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A nomeação do almirante Flávio Augusto Viana Rocha para o comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada diretamente ao gabinete presidencial, enfraqueceu ainda mais o grupo do ideólogo Olavo de Carvalho no governo de Jair Bolsonaro. A avaliação de auxiliares no Palácio do Planalto é que Bolsonaro tenta se afastar da ala radical do seu time e caminha para adotar um discurso mais conciliador com o Congresso e com o Judiciário em seu segundo ano de mandato.

A "militarização do terceiro andar", como definiu o próprio presidente, referindo-se ao local onde está seu gabinete, também tem o objetivo de se distanciar do olavismo, segundo auxiliares. Antes, a SAE era subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, chefiada pelo ministro Jorge Oliveira. Agora, o almirante Rocha atuará de forma independente e terá como função chefiar a assessoria especial do presidente. Isso significa que Filipe Martins, assessor especial, e Arthur Weintraub (irmão do ministro da Educação, Abraham Weintraub), dois dos mais fervorosos seguidores dos ideais de Olavo, terão de prestar contas ao militar.

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Além disso, Tércio Arnaud Thomaz e José Matheus Sales Gomes, responsáveis pelas redes sociais do presidente e integrantes do que ficou conhecido como "gabinete do ódio", também passarão a responder a Rocha. A dúvida é como essa nova configuração funcionará na prática, uma vez que Tércio e José Matheus são ligados ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente.

Antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, a nomeação de Rocha foi publicada ontem no Diário Oficial da União. A chegada do almirante ocorreu na mesma semana em que Bolsonaro tirou da Casa Civil o ministro Onyx Lorenzoni e entregou a pasta para o general Walter Braga Netto, chefe do Estado-Maior do Exército. Onyx saiu do Planalto para ficar à frente do Ministério da Cidadania, antes chefiado por Osmar Terra, que reassumirá seu mandato de deputado federal.

Desde o ano passado, militares alertavam o presidente de que as questões ideológicas criam crises desnecessárias com os demais poderes e repercutem mal. Com as alterações dos últimos dias, olavistas admitem estar perdendo espaço no governo e reconhecem um distanciamento do presidente.

Diante das mudanças, a ala ideológica do governo já trabalha até mesmo com a possibilidade de Weintraub ser substituído por um militar. Para este grupo, a exoneração não foi consumada porque o ministro tem o apreço dos filhos do presidente.

Calibrada

 

Integrantes do Planalto afirmam, no entanto, que a demissão do ministro da Educação está descartada. Bolsonaro evita criticá-lo pelos erros no Enem e por sua gestão no ministério, mas já admitiu que "falta dar uma calibrada" na maneira de Weintraub falar.

O primeiro ano do governo Bolsonaro foi marcado justamente por intrigas e desavenças entre militares e os alunos de Olavo. Ex-ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, foi demitido após ser alvo de ataques internos e nas redes sociais dos olavistas.

Porta-Voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros também perdeu espaço no Planalto depois de entrar na mira da ala ideológica. Outro alvo constante foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que ficou nove meses com a relação estremecida com Bolsonaro, praticamente sem função.

Nos últimos meses, os ministros e generais Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) agiram para reaproximar os dois. Bolsonaro designou Mourão para comandar o Conselho Nacional da Amazônia Legal.

Até então comandante do 1.º Distrito Naval, no Rio, o almirante Rocha, por sua vez, recebeu a missão de ajudar Bolsonaro na coordenação das ações de governo. "Estamos comprando o passe dele da Marinha. Não vai ser ministro, não, apesar de ele merecer", disse Bolsonaro ao Estado, no último dia 5, quanto apresentou o almirante à reportagem.

Na ocasião, o presidente afirmou que Rocha fala seis idiomas e trabalhou como assessor parlamentar. Foi nessa época que os dois se conheceram. "É sempre bom ter pessoas qualificadas, com o coração verde e amarelo para estar do nosso lado", disse o presidente. Apesar de ter um estilo centralizador, Bolsonaro vinha se queixando de estar sobrecarregado com a coordenação do governo, função que deveria ser executada pela Casa Civil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro nomeou mais um militar para despachar com ele no Palácio do Planalto. Trata-se do almirante Flávio Augusto Viana Rocha, que assume o posto de secretário especial de Assuntos Estratégicos, no lugar de Bruno de Souza.

