Em meio a uma onda de críticas à política agrária da presidente Dilma Rousseff e às vésperas de uma marcha de protesto em Brasília, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou nesta terça-feira (21) a desapropriação de um conjunto de áreas para a reforma agrária com um total de 54 mil hectares, que, de acordo com estimativas iniciais, poderão abrigar cerca de 1,1 mil famílias de assentados.
É a primeira desapropriação do governo neste ano. No dia anterior, em Brasília, na abertura do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, líderes de diferentes movimentos sociais e organizações sindicais haviam criticado o governo pela lentidão da reforma. Ao falar em nome da organização internacional Via Campesina, João Pedro Stédile afirmou que após quase dois anos de governo Dilma não desapropriou sequer um hectare.
##RECOMENDA##Para esta quarta-feira (22) está prevista uma marcha pela Esplanada dos Ministérios. Representantes de grupos de sem-terra, índios, quilombolas e pequenos agricultores vão protestar contra o governo.
A palavra final sobre a desapropriação foi dada na quinta-feira, pela presidente, após uma reunião com os ministros do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e da Casa Civil, Gleisi Hoffman. A principal preocupação no encontro era manter o processo de assentamentos vinculado ao Plano Brasil Sem Miséria.
A desapropriação foi divulgada ontem no Diário Oficial, em meio a uma greve de funcionários que mantém o Incra paralisado há mais de um mês. Ela envolve 21 imóveis rurais, nos Estados de Alagoas, Bahia, Maranhão, Piauí, Paraíba, Sergipe, Minas Gerais e Mato Grosso. A maior parte está localizada no semiárido nordestino, em bolsões de extrema pobreza. O próximo passo será incluir as famílias a serem assentadas no Cadastro Único de Programas Sociais, para que comecem a receber o Bolsa Família, além de outros benefícios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo