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Márcio Antônio do Nascimento Silva, de 58 anos, que viralizou nas redes sociais após recolocar as cruzes em um protesto em memória das vítimas da Covid-19, entre elas o seu filho, morreu no Rio de Janeiro devido a problemas no coração. 

Segundo a ONG Rio de Paz, Márcio foi sepultado na tarde de terça-feira (4), no cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele era pai de Hugo Dutra do Nascimento, que morreu em abril de 2020 após complicações do novo coronavírus. 

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Em protesto pelas 40 mil vidas perdidas para a doença na época, dois meses depois a ONG Rio de Paz abriu 100 covas na areia da praia de Copacabana e fincou as cruzes, cobrando ações mais efetivas do governo federal. No entanto, durante o ato um homem que passava pelo calçadão decidiu derrubar as cruzes. 

Ao ver a situação, Márcio começou a fincar as cruzes novamente na areia da praia. Essa atitude rendeu apoios e ele chegou a ser chamado para depor na CPI da Covid, realizada pelo Senado, se tornando um dos símbolos de luta contra a doença.

Márcio durante sua participação na CPI da Covid, em outubro de 2020. Foto: Reprodução

O senador Randolfe Rodrigues fez um post em sua conta no Twitter, lamentando o falecimento de Márcio Antônio. "Apesar da grande perda, Márcio continuou lutando por justiça para a sua e outras famílias brasileiras vítimas do descaso do Governo Federal. Além disso, nos ajudou a mostrar a realidade e o sofrimento vivido em todo o país. Toda a minha solidariedade aos seus familiares e amigos", escreveu.

A Rio de Paz planejou para esta quarta-feira (5) um ato em frente ao Copacabana Palace com a presença de familiares do Márcio, onde reproduzirão a cena em que ele recoloca as cruzes na areia. "Esteja na paz, amigo. Você combateu o bom combate e agora está ao lado de seu filho por quem tanto lutou", publicou a ONG.

Com o aumento da expectativa de vida entre a população brasileira que, segundo o IBGE, cresceu 31 anos entre a década de 1940 e o ano de 2018, o receio de envelhecer e não ter mais oportunidade de trabalho diminuiu entre os chamados “cinquentões”.

Empresas de maior porte e também startups apresentam alta nos índices de contratação e já consideram o cenário animador para recolocação de pessoas acima dos cinquenta anos em companhias dos mais diversos segmentos.

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Se antes o profissional experiente tinha o receio de ser substituído por jovens promissores, em muitos casos a maturidade se torna um diferencial desejável. Embora ainda não possa ser considerado um movimento que gere impacto expressivo nos números do mercado, o fato é que a procura dos profissionais com 50 anos de idade ou mais por recolocação subiu nos últimos três anos.

Empresas como a multinacional Unilever registraram 30% a mais de candidatos em um programa de estágios voltado para os “cinquentões”. Na Gol Linhas Aéreas,  15% do quadro da empresa é composto por profissionais com mais de 50 anos de idade.

Demissão aos 55 e novo emprego aos 61

Foi em meio à pandemia que a especialista em Desenvolvimento Pessoal Katia Pessanha, 62 anos, retornou ao mercado de trabalho. Depois de ficar sem emprego durante seis anos, ela foi à luta depois de ouvir palavras de motivação de uma advogada.

“Me divorciei e decidi voltar para o mercado. Creio que a maior dificuldade tenha sido essa decisão, porque tal hipótese não havia passado pela minha cabeça até a conversa com a advogada que fez o divórcio. Ela viu meu perfil no LinkedIn e disse-me que ainda teria muitas oportunidades de trabalho, que me realizaria e me curaria do choque do divórcio pelo trabalho e estava certa”, relata Katia.

Por sua qualificação, Katia Pessanha conseguiu um novo emprego aos 61 anos, mesmo após ficar fora do mercado por seis anos. Foto: arquivo pessoal

Desde o último mês de maio, Katia é responsável pelo departamento de Gente, Cultura e Performance da startup CombuData, sediada em Curitiba. Na empresa, que atua na gestão e controle de compra de combustíveis para frotistas, a especialista conseguiu unir a experiência de décadas no mercado com a inovação exigida pelo mundo moderno.

“Havia outras ferramentas, outras expressões, metodologias ágeis e todo o universo das startups para explorar. Tendo vivido mais e atravessado diversas crises e momentos de instabilidade, creio que a idade nos traz uma resiliência maior”, considera.

