A diretoria da Petrobras foi avisada pela funcionária Venina Velosa da Fonseca de que a construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, era economicamente inviável. A afirmação foi feita por Venina em entrevista exclusiva a Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado. O projeto de Abreu e Lima começou orçado em US$ 2,5 bilhões e está em US$ 18,5 bilhões.
"Com o andamento do projeto, ele se mostrou inviável. Isso foi tempestivamente informado para o diretor (de Abastecimento, Paulo Roberto Costa) e, (constou) nos documentos de aprovação(do projeto), para a diretoria", disse Venina. A defesa de Venina, feita pelo advogado Ubiratan Mattos, foi ainda mais enfática. Em e-mail enviado à reportagem, após a entrevista por telefone, ele ressalta que o projeto da refinaria e a informação de que era prejudicial à petroleira foi apresentado também ao Conselho de Administração da companhia, liderado na época pela presidente da República, Dilma Rousseff. "Venina encaminhou a proposição de aquisição (de equipamentos para a refinaria) por ordem do diretor Paulo Roberto, baseada em uma estratégia elaborada pela área de materiais e apresentada previamente à diretoria executiva e ao Conselho de Administração, em reunião da qual Dilma participou", destacou Mattos.
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A funcionária foi afastada do cargo de chefia da Petrobras sob a alegação de que burlou manuais de contratações e, com isso, contribuiu para gerar prejuízos à empresa. O caso está sendo avaliado por uma comissão interna, que ainda definirá se houve má-fé. Se esse for o veredito, ela poderá ser exonerada. Venina nega as acusações. Além de argumentar que avisou a diretoria sobre os prejuízos que as contratações previstas pelo então diretor de Serviços, Renato Duque, causaria à petroleira, ela diz que compras não eram atribuição do ex-diretor, investigado na operação Lava Jato. "Eu não aprovo contratação, eu não assino contrato, eu não negocio contrato, não indico quem entra na licitação. Isso tudo é responsabilidade da área de Serviços", afirmou.
O advogado de Venina alertou que poderá recorrer à Justiça para rebater eventuais acusações da Petrobras contra a funcionária afastada, como a de que era próxima do ex-diretor Costa. "Isso que falam, sugerindo uma aproximação da Venina com o Paulo Roberto é de uma baixeza sem tamanho", disse Mattos. Venina negou qualquer proximidade pessoal com Costa e que tenha acompanhado ele à medida que o ex-diretor galgava cargos. "Toda vez que vou trabalhar com alguém, falo: eu só trabalho seguindo os procedimentos do código de ética da empresa. Se não for assim, não trabalho. Enquanto o Paulo Roberto não demonstrou que estava ferindo esse código de ética, havia uma convergência nos processos. A partir do momento em que realmente tive evidência de que isso estava acontecendo, eu agi, eu reportei, fiz tudo o que poderia ter feito", disse.
Ela contou ainda que se aproximou da atual presidente da estatal, Graça Foster, quando trabalharam juntas na subsidiária de gás, a Gaspetro. Graça, segundo Venina, era uma "referência" para ela. Em relação à conversa pessoal que teve com Graça sobre as denúncias em torno da contratação de serviços na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, Venina disse que fez "um resumo do problema como um todo".
A funcionária nega que tenha sido de Graça o mérito pela saída de Paulo Roberto Costa da diretoria da Petrobras, assim como da demissão do então gerente de Comunicação do Abastecimento Corporativo, Geovane de Moraes, alvo das suas denúncias. "Quem demitiu o Geovane fui eu. A responsabilidade pela saída de Paulo foi do Conselho de Administração", disse. Graça ainda é responsabilizada por Venina pela contratação do seu ex-marido, Maurício Bittencourt Luz, para prestação de serviço na área de Gás e Energia, em 2007. Sobre a posição de Graça frente às denúncias de corrupção na comunicação do Abastecimento da Petrobras, Venina disse: "Eu diria que ela se omitiu".