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Janeiro é considerado o mês de conscientização sobre a saúde mental e também marca o período de reflexões sobre a importância da visibilidade trans. Dois temas que estão intimamente relacionados. Segundo o Atlas da Violência de 2023, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados de 2020 e 2021, houve um aumento de 9,5% na violência física e de 20,4% na violência psicológica contra esse grupo no Brasil nos últimos anos.

Ao olhar para o perfil das vítimas de violência, os dados indicam que a população negra é a mais impactada. Veja:

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Entre mulheres trans

Negras: 58%

Brancas: 35%

Entre homens trans

Negros: 56%

Brancos: 40%

Entre travestis

Negras: 65%

Brancas: 31%

Para Jovanna Baby, um dos principais expoentes do movimento trans no Brasil e fundadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FonaTrans), é fundamental olhar para a questão da raçaao falar sobre violência contra pessoas trans. "Dados mostram que mais de 78% da população trans brasileira é preta", comenta. "E, dos casos de transfeminicídio no Brasil, a maioria tem o recorte racial", afirma.

Violências de todos os tipos

O advogado Júlio Mota, pós-graduado em Processo Civil pela PUC-Minas e em Relações de Gênero e Sexualidade pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), observa que vários tipos de agressões estão presentes na vida de uma pessoa trans - vão desde o desrespeito ao nome social ou à identidade de gênero até à recusa de empregá-la por ser transexual ou travesti.

"A discriminação está em todos os contextos: familiar, profissional, escolar. E tudo isso contribui para que pessoas trans sejam colocadas à margem da sociedade sem conseguir, inclusive, acessar direitos básicos", ressalta o advogado, que também é fundador do Transtornados, o primeiro time de homens trans e pessoas não binárias de Juiz de Fora (MG).

Para Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), muitas vezes o adoecimento mental dessa população começa dentro de casa, entre a família - e a religião costuma ser o pano de fundo.

"Grupos que poderiam pregar que a religião é o amor, o perdão e a compaixão, não fazem isso. Eles atacam diretamente as pessoas dentro das suas individualidades", afirma. Todo esse cenário contribui para a solidão e o isolamento dessa população.

Transfobia e a repercussão na saúde

A transfobia - como é chamada a gama de comportamentos discriminatórios contra quem é trans - tem um impacto importante na saúde dessas pessoas. O primeiro ponto de atenção diz respeito ao bem-estar emocional.

"A transfobia adoece e mata e há uma insuficiência de dados acerca de nossa população no que se refere à saúde. Devido aos processos de exclusão e preconceito, como acontece com todas as minorias, a saúde mental de nossa população é extremamente afetada", analisa Sayonara Nogueira, secretária de comunicação da Rede Trans Brasil.

O 1° Mapeamento de Pessoas Trans do Município de São Paulo, conduzido pelo CEDEC (Centro de Estudos de Cultura Contemporânea) em parceria com a SMDHC (Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania do Município de São Paulo), mostrou que os principais motivos que levaram pessoas trans a buscar tratamento psicológico ou psiquiátrico incluem a depressão (47%) e ansiedade associada a nervosismo e estresse (25%). Na sequência, vem procedimentos cirúrgicos de redesignação sexual, tanto antes quanto depois (12%), e condições como bipolaridade e esquizofrenia (10%).

Mas, também devido à transfobia, a procura por apoio de profissionais de saúde não é algo tão simples entre pessoas trans. Isso porque o estigma e preconceito frequentemente afastam essa população dos consultórios. Com isso, há atraso no diagnóstico e no tratamento dos mais variados tipos de condições médicas, não só as psiquiátricas.

Nesse mesmo levantamento, 45% da população trans expressou carência ou insegurança em relação a algum tipo de acompanhamento médico especializado. Entre as especialidades que mais fazem falta para o grupo estão endocrinologia (46%) e psiquiatria/psicologia (23%). Os motivos têm a ver com o desrespeito à identidade de gênero, a hostilidade dentro dos hospitais, além da percepção de que os profissionais são mal informados e insensíveis em relação a necessidades específicas do grupo.