Ainda segundo ela, a vivência em diferentes companhias durante a carreira no Brasil e no exterior lhe trouxe a capacidade de agregar toda a bagagem de uma trajetória extensa com a perspectiva transformadora de uma startup. Para Katia, a idade é um poço de estabilidade emocional para contribuir com o desenvolvimento da empresa.

“Hoje vejo uma capacidade de parar para pensar antes de sair executando, um olhar mais compassivo sobre os seus erros e os dos outros, uma vaidade menor quanto aos acertos, mas, especialmente, a vontade de servir, de apoiar, de ser instrumental no crescimento alheio ao invés de competir com os colegas”, completa.

Maturidade e oportunidade

De acordo com a analista e consultora de Recursos Humanos Priscila Siciliano, os números que mostram elevação nas chances para pessoas acima dos 50 anos não são surpreendentes. Segundo ela, as portas do mercado estão abertas para os mais experientes.

“É uma tendência que vem crescendo a cada dia mais. Atualmente estamos muito com uma carência de mão de obra especializada. E esse perfil profissional, com mais experiência, traz mais segurança dentro do ambiente empresarial e treino para os iniciantes”, aponta.

Além da trajetória, Priscila ressalta que os funcionários acima de 50 anos são capazes de se adaptar sem maiores dificuldades. Contudo, é necessário observar pontuais problemas com a utilização de itens obrigatórios nos dias de hoje.

“Eles são mais resistentes à modernização dos ambientes como home-office, reuniões virtuais, avaliações contínuas e outros formatos que, por falta de uma visão mais futurista com a era atual, podem trazer algum desconforto, mas nada que uma integração e um tempo de adaptação não resolvam”, enfatiza a especialista.

O "ouro do mercado"

De acordo com a analista, junto com os valores e as certezas construídas em meio à carreira profissional, a experiência dos “cinquentões” também é um fator de equilíbrio entre os demais componentes do quadro da empresa.

“Em todas áreas devemos contar com especialistas capazes de treinar as equipes com menos experiência. Sempre haverá espaço ao menos para um profissional desta faixa etária. Assim como necessitamos ingressar os iniciantes no mercado de trabalho, precisamos do ‘ouro do mercado’ para desenvolvimento desses profissionais em todos os sentidos”, complementa.

Em meio à crise sanitária emergencial ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, empresas anunciam oportunidades de empregos para trabalhadores em busca da primeira chance de entrar no mercado de trabalho ou recolocação profissional.

Mesmo com algumas restrições de circulação, por conta da pandemia global, empresas abrem amplas oportunidades para trabalhadores desempregados, com atuação presencial ou remota. Em análise, a psicóloga Márcia Karine observa que a absorção de profissionais em um momento de turbulência na saúde e na economia pode gerar impactos positivos tanto para o trabalhador como para as empresas.

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“Faz bem para a saúde mental do trabalhador recolocação [ou inserção no mercado de trabalho], pois ele se sente valorizado, apresenta uma auto estima diferenciada, tem garra e quer mostrar que aquela contratação foi importante”, enfatiza a psicóloga. 

Partindo desse ponto e pensando em facilitar a busca, o LeiaJá elaborou uma relação que reúne 4.870 vagas distribuídas entre empresas de todo País, com opções de cargos destinadas entre todos os níveis de escolaridade. Trabalhadores podem se candidatar às chances que seguem abertas por tempo indeterminado. Confira, abaixo, as oportunidades:

Banco Santander  

São 1.500 vagas de emprego para atuar nos setores de risco, jurídico, tecnologia, dados e de finanças da empresa. Para se candidatar basta cadastrar o currículo no site “Trabalhe Conosco” do Santander. O banco ainda dispõe de vagas específicas para setores de risco. Os interessados podem realizar o cadastramento através da internet. Salários, benefícios e outros detalhes serão informados pelo contratante durante a seleção. 

Mercado Livre

São oferecidas 2.250 vagas distribuídas a diversas regiões do Brasil, destinadas a profissionais das áreas de logística, atendimento ao consumidor e tecnologia. Para participar do processo seletivo é necessário se candidatar por meio do site da empresa. O candidato será avaliado pelas habilidades técnicas e características comportamentais, em entrevista on-line, na qual também terá informações sobre salário e demais detalhes da vaga pretendida.

