Tópicos | Sete Corações

Nesta sexta (21) o Cinema São Luiz, no centro do Recife, ficou lotado para a estreia de Sete Corações, idealizado pelo maestro Spok. Toda a equipe do filme, músicos pernambucanos, a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e os próprios maestros, estrelas do documentário - com exceção dos maestros Nunes, que por motivos de saúde não pôde estar presente e Menezes, falecido no ano passado - juntaram-se ao público para assistir ao filme que registra a obra e a vida de sete grandes grandes mestres da música pernambucana e brasileira (Maestros Duda , Edson Rodrigues, Nunes, Ademir Araújo, Clóvis Pereira, Zé Menezes e Guedes Peixoto).

Antes da exibição, a equipe do documentário falou rapidamente com a plateia. A diretora Dea Ferraz agradeceu pela oportunidade de estar neste projeto e disse que foi um verdadeiro aprendizado estar entre mestres que têm "tanta história pra contar". O produtor Marcelo Barreto contou que a ideia do documentário surgiu numa "conversa de bar" com Spok na qual decidiram "fazer o registro da obra e da vida destes maestros". Ele também aproveitou para agradecer aos colaboradores e patrocinadores do filme e revelou que, brevemente, ele será exibido pela Rede Globo Nordeste.

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Spok, que nesta sexta (21) recebeu do prefeito da cidade do Recife a notícia de ser ele o homenageado do Carnaval 2015, estava visivelmente emocionado e falou um pouco da importância deste projeto para as gerações futuras. "É um sonho que está sendo possível de se realizar", disse. Sobre a escolha como homenageado do Carnaval ele se disse surpreso. A secretária Leda Alves endossou, "Ele está representando esta nova geração de compositores do Recife."

Os cinco dos sete maestros que protagonizam o filme, ao serem chamados para a frente da tela, foram aplaudidos de pé. Muito animado, o maestro Ademir Araújo - conhecido como 'Formiga' - pediu mais aplausos para Spok. "Você está imortalizado hoje, não só por nós mas por esta plateia", disse Ademir, demonstrando admiração pelo colega de profissão. "Ele tem esta visão do amanhã", reforçou.

Ademir Araújo também homenageou os demais maestros. Sobre Edson Rodrigues, disse que "Foi quem me ensinou e hoje estou aqui do lado dele". O maestro também elogiou os ensinamentos de Clóvis Pereira: "Isso não se aprende nas universidades".

Sem camarotes

O maestro Formiga aproveitou a presença da secretária de Cultura, Leda Alves, para fazer um apelo pela desocupação da Praça do Diário (a Praça da Independência, no centro da cidade) durante o carnaval - época em que o local serve de espaço para camarotes particulares. Ele reclamou que as troças carnavalescas não podem passar pelo lugar. Finalizando as falas o maestro Edson Rodrigues lembrou o colega Zé Menezes, falecido em novembro de 2013. Ele mencionou ter sido Menezes quem escolheu o nome do projeto e pediu palmas para o amigo.

Aplausos e lágrimas

Durante a exibição do documentário, o público se emocionava a todo momento. As falas dos mestres eram interrompidas pelos aplausos e risos. Algumas senhoras na plateia recordavam-se dos antigos bailes de carnaval com comentários 'baixinhos', e várias pessoas acompanhavam os frevos que ecoavam dos alto-falantes cantarolando as melodias e batendo palmas.

Ao final de Sete Corações, as pessoas deixaram a sala do cinema enxugando as lágrimas. Depois de uma noite de tanta história (viva) e música de primeira qualidade, uma certeza, como bem colocou o mestre Ademir Araújo: o frevo é mesmo "gigante".

Um encontro de gigantes. Mestres responsáveis por moldar uma música que, de tão rica e sui generis, é considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade. A pulsação do frevo conduz o documentário Sete Corações, dirigido por Dea Ferraz e que tem pré-estreia neste domingo (26), às 11h, na programação do Janela Internacional de Cinema.

