gente verdadeira. As pessoas quando estão em campanha vendem uma imagem para você. Depois não é nada daquilo, cara, quando assume. Você vota na pessoa, ela se elege e não é nada daquilo que a pessoa falou em campanha.

O sr. já votou no ex-presidente Lula?

Cheguei a votar, sim, na primeira eleição. Eu acreditava no que ele falava. As pessoas vendem uma coisa e depois são outras.

Votaria no juiz Moro?

Com certeza, com certeza. O País precisa de mudança, de transparência, de pessoas de bem.

Qual País nós precisamos?

Um País mais justo, com dignidade, com pessoas que pensem no próximo, um País verdadeiro. Acho que é isso que a gente precisa.

O sr. voltou ao condomínio do triplex? Por quê?

Cheguei a voltar uma vez. Foi tudo bem, normal. Estive em um dia da semana. As pessoas sabem que eu fiz foi o certo. Aconteceu tudo o que aconteceu mas não por eu ter sido uma pessoa desonesta com alguém. Eu fui o honesto, eu fiz o certo.

No dia da sua audiência, por videoconferência, houve um bate boca entre o sr. e advogados do ex-presidente. O sr. mantém o que disse na época ao juiz Moro?

Mantenho, sim. Eu falei o certo. Tanto naquele momento eu chamei (a defesa de Lula) de "um bando de lixo", foi um momento de indignação com tudo o que estava acontecendo comigo. Hoje está sendo tudo comprovado, os caras estão sendo condenados. Eu mantenho tudo que eu falei.

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), onde será julgado nesta quarta-feira (24), a partir das 8h30, o recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, será isolado por via "aérea, terrestre e naval" do meio-dia desta terça-feira (23), até as 7h de quinta-feira (25). Atiradores de elite também vão atuar na operação. O petista viajará nesta terça a Porto Alegre para participar à noite de um ato em sua defesa, mas vai acompanhar o julgamento de São Paulo.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, no caso do triplex do Guarujá (SP), acusado de ter recebido R$ 2,2 milhões da empreiteira OAS como propina por meio da reforma do imóvel. Para o juiz, ele beneficiou a construtora em contratos com a Petrobras. O petista alega inocência, pede para responder em liberdade e requer a prescrição da pena, caso a sentença seja confirmada.

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"Vou a Porto Alegre agradecer à solidariedade do povo que está se manifestando", disse nesta segunda-feira (22) o petista durante ato com sindicalistas no Instituto Lula, em São Paulo. Uma equipe de segurança, à qual tem direito como ex-presidente, esteve na capital gaúcha para vistoriar os locais que ele visitará.

A expectativa é de que 50 mil militantes pró-Lula participem nesta quarta-feira de manifestações na capital gaúcha. O esquema de segurança é semelhante ao adotado quando da visita do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao Brasil, em 2016.

"Vamos estar preparados para identificar quem queira fazer qualquer manifestação que contrarie a legislação, até mesmo os mascarados", disse o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer. Ele afirmou também que há acordo estabelecido com movimentos sociais para cooperação e eventual responsabilização em caso de atos de violência ou depredação. Para evitar atos de violência, a orientação dos organizadores dos protestos é para que os militantes não cubram seus rostos.

Porto Alegre tem recebido manifestantes pró e contra o petista desde domingo. Nesta segunda, cerca de 3 mil integrantes da Via Campesina começaram a chegar de Estados vizinhos, de acordo com a organização de atos.

No início da manhã, os manifestantes participaram de uma marcha com a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-ministro e vice-presidente do PT Alexandre Padilha, o senador Lindbergh Farias (RJ), o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, o deputado Paulo Pimenta (RS) e o líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile - que aconselhou Lula a não ficar em Porto Alegre.

O ato com o ex-presidente está previsto para as 17 horas na Esquina Democrática, tradicional local de manifestações políticas no centro da capital gaúcha e ainda nesta terça ele deve voltar para São Paulo, conforme antecipado pelo Estado em 2 de janeiro. Na capital paulista, onde o petista vai assistir ao julgamento, há previsão de atos contrários e favoráveis a ele na Avenida Paulista e na Praça da República.

Operação

Em Porto Alegre, aeronaves farão o monitoramento do espaço aéreo e embarcações das forças de segurança já estão posicionadas na Orla do Rio Guaíba, nas imediações do Tribunal, para evitar qualquer tipo de acesso à zona restrita. Há a possibilidade do uso de helicópteros para o transporte dos desembargadores até a Corte, caso haja risco ou impedimento rodoviário.

Por via terrestre, a restrição ao perímetro do TRF-4 será demarcada por meio de gradis, além da presença de efetivo policial. Haverá apenas um acesso ao local. O bloqueio da área afetará o expediente de órgãos públicos, que ficarão fechados a partir do meio-dia. Cerca de 20 linhas de ônibus terão rota desviada a partir da meia-noite.

A circulação até mesmo de pedestres será controlada no local a partir da tarde desta terça, sem horário definido para desbloqueio. Além do entorno do TRF-4, também a Avenida da Legalidade, no acesso à capital gaúcha, terá o trânsito desviado a partir das 5 horas de quarta.

O secretário de Segurança Pública disse que atiradores de elite vão ficar no topo de edifícios próximos ao perímetro com a função de observadores, filmando e fotografando os manifestantes. "A presença de atiradores de elite faz parte de qualquer processo de prevenção", afirmou Schirmer. As ações em apoio a Lula estão marcadas no centro da capital. Os atos contrários devem ocorrer no Parque Moinhos de Vento, o Parcão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A menos de 48 horas de seu julgamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reivindicou, nesta segunda-feira, 22, ao Tribunal da Lava Jato, em memoriais no âmbito de sua apelação no processo triplex que, se mantida a sua condenação a 9 anos e 6 meses de prisão imposta pelo juiz federal Sérgio Moro, "o direito de em liberdade recorrer aos tribunais superiores". Por meio de seus advogados, o petista também pede o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva para os crimes que lhe foram imputados na sentença de Moro, corrupção e lavagem de dinheiro. A defesa requer, prioritariamente, a absolvição de Lula.

Nesta quarta-feira, 24, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), julga o recurso de Lula contra sua condenação em primeiro grau. O julgamento é marcado por grande expectativa. O país discute se Lula poderá ser preso, se mantida sua condenação - o Supremo Tribunal Federal já decidiu que penas podem ser executadas após decisões de segunda instância.

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Os memoriais derradeiros de Lula têm 23 páginas. O documento foi entregue a todos os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal da Lava Jato, João Pedro Gebran Neto (relator), Leandro Paulsen, e Victor Laus.