Carrefour

O hipermercado oferece 933 oportunidades de trabalho nas regiões Norte, Sul e Sudeste do País. Há vagas em funções como técnico e auxiliar de manutenção, balconista de açougue, atendente de farmácia, gerente, entre outras. A empresa varejista orienta que interessados devem cadastrar os currículos com agilidade através do site de recrutamento InfoJobs. Além do salário, a rede oferece outros benefícios, como vale-transporte, assistência médica, cesta básica e seguro de vida, que serão informados durante processo seletivo.

Colgate-Palmolive

A empresa tem oferta de 187 postos, com salários que vão de R$ 419 e podem chegar até R$ 156 mil, a depender do cargo assumido. Os profissionais, interessados em trabalhar na multinacional terão à disposição chances para estágio, contratos de prestação de serviço ou atividades em meio período distribuídos em diversos setores. Candidaturas podem ser feitas através do site de recrutamento da companhia. Demais benefícios serão comunicados em seleção.

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“Ano novo, vida nova!” Este é o lema de alguns com a proximidade do fim do ano. Muitas pessoas enxergam no novo período uma oportunidade de recomeçar ou começar algo em sua vida. Para quem está desempregado, buscar um trabalho pode ser a primeira prioridade do ano. De acordo com resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em novembro deste ano, a taxa de desocupação caiu de 12,0% para 11,8%. Contudo, cerca de 12,5 milhões de pessoas ainda estão na busca por um emprego. Pensando nisso, conversamos com a coordenadora de Recursos Humanos Amanda Buarque Monteiro e com o economista e professor da UNINASSAU Daniel Campelo para reunir algumas dicas para quem quer começar 2020 saindo do desemprego.

De acordo com Amanda, o primeiro passo a ser tomado é se organizar e criar estratégias de busca para poder alcançar seu objetivo com sucesso. “Precisa definir o que quer (área de atuação), atualizar currículo, mapear as empresas na região (que são interessantes para a sua área, para não sair ‘panfletando "currículo’, além de fazer cursos de capacitação”, disse.

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Amanda também alertou sobre os riscos de distribuir currículos sem algum tipo de filtro. “Neste caso podem acontecer duas situações: quando o recrutador ligar para a pessoa, ela não vai querer. Então já vai soar negativamente, pois como é que a pessoa deixou o currículo e não quer a vaga?. Ou se a pessoa estiver desesperada por emprego, vai aceitar, mas vai ser infeliz naquele local, não vai estar motivado e, certamente, estará ainda procurando outra colocação no mercado”.

“Ainda corre o risco de não desempenhar bem a atividade por falta de identificação ou começar a se atrasar, porque a casa é muito longe do trabalho, por exemplo, e sair no período de experiência. Isso pesa negativamente no currículo. Na verdade, às vezes vale mais a pena a pessoa se planejar melhor, tentar ver empresas ou atividades mais aderentes ao seu perfil”, continuou.

“Ficar ‘pulando de galho em galho’ é um sinal ruim, e nós, de RH, observamos isso no currículo. É sinal de instabilidade, falta de foco. Também pode ser sinal que a pessoa tem dificuldade para se relacionar com pares ou figuras de autoridade. Quando estamos buscando um candidato, queremos alguém que possa fazer parte do time, e não alguém que venha ‘passar uma chuva’. Existe todo um investimento na realização do processo seletivo, de tempo e recursos. Além disso, uma contratação errada gera custos de rescisão. Então tentamos ser o mais assertivos que podemos”, completou Amanda.

Já para Daniel Campelo, a aposta é não esperar o novo ano para ir em busca de um emprego. “Para conseguir um emprego em 2020, uma boa alternativa para quem está desempregado é começar já, a partir de agora. Normalmente, no mês de dezembro é um mês que se apresenta com boas oportunidades de trabalho temporário e isso independe da qualificação profissional”, garante.

Para a Amanda, outro passo importante na procura por um emprego é buscar uma qualificação. Desta forma, o currículo do candidato passa a ser mais atrativo para a empresa. “Existem qualificações específicas para cada área, mas também existem coisas básicas como pacote Office. Hoje em dia em praticamente todas as profissões, o uso de planilhas é habitual, logo se eu for direcionar uma qualificação coringa seria o curso de Excel”.

Para Amanda, não ter algum tipo de graduação não é motivo de desespero para o candidato. “Se a pessoa não tiver nenhuma graduação, sugiro pensar em fazer algum curso profissionalizante. Existem muitos cursos gratuitos na internet”, destaca.