Mas, agora com o almirante no comando, a SAE ganhou um novo status. A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) deixou de ser apenas um departamento interno da Secretaria-Geral da Presidência e passou a ser uma pasta diretamente ligada ao presidente. A nomeação de Flávio Rocha e o decreto que eleva a posição da secretaria estão publicados no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (14).

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A informação sobre a intenção de Bolsonaro de nomear Flávio Rocha foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo semana passada. Rocha, que era o comandante do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, recebe a missão de ajudar o presidente na coordenação das ações do governo. Em entrevista ao jornal no último dia 5, o presidente apresentou o almirante à reportagem. "Estamos comprando o passe dele da Marinha. Ele vem trabalhar com a gente aqui. Está quase certo. Não vai ser ministro, não, apesar de ele merecer", disse Bolsonaro na ocasião.

O presidente disse que Rocha será mais "um colega para ajudar" no gabinete, que o almirante fala seis idiomas e trabalhou por quatro anos como assessor parlamentar da Marinha no Congresso. Foi nessa época que eles se conheceram. "É sempre bom ter pessoas qualificadas, com o coração verde e amarelo para estar do nosso lado."

Apesar de ter um estilo centralizador, Bolsonaro vinha se queixando de sobrecarga com a coordenação do governo, que deveria ser executada pela Casa Civil. A avaliação interna, segundo auxiliares do Planalto, é que Onyx não conseguiu gerenciar a Esplanada, e a tarefa acabou sendo feita diretamente pelo presidente.

Também hoje o presidente formalizou a troca já anunciada no comando da Casa Civil. Onyx deu o lugar ao general Walter Braga Netto. Agora, Onyx sai do Planalto para ficar à frente do Ministério da Cidadania, antes chefiado por Osmar Terra, que reassumirá seu mandato de deputado federal.

Flávio Rocha coordenará ações estratégicas de governo

De acordo com o decreto publicado nesta quarta, "fica transferida da Secretaria-Geral da Presidência da República para subordinação direta ao presidente da República a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, incluídas a Secretaria de Ações Estratégicas e a Secretaria de Planejamento Estratégico".

O texto também destaca que a pasta de Flávio Rocha assume "a competência de elaboração de subsídios para a formulação do planejamento nacional estratégico e das ações estratégicas de governo".

Além disso, estão sob a subordinação da secretaria a assessoria especial do presidente da República, que tem as competências de: "assistir direta e imediatamente o presidente da República no desempenho de suas atribuições e, especialmente, na realização de estudos e contatos que por ele sejam determinados em assuntos que subsidiem a coordenação de ações com organizações estrangeiras; assistir o presidente da República, em articulação com o gabinete pessoal do presidente da República, na preparação de material de informação e de apoio, de encontros e audiências com autoridades e personalidades estrangeiras; preparar a correspondência do presidente da República com autoridades e personalidades estrangeiras; participar, em articulação com os demais órgãos competentes, do planejamento, da preparação e da execução das viagens internacionais do presidente da República; e encaminhar e processar as proposições e os expedientes da área diplomática, em tramitação na Presidência da República".

Há menos de um mês no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, o ministro Mangabeira Unger demitiu nesta semana dois dos principais responsáveis pelos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas na economia brasileira. O levantamento, que deve ser entregue em abril, serve de base para as propostas que o País fará para o acordo sobre o clima na Conferência das Partes (COP 21), marcada para Paris, em dezembro deste ano. Mangabeira dispensou os serviços do secretário de Desenvolvimento Sustentável, Sérgio Margulis, e da diretora de programa Natalie Unterstell. As demissões foram reveladas pelo site Observatório do Clima.

De acordo com a assessoria da secretaria, as mudanças fazem parte "do processo normal de definição de seus colaboradores imediatos pelo novo ministro e não indica qualquer esmorecimento no compromisso com as políticas de sustentabilidade, que sempre ocuparam e continuarão ocupando papel relevante na atuação da pasta". A SAE informou que os cargos permanecem sem substitutos indicados. Até a reunião de dezembro, os países devem apresentar às Nações Unidas seus planos para enfrentamento das mudanças climáticas.