"Ante todo o exposto, requer-se, preliminarmente, a decretação da nulidade do processado ou, ainda, seja o Apelante reinquirido (art. 616 do CPP). No mérito, o que se requer é a absolvição do Apelante, (art. 386, I, II, III, ou VII, do CPP). Em caráter subsidiário, pede-se o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva para ambos os crimes; a redução das penas a ele imputadas; e/ou o afastamento do arbitramento do dano mínimo. Por fim, na longínqua hipótese de serem indeferidos todos os pedidos formulados, requer-se seja assegurado ao Apelante o direito de em liberdade recorrer aos Tribunais Superiores", pedem os advogados do petista.

Um abaixo-assinado aberto na internet em defesa da participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais deste ano, batizado de "Manifesto Eleição sem Lula é fraude", acabou de bater a marca estabelecida pelos idealizadores de proposta: 200 mil assinaturas.

Aberto no site 'Change.org', o manifesto foi publicado em dez línguas diferentes, incluindo português, e argumenta que o processo contra o ex-presidente tem como objetivo impedi-lo de participar do pleito. "O Brasil vive um momento de encruzilhada: ou restauramos os direitos sociais e o Estado Democrático de Direito ou seremos derrotados e assistiremos a definitiva implantação de uma sociedade de capitalismo sem regulações, baseada na superexploração dos trabalhadores", afirma o documento.

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No manifesto, são apontadas as supostas razões pelas quais o julgamento seria enviesado politicamente. "O 'golpe' do Impeachment de Dilma não gerou um regime político de estabilidade conservadora por longos anos. A reforma trabalhista e o teto de gastos não atraíram os investimentos externos prometidos, que poderiam sustentar a campanha em 2018 de um governo alinhado ao neoliberalismo", argumenta o texto. "Diante da impopularidade, esses setores não conseguiram construir, até o momento, uma candidatura viável à presidência."

Notáveis em diversos setores estão entre os signatários do manifesto, como o ganhador do prêmio Nobel da Paz, Adolfo Peres Esquivel; Noam Chomsky, linguista, filósofo e cientista; os cineastas Costa-Gavras e Oliver Stone; os ex-presidentes Rafael Correa (Equador), Pepe Mujica (Uruguai), Ernesto Samper (Colômbia) e Cristina Kirchner (Argentina); o cantor e compositor Chico Buarque, entre outros. Em sua página oficial no Twitter, o ex-presidente também Lula compartilhou o link para o abaixo-assinado.

A bancada do PT no Senado vai estar presente em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24), para acompanhar o julgamento da ação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). "Vamos à luta defender a democracia", disse o líder da bancada, Lindbergh Farias (RJ). "Não aceitaremos que se consolide a segunda etapa desse golpe, impedindo a candidatura do Lula. Resistiremos nas praças e ruas deste País", emendou.

Além de Lindbergh, estarão na capital gaúcha as senadoras Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, Fátima Bezerra (RN) e Regina Sousa (PI) e os senadores Humberto Costa (PE), líder da oposição no Senado, Jorge Viana (AC), José Pimentel (CE), Paulo Paim (RS) e Paulo Rocha (PA).

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A partir das 8h30h do dia 24 de janeiro, a 8ª Turma do TRF-4, composta por três desembargadores, apreciará o recurso apresentado por Lula contra a sentença do juiz Sérgio Moro, que condenou o petista a 9 anos e seis meses de prisão no caso do triplex do Guarujá (SP).

A dois dias do julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), a cidade de Porto Alegre passa por um fenômeno raro nesta época do ano: a maioria dos hotéis na região do tribunal estará lotada no dia 23, véspera do julgamento.

A Frente Brasil Popular, que organiza os atos em defesa de Lula, espera 50 mil pessoas nesta semana - um número expressivo na capital gaúcha, que tem cerca de um 1,5 milhão habitantes. Dos dez hotéis consultados pela reportagem, todos nas proximidades do tribunal, seis estavam lotados. Os demais estavam nos últimos apartamentos.

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A organização dos atos pró-Lula fez ainda uma parceria com a agência de viagens Roma Tour para hospedagens com descontos. Segundo o dono da empresa, Romalino Freitas, foram fechados cerca de 80 apartamento, até sexta-feira (19). "O que ainda é muito pouco perto do universo de pessoas que estão vindo pra cá", disse.

De acordo com os dados do PT do Rio Grande do Sul, 323 pessoas solicitaram acampar com integrantes do Movimento dos Sem Terra, que estarão no auditório do pôr-do-sol. Outras 1,4 mil ficarão em alojamentos coletivos, que são ginásios, associações, sindicatos - tudo gratuito.

No site comlulaempoa.com.br, há ainda uma categoria de "hospedagem solidária", na qual moradores de Porto Alegre disponibilizaram suas casas para os militantes de outras regiões. Cerca de 150 pessoas vão dormir em casas de gaúchos.

Um dos que abrirá as portas será Janice Antonia Fortes, aposentada de 62 anos. Filiada ao PT desde o início dos anos 2000, ela irá receber dois correligionários por dois dias. Para ela, abrir a casa é "mais uma forma de luta".

"Hospedar meus companheiros de partido dispostos a grudar ombros nesta luta justa, se propor a encarar uma longa viagem para mostrar indignação com a possibilidade de impedir a candidatura de Lula em 2018, acho que vale, para mim é mais uma forma de lutar", afirmou.

Apesar de as manifestações terem começado no início do mês, será nos dias 23 e 24, que Porto Alegre atingirá sua lotação máxima. O ato da véspera do julgamento, contará com a presença dos senadores Paulo Paim (PT-RS), Roberto Requião (MDB-PR), da deputada Alice Portugal e do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos.

Em coletiva de imprensa feita na sexta-feira, o vice-presidente do PT do Rio Grande do Sul, Carlos Pestana, disse que há uma "forte expectativa" das entidades e uma "enorme vontade" do próprio Lula de comparecer nos atos anteriores ao julgamento. "A ideia é que ele participe deste ato do dia 23 em Porto Alegre e volte para São Paulo a fim de participar das atividades na Avenida Paulista", informou Pestana.

Também na coletiva, o presidente da CUT no Estado reafirmou que as manifestações serão pacíficas. "Nós vamos colaborar com a Segurança Pública para identificar qualquer tipo de anormalidade e atitude que fuja ao nosso propósito de fazermos manifestações pacíficas", disse Claudir Nespolo. Segundo a programação do PT, nos dias que antecedem o julgamento e no dia 24, haverá protestos em outras cidades do País e do exterior, como Paris, Nova York, Cidade do México e Munique.

Apesar da chuva, Porto Alegre começou a mostrar neste domingo (21) os primeiros sinais das manifestações em função do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcado para quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

A Frente Brasil Popular, que congrega dezenas de movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, começou a montar no início da tarde o acampamento onde os militantes pró-Lula vão se manifestar desta segunda-feira até o dia do julgamento. O local designado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul em acordo com os movimentos que defendem a absolvição do ex-presidente é um amplo gramado localizado às margens do Rio Guaíba, a cerca de um quilômetro da sede do TRF-4.