“Hoje em dia, somente a graduação não é suficiente para garantir a empregabilidade na sua área de formação. É importante que a pessoa faça cursos de qualificação, atualize suas redes sociais, como o LinkedIn, por exemplo, mantenha seus conhecimentos atualizados e  também frequente eventos de sua área, afinal um bom networking faz toda a diferença”, explica Amanda.

Se o caso for contrário, o desempregado possua uma graduação, para o economista Daniel, a opção é a persistência. “Naturalmente, no momento de desemprego, onde a pessoa está sem dinheiro, a pessoa acaba topando qualquer coisa. Mas essa medida deve ser tomada quando não há mais nenhuma alternativa”.

“Uma pessoa que possui uma graduação ou especialização, ela tem que entender que ela está fora do mercado como tantas outras, ela não pode se abater por isso, ela não pode depreciar sua qualificação profissional. Então deve-se tentar insistir e esperar um pouco mais, até o limite, para que não acabe indo em busca por um emprego de menor qualificação. A dica que eu dou é: continue buscando empregos dentro da qualificação profissional que possui e, paralelo a isso, se for possível, tentar agregar com cursos e outros conhecimentos”, destaca.

A coordenadora de Recursos Humanos Amanda Buarque ainda enfatiza mais um passo importante durante essa etapa de busca por uma ocupação. “É válido rever o currículo, pois têm muitos currículos com informações totalmente desnecessárias, desatualizadas ou com erros ortográficos”.

Além das correções textuais, o economista Daniel Campelo também destaca algumas melhorias que podem elevar o nível do seu currículo e vão além de uma qualificação propriamente dita. “Hoje em dia, o mercado tem algumas exigências como facilidade de falar em público, conhecimento de outro idioma, conhecimento de tecnologia então, sem dúvida, você preencher seu currículo com esse conhecimento é muito importante para quem está buscando um emprego. Às vezes, o não conseguir um emprego esbarra justamente aí. A pessoa até tem a qualificação, é graduado, ou especialista, mas não tem esses conhecimentos transversais que as empresas valorizam bastante”, explica.

Conteúdo publicado originalmente no site institucional da UNINASSAU

O número de pessoas desempregadas há mais de dois anos dobrou de 2015 para cá, com o prolongamento da crise econômica. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse grupo já soma quase 3 milhões de pessoas sem emprego fixo e com baixa perspectiva de se recolocar no mercado de trabalho. Para esses trabalhadores, a busca pelo emprego virou uma corrida contra o relógio, já que quanto mais tempo fora do mercado, maior a dificuldade para retornar.

A situação é mais complicada entre os profissionais com idade entre 18 e 24 anos e 30 e 39 anos. Só nessas duas faixas, o número de pessoas sem emprego há mais de dois anos soma 1,5 milhão. "Em geral, essas pessoas têm menos qualificação. Com o passar do tempo, não conseguem mais entrar no mercado de trabalho", afirma o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

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Segundo ele, esses profissionais vão começar a sentir ainda mais esse efeito quando a economia voltar a crescer e demandar mão de obra. Além de enfrentar o preconceito das empresas em relação ao tempo sem um emprego fixo, também podem sofrer com as mudanças tecnológicas. Para Barbosa, esse grupo vai merecer atenção especial, caso contrário a crise atual terá efeitos permanentes em sua empregabilidade.

Se para os jovens a situação é complicada, entre os mais velhos chega a ser dramática. Embora não represente o maior número de pessoas sem trabalho há mais de dois anos, a faixa etária que teve o maior avanço no índice de desemprego desde 2015 foi aquela entre 50 e 59 anos. Esse grupo cresceu 140% e passou a somar 248 mil pessoas. "Uma característica dessa crise é exatamente o fato de que vários chefes de família estão perdendo o emprego", afirma o economista Renan De Pieri, professor do Insper. "São pessoas mais experientes e que ganham mais."

Tecnologia

Segundo os economistas, alguns fatores explicam a dificuldade para se recolocar depois de um tempo longo sem emprego fixo. Uma delas é a rapidez das mudanças tecnológicas na economia. "Se um profissional que está na ativa já sente a mudança de tecnologia, imagine uma pessoa que fica dois, três ou quatro anos desempregado", alerta Barbosa. Isso sem contar que, nesse meio tempo, a própria função do trabalhador pode desaparecer. Em algumas áreas, como o setor bancário, por exemplo, a automatização está alterando muito a dinâmica do mercado de trabalho.

