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Uma explosão, ocorrida na tarde desta quinta-feira (25), em um dos tanques de petróleo da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), deixou quatro trabalhadores feridos. A Petrobras informou, por meio de nota, que houve um “fagulhamento seguido de chama, rapidamente controlada”. 

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo de Pernambuco e Paraíba (SINDIPETRO PE/PB), o tanque estava liberado para manutenção. As vítimas, trabalhadores terceirizados que prestam serviços para a RNEST, tiveram queimaduras de 1º e 2º grau e escoriações, mas eles saíram do local conscientes. 

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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender aos feridos. Um deles, um homem de 41 anos, com queimaduras de 1º grau, foi encaminhado para o Hospital Hapvida, no Cabo de Santo Agostinho. As demais vítimas foram levadas para o Hospital Dom Helder Câmara, também no Cabo, e para o Hospital da Restauração, no centro do Recife. 

O Sindipetro ainda confirmou que brigadistas da própria refinaria atuaram para conter o fogo causado pela explosão. Apesar de o tanque estar esvaziado, pode ter sido criada uma “atmosfera explosiva” no local. Uma investigação deverá ser instaurada por representantes do Sindipetro, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e da Petrobras. 

 

Durante a cerimônia de retomada das obras na Refinaria Abreu e Lima (RNEST), nesta quinta-feira (18), em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), o presidente Lula (PT) aproveitou seu discurso para comentar o que teria causado os atrasos do desenvolvimento das refinarias da Petrobras, e chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “psicopata”. 

“É preciso saber quanto dinheiro esse país perdeu nesses dez anos de atraso desta empresa. Quanto salário deixou de ser pago? Quantas pessoas perderam benefícios nesse país? Quanto esse país perdeu na sua competitividade internacional até chegar ao ponto da gente eleger um psicopata pra ser presidente dessa república”, declarou o presidente. 

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“Alguém que vive da mentira, alguém que vive da maldade. Alguém que vive de ofender os outros. E é fácil porque pra ele todo mundo aqui é ladrão, pra ele todo mundo aqui é comunista, pra ele todo mundo aqui defende aborto, pra ele todo mundo aqui faz isso e faz aquilo. Como se ele, se ele e seus filhos fossem exemplo de família nesse país”, afirmou. 

O chefe do Executivo nacional ainda reafirmou o que havia dito o presidente da RNEST, Jean Paul Prates, em seu discurso, quando declarou os valores de faturamento calculados para a refinaria após a conclusão das obras. “Vocês não se esqueçam o que disse o Jean Paul, essa refinaria, quando estiver funcionando totalmente, vai faturar US$ 100 bilhões por ano”, ressaltou. 

A Petrobras não divulgou quanto está sendo investido nas obras da RNEST, que estão previstas para conclusão até 2028. Segundo o gerente geral da refinaria, Marcio Maia, os contratos e licitações ainda estão em fase de negociação. 

 

O presidente Lula (PT) esteve presente, nesta quinta-feira (18), na cerimônia de retomada de investimentos para as obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O evento contou com a presença de ministros, deputados e outras autoridades.

A chegada do presidente foi acompanhada dos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, da senadora Teresa Leitão (PT-PE), dos deputados federais Maria Arraes (Cidadania-PE) e Pedro Campos (PSB-PE), da governadora Raquel Lyra (PSDB), e dos prefeitos do Recife, João Campos (PSB), e de Ipojuca, Célia Sales (PP).

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Os investimentos fazem parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e incluem a ampliação do Trem 1, com previsão de conclusão até o primeiro trimestre de 2025, e a construção do Trem 2, com expectativa de entrega total até 2028. Com a duplicação da refinaria, é calculada a produção de 13 milhões de litros de diesel S10, com baixo teor de enxofre.

Obras paradas há quase dez anos

A construção da Refinaria Abreu e Lima teve início há dez anos, no governo Eduardo Campos (PSB), mas foi paralisada pouco tempo depois, após denúncias de esquemas de corrupção na Petrobras, no chamado escândalo do Petrolão. Em seu discurso, o presidente Lula fez questão de mencionar o período, afirmando que “o que não se pode destruir é a soberania de um país como o Brasil, e a sua empresa mais importante, que é a Petrobras”.