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Na manhã desta segunda-feira (22) cerca de 2,5 mil integrantes da Via Campesina vão se reunir na BR-116 e seguir em caminhada até o local do acampamento. O percurso é de 7,6 quilômetros, atravessa algumas das principais avenidas da capital gaúcha, e contará com a presença de João Pedro Stédile, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST).

Na tarde deste domingo, diversos caminhões do 3.º Batalhão de Engenharia do Exército vindos de Cachoeira do Sul (RS) estavam estacionados no local da concentração. Eles carregavam tratores e soldados armados com fuzis. As assessorias do Exército e da Secretaria Estadual de Segurança não foram localizadas, mas militares que estavam no local disseram extraoficialmente que se trata de uma coincidência e que a presença das tropas no local não tem relação com as manifestações.

Também hoje começaram a chegar a Porto Alegre as primeiras caravanas vindas do interior do Rio Grande do Sul e diversos Estados do Brasil trazendo militantes que vão se manifestar em defesa de Lula. Muitos deles vão ficar hospedados nas casas de integrantes de grupos pró-Lula que se dispuseram a abrigar os visitantes.

Outros estão alojados em sedes de sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). É o caso de um grupo de 120 jovens integrantes da Via Campesina e do Levante Popular da Juventude que estão acampados na quadra do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul.

Uma delas é a argentina Nadya Loscacdo, de 23 anos. Estudante de História da Arte em Buenos Aires, Nadya integra a organização de esquerda Pátria Grande, que tem vínculos com o MST, e desde o início de janeiro participa de uma "vivência" no assentamento sem-terra de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.

"Para nós na Argentina é importante defender a democracia no Brasil para barrar o avanço do neoliberalismo no continente", disse Nadya.

A estudante Daniele Cazarotto, 24 anos, filha de assentados do MST nascida em um acampamento do movimento em Hulha Negra (RS), também estava alojada no local. "A importância maior dessa manifestação é defender a democracia", disse ela.

Desde segunda-feira passada integrantes do Levante têm feito ações em defesa de Lula na capital gaúcha. Uma delas é o Blocão Cadê as Provas, que percorre bairros da periferia com uma bateria de escola de samba chamando as pessoas para dialogar sobre o julgamento de Lula em um tipo de atividade chamado "agitação e propaganda".

Na segunda-feira o grupo fez uma ação no centro de Porto Alegre. Segundo eles, o ato provocou debates entre pessoas pró e contra o petista, mas sempre de maneira democrática.

"Houve interação entre as pessoas com diferentes posições mas sem brigas, como manda a democracia", disse Rafael Rodrigues, 27 anos, do Levante. Durante todo o domingo sindicalistas ligados à CUT colaram cerca de 5 mil cartazes de apoio ao ex-presidente nas principais avenidas de Porto Alegre.

Intervencionistas

Na movimentada esquina das avenidas Mostardeiro e Goethe, no bairro de classe média alta Moinhos de Vento, dois militantes de um grupo que defende a intervenção militar se manifestavam embaixo de chuva. A dona de casa Luciana Liska, 47 anos, e um homem que não quis se identificar porque, segundo ele, "a imprensa toda é do PT", seguravam bandeiras do Brasil em uma mão e guarda-chuvas na outra.

Nos 10 minutos em que a reportagem esteve no local, cinco carros buzinaram em solidariedade à dupla de manifestantes. Segundo Luciana, a presença deles ali não está diretamente relacionada ao julgamento de Lula. Eles costumam ir ao mesmo ponto todos os domingos. Hoje decidiram enfrentar a chuva apesar de a manifestação ter sido abortada por causa do mau tempo.

"Precisamos dos militares porque quase todos os políticos estão envolvidos em corrupção. A gente não tem mais onde recorrer", disse a dona de casa.

A Secretaria de Segurança vai anunciar nesta segunda-feira o plano de ação para evitar incidentes durante o julgamento mas, segundo ela, alguns Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) do interior estão preparando cavalgadas até Porto Alegre e devem se concentrar no parque da Marinha, a poucas dezenas de metros do acampamento dos movimentos pró-Lula.

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) absolveu apenas cinco dos 77 condenados pelo juiz federal Sérgio Moro em quase quatro anos de Operação Lava Jato. Nesta quarta-feira (24), a Corte de segunda instância vai analisar o primeiro recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso seja confirmada a pena de 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro na ação do triplex no Guarujá (SP), o petista poderá ficar inelegível.

O resultado do julgamento terá impacto na disputa pelo Palácio do Planalto e vai mexer com o xadrez da eleição deste ano. A dificuldade jurídica de Lula se reflete em seu futuro político e no de seu partido. Neste domingo (21), o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o PT teme encolher na Câmara, no Senado e nos governos estaduais caso o petista seja impedido pela Lei da Ficha Limpa de disputar a Presidência mais uma vez.

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A defesa do petista alega inocência. As estatísticas do TRF-4, porém, revelam obstáculos impostos a Lula. O índice de absolvição na 8.ª Turma Criminal da Corte - responsável em Porto Alegre por julgar os recursos contra as sentenças de Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal, de Curitiba - é de 6,5%. Apesar das reformas das decisões, 93,5% dos condenados não conseguiram escapar da pena de prisão.

O criminalista Carlos Eduardo Scheid, doutor em Direito, prevê "desafio muito grande" para Cristiano Zanin Martins e equipe, uma vez que, ao longo de 20 anos, a jurisprudência do TRF-4 considera "o Estado frágil em relação à criminalidade econômica". Lula foi condenado por envolvimento no esquema de cartel e desvios na Petrobras.

"Normalmente um processo que tem uma prova indiciária e um processo cuja prova traz dúvidas é um processo que conduz à absolvição. Mas, em alguns casos especiais, o TRF-4 entende que essa dúvida não é uma dúvida razoável, porque eles aplicam a teoria do domínio do fato e aplicam a questão da cegueira deliberada", explicou Scheid, que atua na Corte, mas não defende nenhum acusado na Lava Jato.

Segundo o criminalista, Moro conhece bem a jurisprudência do Tribunal. "As ações que são analisadas pelo TRF-4 são processos que tendem a ter um afrouxamento das garantias constitucionais e uma valoração das posições do juiz de primeiro grau. Por isso, o índice de reversão das decisões de Moro é baixíssimo", afirmou Scheid.

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da Lava Jato em Curitiba, comemorou os números e a coesão entre primeira e segunda instâncias. "O mais relevante é o grau de sucesso das acusações. Como o TRF-4 é o último grau de avaliação probatória, podemos dizer que o convencimento das provas levantadas nas acusações é superior a 90%", afirmou Lima, um dos integrantes da força-tarefa.