Flexibilidade

Segundo o diretor executivo da empresa de recrutamento Michael Page, Ricardo Basaglia, depois de uma crise os empregos não voltam com as mesmas características, o que exige dos candidatos maior flexibilidade para se adequar às novas funções. Num primeiro momento, diz ele, o trabalhador se mostra resistente a mudanças e à redução da remuneração. Mas com o passar do tempo e o afastamento do mercado, ele começa a ser mais flexível. "Nesse momento, ele terá de responder ao empregador por que está há tanto tempo fora do mercado de trabalho."

De Pieri, do Insper, diz que há preconceito por parte das empresas em relação aos trabalhadores que ficam muito tempo sem emprego fixo. "A justificativa é que esse profissional perde habilidade técnica e de liderança." Por isso, completa o professor, é importante manter contato com pessoas do mercado para não se distanciar muito da realidade. É o que tem feito o web designer Wado Cravo.

Sem emprego há mais de dois anos, ele busca os antigos contatos para se manter atualizado e fazer bicos. São os trabalhos esporádicos que têm garantido seu sustento durante esse tempo. Mas o dinheiro só dá para cobrir o básico, diz ele.

"Tive de cortar quase tudo. Hoje, moro de favor na casa da minha filha." Apesar de procurar emprego com frequência e mandar currículos para empresas, ele não tem tido sucesso para se recolocar. "Nunca tinha vivido algo nessa magnitude. A crise está matando muitos profissionais dessa área." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o desemprego cada vez mais alto, é muito comum encontrar pessoas que perderam o trabalho e que estão há um bom tempo em busca de uma oportunidade. Para se ter noção, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de desempregados dobrou nos últimos três anos, passando de 6,623 milhões de desocupados em 2014, antes da crise, para 13,457 milhões em fevereiro de 2017.  

Com isso, a dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho também cresceu. Segundo a secretária Executiva de Trabalho e Qualificação da Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPTQ), Angella Mochel, essa recolocação acaba sendo difícil para muitas pessoas por vários motivos. "A falta de qualificação é um dos maiores problemas que afetam esse retorno. Assim como a preparação para as entrevistas, o currículo, a crise e o comportamento do candidato na hora da seleção", explica Angella.

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A secretária também confirma a existência do surgimento de desempregados há mais de 2 anos nas unidades da Agência do Trabalho. Como o caso de Elizângela Cristina, 29 anos, que não trabalha desde 2015. "Estou parada há dois anos, e de janeiro para cá já coloquei mais de 50 currículos nas empresas", revela a ex-telemarketing, que estava esperando o atendimento na Agência do Trabalhador, na Rua da Aurora, no Recife.

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"Desde que fui demitido, já entreguei currículos em várias empresas e até hoje ninguém me chamou. Estou parado há 1 ano e 5 meses", confessa o caminhoneiro Jean Alves, outro brasileiro afetado pela crise. Para Jessé Barbosa, que é coordenador de Recursos Humanos e Logística da Faculdade Joaquim Nabuco, unidade de Paulista, o caso de Jean é uma das dificuldades que podem atrapalhar, já que na maioria das vezes, esses profissionais acabam entregando o mesmo currículo em várias empresas, e se esquecem de analisar o perfil da vaga e o perfil do contratante.

“É importante que os trabalhadores estejam atentos às adequações que seus currículos precisam passar. Você não pode sair por aí preenchendo-o com tudo que já fez, estudou e trabalhou.  Seu currículo precisa ter assuntos relacionados aquele perfil da vaga oferecida”, explica Jessé.  

O coordenador também evidencia que quem está desempregado precisa aproveitar o tempo da melhor forma possível e o mais interessante seria buscar cursos, e utilizar a internet como mecanismo para alcançar novas oportunidades. “Buscar um aprimoramento na carreira nunca é demais. Há sempre cursos online e gratuitos em várias áreas. Cadastros no Linkedin, por exemplo, ajudam nessa questão. Além de sempre manter contato com pessoas e amigos que possam dar indicações. Existem qualificações que não custam nem um centavo e você pode fazer de casa mesmo”. “Outro fator imprescindível é não ficar parado. Você precisa aproveitar este tempo ocioso da carreira para empreender nela. Seja em trabalho voluntário, em um networking, mas tem que dar continuidade à qualificação. Não se pode afastar-se da área só porque está desempregado”, complementa o coordenador. 

  

Qualificação ainda é a melhor saída para a recolocação no mercado (Foto:Divulgação Sebrae)

Além do investimento em capacitações, as Agências do Trabalho espalhadas pelo Estado ajudam na hora desse encaminhamento para as organizações. De janeiro de 2016 a março de 2017, mais de 80 mil pessoas foram encaminhadas em Pernambuco, segundo os indicadores de desempenho do IMO - Intermediação de Mão de Obra, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Quase 24 mil vagas foram oferecidas no período. 

