O engenheiro Shinko Nakandakari, um dos delatores da Operação Lava Jato, confirmou à força tarefa do Ministério Público Federal que pagou propinas também para o gerente geral da Refinaria do Nordeste (RNEST) Glauco Colepícolo Legatti. Shinko fez novo depoimento nesta quinta feira, 19, especificamente acerca da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Glauco Legatti foi afastado do cargo em novembro, por decisão interna da Petrobras. A Abreu e Lima é dos grandes empreendimentos da Petrobras que está sob suspeita de superfaturamento. Contratos relativos à refinaria, na avaliação dos investigadores da Lava Jato, deram suporte a um incrível esquema de desvios e fraudes.
##RECOMENDA##Em depoimento anterior, no dia 19 de fevereiro, o delator havia citado como beneficiário de propinas o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso na última segunda feira, 16, pela Operação 'Que País é esse'. Shinko afirmou, na ocasião, que pagou mais de R$ 5 milhões para Duque - R$ 1 milhão em encontros pessoais com o ex-diretor em restaurantes de luxo no Rio e o restante via Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobrás e braço direito de Duque.
Shinko disse que agia como pagador de propinas pela empreiteira Galvão Engenharia. Em outro depoimento, perante o juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato, no dia 5 de março, o delator afirmou que os pagamentos para Glauco Legatti "avançaram pelo ano de 2014, inclusive depois que a Operação Lava Jato foi deflagrada".
Segundo Shinko, mesmo depois do estouro da Lava Jato, em março de 2014, não havia preocupação de que a investigação da Polícia Federal pudesse chegar à Galvão Engenharia, empreiteira para a qual ele afirma que operava as propinas na Petrobrás.
Os procuradores da República que investigam o esquema Petrobrás ouviram novamente o delator nesta quinta, 19. Ele reafirmou pagamentos a Glauco Legatti. O ex-gerente da Abreu e Lima não foi localizado.
A Galvão Engenharia, desde que seu nome foi mencionado na Lava Jato, tem reiterado que foi o próprio executivo da empresa, Erton Medeiros Fonseca, que revelou a atuação de Shinko Nakandakari. Segundo Erton Fonseca, o delator agia como "intermediário" de extorsão sofrida pela Galvão. A empreiteira rechaça a informação de irregularidades em seus negócios com a Petrobras. "Os contratos da companhia foram obtidos licitamente", assinala a Galvão Engenharia.