Absolvições

Até o momento, 98 decisões de Moro - um condenado por ter mais de uma sentença - foram analisadas pelo TRF-4 em 23 recursos. Foram absolvidos o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (duas vezes), os executivos da empreiteira OAS Mateus Coutinho de Sá Oliveira e Fernando Augusto Stremel Andrade, o operador André Catão de Miranda e também Maria Dirce Penasso, mãe da operadora Nelma Kodama.

Preso desde abril de 2015, Vaccari foi condenado em cinco ações penais a 45 anos e 6 meses, por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Três sentenças de Moro já foram analisadas pela Corte - uma de 15 anos e 4 meses, outra de 9 anos e a terceira de 10 anos. Nas duas primeiras, a defesa conseguiu a absolvição. Na terceira, a pena foi aumentada para 24 anos.

A primeira vitória de Vaccari na 8.ª Turma Criminal ocorreu em junho do ano passado e a segunda, em setembro. Os desembargadores federais entenderam que "a existência exclusiva de depoimentos" de delatores não era capaz "de subsidiar a condenação".

"A lei brasileira exige provas que confirmem a palavra do delator", disse Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de Vaccari e ex-presidente da OAB-SP. "A reforma de decisões proferidas pelo juiz da Lava Jato repousa, exclusivamente, no aspecto técnico. Aliás, é para isso que servem os recursos: para que as instâncias superiores possam rever as decisões de primeiro e segundo graus, e corrigi-las", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A 8.ª Turma Criminal do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) vai julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira, 24. Os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Luis dos Santos Laus vão decidir se mantêm a condenação ou absolvem o petista.

Em julho do ano passado, Lula foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex.

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Após a decisão do TRF-4 e recursos junto à Corte, é que, de fato, Lula poderá ter prisão decretada e se tornar inelegível em 2018, se sua condenação criminal for confirmada e seu nome cair na Lei da Ficha Limpa - jurisprudência do Supremo Tribunal Federal considera que tais restrições, a criminal e a eleitoral, são aplicadas a condenado por segundo grau judicial.

O TRF-4 está situado em Porto Alegre, mas mantém jurisdição em Curitiba. A 8.ª Turma é a responsável por julgar as decisões de Sérgio Moro.

VEJA QUEM SÃO OS DESEMBARGADORES

João Pedro Gebran Neto

Relator da Lava Jato no TRF-4. Nascido em Curitiba, 52 anos, formado pela Faculdade de Direito da capital paranaense, Gebran tem pós-graduação em Ciências Penais e Processuais Penais pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e mestrado em Direito Constitucional, também concluído na UFPR. Foi promotor de Justiça do Paraná e juiz federal desde 1993. Atuou no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná no biênio 2006-2008.Ingressou no TRF4 em dezembro de 2013.

Leandro Paulsen

O desembargador é o revisor da Lava Jato na 8.ª Turma. Aos 47 anos, natural de Porto Alegre, ele é formado pela PUC/RS. É especialista em Filosofia e Economia Política pela mesma universidade. É mestre em Direito do Estado e Teoria do Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Direitos e Garantias do Contribuinte pela Universidade de Salamanca/Espanha.

Paulsen ingressou na magistratura federal em 1993, na Justiça Federal de Porto Alegre, tendo sido vice-diretor do Foro da Seção Judiciária do RS (1998-1999) e diretor do Foro (1999 e 2000). Atuou como juiz auxiliar no Supremo Tribunal Federal entre 2010 e 2011. Ingressou no TRF4 em dezembro de 2013.

Victor Luis dos Santos Laus

Victor Laus, 54 anos, natural de Joaçaba (SC), é formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi promotor de Justiça antes de assumir o cargo de Procurador da República, no qual atuou por dez anos. Em 2002, assumiu a vaga de desembargador do TRF4 destinada ao Ministério Público Federal.

Foi membro do Conselho de Administração do TRF4 entre 2011 e 2013 e coordenador dos Juizados Especiais Federais em 2013. Atualmente, é o coordenador do Sistema de Conciliação da Justiça Federal da 4.ª Região. É o atual diretor da Escola da Magistratura do TRF4, no biênio 2017-2019.

Prestes a completar 38 anos e com o destino atrelado à sobrevivência política de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT ainda não conseguiu traçar uma estratégia eleitoral que vá além da batalha jurídica para salvar o ex-presidente e permitir sua entrada na disputa ao Palácio do Planalto. Nos bastidores, dirigentes e parlamentares trabalham com a perspectiva de condenação de Lula e não escondem o receio de encolhimento do PT no Legislativo e até em governos estaduais, caso ele seja impedido de concorrer.

O resultado do julgamento do ex-presidente pelo Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4) na quarta-feira, em Porto Alegre, põe em xeque o futuro do PT pós-Lava Jato. Seja qual for o desfecho, porém, a Executiva Nacional petista lançará a sua candidatura no dia 25. Para ganhar tempo, o registro será feito em 15 de agosto, último dia do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.

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Até lá, o PT apresentará uma plataforma de governo que põe o Estado como "motor de desenvolvimento", prega gestão fiscal "anticíclica" para estimular o crescimento em época de crise, isenta quem ganha até cinco salários mínimos de pagar Imposto de Renda e defende a federalização do ensino médio. As propostas procuram aproximar o PT da classe média e da juventude, além de resgatar eleitores que se decepcionaram com o governo Dilma Rousseff.

A ideia do partido é criar um clima de comoção no País durante a campanha e investir no discurso do "nós contra eles", na tentativa de mostrar que Lula é "vítima" de perseguição montada para impedi-lo de chegar à Presidência. O petista responde a seis processos e foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro, no caso do triplex do Guarujá. Até agora, ele lidera todas as pesquisas de intenção de voto.

O placar do julgamento de Lula, porém, é motivo de preocupação no PT. A expectativa ali é de que o ex-presidente consiga ao menos um voto favorável, dos três desembargadores que vão examinar o processo, abrindo divergência no TRF-4. Dessa forma, ele teria direito a mais um recurso judicial.

"Se Lula for condenado, não teremos mais normalidade institucional no Brasil", afirmou ao Estado a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). "A partir do dia 24 será luta cerrada. Estão cutucando a onça com vara curta", emendou. Ré na Lava Jato, Gleisi chegou a dizer, em entrevista ao site Poder360, que, para prender Lula, seria preciso "matar gente", mas depois alegou ter usado uma "força de expressão".

Na prática, toda a energia do partido está concentrada em fazer com que o nome de Lula esteja na urna em outubro. Dependente de seu líder, o PT teme minguar na Câmara e no Senado, se o ex-presidente ficar fora do páreo. Em 2016, ano do impeachment de Dilma, a legenda perdeu 60% das 530 prefeituras sob seu comando, incluindo a de São Paulo, considerada a "joia da coroa". Agora, a meta do PT é ter candidatos próprios aos governos de pelo menos 14 dos 26 Estados, sendo quatro à reeleição.