Empreendedorismo

Para muitos brasileiros, a saída tem sido investir no empreendedorismo, uma característica cada vez mais dominante na população. Pesquisa feita pela UnitFour, empresa fornecedora de dados, identificou que o número de empresas abertas em 2016 cresceu 20%, na comparação com o ano de 2015. 

O estudo apontou ainda que a região Norte do País registrou a maior variação de crescimento, com 42%, seguido por Nordeste e Sul, com 28% e 22%, respectivamente, em comparação ao ano de 2015. Já região Sudeste se apresenta como responsável por 50% das aberturas de empresas em 2016, seguida pelo Nordeste, com 19%, e Sul, com 17%. A necessidade de uma fonte de renda após a demissão foi a responsável pelos números apresentados no estudo.  

Mas para quem está pensando em empreender, é importante ficar atento às tendências de negócios, fazer um planejamento e buscar recursos para iniciar as atividades. De acordo com o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Danilo Lopez, 76% das empresas vão à falência por falta de planejamento. 

Vertentes - Ao contrário do que acontece nos países desenvolvidos, onde as pessoas abrem negócios próprios por vocação, sonho ou "oportunidade de mercado", na maioria dos empreendimentos brasileiros, a decisão é motivada também por outros fatores, como a necessidade. E daí, surgem por necessidade, quando o indivíduo não tem outros recursos para se manter e acaba empreendendo de qualquer forma. Consequentemente, no empreendedorismo por oportunidade há planejamento. "Nos dois casos, ambos empresários querem a mesma coisa, mas quem se planeja acaba saindo na frente. Porque mesmo com os perigos, ele já está preparado para buscar outras alternativas". Saiba mais no especial do LeiaJá, "Do problema ao negício".    

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As altas taxas de desemprego fazem com que muitos profissionais busquem se recolocar no mercado após uma demissão e muda a dinâmica de contratações nas empresas. Nesse cenário, é preciso que os empregadores tenham cuidados extras na hora das entrevistas com profissionais que buscam um retorno ao mercado. 

Para Helena Magalhães, sócia de consultoria para recrutamento de executivos da People Oriented, a estimativa é que "uma contratação errada custe a uma empresa pelo menos três vezes o salário gasto com esse profissional. Isso sem considerar os aspectos intangíveis como clima, motivação da equipe, entre outros". Confira as dicas da especialista para acertar na contratação de profissionais que buscam recolocação: 

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Busque referências

Em um contexto de alto desemprego é essencial conhecer o candidato através de uma rede de contatos do contratante e não por referências indicadas pelo candidato. "É importante não se contentar com uma resposta genérica do profissional de que seu desligamento ocorreu devido ‘à crise’. Na maior parte das vezes, esse é apenas um dos motivos e não o principal. É recomendável ligar para a antiga empresa e buscar referências, até mesmo com a área de Recursos Humanos se não tiver nenhum contato na companhia”, afirma Helena. 

Confirme se o interesse é duradouro

É normal que em épocas de alto desemprego pessoas que não estão trabalhando aceitem 'qualquer emprego' para voltar a ter um salário. "Quando o profissional precisa se recolocar rapidamente, às vezes aceita trabalhar em áreas ou ambientes que não tem tanto o seu perfil, ou mesmo longe demais de casa. É uma equação que dificilmente dá certo a longo prazo", afirma a sócia da People Oriented, que completa: “analisar o grau de interesse depende muito da sensibilidade do entrevistador; é necessário ler as entrelinhas da entrevista”. 

Evite grandes reduções de salário 

Para a especialista, não é recomendado que as empresas nivelem os salários por baixo para aproveitar a oferta de mão de obra mais barata pela ânsia de voltar a trabalhar. Helena aconselha os empregadores a manter, no mínimo, a remuneração que o profissional recebia no seu antigo posto. “Além de diminuir a motivação, pagar menos do que o patamar anterior cria uma sensação de que a relação entre empregador e empregado é abusiva. Em épocas de inflação alta, manter a mesma faixa de um cargo no ano anterior já é uma redução". 

