Não vi, até porque aproveitei o feriadão para relaxar, mas pelo que li o presidente Michel Temer (PMDB) foi desastroso na entrevista ao programa Roda Vida, gravado no Palácio da Alvorada e veiculado na última segunda-feira. Ao se posicionar sobre o cenário de crise, quis passar a impressão que o País está saindo da pior fase, o que não é verdade. Há seis meses, o dólar estava 3,52, hoje está em 3,40.
Há seis meses, o desemprego estava batendo 11%, hoje está em 12%. A bolsa pouco mudou também. Com ele efetivado no poder, já se passaram seis meses sem que nenhum indicador tenha mudado de forma considerável. No primeiro bloco, pelo que soube, respondeu à jornalista Eliane Cantanhede dizendo que ele se preocupa, sim, com a saúde e com a educação. Que votou em tempo recorde diversos projetos de lei, como há muito não se votava.
No segundo, teve orgulho de dizer que não se fala mais em CPMF. Que agora, em seu Governo, está gastando só o que arrecada e que não é preciso criar mais nenhum tributo. Ainda no segundo bloco, disse que “admite, mas lamenta” as ocupações nas escolas. E que no seu tempo não era assim. Aproveitou para dizer que fazer a reforma do ensino médio via MP foi uma boa ideia, pois “incendiou o País” e “acendeu o debate“. Belo motivo para editar uma MP de um assunto tão importante!
O programa permaneceu assim durante os próximos blocos. Noutro ponto da conversa, o entrevistado foi questionado sobre a situação de Lula, réu em três ações penais. Ao discorrer sobre a hipótese de prisão do ex-presidente, Temer insinuou que o melhor seria evitar. “O que espero, e acho que seria útil ao País, é que, se houver acusações contra o ex-presidente Lula, que elas sejam processadas com naturalidade. Aí você me pergunta: ‘Se Lula for preso causa problema para o País? ’ Acho que causa. Haverá movimentos sociais. E toda vez que você tem um movimento de contestação a uma decisão do Judiciário, pode criar uma instabilidade.”
Ora, se Lula cometeu crimes deve pagar pelo que fez, inclusive ser condenado e preso. Mas Temer não pensa assim para desapontamento do País. Se há algo que toda Nação espera é a prisão de Lula, um político que era pobre, enricou e enriqueceu a família. Mais do que isso, comandou uma quadrilha que quebrou a Petrobras e promoveu o maior escândalo e assalto aos cofres públicos da história.
Que presidente fraco! É por isso que seu Governo não se sustenta, não vai a lugar nenhum, vive da ilusão de um suposto ajuste fiscal pelas mãos de Henrique Meirelles. Um presidente não pode se omitir ante o que pensa e decide o Congresso. Não pode revelar medo de patrulhamento. Lula, que ele tentou preservar, não merece o respeito de mais nenhum brasileiro patriota. O mal que ele fez ao País é irreparável.
Michel Rousseff – Do jornalista José Nêumanne Pinto, colunista do Estadão: “No Roda Viva da TV Cultura, transmitido à véspera do Dia da República, o presidente Michel Temer teve desempenho abaixo da crítica. Em primeiro lugar, acovardou-se ao insinuar que o ex Luiz Inácio Lula da Silva, que responde a três processos em varas diferentes das Justiças federal e estadual, por obstrução à Justiça e suspeitas de corrupção, não deveria ser preso. Pois a prisão, uma “mera hipótese”, provocaria problemas institucionais, coagindo a PF, o MPF e o Judiciário de uma forma que não lhe compete. E também assumiu o lado da banda podre que o apoia no Congresso e se prepara para votar leis que dificultarão o combate à corrupção. Entrou, então, no rol dos suspeitos”.
Patrono de Maia – Favorável a que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa disputar a reeleição, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB) teria sido o principal responsável pela iniciativa de recorrer ao jurista Heleno Torres para emitir um parecer respaldando o direito do democrata. O que se diz nos corredores da Câmara dos Deputados é que, em seu parecer, Torres dirá que a possibilidade de recondução na troca de legislaturas, o que é o caso de Maia, está expressa na lei. Na prática, Jarbas pode virar o grande patrono da reeleição de Maia.
HEMOBRÁS- A Justiça Federal determinou a indisponibilidade de bens e valores e afastamento do sigilo fiscal de três dirigentes da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), sediada em Goiana, e das empresas Farma Logística e Armazéns Gerais, Biomedica Distribution Mercosure e Atlantis Logistica Importadora e Exportadora, além de três de seus sócios: Rômulo Maciel Filho, diretor-presidente da Hemobrás; e Marisa Peixoto Veloso Borges, gerente de Plasma e Hemoderivados. Os dois, juntamente com Guy Joseph Victor Bruere (que já se desligou da empresa pública), teriam desviado recursos que geriam em razão de seus cargos.
Alô, Paraíba!– Editor do site MAISPB, o mais acessado da Paraíba, ancora do programa Frente a Frente, na TV-Arapuan, o jornalista Heron Cid esteve no Recife, sábado passado, para gravar com o senador Humberto Costa, líder do PT no Senado. Na entrevista, que foi ao ar ontem, o petista revela pessimismo com o Governo Temer e diz que vai endurecer o jogo como principal liderança no campo oposicionista. Humberto tratou Temer de golpista e disse que seu Governo não tem respaldo da sociedade.
Abaixo o tapetão – Responsável pela quarta derrota consecutiva ao grupo do prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, no Cabo, o prefeito eleito Lula Cabral (PSB) teve sua vitória ratificada na última segunda-feira pela justiça eleitoral. O pleno do Tribunal Regional Eleitoral decidiu, por unanimidade, rejeitar embargos de declaração apresentados pelo vereador eleito Professor Arimatéia, que agiu em nome do deputado Betinho Gomes (PSDB), derrotado por Lula. Sem votos e sem liderança no Cabo, Elias e o filho queriam ganhar no tapetão.
CURTAS
PEC DO TETO– O Governo sondou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a possibilidade de acelerar na Casa a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos. A previsão de votação da PEC no plenário do Senado é dia 29, em primeiro turno, e dia 13 de dezembro, em segundo turno.
MANOBRA– O ex-prefeito de Serra Talhada, Carlos Evandro (PSB), fez uma manobra para evitar que mais uma conta de sua gestão, a de 2007, tenha sido rejeitada pela Câmara de Vereadores. Seis parlamentares faltaram à sessão da última segunda-feira, com uma curiosidade que virou chacota: os faltosos alegaram problemas de saúde, com ou sem atestado médico.
Perguntar não ofende: José Queiroz, mesmo não levando o seu candidato ao segundo turno em Caruaru, ainda pensa em sair candidato ao Senado?