Plano B

Não há consenso, porém, sobre quem pode encarnar o plano B de última hora, caso Lula vire ficha suja. Postulante ao Senado, o ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner é hoje o mais cotado para assumir a tarefa, em caso de emergência. O outro nome citado é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, atual coordenador do programa de governo de Lula.

"O País e a democracia estão à deriva e uma eleição sem Lula só vai aumentar este caos", disse o ex-ministro Tarso Genro. Ex-governador do Rio Grande do Sul e integrante da corrente Mensagem ao Partido, Tarso defende a "refundação" do PT, proposta já apresentada por ele após o mensalão, em 2005.

Questionado se a sigla poderá ser dizimada nas urnas, se Lula tiver a candidatura impugnada, Tarso duvidou. "O PT não acabará em termos eleitorais nem vai desaparecer porque sua memória, em termos sociais, vai ser cada vez mais positiva à medida que as desigualdades aumentarem", afirmou. "Lula é bem mais amplo do que o PT, mas o partido, como projeto político, deve se colocar além das contingências do seu líder, por maior que ele seja. Se assim não for, perde o sentido histórico."

Menos de dois anos após deixar o Planalto na esteira do impeachment de Dilma, o PT enfrenta agora o maior desafio de seus 38 anos, que serão completados em fevereiro, quando Lula lançará nova Carta ao Povo Brasileiro. Na campanha de 2002, o documento idealizado por Antônio Palocci, visto hoje como "traidor", foi produzido sob medida para acalmar o mercado, mas agora o ex-presidente quer detalhar o que já fez. Na carta de 2018, Lula não vai adotar tom de revanche como o do palanque. Dirá, no entanto, que é o único capaz de pacificar o País.

'Tese'

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é preciso desmontar a "tese" de que Lula será imbatível. "É importante que ele dispute porque tenho convicção de que perderá as eleições", argumentou Maia, também pré-candidato ao Planalto. "Falam do ativo do PT, mas e o passivo de 14 milhões de desempregados?"

Na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o cenário eleitoral somente ficará mais claro após o julgamento do TRF-4. "Estamos todos presos à hipoteca do Lula, que não sabemos quando será resgatada", comparou ele.

Com antigos dirigentes abatidos, como José Dirceu, sob ameaça de delação de Palocci - ex-homem forte dos governos Lula e Dilma - e sem a companhia de tradicionais aliados, entre os quais o PCdoB, o maior partido de oposição entrará na campanha com muitas interrogações no horizonte. "O PT vai para o tudo ou nada com Lula", resumiu Jilmar Tatto, vice-presidente do PT paulista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse neste sábado (20), que o governo do Rio Grande do Sul fez um "bom acordo" com a CUT, o MST e outros movimentos sociais para a manutenção da segurança no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para a próxima quarta-feira (24), em Porto Alegre. "Todos concordaram em assumir a responsabilidade por danos patrimoniais públicos e privados, caso ocorra algo desse tipo", afirmou o ministro ao Estado.

Torquato fez um relato ao presidente Michel Temer da reunião que manteve nessa sexta-feira (19), na capital gaúcha, com o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Thompson Flores, e o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer. O governo pôs à disposição 130 homens da Força Nacional para atuar em Porto Alegre até o dia do julgamento.

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"Foi montado um sistema muito eficiente de segurança e haverá um grande cordão de isolamento em torno do prédio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região", disse Torquato, após a reunião deste sábado com Temer. O ministro afirmou não ter recebido informações oficiais sobre ameaças a desembargadores que julgarão Lula.

Iniciativa

De acordo com Vitalina Gonçalves, da comissão operativa da Frente Brasil Popular no Rio Grande do Sul, os movimentos populares que vão se manifestar em defesa do ex-presidente Lula comunicaram às autoridades do Estado que estão criando esquemas próprios de segurança para garantir o bom andamento das manifestações.

"Os próprios movimentos tomaram essa iniciativa. Nós nunca depredamos patrimônio público ou privado e queremos garantir nosso direito de manifestar nossas opiniões. Avisamos as autoridades que estaremos trabalhando com segurança militante somada às garantias dadas pelo Estado", disse Vitalina.

Cerca de 150 integrantes do Movimento Social de Luta (MSL) ocuparam a Fazenda Espinho Preto, na madrugada deste sábado, 20, em Rancharia, interior de São Paulo. De acordo com o líder Luciano de Lima, as ações marcam a largada de ocupações de terra para reivindicar a reforma agrária e "em defesa do direito do ex-presidente Lula de ser candidato à Presidência". A Polícia Militar confirmou a invasão e informou que o dono da propriedade tomou medidas para obter a reintegração de posse do imóvel.

Segundo Lima, o MSL programou outras cinco ocupações na região do oeste paulista até o dia 24, quando o recurso contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em ação da Lava Jato, será julgado no Tribunal Regional Federal (TRF-4), em Porto Alegre. A confirmação da sentença em 2ª instância pode impedir Lula de ser candidato a presidente.

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Nesta sexta-feira, 19, integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram duas áreas públicas do governo gaúcho no interior do Rio Grande do Sul. Uma das áreas, no município de Candiota, região da Campanha, pertence à Companhia Estadual de Energia Elétrica, que já entrou com pedido de reintegração. Outra fazenda, da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), foi ocupada em Encruzilhada do Sul, na região do Vale do Rio Pardo. A reportagem não conseguiu contato com a Fepagro.

De acordo com Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, além dos atos programados pelos movimentos sociais em Porto Alegre e em outras capitais, haverá intensa mobilização no campo. "Não se trata da simples defesa do Lula, mas de defender a democracia brasileira da parcialidade do Poder Judiciário e também a reforma agrária, que está sob ataque", disse. Estão previstas ocupações em ao menos 18 Estados. Outros movimentos sociais, como a Frente Nacional de Lutas (FNL) e Terra Livre terão calendário próprio de ações.

O juiz Antonio Augusto Galvão de França, da 3.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, negou nesta sexta-feira, 19, o pedido da Central Única dos Trabalhadores (CUT) para realizar na Avenida Paulista um ato a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 24.

A entidade ajuizou um mandado de segurança para garantir espaço na Paulista no dia em que o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, vai julgar um recurso do petista.

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A avenida, no entanto, também foi requisitada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online para uma manifestação contrária ao petista.

Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal, de Curitiba, na Lava Jato. Ele responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

A CUT acionou a Justiça paulista em razão da falta de acordo entre os movimentos para o uso da Avenida Paulista, após uma reunião realizada com a Polícia Militar, na quarta-feira, 17.

"No caso em pauta, a entidade impetrante comunicou aos órgãos competentes o intuito de realizar evento às 14 horas, na Avenida Paulista, 1.578, na altura do Masp, com 'carro de som de grande porte, falas políticas e ação cultural'", anotou o juiz Antonio França.