Avalie o perfil cultural e comportamental 

Não é só a formação e habilidade técnica que determina o sucesso de uma contratação. Os empregadores precisam avaliar se do ponto de vista comportamental e cultural existem indícios de que se está fazendo uma boa escolha: “Isso não significa estabelecer parâmetros de candidatos melhores ou piores com base nesses critérios, mas sim de afinidade e adequação à vaga. Já existem vários testes para avaliação de perfil”, comenta Helena. 

Aprender a gerenciar a própria carreira é o ponto de partida para se tornar um profissional requisitado pelo mercado de trabalho. De acordo com Bruno Cunha, "headhunter" (profissional encarregado pelas empresas de encontrar pessoas com o perfil da vaga disponível) há 12 anos, antes de buscar uma recolocação é preciso estabelecer uma meta e o caminho a ser percorrido até chegar no posto pretendido. Muito além dos currículos entregues e das fichas preenchidas nos departamentos de recursos humanos das empresas, é preciso saber como fazer promoção da própria imagem e de suas habilidades profissionais.

Entre os problemas que os candidatos têm para vender sua própria imagem, Bruno revelou quais os principais que precisam ser trabalhados:

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Desconhecer o próprio perfil - Em geral, as pessoas não sabem explicar muito bem em entrevistas ou no currículo quais as atividades que podem desempenhar, isso implica na perda de oportunidades;

Omitir talentos - Muitos profissionais não sabem identificar e enumerar os próprios talentos, o que é um erro grave e limita a procura por recolocação;

Aceitar um emprego “no desespero” - Assinar um contrato para uma vaga aleatória por julgar que vai conseguir desempenhar as tarefas relativas ao cargo pode ser uma auto sabotagem, verifique com antecedência o que terá de executar para ver se se encaixa, de fato, no posto pretendido;

Salários fora do padrão - Propor uma remuneração muito acima ou muito abaixo do mercado pode te excluir da disputa pela vaga. A maioria das empresas mede o nível de conhecimento do mercado a partir dessa solicitação;

Currículo mal elaborado - Clareza e organização, isso é tudo que compõe um bom currículo. O resumo da sua carreira não deve conter excesso de informações, mas também não devem faltar dados que deixem o avaliador com a sensação de que você não quer a vaga;

Jogo de cintura na hora da entrevista - Entra nesse quesito, mais uma vez, o autoconhecimento: é preciso saber qual o seu talento, ter uma boa postura, saber abordar os temas propostos durante a entrevista, treinar bem a oratória, a persuasão e ter empatia. Saber se expressar é fundamental;

Networking - Uma rede de contatos da área em que se trabalha é essencial para ter acesso as melhores vagas, saber como funcionam as empresas e se você se encaixa no perfil. Não é preciso ser amigo de todos, mas é necessário saber se relacionar com todos os tipos de personalidades.

Por Wagner Silva

Um levantamento realizado pela Page Personnel, empresa da área de recrutamento, revelou os 11 cargos mais difíceis para os profissionais se recolocarem no mercado. De acordo com o estudo divulgado nesta quarta-feira (1º), os trabalhadores chegam a ficar até um ano sem conseguir voltar a atuar.

Segundo a pesquisa, a função de supervisor de obras encabeça a lista. Com uma média salarial que varia de R$ 7 mil a R$ 15 mil, profissionais dessa área, após perderem ou deixarem o emprego, levam em média de seis a 12 meses para voltar a trabalhar.

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O ramo da engenharia também está na relação. Engenheiros de projetos industriais passam, em média, seis meses para se recolocar no mercado de trabalho. Nessa função, os salários chegam a R$ 11 mil.

“Vagas congeladas ou fechadas, processos de contratação mais longos e mais profissionais disponíveis no mercado. Esse cenário está impactando diretamente nas ofertas de trabalho neste ano. Como há mais pessoas à procura de emprego e menos vagas abertas, o tempo de recolocação se tornou maior. São casos onde a espera pode levar de seis meses a um ano. Isto não acontecia desde 2009”, destaca o gerente executivo da Page Personnel, Ricardo Ribas, conforme informações da assessoria de imprensa.

Veja a seguir as 11 profissões que os trabalhadores encontram mais dificuldades para retornar a atuar: 

Supervisor de obra

Salário: R$7.000 a R$15.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses a 1 ano

O que faz: acompanhamento da obra, supervisionando todas as etapas da obra.

Setor: construção civil - especialmente obras residenciais

Motivo: O setor imobiliário passa por um momento de diminuição de novos lançamentos, frente ao grande volume de obras já lançadas e alta taxa de vacância. Este cenário é muito impactado no setor residencial, que envolve o consumidor final. 