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Essa não é a primeira vez que Mangabeira Unger é pivô de polêmica na área ambiental. A ação do ministro, que ocupou o mesmo cargo no segundo mandato do presidente Lula, foi a gota d’água para o pedido de demissão de Marina Silva, então ministra do Meio Ambiente. Mangabeira manobrou para levar a coordenação do Plano Amazônia Sustentável para a SAE, tirando do Meio Ambiente o programa que era uma das meninas dos olhos de Marina.

A demissão foi vista com "grande preocupação" por Carlos Rittl, secretário-geral do Observatório do Clima, que reúne 35 ONGs. Segundo ele, a dupla estava concluindo o principal estudo já feito no Brasil sobre adaptação às mudanças climáticas. Os dados preliminares, que seriam publicados em abril, indicavam que, com as mudanças climáticas, a expansão do parque hidrelétrico traria impactos negativos. "O estudo forneceria dados para que o País pudesse repensar seu planejamento de longo prazo", afirmou.

Diante da alta rotatividade dos trabalhadores, apurada por estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, a pasta proporá um redesenho da concessão de benefícios de abono salarial e salário-família, para estimular a permanência dos trabalhadores no emprego formal. De acordo com o chefe interino da SAE e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, o desafio é enfrentar a rotatividade, que causa dificuldades como o aumento dos gastos públicos - com benefícios como seguro-desemprego - e queda no investimento em conhecimento do profissional.

"O mercado de trabalho brasileiro teve um desempenho excepcional nos últimos dez anos, mas permanece um grande problema, que é a rotatividade. Com isso, as despesas públicas são infladas e vivemos a situação paradoxal de estarmos próximos do pleno emprego, mas ao mesmo tempo as despesas com seguro-desemprego nunca foram tão altas", afirmou.

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A SAE pretende unificar os benefícios de abono salarial e salário-família, que atingem trabalhadores que recebem de um a dois salários-mínimos. Hoje, o abono salarial é recebido pelo trabalhador anualmente. A ideia é que o benefício seja recebido no mês corrente. Também é proposto que o valor do benefício decline, continuamente, com aumentos de remuneração "evitando assim a descontinuidade atual em dois salários-mínimos".

A rotatividade entre trabalhadores que ganham até dois salários-mínimos chega a quase 60% ao ano, de acordo com o estudo da SAE. "Os dados mostram que só 38% dos que deixam os empregos não se reempregam no espaço de um ano", afirmou. Em 2004, essa porcentagem chegava a 50%. "Então, o trabalhador saca o seguro-desemprego, saca o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Encontrar emprego com mais facilidade e ter acesso a benefícios, que precisam de novo desenho, talvez estimulem (a rotatividade)."

A proposta, que segundo Neri é uma ideia para ser debatida e não um projeto encaminhado oficialmente, foi apresentada nesta segunda-feira, em São Paulo, durante a divulgação do quarto caderno Vozes da Classe Média. "Se eu ganho até dois salários-mínimos, trabalho um mês e depois saio, tenho direito ao abono cheio. Depois de um tempo, o trabalhador pede para ser demitido, por exemplo, para ter acesso ao seguro-desemprego, ao FGTS, para fazer um curso", completou.

Os comentários vêm cerca de 15 dias depois de o governo se ver às voltas com uma discussão sobre um possível reajuste do seguro-desemprego, defendida, inicialmente, pelo Ministério do Trabalho. O Ministério da Fazenda negou uma decisão final sobre correção do benefício, justificando que não seria conveniente aumentar as despesas neste momento e, alguns dias depois, o a pasta do Trabalho também voltou atrás.

A nova formulação do abono salarial proposta pela SAE prevê também valor proporcional ao número de meses trabalhados e não independente. Além do redesenho dos benefícios, há previsão também de estimular cursos de formação profissional para trabalhadores ocupados, de 40 horas, com metade das horas cedidas pelo empregador e a outra metade, parte do tempo de lazer do empregado.

Conforme o chefe interino da SAE da Presidência da República e presidente do Ipea, "há uma série de incentivos da lei para que o trabalhador force a demissão". Neri reforçou a preocupação com a rotatividade do trabalho, afirmando que a taxa do País não só é alta se comparada com demais países, como é crescente.

O subsecretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros, disse que, na última década, o Brasil fez uma transição de um País altamente informal para um predominantemente assalariado e formal. "Se antes era menos importante estar tão preocupado com as relações de mercado de trabalho formal, hoje passa a ser uma questão central. Precisamos modernizar a legislação e os programas públicos", disse. A proposta de reformulação do abono salarial, defende a SAE, é uma forma de melhorar a vida do trabalhador sem aumentar o custo do trabalho.

Se nas últimas décadas o esforço foi para acelerar a criação de empregos formais e os ganhos reais, daqui para frente o desafio será aumentar a estabilidade nos postos de trabalho. É o que propõe o quarto caderno do estudo Vozes da Classe Média, desenvolvido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República em parceria com a Caixa Econômica Federal e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Atualmente, a taxa de rotatividade chega a 60% ao ano entre os trabalhadores que ganham até dois salários-mínimos.

Sem classificar por ganhos salariais, no total, mais de 40% dos trabalhadores deixam os empregos a cada ano. "Um dos grandes entraves potenciais ao avanço da produtividade do trabalho no setor privado, em particular entre os trabalhadores de baixa escolaridade, é a elevada taxa de rotatividade que tem caracterizado esse setor", aponta a quarta edição do estudo.

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Entre a chamada classe média - conjunto da população que vive com renda familiar per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 -, um grupo próximo a 43% dos trabalhadores considera o trabalho atual "uma atividade transitória, até conseguir algo melhor" ou diz que "depende dele para sobreviver, pois dificilmente encontraria outro".

Na classe baixa, a proporção entre os que encaram o trabalho dessa forma sobe para 50% e, entre a classe alta, cai para 28%. "Para os trabalhadores que já alcançaram um emprego formal, a alta rotatividade representa instabilidade e poucas perspectivas de ganhos, tanto de produtividade quanto de remuneração", aponta o estudo.

O ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Marcelo Neri, avaliou nesta quinta-feira que "não é a mulher negra de favelas da periferia" que está nas ruas protestando. Para ele, a forte queda da desigualdade na última década, que beneficiou principalmente os mais pobres do País, estaria provocando uma reação de parte da sociedade: "o pessoal do lado belga da Belíndia talvez tenha razões para não estar satisfeito."

Em palestra no Forte de Copacabana, o ministro apresentou vários dados sobre a queda da desigualdade no período que coincide com os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. "A renda dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos. Não tenho o perfil dos manifestantes, mas talvez não sejam os mais pobres da sociedade, que foram os beneficiários da última década", disse o pesquisador, que acumula o cargo de ministro interino com a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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Neri destacou que a renda de grupos tradicionalmente excluídos no País, como negros, nordestinos e moradores da periferia, teve aumento muito maior que a dos demais grupos. "Se alguma coisa pode explicar o que está acontecendo é que se fez demais, e não de menos. Talvez não tenha faltado, talvez tenha tido um excesso. A desigualdade ainda é indecente, mas talvez tenha caído a uma taxa muito forte", declarou o ministro, acrescentando que a fotografia social do Brasil "é muito ruim, mas bem menos ruim do que era há dez anos".

Ele disse considerar fundamental saber o perfil das pessoas que estão insatisfeitas, mas concluiu dizendo que "a melhor pesquisa é a eleitoral". "A situação do Brasil, na avaliação da própria população, é boa. Não há uma tragédia grega acontecendo."

Em época de articulação dos partidos para as mudanças nos ministérios da presidente Dilma Rousseff, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ocupada pelo ex-governador do Rio e ex-deputado Wellington Moreira Franco, é o símbolo da insatisfação do PMDB com os cargos no primeiro escalão. Sem potencial eleitoral, ele é chamado às vezes de "ministério do futuro": faz estudos sobre temas diversos e produz propostas de políticas públicas, mas não executa as ações e acaba ofuscada pelos ministérios executores.

"O produto que temos a oferecer é seminário e seminário não elege ninguém", diz Moreira Franco, depois de enumerar uma série de projetos em andamento na SAE - cujo orçamento, para 2013, é de R$ 26,5 milhões. A agenda do ministro no último ano mostra, de fato, uma série de palestras, mesas redondas e seminários, encontros com diplomatas e visitantes estrangeiros e seis viagens internacionais (Bruxelas, Santiago, Madri, Estocolmo, Genebra e Seul). Nada de inauguração ou audiência com Dilma.