"Falta essa dimensão onde o Estado, instituições privadas e pessoas físicas se engajem, de fato, na construção de políticas para a garantia da nossa saúde mental e da vida, porque a perda da vida é uma consequência de todo um processo de adoecimento e de violação da população", analisa Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia Social do Trabalho e das Organizações e presidente da Associação Brasileira de Estudos da Transhomocultura (Abeth).

Avanços importantes

O psiquiatra e psicanalista Bruno Branquinho, do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), ressalta que a retirada da transexualidade da lista de transtornos mentais e a equiparação da LGBTfobia ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal foram conquistas relevantes.

"Até 2018 e 2019, os manuais de diagnóstico da saúde ainda continham o termo 'transexualismo'. Hoje, nós já falamos de transexualidade, pois sabemos que isso não é uma patologia e, sim, uma identidade de gênero", conta. "Portanto, acho importante também (notar) o avanço da discussão. Hoje em dia, fala-se muito mais (sobre o assunto) e as pessoas conseguem mais informações para entender a sua própria identidade de gênero e sexualidade."

O valor dos grupos de acolhimento

Uma saída para o enfrentamento das distintas violências que atingem a população trans e travesti está nos chamados grupos de acolhimento ou casas acolhedoras de pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros,Transexuais, Queers e Intersexuais).

Para Marco José de Oliveira Duarte, professor da UFJF e um dos co-fundadores do Centro de Referência LGBTQI+, pessoas trans devem ser acolhidas cuidadas por equipes fixas e permanentes. Mais, acima disso, ele acredita que o atendimento deve ser realizado por seus pares. "Particularmente no debate da atenção psicossocial, discordo de ter pessoas que não sejam LGBTs para nos atender, porque vivemos coisas que você não vai aprender nos livros, na clínica escrita, essa clínica da experiência".

Outro programa que tem trabalhado no acolhimento e no apoio à população trans é o "Fala Trans". Criado em 2018, o projeto de extensão da Faculdade de Psicologia da UFJF tem a missão de não apenas oferecer um ambiente seguro e inclusivo como também desempenhar um papel crucial na promoção do bem-estar dessa comunidade.

Segundo a psicóloga Alinne Nogueira Coppus, professora na UFJF e coordenadora do projeto, a ideia é oferecer suporte emocional e endereçar as diversas necessidades enfrentadas pela população. "Muitas vezes, as pessoas chegam até nós em um estado de muita fragilidade e angústia, e isso requer cuidado", comenta. Ainda de acordo com ela, o propósito fundamental é auxiliar as pessoas trans a se aceitarem e se enxergarem como indivíduos dignos de respeito e cuidados.

*Esse conteúdo foi produzido com o apoio do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS)

Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda-feira (23) mostram que 60,5% das mortes em decorrência da Aids no Brasil em 2021, dado mais recente, foram de pessoas negras. A pasta voltou a publicar o "Boletim Epidemiológico da Saúde da População Negra", que não era atualizado desde 2015. O documento mostra que esse grupo da população é o mais vulnerável a doenças.

A análise leva em conta dados da série histórica que vai de 2011 até 2021 sobre a incidência da Aids no Brasil. Nesse período, o porcentual de negros - que incluem as populações autodeclaradas pretas e pardas - vítimas da Aids passou de 52,6% para 60,5%.

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A quantidade de casos notificados entre os negros cresceu ainda mais ao longo dos anos, com um aumento de 12 pontos porcentuais, passando de 50,3% do total de casos em 2011 para 62,3% em 2021.

O boletim mostra ainda um quadro crítico da incidência da Aids em gestantes: quase sete em cada 10 grávidas (67,7%) diagnosticadas com HIV são negras. Desde 2000, a notificação de gestantes com HIV é obrigatória no país na tentativa de frear a chamada "transmissão vertical", que ocorre da mãe para o bebê. Os dados mostram, no entanto, que é preciso fortalecer essa estratégia.