Engenheiro de projetos industriais

Salário: R$8.000 a R$11.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: coordenação de projetos dentro do portfólio de investimento da empresa, incluindo reformas, ampliações e readequações de infraestrutura

Setor: industrial

Motivo: devido ao cenário econômico atual, a indústria passa por uma queda acentuada de investimentos em bens de capital e ampliações pelo recuo das atividades de produção. Neste momento as empresas estão sendo mais cautelosas frente a lançamentos de novos produtos e até mesmo ampliações de linhas, priorizando a aplicação de capital em áreas como manutenção e processos. 

Profissional de comércio exterior

Salário: R$3.000 a R$6.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses - 1 ano.

O que faz: lida com processos de comércio exterior, documentação e garantia de entrega / recebimento do produto desde a origem ao destino final.

Setor: indústria

Motivo: momento da indústria nacional com baixa demanda de produção / redução de linhas

Analista sênior / coordenador administrativo financeiro

Salário: R$6.000 a R$8.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: supervisiona e coordena rotinas financeiras de tesouraria, podendo ter gestão sobre áreas de TI, RH e Facilities.

Setor: indústria e serviços

Motivo: englobando atividades em diversas áreas, esse profissional é um braço de confiança de pequenas e médias empresas; com isso, a escolha pode demorar mais ou vir através de uma indicação pessoal.

Analista Contábil Pleno

Salário: R$3.500 a R$5.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: operacionaliza rotinas contábeis como análises, classificações e conciliações, ajudando na composição de balanços e balancetes.

Setor: Indústria e serviços

Motivo: apesar de ser um dos cargos com maior demanda na área de finanças, a falta de boa qualificação e um segundo idioma dificulta a recolocação desse profissional.

Gerente de vendas

Salário: R$7.000 a R$12.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: supervisiona equipe de vendas, se envolve em negociações com grandes clientes, análise de vendas.

Setor: indústria e serviços

Motivo: estruturas hierárquicas com menos posições gerenciais.

Analista/coordenador de marketing

Salário: R$4.000 a R$8.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: profissionais que cuidam de comunicação interna ou externa.

Setor: indústria e serviços

Motivo: marketing é sempre uma área afetada no momento de retração de mercado, as áreas de produtos e mais analíticas se mantém nesses momento, mas a área de comunicação sempre é mais comprometida.

Secretária executiva

Salário: R$6.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: assessoria aos executivos. Suporte em questões como: controle de agenda, logística de viagem, resolução de questões particulares e familiares, tradução de materiais e participação em reuniões.

Motivo: as empresas fizeram uma forte reestruturação em todas as área e a área de secretariado foi igualmente prejudicando. Secretárias acumularam funções de outras, passando a assessorar de 2 a 3 executivos e com isto as demais ficam no mercado, que não oferece muitas oportunidades para estas profissionais.

Analista de suporte

Salário: R$ 3.000 a R$ 4.500

Tempo médio de recolocação: 5 meses

O que faz: atendimento e resolução de chamados, contato com o usuário, registro de chamadas (em inglês), resolução de problemas técnicos e operacionais.

Setor: consultorias de grande porte

Motivo: por mais que grandes empresas tenham um volume alto demandado de profissionais de suporte, a grande maioria delas para aumento de eficiência tem buscado profissionais com espanhol e inglês fluentes, o que dificulta a facilidade de profissionais sem um segundo idioma em se recolocar.

Gestor de TI

Salário: R$ 7.500 a R$ 10.000

Tempo médio de recolocação:6 meses

O que faz: gestão e negociação de contratos de fornecedores, gestão de terceiros e parceiros, gerir a área de TI, interagir com outras áreas para assuntos estratégicos, propor melhorias na área, conduzir projetos de tecnologia, identificar e administrar riscos.

Setor: todos os segmentos

Motivo: como são profissionais com a remuneração mais elevada e de perfil mais estratégico, as empresas tem demorado um pouco mais na tomada de decisão no momento em contratar esses profissionais.

Analista de recrutamento e seleção

Salário: R$3.000 a R$5.000

Tempo médio de recolocação: 6 meses

O que faz: análise de currículos, entrevistas por competências, divulgação de vaga, alinhamento das posições em aberto com seus respectivos gestores, testes comportamentais.

Setor: em todos os segmentos

Motivo: o mercado está mais cauteloso para contratações, com isso a área de recrutamento é diretamente afetada, pois se o mercado não está em busca por profissionais está área nas empresas fica mais ociosa e revela menos importância.

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