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A queixa no PMDB não é com as funções do ministério, mas com sua falta de peso político. "Chamar a SAE de ministério é piada. A diferença entre o status de ministério da SAE e sua real dimensão é a mesma entre o poder que acham que o PMDB tem e o que o partido tem na prática", diz o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

A SAE é apenas um exemplo. Os peemedebistas têm-se queixado por terem cinco ministérios, mas nenhum deles de grande expressão. E, para decepção de muitos, no sábado (02), a presidente Dilma, convidada da convenção do PMDB, em Brasília, fez seguidos elogios ao partido e a seu líder, o vice-presidente Michel Temer - mas nada falou sobre repetir com ele, em 2014, a dobradinha PT-PMDB.

"A SAE poderia ser um belo instrumento se participasse de fato da formulação. O que importa é a missão política que se dá ao cargo. Não vamos brigar por ministério, mas para participar das decisões. O ministério do Gilberto Carvalho (chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República), por exemplo, não executa ações mas é ouvido", comparou Cunha.

Ligado ao vice-presidente Michel Temer e representante do PMDB na campanha de Dilma em 2010, Moreira evita comentar o prestígio da pasta. Prefere destacar os seus focos de atenção - primeira infância, sustentabilidade da classe média, estímulo ao investimento em florestas plantadas. O ministro tem profissionais experientes sob seu comando. O economista Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas no estudo da pobreza, é o secretário de Ações Estratégicas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nos últimos dez anos, 37 milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a ser classificados como classe média. Hoje, a população que vive com uma renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 por mês alcança 53% dos brasileiros, ou 104 milhões de pessoas.

Os dados da pesquisa "Vozes da Classe Média", preparada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, mostra que essa população vai movimentar, em 2012, quase R$ 1 trilhão - um valor que, se fosse um país, seria o 18º mais rico do mundo, logo abaixo da Argentina e da Turquia e acima da Holanda. Uma pequena parte dos brasileiros, 6%, também subiu da classe média para a classe alta nesse mesmo período.

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"A expectativa que temos é que esse crescimento seja sustentável e continuado porque foram conquistados com trabalho e protagonismo dessas pessoas", afirmou o economista Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da SAE. A projeção é de que, se o esse crescimento continuar, mantendo também a redução da desigualdade, em 2022 a classe média brasileira irá representar 57% da população.

Paes de Barros credita o avanço dessa população em boa parte à redução da desigualdade de renda que houve no Brasil desde 2002. O cálculo da SAE é que, se não houvesse essa redução, a classe média teria aumentado apenas cinco pontos percentuais. Se a queda de desigualdade parar, alerta, em dez anos esse grupo da população vai se manter nos mesmos 53% atuais.

O estudo mostra, ainda, que o principal fator para o avanço dessa baixa renda para a média renda é a educação. Essa também é a chave para que o avanço dessas pessoas continue para a classe mais alta. A maior parte da população que hoje está na classe média tem em média oito anos de estudo. Na classe alta, esse número sobe para 12 anos - ou seja, passa-se do ensino fundamental completo para o ensino superior incompleto.

O governo federal fatiou a classe média brasileira em três subclasses definidas pela renda familiar mensal per capita. Agora, a categoria classe média é formada por baixa classe média, com renda entre R$ 292 e R$ 441, média classe média, formada por uma renda per capita de R$ 442 a R$ 641, e alta classe média, com renda entre R$ 642 e R$ 1.019.

Com a nova configuração, o governo estima que a chamada classe média é representada por 54% da população brasileira neste ano. Em 2001, essa parcela era de 37% do total.

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De acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), a classe alta também foi subdividida em duas categorias, a baixa classe alta, com renda entre R$ 1.020 e R$ 2.480, e a alta classe alta, com proventos superiores a esse valor.

Na classe pobre, os limites também mudaram. São considerados extremamente pobres aqueles com renda de até R$ 81. Os pobres, mas não extremamente, ficam situados entre R$ 82 e R$ 162. Na categoria denominada vulnerável, entram as pessoas que ganham entre R$ 163 e R$ 291.

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