Lula ainda reafirmou alguns pontos considerdos fundamentais para os visíveis atrasos no desenvolvimento da empresa no país. "A história ainda vai ser contada porque você sabe que muitas vezes a história leva anos, décadas e até séculos para ser contada. Mas eu vou dizer uma coisa, como presidente da República desse país: tudo o que aconteceu foi uma macomunação entre alguns juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinados ao departamento de Justiça dos Estados Unidos que queria e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras", argumentou.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), afirmou, nesta segunda-feira (20), que a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), deve ter as obras do segundo trem finalizadas até o fim de 2017. A expectativa foi exposta antes do lançamento do projeto ‘Combustível Brasil’, na Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) durante a manhã. Caso isso aconteça, segundo ele, Pernambuco passará ter a refinaria mais moderna do país. 

“A Petrobras está operando o primeiro trem da refinaria com toda capacidade e a nossa expectativa é de que estejamos, ao fim de 2017, com um desfecho positivo no segundo trem. Aí, passaríamos a ter a refinaria mais moderna no Brasil”, observou. Indagado pela imprensa sobre a discussão do Governo Federal para a aquisição de uma parceria privada visando a retomada das obras da Renest, Fernando disse que “a Petrobras está pensando neste assunto”. “Sobre a estratégia empresarial dela, ela define. Mas logo vamos saber quais os planos da Petrobras para a Renest”, resumiu o ministro.

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A retomada das atividades na Renest, segundo o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, vai representar a “retomada do desenvolvimento em Pernambuco”. “Estamos em uma hora em que o Porto de Suape precisa de investimentos e redirecionamento. A nossa Renest precisa tomar rumos para que aja realmente um lado positivo no desenvolvimento de Pernambuco. A população até hoje vê aquela parada na obra como um freio no desenvolvimento do estado. Onde tivemos uma massa grande de trabalhadores, que seriam reaproveitados, e de repente aconteceu esta parada com mais de 40 mil postos de trabalhos fechados”, ponderou. 

Combustível Brasil

O projeto ‘Combustível Brasil’, lançado pelo ministro nesta segunda, pretende atrair novos atores empresariais para o setor de abastecimento de combustíveis no país. De acordo com Fernando Filho, a Petrobras aposta na região Nordeste como a “nova fronteira” para o refino no Brasil. 

“Nossa iniciativa quer conclamar todas as empresas do setor e ver alternativas para a indústria do refino no Brasil. Tanto na questão do processamento de óleo, como na questão do refino, dos terminais e da infraestrutura portuária”, destacou. “O Nordeste brasileiro que vai ter o papel fundamental no futuro disso quer seja na exportação ou nas novas fronteiras para o refino no Brasil. Hoje somos o quinto país que mais importa derivados do Petróleo”, complementou.

Fernando Filho também enalteceu a reabertura do diálogo com a área e disse que esta é uma das marcas do governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Desobstruímos o canal de diálogo entre as empresas do setor e o ministério”, cravou. Segundo ele, a reabertura do diálogo com as empresas não pressupõe a redução da participação da Petrobras nas atividades de refino e logística no país. 

“Quem vai definir se diminui ou não a participação é a própria Petrobras. Agora o Brasil hoje tem uma necessidade de refino de óleo e a Petrobras tem tomado algumas decisões com relação a estses investimentos. O que precisamos discutir é se estamos preparados para isso”, salientou, dizendo que a expectativa é de ampliação do mercado e a retomada de investimentos empresariais da área no Brasil. “Estamos antecipando o movimento com ou sem Petrobras”, acrescentou. 

A Justiça Federal no Paraná decretou o bloqueio de R$ 544 milhões de duas empreiteiras e de uma empresa fornecedora de tubos nas obras da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco. O confisco ocorreu nesta quarta feira, 13, no âmbito de ações de improbidade da Operação Lava Jato. A informação foi divulgada pelo procurador da República Deltan Dallagnol, que integra a força tarefa da Lava Jato.

Foram bloqueados R$ 241 milhões da empreiteira Camargo Corrêa e do Grupo Sanko, ambos envolvidas em supostas irregularidades na Abreu e Lima. Em outra decisão, a Justiça embargou R$ 302 milhões da empreiteira Galvão Engenharia.

