Greve. Para uns é sinônimo de luta por reivindicações trabalhistas, e outros, acham que simplesmente uma grande causadora de transtornos nos serviços públicos. Entre opiniões diversas, a paralisação dos professores de universidades e institutos federais, bem como servidos do âmbito também federal, completa, nesta terça-feira (17), 60 dias. A greve tem aceitação de 57 das 59 universidades federais brasileiras, além de 36 institutos de educação básica, profissional e tecnológica.
Num contexto geral, os docentes brigam pela reestruturação do plano de carreira, melhores condições salariais e de trabalho, melhorias na educação como um todo, entre outros objetivos. Enquanto isso, muitos universitários estão sendo prejudicados pela ausência de aulas, em que muitos que iriam concluir suas graduações neste ano, não poderão finalizar os cursos por causa da paralisação.
Durante esse período, a categoria realizou inúmeros movimentos e protestos. Em Pernambuco, por exemplo, integrantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe) são defensores ferrenhos das causas. “É a última ação de reivindicação de um trabalhador”, definiu a greve o ex-presidente da Adufepe, Jaime Mendonça (foto), em entrevista concedida ao Portal LeiaJá.
Muitos grevistas têm consciência de que os estudantes estão sendo prejudicados, porém, destacam que tudo que está sendo feito visa melhorar a educação brasileira. “Sabemos que a sociedade sofre, mas, é necessário que haja valorização de uma categoria, e no futuro todos perceberão que é importante lutar pelas reivindicações de um grupo”, relatou o diretor da associação, Irani Júnior.
Na avaliação do presidente da Aufepe, José Luiz Simões, a paralisação deste ano está tendo uma força maior. “É uma das maiores greves da história. É uma grande defesa da nossa categoria, que já vinha sendo programada há muito tempo, pois o governo não nos apresentava propostas”, comentou. Além das reivindicações próprias dos professores, Simões falou sobre as universidades como um todo. “Defendemos o aluno, os funcionários, a estrutura, enfim, tudo que faz a universidade. Queremos melhoria para a educação superior brasileira”, destacou.
E o governo resolveu agir
Após várias reuniões desmarcadas dos docentes com representantes do poder público, por parte do próprio governo, na última sexta-feira (13), finalmente foram apresentadas propostas pelo Governo Federal. O Palácio do Planalto aceitou reduzir de 17 para 13 os níveis de carreira. Também garantiu que serão investidos R$ 3,9 bilhões em prol de aumentos salariais dos professores, porém, isso só deve ser feito de forma gradual até o ano de 2015.
Segundo informações do site oficial do Ministério da Educação (MEC), a proposta do governo vai valer no próximo ano, desde que os professores a aceitem. A proposta concede, no período de três anos, reajustes entre 24% e 45% para doutores com dedicação exclusiva na universidade, e isso representa que, o piso salarial para docentes nesse contexto será de R$ 8,4 mil. Ainda de acordo com a página eletrônica do ministério, o menor reajuste para a carreira será de 12% para professores com somente graduação e 20 horas de trabalho por semana.
De acordo com o site do Ministério da Educação (MEC), a proposta do governo, que passará a valer em 2013, caso seja aceita pelos professores em greve, reduz de 17 para 13 os níveis da carreira, como forma de incentivar o avanço mais rápido. O novo plano concede, ao longo de três anos, reajustes entre 24% e 45% para doutores com dedicação exclusiva na universidade. O piso para os docentes nestas condições passará a ser de R$ 8,4 mil reais. O menor reajuste para a carreira será de 12% para professores com apenas graduação e 20 horas semanais.
Sobre os institutos federais, para a progressão na carreira além da titulação, será realizada uma certificação do conhecimento tecnológico e experiência acumulada ao longo da atividade profissional de cada professor. Avaliadores externos serão responsáveis pela atribuição da certificação.
O presidente da Adufepe informou que ele ainda não pode comentar nem decidir nada sem se reunir com a categoria. Na próxima quinta-feira (19), os docente realizarão uma assembleia, justamente para discutirem as propostas do governo. “Tardiamente o governo passou a reconhecer a força da greve. Nossa tendência é chegar a um acordo em conjunto com os outros movimentos nacionais, porém, isso não quer dizer que possam acontecer decisões diferentes nos estados”, avaliou José Luiz Simões.