Sete maestros de frevo, que encarnam a tradição viva do mais recifense dos ritmos, se encontram e ganham uma missão: compor - em uma parceria inédita - um novo frevo. Duda, Edson Rodrigues, Nunes, Ademir Araújo, Clóvis Pereira, Zé Menezes e Guedes Peixoto. Cada um dele é apresentado pelo idealizador do documentário, o maestro Spok.

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Verdadeiro regente de Sete Corações, Spok não só teve a ideia do documentário como conduz a ação e é a ligação entre os maestros e destes com o público que assiste ao longa. A intenção é o registro da obra destes gênios vivos da música popular.  “Nosso país é muito pobre de memória”, resume Spok no documentário.

Sete Corações opta por focar no lado humano dos maestros.  A câmera é íntima, visita os músicos nas suas casas, testemunha momentos de contemplação, de trabalho, de família. “Não Houve muito direcionamento”, contou a diretora Dea Ferraz ao LeiaJá. “Entendi que o melhor caminho era deixá-los decidir o caminho”, completa.

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Assim, o espectador conhece não só o papel que cada maestro tem no frevo pernambucano, mas também sua relação com esta música e com o trabalho dos colegas. Um retrato sensível da cultura viva do Carnaval, que também é um personagem importante do documentário. A aproximação da maior festa do mundo é registrada, além dos dias de Carnaval e a maneira com que cada mestre se relaciona com o momento máximo desta musicalidade no momento do registro documental.

Som e silêncio

O som tem papel de destaque no filme. Não apenas as melodias e músicas, mas o som da cidade, do comércio, das ruas que gestaram o frevo e o passo. Há muito som direto, e o que foi gravado em estúdio tem excelente qualidade, em parte por conta do zelo de Spok, da qualidade dos técnicos e músicos, e da estrutura do Portomídia, onde o som foi finalizado.

O silêncio também marca presença. A quietude no momento de compor, a contemplação da própria vida dedicada ao frevo, o silêncio que a idade começa a impor a cada um dos mestres vivos do frevo são também personagens em Sete Corações

Sete Corações é um registro que deve ficar para a história, se tornando referência para quem quiser conhecer a intimidade dos criadores e mantenedores de uma das mais espetaculares tradições musicais do Brasil. “É histórica esta filmagem”, avalia o maestro Ademir Araújo. “Daí pra frente acho que o frevo vai ser mais respeitado”, completa.

Para o maestro Edson Rodrigues, o documentário “Faz uma coisa que mestres como Nelson Ferreira, Zumba, Levino Ferreira, não tiveram direito”. Já Guedes Peixoto sente que “Atendeu a necessidade de se fazer um documento que fizesse justiça” aos grandes mestres vivos do frevo.

Zé Menezes, o mais irreverente dos maestros citados em Sete Corações, morreu antes que o documentário pudesse ser lançado. Mas pôde assistir o corte final do filme, segundo a produtora Carol Vergolino, quando estava hospitalizado, sem de deixar de demonstrar sua emoção. 

Quem não for pernambucano e nunca viveu o que é o Carnaval de rua embalado pela temperatura e pressão do frevo pode ter um gostinho do que é a festa mais definitiva da personalidade recifense. E ainda conhecer, através de um registro sensível e humano, alguns dos seus mais importantes mestres, incluindo o jovem Spok, que se encaminha para ser ele mesmo mestre das próximas gerações de maestros e músicos dedicados ao frevo.

O documentário deixa também para a história uma parceria inédita entre alguns dos mais importantes mestres que já se dedicaram ao frevo, apontando para o futuro. A estreia oficial de Sete Corações está marcada para 21 de novembro, no Cinema São Luiz, no centro do Recife.

Serviço

Sete Corações

Pré-estreia domingo (26), às 11h

Estreia 21 de novembro no Cinema São Luiz

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