A incidência da Aids entre os negros é ainda maior quando considerados os mais jovens. Entre as pessoas de 14 anos com detecção da doença, 71,2% são negros. Essa proporção vai caindo nas faixas etárias superiores.

A Aids é considerada uma doença "socialmente determinada", ou seja, associada à exclusão, o que indica a vulnerabilidade da população negra em diversos aspectos sociais. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é preciso levar em conta esses aspectos para promover acesso à saúde entre essa população.

"Todas as doenças têm interferência do que chamamos de determinantes sociais e também determinantes ambientais. Não só as doenças infecciosas, mas também diabetes, as doenças cardiovasculares. Então, é muito importante prestarmos atenção que a qualidade da saúde e a promoção da saúde passam por uma visão ampla desses aspectos sociais" analisa Nísia.

Durante o evento de lançamento do boletim, as autoridades do Ministério da Saúde classificaram como "inaceitável" os índices de morte por hipertensão entre as gestantes negras. O índice passou de 36,4% em 2010 para 39,7% em 2020.

"Tudo o que o boletim traz de dado é explicado pela persistência do racismo. Mais do que a causa, que creio que precisa sempre ser aprofundada, precisamos trabalhar nas políticas que nos levem a ter de fato a superação do racismo na nossa sociedade, a equidade como um princípio orientador", defende a ministra.

Em abril, o Ministério da Saúde removeu dos campos de notificação do Sistema Único de Saúde (SUS) opção que viabilizava classificar a cor da pessoa atendida no SUS como "sem informação". Com isso, os profissionais de saúde são obrigados a assinalar a raça/cor, o que, de acordo com a pasta, deve melhorar a qualidade dos dados.

Notificação compulsória de anemia falciforme

A ministra Nísia Trindade anunciou ainda que a pasta publicará uma nota técnica tornando obrigatória a notificação de anemia falciforme. A doença, que é genética, faz com que os glóbulos vermelhos percam seu formato de disco, ficando deformados. Isso leva a problemas de circulação e faz com que os pacientes tenham anemia, dor, lesões e se tornem mais suscetíveis a infecções. A doença é mais comum entre a população negra.

"Essa notificação já existe em vários Estados da federação", comentou Nísia Trindade, lembrando que há maior incidência da doença em Estados como Bahia e Tocantis. "A nossa orientação é para que isso ocorra em todo o Brasil. Já temos ferramentas técnicas para isso, precisamos do registro desses dados para que possamos atuar melhor no cuidado a essas pessoas e (estabelecermos) outras políticas que se fizerem necessárias", explicou Nísia Trindade

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, adiantou nesta quinta-feira (16) que o governo anunciará novas medidas de combate à desigualdade racial no próximo dia 21 de março, quando a criação da Secretaria de Políticas de Promoção para a Igualdade Racial (Seppir) completará 20 anos. A secretaria foi criada no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula Silva, em 2003, após demanda histórica do movimento negro.

Anielle Franco ministrou aula inaugural do semestre letivo na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), na tarde desta quinta-feira, no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro.

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Segundo a ministra, no próximo dia 21 haverá uma comemoração no Palácio do Planalto em que serão anunciadas medidas para aumentar a presença de mulheres negras no serviço público federal; será instituída uma coordenação de saúde da população negra junto ao Ministério da Saúde e também serão tituladas seis terras de povos quilombolas que aguardam a regularização há mais de 20 anos.

"É um processo muito longo a titulação das terras quilombolas. É um processo que vai e volta, e as famílias estão se perdendo. A ancestralidade está lá, mas as terras estão indo embora. A memória dessas mulheres negras e desse povo está indo embora, porque não titula", disse a ministra.

Além de titulações e indenizações, a ministra prometeu ações de educação e cultura ainda junto a comunidades quilombolas nos primeiros 100 dias do governo, e lembrou que esse é um pedido do presidente Lula.