"Todavia, há notícia de que uma outra entidade indicou intuito em promover manifestação de ideal antagônico no mesmo dia e local", escreveu o magistrado.

De acordo com o juiz, porém, "não resta claro qual entidade protocolou primeiro o documento". "Contudo, analisando a ata da reunião realizada junto à Polícia Militar, tudo indica que a preferência é da outra manifestação (anti-Lula)."

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul afirmou, por meio de nota, que órgãos do governo estadual, Prefeitura de Porto Alegre e o Ministério Público chegaram a um acordo com os Movimentos Sociais pela Frente Brasil Popular sobre áreas, datas e medidas de segurança de acampamentos a favor de Lula nas proximidades de seu julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido da empreiteira OAS no processo sobre o famoso triplex do Guarujá.

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O ex-presidente terá seu recurso julgado pelos desembargadores da 8.ª Turma do TRF4 no próximo dia 24. O julgamento é cercado de grandes expectativas. Porto Alegre poderá receber muitos manifestantes.

A Justiça chegou a proibir acampamento do MST em frente à Corte até três dias depois na região do Parque da Harmonia, aonde fica a Corte. A Justiça Federal, no entanto, informou que não foram proibidas manifestações nas proximidades do TRF4. "A determinação judicial é para controlar o acesso de modo a assegurar a normalidade do trânsito de pessoas e veículos no entorno do Tribunal, garantido o direito de manifestação no Parque da Harmonia", destacou a Justiça, em nota.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, por iniciativa dos movimentos sociais, as negociações começaram na última terça-feira, 16, e se estenderam até esta sexta. "Durante este período, foram realizadas cinco reuniões no gabinete do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, com representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)".

O secretário ressalta o "espírito de cooperação, por parte dos movimentos sociais, da prefeitura de Porto Alegre e do Ministério Público Federal, para a realização de manifestações pacíficas que preservam o respeito à divergência e à livre manifestação, dentro dos limites da legislação".

CONFIRA AS ÁREAS DOS ACAMPAMENTOS:

- O acampamento do MST e demais movimentos sociais será realizado entre os dias 22 e 24 de janeiro no Anfiteatro Pôr do Sol. O mesmo deverá ser devolvido nas condições em que foi recebido;

- A manifestação prevista para o dia 24 de janeiro ocorrerá na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, entre o Anfiteatro Pôr do Sol e a Rótula das Cuias;

- Não será permitida a ocupação do Parque Marinha do Brasil e da orla do rio Guaíba, na parte em obras;

- Os movimentos sociais deverão tomar as medidas necessárias para evitar e/ou coibir quaisquer atos de vandalismo na área destinada ao acampamento. Da mesma forma, deverá ser provido de água o Anfiteatro Pôr do Sol.

Cerca de 300 jornalistas nacionais e estrangeiros devem acompanhar o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dia 24 no Tribunal da Lava Jato - o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.

Profissionais de imprensa da Inglaterra, Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França, Espanha Dinamarca, Catar e Argentina estão credenciados para acompanhar o julgamento da apelação criminal número 50465129420164047000 - o processo do famoso triplex, no qual, em primeira instância, Lula foi condenado a 9 anos e seis meses de prisão.

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São 43 correspondentes estrangeiros e cerca de 250 profissionais de imprensa do Brasil, que poderão permanecer nas áreas destinadas à cobertura jornalística do julgamento.

Para garantir a transparência e o trabalho da imprensa, o TRF-4 está organizando uma Sala de Imprensa para 100 profissionais, no andar térreo do prédio. Eles poderão acompanhar ao vivo a sessão de julgamento, por meio de telão.

A mesma transmissão será disponibilizada também pela internet.

Além disso, os jornalistas de televisão, rádio, impresso e online que estarão na Sala de Imprensa poderão mandar o sinal diretamente para seus veículos.

Os profissionais também vão acompanhar a movimentação em frente ao prédio do TRF-4, com credenciamento específico para este local.

O julgamento é cercado de grande expectativa. Manifestações de grupos que apoiam e condenam o petista estão previstas no entorno do Tribunal da Lava Jato.

Transmissão

A captação das imagens do julgamento será feita pelo sistema do tribunal, chamado Tela TRF4, que iniciou em 2012.

As quatro câmeras HD remotas instaladas na sala de sessão da 8.ª Turma vão mostrar todos os detalhes, da abertura à leitura do relatório, passando pela manifestação do Ministério Público Federal e dos advogados da defesa, chegando aos votos dos desembargadores.

O julgamento do recurso da defesa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá (SP) pelo Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, na próxima quarta-feira, 24, mobiliza movimentos pró e contra Lula na capital gaúcha. As manifestações tomarão corpo a partir desta segunda-feira, 22, e as forças de segurança se articulam para planejar sua atuação.

As manifestações mais numerosas prometem ser as de movimentos sociais e partidos de esquerda que apoiam o ex-presidente da República. Entre os participantes da Frente Brasil Popular, ligada à CUT, que lidera a organização dos atos pró-Lula, o clima é de Fórum Social Mundial - movimento de esquerda que se destacou em Porto Alegre no início dos anos 2000.

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Na segunda e na terça-feira, 23, serão realizadas diversas plenárias, contando com nomes de expressão nacional, como a presidente da República cassada Dilma Rousseff e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que participarão do painel "Mulheres pela Democracia", e dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Roberto Requião (PMDB-PR), convidados para a "Ação Global Anti-Davos". Ambos os eventos serão realizados na terça-feira, no auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa.

O principal ato público dos movimentos de esquerda será realizado no fim da tarde de terça-feira, quando são esperadas mais de 200 caravanas do interior do Rio Grande do Sul e dos Estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná, para uma marcha na região central da capital gaúcha. Os organizadores esperam reunir mais de 50 mil pessoas na chamada "esquina democrática", que fica perto do Mercado Público de Porto Alegre, a partir das 17 horas do dia 23.

"Será uma marcha pacífica e organizada em defesa da democracia e contra a condenação sem provas do ex-presidente Lula. Queremos mostrar que aqui se pratica a democracia e denunciar a gravidade do que está acontecendo na Justiça, que insiste em condenar sem provas", diz Claudir Nespolo, umas das lideranças da Frente Brasil Popular, que reúne 78 organizações.

Para garantir que a manifestação seja pacífica, Nespolo informa que os organizadores designaram cerca de 2 mil orientadores, que circularão entre os manifestantes para tentar evitar qualquer tipo de confronto com grupos favoráveis à condenação de Lula ou com as forças de segurança, bem como impedir atos de vandalismo contra o patrimônio público ou privado.