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Com o valor bloqueado anteriormente da Engevix Engenharia, o montante tornado indisponível de empresas acusadas na Lava Jato já alcança R$ 700 milhões, segundo Dallagnol. O procurador anotou que com as denúncias divulgadas nesta quinta feira, 14, contra quatro ex-deputados federais e outros 9 acusados, já chega a 28 o total de acusações formais perante a Justiça Federal contra 128 investigados, além de cinco ações de improbidade.

A Lava Jato conta 15 acordos de delação premiada que levaram à restituição voluntária de R$ 570 milhões. Foram repatriados R$ 369 milhões.

"Sobre o aspecto patrimonial, temos algumas novidades no dia de hoje (quinta, 14) que gostaria de anunciar aqui", disse Deltan Dallagnol.

"Foram ontem, dia 13, anunciadas decisões determinando o bloqueio de R$ 241 milhões de propriedade da Camargo Corrêa e da Sanko. Foi também proferida uma decisão judicial na esfera cível, em medida cautelar paralela às nossas ações de improbidade administrativa determinando o bloqueio de R$ 302 milhões relativos à Galvão Engenharia. Então, nós temos uma novidade de R$ 544 milhões que são objeto de decisão judicial em relação a essas empresas. Nós já tínhamos o bloqueio determinado em relação à Engevix, de modo que o total dos bloqueios chega a R$ 700 milhões, em razão das ações de improbidade administrativa."

O engenheiro Shinko Nakandakari, um dos delatores da Operação Lava Jato, confirmou à força tarefa do Ministério Público Federal que pagou propinas também para o gerente geral da Refinaria do Nordeste (RNEST) Glauco Colepícolo Legatti. Shinko fez novo depoimento nesta quinta feira, 19, especificamente acerca da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Glauco Legatti foi afastado do cargo em novembro, por decisão interna da Petrobras. A Abreu e Lima é dos grandes empreendimentos da Petrobras que está sob suspeita de superfaturamento. Contratos relativos à refinaria, na avaliação dos investigadores da Lava Jato, deram suporte a um incrível esquema de desvios e fraudes.

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Em depoimento anterior, no dia 19 de fevereiro, o delator havia citado como beneficiário de propinas o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso na última segunda feira, 16, pela Operação 'Que País é esse'. Shinko afirmou, na ocasião, que pagou mais de R$ 5 milhões para Duque - R$ 1 milhão em encontros pessoais com o ex-diretor em restaurantes de luxo no Rio e o restante via Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobrás e braço direito de Duque.

Shinko disse que agia como pagador de propinas pela empreiteira Galvão Engenharia. Em outro depoimento, perante o juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato, no dia 5 de março, o delator afirmou que os pagamentos para Glauco Legatti "avançaram pelo ano de 2014, inclusive depois que a Operação Lava Jato foi deflagrada".

Segundo Shinko, mesmo depois do estouro da Lava Jato, em março de 2014, não havia preocupação de que a investigação da Polícia Federal pudesse chegar à Galvão Engenharia, empreiteira para a qual ele afirma que operava as propinas na Petrobrás.

Os procuradores da República que investigam o esquema Petrobrás ouviram novamente o delator nesta quinta, 19. Ele reafirmou pagamentos a Glauco Legatti. O ex-gerente da Abreu e Lima não foi localizado.

A Galvão Engenharia, desde que seu nome foi mencionado na Lava Jato, tem reiterado que foi o próprio executivo da empresa, Erton Medeiros Fonseca, que revelou a atuação de Shinko Nakandakari. Segundo Erton Fonseca, o delator agia como "intermediário" de extorsão sofrida pela Galvão. A empreiteira rechaça a informação de irregularidades em seus negócios com a Petrobras. "Os contratos da companhia foram obtidos licitamente", assinala a Galvão Engenharia.

A menos de 600 metros do canteiro de obras da refinaria, José Laurentino Jorge, de 81 anos, se debruça sobre a janela da casa de taipa para observar a paisagem onde antes havia a Usina Salgado, do Engenho das Mercês. "Aqui, mesmo no tempo da cana, ninguém apanhava para trabalhar a pulso, feito escravo", rememora o aposentado, que aguarda indenização para deixar o local onde vive há 55 anos. "Graças a Miguel Arraes", reforça.

Seu Zuza, como é conhecido, hoje vê no horizonte chaminés, torres e tubulações que expelem fumaça 24 horas por dia. E no quintal, uma tubulação com rachadura que expele "uma catinga danada" todas as manhãs e causa tosses na neta de 10 anos. A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informou que o mau cheiro foi provocado por um vazamento da tubulação de uma empresa "sem nenhuma relação" com a refinaria. "Os técnicos estão aguardando análises do local para que sejam definidas as ações mitigadoras."