O ministério também anunciará, em parceria com as pastas do Esporte e da Justiça, a criação de um Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo nos Esportes. "É inadmissível o que o Vini Jr. está passando na Espanha, mas o que todo mundo passa aqui também, e a gente sabe como é”.

Marielle

Em discurso a alunos, professores e servidores da ENSP/Fiocruz, a ministra Anielle Franco relembrou os primeiros momentos após o assassinato de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, que completou 5 anos na terça-feira (14).

"A gente não pode esquecer que a Mari foi vítima de um feminicídio político", disse a ministra. "Eu jamais vou perdoar. Nunca vou perdoar terem olhado para aquela mulher discursando e não terem nunca pensado em ter uma segurança pra ela. Nunca na minha vida eu vou aceitar isso".

Anielle Franco afirmou que somente após um crime cruel como esse houve a noção de que mulheres negras na política também deveriam ter segurança. Ela reforçou que essas mulheres são vítimas de violência política há anos, e que estudos conduzidos pelo Instituto Marielle Franco em 2020 e 2021 mostraram que esses casos são recorrentes.

"A Marielle precisou morrer, ser assassinada do jeito que foi, cruelmente, para que outras pessoas ganhassem segurança privada, carro blindado e tivessem a noção de que as políticas mulheres negras precisam de segurança também, além dos homens brancos".

A ministra também lembrou o momento em que foi convidada pelo presidente Lula para estar à frente da pasta da Igualdade Racial e disse que conversou com outras mulheres negras que são referência em sua vida, como a deputada Benedita da Silva e as ativistas Lúcia Xavier e Jurema Werneck, assim que recebeu a proposta.

"Eu não quero entregar só simbologia. Eu tenho orgulho de ser irmã dela. Mas eu tenho que entregar trabalho", disse.

No dia a dia em Brasília, a ministra disse que ainda é atacada, especialmente no Congresso Nacional, onde outras políticas negras também sofrem ofensas.

"Nenhuma Câmara, nem em Brasília nem em nenhum lugar, é historicamente desenhada para mulheres. A Talíria [Petroni, deputada federal] foi lá com filho no colo e não tinha um lugar para trocar a fralda do menino. Não é desenhado pra gente. A Erika Hilton [travesti, deputada federal] estava lá, lindíssima, mas o tempo inteiro que ela passa e as pessoas afrontam chamando ela de coisas horrorosas. Se eu entro, porque o Executivo tem que construir com o Legislativo e vice-versa, eu sou atacada. Não vai ser fácil a gente reconstruir", disse.

Maioria da população do Brasil, negros e negras representam 56% dos brasileiros. No empreendedorismo, de acordo com um estudo realizado pela plataforma Movimento Black Money, aponta que 51% dos empreendedores são negros. Mesmo assim, devido ao racismo estrutural, esses trabalhadores são colocados em um lugar de pouco protagonismo e, muitas vezes, de invisibilidade.

Na tentativa de ocupar cada vez mais espaços, não apenas no empreendedorismo, a Futuro Black, iniciada em 2021, funciona como banco de talentos, assim como, de fontes profissionais negras. A iniciativa reúne cursos, palestras e consultorias destinada a pessoas negras e tem como principal premissa "não naturalize nossas ausências".

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Em entrevista ao LeiaJá, a Co-fundadora da Futuro Black, Dayse Rodrigues, explica que o banco de talentos, atualmente, contabiliza mais de 400 cadastros com profissionais de diversas áreas. “O banco de talentos não conta apenas com empreendedores. Temos também médicos, tatuadores, fotógrafos, entre outros”.

Após participação de empreendedores cadastrados na Fenahall, no início deste ano, a Futuro Black promove a 1ª feira de afroempreendedorismo de Pernambuco nos dias 7, 8 e 9 de abril. O evento é realizado na Casa Estação da Luz, localizada em Olinda, Região Metropolitana do Recife, e reúne 10 afronegócios, conta com rodas de conversa, lançamento de livro e atrações artísticas. A entrada é gratuita.