Os movimentos de esquerda também planejam montar um acampamento em local ainda por ser definido junto aos órgãos de segurança e realizar uma vigília o mais próximo possível do TRF-4 no dia do julgamento.

Já os movimentos favoráveis à condenação de Lula têm optado por manifestações mais discretas. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua espalharam pela cidade cerca de 30 outdoors pedindo "Lula na cadeia".

Na véspera do julgamento, um ato está sendo convocado para o Parque Moinhos de Vento, o Parcão, espaço usual de protestos em apoio à Lava Jato em Porto Alegre. O evento no Facebook, marcado para às 18 horas do dia 23, tinha menos de 100 confirmações até a quinta-feira, 18.

"Vai ser um evento pequeno, já que consideramos e avaliamos que um evento grande poderia implicar questões de segurança. Será um ato de apoio ao TRF-4 e à Justiça, para que continuem fazendo o seu trabalho e que não se tolere ameaças ou intimidações", afirma Iria Cabreira, uma das coordenadoras do Vem Pra Rua no Rio Grande do Sul.

O MBL convoca para outra manifestação no dia do julgamento, também no Parcão. Chamado de "CarnaLula", o evento é anunciado pelo movimento como "um verdadeiro pré-carnaval" em "comemoração pelo início da libertação do Brasil". Segundo a divulgação, "a condenação de Lula marcará uma nova era em que a população construirá um país mais livre, digno e próspero". O ato está marcado para as 18 horas do dia 24.

Órgãos de segurança têm realizado diversas reuniões de trabalho nos últimos dias para planejar a atuação até o julgamento. Movimentos sociais, representantes dos magistrados e também a imprensa foram chamados para coordenar procedimentos.

O acesso ao entorno do TRF-4 será restrito a pessoas previamente cadastradas no site do Tribunal, ônibus passarão por revistas das polícias rodoviárias federal e estadual para verificar a presença de objetos que possam ser usados como armas.

A Polícia Federal atuará na segurança dos magistrados enquanto a Brigada Militar fará a proteção de prédios públicos, além de monitorar possíveis conflitos nas manifestações.

O advogado britânico e conselheiro da rainha, Geoffrey Ronald Robertson, que representa Lula na Comissão de Direitos Humanos da ONU, poderá acompanhar a sessão em que o Tribunal da Lava Jato julgará recurso do ex-presidente contra sua condenação no caso triplex. A entrada do defensor foi autorizada por decisão do desembargador Leandro Paulsen, um dos magistrados que compõem a 8ª Turma do TRF-4, que analisará a apelação contra a sentença do juiz federal Sérgio Moro.

Inicialmente, o julgamento teria apenas autorizada a entrada de defensores, Ministério Público Federal, réus e desembargadores. Jornalistas ficariam na sala de imprensa da Corte, acompanhando transmissão interna por telão. Nesta quinta-feira, 18, o Tribunal confirmou que também veicularia o julgamento por Youtube. Nesta sexta-feira, 19, o desembargador Leandro Paulsen autorizou, a pedido da defesa do ex-presidente, a entrada do defensor britânico.

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"No caso do advogado Geoffrey Ronald Robertson, embora não esteja habilitado para representar o réu neste feito que tramita na Justiça Federal brasileira, restam claras sua legitimidade para o acompanhamento dos trabalhos e a pertinência da sua presença. Isso porque foi constituído para representar o réu perante a Organização das Nações Unidas em assunto relacionado, justamente, ao seu julgamento pela Justiça Federal brasileira", anotou Paulsen.

O advogado ainda terá o direito de assistir o julgamento com tradução simultânea, que não poderá comparecer à sala de sessões, segundo Paulsen, porque a "realização de tradução oral simultânea, in loco, causará movimentação e ruído que, inevitavelmente, dispersará a atenção dos presentes".

"Destarte, com o intuito de bem atender à pretensão defensiva, determino que a secretaria deste Tribunal disponibilize para a tradutora uma sala distinta com acesso à transmissão em tempo real do julgamento por áudio e vídeo. A partir deste local poderá ser realizada a tradução simultânea do julgamento e sua transmissão ao advogado mediante utilização de aparelhos próprio que permita ao advogado estrangeiro a oitiva remota através de dispositivo auricular. Anoto que tal aparelho para comunicação entre a tradutora e o advogado deverá ser providenciado pela própria defesa", decide.

Sentença

Lula foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no valor de R$ 2,2 milhões a 9 anos e 6 meses de prisão.

Segundo a denúncia, os valores são correspondentes ao triplex e suas respectivas reformas no condomínio Solaris, no Guarujá, supostamente custeadas pela OAS.

Lula nega que tenha aceitado o imóvel da empreiteira e apela por sua absolvição.

Além de recorrer pela reversão da pena no Judiciário brasileiro, o ex-presidente, que se considera vítima de perseguição política no Brasil, no âmbito da Operação Lava Jato, também apela à Comissão de Direitos Humanos da ONU.

ONU

Às Nações Unidas, Robertson tem adotado linha de defesa de que o julgamento de Lula não respeita o estado de direito no Brasil. A próxima reunião dos peritos da ONU - aceitou examinar o caso - acontecerá somente em março.

Em julho de 2016, quatro meses depois de Lula ter sido levado coercitivamente para depor pela força-tarefa da Lava Jato, os advogados do ex-presidente protocolaram uma queixa formal contra o Estado brasileiro.

Geoffrey Robertson, que vai acompanhar o julgamento do TRF-4, se diz incrédulo sobre as chances de reversão da pena do ex-presidente.

"Moro e os colegas estão dizendo que ainda há recursos para Lula na Justiça. Nós estamos alegando que não há mais recursos aqui porque a Justiça do Brasil é totalmente parcial. Portanto, temos de ir às instâncias internacionais, onde há uma Justiça verdadeira", chegou a afirmar o defensor, em setembro de 2017.

Robertson é fundador e sócio do escritório Doughty Street Chambers, principal banca especializada em direitos humanos do Reino Unido.

Ele atuou como juiz em Londres por 17 anos e como juiz de apelações e membro do Conselho de Justiça da ONU (2008-2012), responsável pela supervisão das nomeações dos juízes da organização. Recebeu o título de jurista Ilustre.

Robertson atuou em diversos processos constitucionais e penais que estabeleceram importantes marcos nos tribunais ingleses e no Tribunal de Direitos Humanos da Europa.

Entre os seus premiados livros está Crimes Against Humanity: The Struggle for Global Justice (Crimes Contra a Humanidade: a Luta pela Justiça Global).

É membro da Ordem dos Advogados da Grã-Bretanha, curador da SOAS (Centro de Estudos sobre o Oriente e África) e professor visitante de direitos humanos das faculdades Queen Mary College e New College of Humanities.