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"Um pé de pimenta que eu tenha aqui, eles têm de indenizar. Fico triste de sair. Não sei o preço da banana na feira, da macaxeira, tudo planto aqui. Como vou morar na rua, parede com parede, com vizinho que não gosta de você e a malandragem toda?", questiona Zuza. "Meu prazer é colocar uma rede numa sombra dessas sem ninguém me aperrear."

A comunidade abriga outras 80 famílias, que resistem às remoções promovidas pela administração do complexo industrial de Suape. As casas já foram medidas, mas ninguém ainda foi procurado para negociar valores, contam. Os moradores temem os valores pagos a vizinhos, em torno de R$ 27 mil por hectare.

Para Severino de Oliveira, o valor não é suficiente para acompanhar a inflação de Ipojuca. O aluguel de um apartamento de dois quartos não sai por menos de R$ 1.500, mesmo com as demissões em massa e as inúmeras placas de imóveis vazios. Ele é dono de um restaurante e emprega 12 pessoas. Já chegou a vender 500 refeições por dia no "pico da obra", em 2009, mas hoje são apenas 100 pratos de carne do sol ou costela no bafo, as especialidades.

"Um terreno você não consegue comprar, mas no seu sítio você não consegue colocar uma madeira na cerca que já chegam os seguranças para ameaçar. Tem que sair, não tem jeito", conta. Ele avalia que as indústrias trouxeram emprego à juventude da região. "Mas em dez anos não houve qualificação. Não tem um colégio decente aqui, e os melhores empregos ficam para quem vem de fora."

Os moradores reclamam do inchaço da população sem melhoria de serviços - a taxa de crescimento anual de Ipojuca, na última década, foi três vezes maior que a média brasileira. Coleta de lixo e transportes são alvos de reclamações constantes, além da violência.

"Aqui aconteceu muita coisa, muita briga, violência. Morreu gente que ninguém sabe por quê. Eu mesmo se tivesse visto, também não saberia", ironiza Marlom Pedrosa, de 59 anos. Ele trabalha há 18 anos na região e mora em Cabo, onde os preços são mais em conta. "Vivemos em cima de uma bomba, e não falo só da tubulação."

O momento anunciado como um marco histórico para a Petrobras - o início da produção na primeira refinaria de petróleo construída no Brasil em 30 anos - não contou com discursos nacionalistas, mãos manchadas de óleo ou qualquer cerimônia oficial. Uma foto no celular de um operador é o registro da primeira mostra de diesel produzida na Refinaria Abreu e Lima (Rnest) - após quase dez anos e US$ 18,8 bilhões escoados em projetos superfaturados, obras inacabadas e contratos investigados no mais grave caso de corrupção do País.

No novo esforço para demonstrar ao mercado sua solidez operacional, a estatal anunciou a primeira venda de óleo da refinaria no último dia 17. Com "grande satisfação" e esmorecido entusiasmo, a presidente da companhia, Graça Foster, comemorou a primeira venda de 1.600 metros cúbicos (m³) de diesel - apenas 1% do volume possível, considerando a carga de 227 mil metros cúbicos de óleo que circulam em Abreu e Lima desde setembro (70% de todo o processamento da unidade é de diesel).

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O início da operação, no dia 6 de dezembro, seria a redentora vitrine de uma gestão assolada pelo forte constrangimento financeiro, pelo inédito adiamento de balanço contábil, pela desvalorização recorde das ações de mais de 40% - sem contar a "inequívoca" corrupção que "adentrou" a cúpula da estatal, nas palavras de Graça Foster.

Mas a ínfima produção evidencia a disparidade entre o discurso e a realidade da refinaria. O Estado sobrevoou o local e constatou o atraso do projeto que melhor evidencia o prejuízo causado pela corrupção à Petrobras e que até hoje não tem análise de viabilidade econômica atualizada.

Do alto, é possível observar unidades operacionais e prédios administrativos abandonados, além de tanques de armazenamento inacabados e depósitos de equipamentos inutilizados. Há vigas e fundações expostas, além de guindastes, andaimes, sanitários químicos, lonas e estruturas temporárias ao lado de unidades em plena operação de refino de petróleo em altíssimas temperaturas.

