Simone Sipriano da Silva, 36 anos, vivia o momento mais pleno de sua vida, a gravidez, até que com 33 semanas tem complicações na gestação e no parto após contrair a Covid-19. A bebê, que nasceu prematura, também testou positivo para o novo coronavírus e precisou ser intubada. Moradora de Ipubi, no Sertão de Pernambuco, Simone ainda corre risco de vida e está respirando com a ajuda de aparelhos.
A mãe começou a apresentar os sintomas da doença no dia 16 de março, mas só teve a confirmação do vírus no dia 23 do mesmo mês. Com os sintomas aumentando e a possibilidade do risco de vida para ela e para a bebê, Simone precisou ser internada em uma unidade de saúde de Ipubi no dia 26 de março.
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No entanto, na pequena cidade de Ipubi não existe um hospital que pudesse atender a paciente grávida, diagnosticada com Covid-19 e que precisaria passar por uma cesariana para ter a bebê prematura.
Ainda no dia 26 de março, Simone teve uma piora e precisou, ainda em sua cidade, fazer uso de uma ventilação não invasiva. Segundo explica Alessandra Sipriano, irmã da paciente, a partir do momento que a Simone foi internada, a família começou a procurar vaga de UTI para ela.
Os familiares conseguiram uma vaga no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), mas por conta da distância e a urgência do caso seria necessário que um avião com UTI aérea fizesse o transporte da Simone.
No entanto, a situação de saúde da paciente se agravou muito na madrugada do dia 26 de março e os familiares tentaram achar uma outra vaga de UTI mais próxima de Ipubi, o que só foi possível no Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, situado em Barbalha, Ceará.
A unidade é particular e os familiares tiveram que desembolsar R$ 60 mil para internar a gestante. No dia 27 de março ela teve uma outra piora e os médicos decidiram intubá-la e fazer a cesariana porque a bebê estava em sofrimento fetal.
"O parto foi realizado com muitas intercorrências. Os médicos fizeram de tudo para estabilizar ela e não perdê-la e nem a bebê, que nasceu parada mas foi reanimada e encaminhada para a UTI do mesmo hospital", esclarece Alessandra.
Para que a recém-nascida fosse admitida na UTI, foi necessário que os familiares desembolsassem mais R$ 10 mil. Com tudo isso acontecendo, a família - que já tinha solicitado uma UTI aérea ao Governo de Pernambuco - continuava na espera pela aeronave. No entanto, com o quadro de saúde da Simone só piorando, eles agora precisavam de uma UTI aérea com transporte para ECMO, que funciona como um pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com órgãos comprometidos. A ECMO é um equipamento de alta complexidade que, por conta da Covid-19, vem tendo mais demandas.
A UTI aérea do governo estadual, segundo Alessandra, não tem essa capacidade necessária para fazer o transporte da Simone Sipriano. Temendo pela vida da paciente, os familiares começaram a travar uma luta contra o tempo e tentaram conseguir um avião particular que tivesse essa capacidade de transporte. Este serviço tem um valor inicial de R$ 140 mil, podendo chegar a R$ 200 mil.
"A família já tinha esgotado todos os recursos, mas a gente ia fazer tudo o possível. Íamos vender casa, carros e tudo o que tivéssemos de bens para conseguir esse valor. O problema é que a gente não consegue vender isso de uma hora pra outra e a transferência era de urgência", salienta Alessandra.
Na tentativa de conseguir arrecadar dinheiro, os familiares começaram uma campanha na internet na última segunda-feira (29), pedindo para que as pessoas colaborassem com qualquer valor possível. "Muita gente se sensibilizou de todos os lugares, desconhecidos e conhecidos começaram a doar e a gente conseguiu o valor da aeronave", diz Alessandra Sipriano.
Na tarde desta quinta-feira (1º), Simone foi levada para Juazeiro de avião e de lá segue para o IMIP, onde deve receber os cuidados necessários na UTI Covid-19 da unidade.
A bebê, que se chama Laura Maria, chegou no IMIP no dia 28 de março e está sendo tratada na UTI neonatal da unidade. Ela foi transferida intubada, mas no momento já respira sozinha, sem ajuda de aparelhos. Ela continua na dieta por sonda e na UTI por conta da prematuridade - mas de forma geral encontra-se bem, garante a família.
Neste momento Simone está precisando de sangue do tipo O+. As pessoas podem fazer a doação em qualquer hemocentro de Pernambuco em nome de Simone Sipriano da Silva; mesmo não tendo o tipo sanguíneo compatível com o da paciente, o doador ajuda para que os hemocentros façam o manejo necessário para que o tipo sanguíneo necessário chegue até a paciente.