A meningite bacteriana, de alto grau de contágio e que pode levar à morte, atravessou os muros da Colônia Penal Feminina do Recife, no bairro do Engenho do Meio, na Zona Oeste. De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários, a doença acometeu duas detentas, levando a óbito uma delas. A outra – que está gestante – foi encaminhada ao Hospital Barão de Lucena, mas foi transferida e encontra-se internada no Hospital Correia Picanço.
Segundo informações, a morte ocorreu no último domingo (25) com diagnóstico de meningite meningocócica. Além disso, há alegações de que a Secretaria de Saúde não disponibilizou remédios aos agentes penitenciários responsáveis pelo atendimento às duas mulheres.
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“O contato com a Secretaria-Executiva de Ressocialização foi realizado para solicitar que as pessoas que entraram em contato com as duas mulheres, sejam agentes ou mesmo outras detentas, tomem os remédios para evitar a contaminação pela doença”, explicou João Carvalho, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindasp-PE).
Como forma de prevenção, a medicação deve ser tomada em mais de uma dose, o que pode ser fundamental para evitar um surto dentro da unidade. “Há agente em pânico, com medo de transferirem esta doença aos seus familiares, visto que existe um alto grau de contaminação”, ressalta Carvalho.
Segundo o Sindasp-PE, a Secretaria de Saúde do Recife entregou à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) 150 comprimidos para dose única do medicamento Cipro. No entanto, de acordo com Carvalho, o infectologista consultado pelos profissionais da categoria diz que a orientação do Ministério da Saúde é o uso do Rifampicina 300mg, dois comprimidos de 12 em 12 horas por dois dias (há relatos de bactérias resistentes ao Cipro).
Em nota ao Portal LeiaJá, a “Secretaria Executiva de Vigilância à Saúde do Recife informa que, após um caso suspeito de meningite meningocócica de uma detenta da Colônia Penal Feminina Bom Pastor, profissionais das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde foram ao local para realizar as medidas de controle da doença”. Quanto a prevenção da doença, o órgão aponta que “a profilaxia (medidas preventivas) foi feita em 23 mulheres que dividiam cela com a detenta e em quatro agentes penitenciários que ajudaram no transporte da paciente, que evoluiu para óbito no último domingo (25)”.
Ainda segundo o documento, durante a terça-feira (27) “uma equipe voltou ao local para realizar uma busca ativa de novos casos suspeitos e a reavaliação dos demais casos, descartando a possibilidade de surto”.
A doença
De acordo com a médica Fernanda Cazzoli, a meningite meningocócica é a infecção das meninges - membranas que revestem o cérebro e a medula - por uma bactéria chamada meningococo. No caso de um cenário como uma unidade prisional, a transmissão torna-se ainda maior. “É super transmissível, pelas gotículas de saliva que ficam no ar. Então é, sim, bastante perigoso um surto de meningite num local como esse”, alerta.
Ela explica que o risco maior é o da meningococcemia, quando a infecção atinge a corrente sanguínea. Nestes casos, o risco de morte é grande e, quando o paciente sobrevive, tem grandes chances de ter sequelas. Cazzoli alerta que a vacina é a medida mais adequada. Já em casos de contaminação, o tratamento deve ser através de antibióticos venosos.