A fumaça branca da produção se confunde com a poeira das caçambas que percorrem as áreas internas da refinaria recolhendo entulhos. Quase todo o terreno de 6,2 mil quilômetros quadrados está ainda em chão de terra batida. Segundo os operários, foram pavimentadas apenas as vias por onde passaram os técnicos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) na fiscalização anterior à autorização de funcionamento da refinaria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A diretoria da Petrobras foi avisada pela funcionária Venina Velosa da Fonseca de que a construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, era economicamente inviável. A afirmação foi feita por Venina em entrevista exclusiva a Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado. O projeto de Abreu e Lima começou orçado em US$ 2,5 bilhões e está em US$ 18,5 bilhões.

"Com o andamento do projeto, ele se mostrou inviável. Isso foi tempestivamente informado para o diretor (de Abastecimento, Paulo Roberto Costa) e, (constou) nos documentos de aprovação(do projeto), para a diretoria", disse Venina. A defesa de Venina, feita pelo advogado Ubiratan Mattos, foi ainda mais enfática. Em e-mail enviado à reportagem, após a entrevista por telefone, ele ressalta que o projeto da refinaria e a informação de que era prejudicial à petroleira foi apresentado também ao Conselho de Administração da companhia, liderado na época pela presidente da República, Dilma Rousseff. "Venina encaminhou a proposição de aquisição (de equipamentos para a refinaria) por ordem do diretor Paulo Roberto, baseada em uma estratégia elaborada pela área de materiais e apresentada previamente à diretoria executiva e ao Conselho de Administração, em reunião da qual Dilma participou", destacou Mattos.

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A funcionária foi afastada do cargo de chefia da Petrobras sob a alegação de que burlou manuais de contratações e, com isso, contribuiu para gerar prejuízos à empresa. O caso está sendo avaliado por uma comissão interna, que ainda definirá se houve má-fé. Se esse for o veredito, ela poderá ser exonerada. Venina nega as acusações. Além de argumentar que avisou a diretoria sobre os prejuízos que as contratações previstas pelo então diretor de Serviços, Renato Duque, causaria à petroleira, ela diz que compras não eram atribuição do ex-diretor, investigado na operação Lava Jato. "Eu não aprovo contratação, eu não assino contrato, eu não negocio contrato, não indico quem entra na licitação. Isso tudo é responsabilidade da área de Serviços", afirmou.

O advogado de Venina alertou que poderá recorrer à Justiça para rebater eventuais acusações da Petrobras contra a funcionária afastada, como a de que era próxima do ex-diretor Costa. "Isso que falam, sugerindo uma aproximação da Venina com o Paulo Roberto é de uma baixeza sem tamanho", disse Mattos. Venina negou qualquer proximidade pessoal com Costa e que tenha acompanhado ele à medida que o ex-diretor galgava cargos. "Toda vez que vou trabalhar com alguém, falo: eu só trabalho seguindo os procedimentos do código de ética da empresa. Se não for assim, não trabalho. Enquanto o Paulo Roberto não demonstrou que estava ferindo esse código de ética, havia uma convergência nos processos. A partir do momento em que realmente tive evidência de que isso estava acontecendo, eu agi, eu reportei, fiz tudo o que poderia ter feito", disse.

Ela contou ainda que se aproximou da atual presidente da estatal, Graça Foster, quando trabalharam juntas na subsidiária de gás, a Gaspetro. Graça, segundo Venina, era uma "referência" para ela. Em relação à conversa pessoal que teve com Graça sobre as denúncias em torno da contratação de serviços na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, Venina disse que fez "um resumo do problema como um todo".

A funcionária nega que tenha sido de Graça o mérito pela saída de Paulo Roberto Costa da diretoria da Petrobras, assim como da demissão do então gerente de Comunicação do Abastecimento Corporativo, Geovane de Moraes, alvo das suas denúncias. "Quem demitiu o Geovane fui eu. A responsabilidade pela saída de Paulo foi do Conselho de Administração", disse. Graça ainda é responsabilizada por Venina pela contratação do seu ex-marido, Maurício Bittencourt Luz, para prestação de serviço na área de Gás e Energia, em 2007. Sobre a posição de Graça frente às denúncias de corrupção na comunicação do Abastecimento da Petrobras, Venina disse: "Eu diria que ela se omitiu".

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