Enquanto todas as atenções estão voltadas para o julgamento do dia 24 no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que pode tornar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inelegível, a equipe do petista tenta dar ares de normalidade à pré-campanha de Lula à Presidência. Segundo fontes do partido, a , 19, e será apresentada em 26 de fevereiro - quando o PT completa 37 anos -, seja qual for o resultado do julgamento em Porto Alegre.

O responsável pela elaboração da minuta é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador-geral do programa de governo de Lula. Ainda nesta sexta ele deve entregar a versão inicial da carta aos ex-ministros Paulo Bernardo e Aloizio Mercadante, que compõem o grupo mais próximo do ex-presidente na corrida pelo terceiro mandato no Palácio do Planalto.

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Paulo Bernardo e Mercadante devem fazer ajustes no texto, cujo conteúdo é fruto de meses de discussões entre economistas e acadêmicos que se reúnem semanalmente na sede do Instituto Lula, na capital paulista. Antes de ganhar a redação final, no entanto, a carta ainda passará pelo crivo do próprio ex-presidente.

A ideia do PT é apresentar o texto no aniversário do partido. Com isso, a sigla espera também passar uma imagem de normalidade, mesmo que a pena de 9 anos e 6 meses imposta a Lula pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, seja mantida pelo TRF-4, o que tornaria Lula inelegível. Lula foi condenado na Operação Lava Jato em julho do ano passado, na ação penal relativa ao caso do triplex do Guarujá (SP).

Prazos

A estratégia do partido é tentar minimizar os efeitos do julgamento do recurso de Lula em Porto Alegre e argumentar que a disputa jurídica pela elegibilidade do petista só começa para valer no dia 15 de agosto, quando se encerra o prazo para o registro de candidaturas, e se dará no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em dezembro passado, ao contrário da Carta ao Povo Brasileiro de 2002, feita para acalmar o mercado financeiro receoso diante da possibilidade da primeira eleição de Lula, o texto de 2018 será voltado para a classe média, especialmente para o eleitorado que já votou no PT, mas agora culpa a gestão da presidente cassada Dilma Rousseff pela crise econômica e associa o partido aos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato.

O conteúdo da carta é mantido em sigilo absoluto, mas, segundo petistas graduados, um dos eixos é desassociar Lula do desastre econômico ocorrido durante o governo Dilma.

O petista também quer mostrar que, embora o contexto político e econômico seja muito diferente de 2002, a responsabilidade com a condução econômica é um princípio pessoal. Para isso, Lula vai listar fatos de seus dois governos, como os seguidos superávits fiscais além da meta, trajetória de queda da dívida pública, obtenção do chamado "grau de investimento", recordes de valorização de ações na Bolsa e aumento das reservas cambiais.

Mercado

De acordo com assessores próximos do petista, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, depois de oito anos de mandato na Presidência com bons resultados na economia e demonstrações de rigor fiscal, segundo eles, Lula e o PT não precisam mais provar ao mercado financeiro seu compromisso com a responsabilidade econômica.

Em conversas com colaboradores, o ex-presidente tem se referido à ideia do documento como "uma Carta ao Povo Brasileiro, só que para o povo brasileiro mesmo".

Belluzzo

Em entrevista, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, falou sobre a relação entre o mercado financeiro as eleições:

A opinião do mercado financeiro é relevante para definir a eleição?

O mercado existe, tem que considerar a existência dele, mas não se pode desenhar as políticas a partir das suas premissas. O candidato não deve ficar se jogando de joelhos diante do mercado financeiro.

Seria importante Lula elaborar uma carta para o mercado caso venha a ser candidato?

Acredito que ele fará uma carta para o povo, explicando que deseja o desenvolvimento do Brasil. Não estou ajudando na elaboração da carta. Se me pedirem ajuda, darei palpite. É melhor que os candidatos digam o que pensam.

Qual a expectativa do senhor para o julgamento do ex-presidente?

Eu acho que não vai ter nenhuma decisão definitiva. Eles vão, prudentemente, encaminhar isso de outra maneira, para não aumentar a confusão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), publicou um vídeo para defender a radicalização da esquerda como forma de evitar uma eventual condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana. Lindbergh afirmou que os esquerdistas devem "falar grosso" e precisam estar "mais preparados para o enfrentamento e para as lutas de rua". "Não é hora de uma esquerda frouxa, burocratizada, acomodada", declarou.

"Têm dois caminhos: ou eles percebem que aqui tem fraqueza e tiram o Lula (da disputa presidencial), ou a gente olha e diz que, se querem colocar o País nessa situação de instabilidade (ao condenar Lula), saibam que nós temos muita disposição para lutar nas ruas desse País para defender a democracia brasileira."

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Em vídeo divulgado nas redes sociais, Lindbergh avaliou que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR) "elevou o tom do discurso" de maneira positiva ao dizer que "vai ter que matar gente" para cumprir um eventual pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a legenda não vai aceitar a confirmação da condenação na segunda instância, pois o processo do triplex do Guarujá "não tem prova alguma".

"O caminho agora é outro. Não é só pela via institucional, recorrendo a essa Justiça que já mostrou que tem um lado. Não é acreditando só na via institucional do Parlamento, porque a gente está vendo o que é esse Congresso Nacional, que na verdade defende os interesses do grande empresariado contra o povo trabalhador. Não, é outra esquerda, que tenha coragem de enfrentar, que aposte nas lutas sociais."

Embora a própria Gleisi tenha dito que usou "uma força de expressão" e que a sigla "vai em paz" para Porto Alegre, Lindbergh criticou uma ala da esquerda que discordou do posicionamento da parlamentar. "O que esse pessoal quer? Que a gente baixe a cabeça e aceite (a condenação de Lula)? Será que não entendeu o que está acontecendo no País? Será que acham que a gente está vivendo um país de normalidade democrática? Estão entregando o Brasil e agora vem num processo como esse querer que a gente aceite a condenação do Lula sem provas num processo que está desmoralizado?", questionou.

Em outra frente, o senador Magno Malta (PR-ES), rebateu as declarações de Lindbergh e Gleisi, que classificou como "ameaças". "Vocês vão matar os juízes? Juízes, não tenham medo, façam a justiça. Se Lula não deve nada, vocês então tiram a sentença, se não tiver prova, se os autos não comprovarem nada, se ele tiver sido injustiçado, façam a justiça. Mas se tiver prova, se o que o Moro escreveu, o que o Moro investigou, a Polícia Federal e o Ministério Público, vocês não precisam ter medo de nada."

Para Malta, o PT quer transformar Lula em mártir. "'Lula é inimputável. Lula pode fazer o que quiser, porque fez o Bolsa Família, fez o Minha Casa, Minha Vida'. Estão pensando o que? Ele roubou o Brasil, assaltou o Brasil, vocês aparelharam o Brasil para roubar de ponta a ponta, destruíram nossas empresas. Isso é conversa para boi dormir. Vão lavar essa cara de pau de vocês", provocou.

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