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Expositora na feira, Fernanda Mendes se descobriu artesão do barro durante a pandemia. "No início da pandemia, eu trabalhava como auxiliar de farmácia, mas fui demitida e passei um tempo trabalhando, ajudando minha mãe. Comecei com os vasos, muita gente começou a cultivar plantas nesse tempo. Comecei com pouco e , de repente, estava com um estoque", conta Fernanda que descobriu também, no final de 2021, o talento para pintura.

Integrante da Futuro Black desde o início deste ano, Fernanda fala com orgulho sobre a iniciativa. "Aqui é um ajudando o outro. Graças a Deus, é um dando apoio ao outro. A palavra que resume minha participação na Futuro Black é 'gratidão'. É bem gratificante fazer parte desse espaço e estar junto com todos aqui", ressalta.

Fernanda Mendes se descobriu artesão do barro durante a pandemia. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

A maternidade foi a responsável pela a entrada no empreendedorismo de Ana Paula, dona da marca Afromatrena, e Maria de Jesus, do Ateliê Mãos de Fada. Apostando em itens que trazem a essência da negritude, ela também passaram a fazer parte do banco de talentos no início do ano e já sentem a diferença em seus negócios. 

“É um reconhecimento sem igual em todos os sentidos, de quem nos conhece e de quem passa a nos conhecer. Porque até então tudo é para os brancos, tudo só os brancos podem, tudo só nos brancos ficam bonito. E só o que nos resta é, como se diz, é o que os brancos não querem. Isso está mudando e está mudando radicalmente. Estamos tendo espaço, estamos tendo voz e a feira já é uma resposta”, expõe Maria de Jesus à reportagem.

Maria de Jesus (à esquerda) e Ana Paula (direita).  Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

 

O mês de novembro é tradicionalmente designado como o Mês da Consciência Negra. A data em questão levanta reflexões sobre a luta da população negra por melhores espaços na sociedade. Para além de algo pontual, esse pensamento deve ser reforçado a cada dia para que se construa uma sociedade mais inclusiva e diversa, o que só trará benefícios. Especificamente no âmbito do empreendedorismo e do mercado de trabalho, ações afirmativas ainda se fazem necessárias para garantir que as oportunidades surjam para todos.

A comunidade negra representa 56% da população brasileira, o que equivale a 110 milhões de pessoas. Essa enorme parcela demográfica movimenta, anualmente, R$ 1,7 trilhão no país. Apesar de ser maioria, ainda é minorizada, herança de nosso passado escravocrata e de uma cultura racista que os relegou a camadas mais baixas da sociedade. Vivemos uma realidade em que a população negra também é maioria entre os mais pobres e menos favorecidos.

E como mudar esse panorama? Bom, são diversas as formas e se faz urgente que políticas públicas sérias promovam a maior inclusão do negro, principalmente no mercado de trabalho. Para isso, como defensor incansável da educação, penso que esta seja a porta inicial: sem educação de qualidade levada às periferias, não será possível quebrar esse status quo. Ademais, vejo com bons olhos iniciativas da sociedade civil que visam promover o empreendedorismo e o desenvolvimento pessoal e profissional dos negros. O Movimento Black Money, por exemplo, criado pela empreendedora Nina Silva, criou um ecossistema de suporte aos empreendimentos de profissionais negros. São ações como essa que acendem um farol de esperança.

O empreendedorismo representa uma ótima chance de mudança de vida. Foi por meio dele, milhares de brasileiros – inclusive eu – puderam transformar seus destinos. Estimular o pensamento e a atitude empreendedora é uma forma de promover o desenvolvimento da população negra, que, com possibilidades de se desenvolver, poderá ocupar espaços de mais destaque na economia e criar novos negócios. Além disso, quanto maior a participação de todos na roda econômica, mais e melhores soluções para os problemas do dia a dia surgirão.

Temos grandes exemplos de pessoas negras empreendedoras na história, que quebraram a barreira do preconceito e conquistaram grandes feitos. Que o exemplo de luta, trabalho e inovação seja a grande inspiração para os jovens e possamos reconhecer a importância de promover espaços na sociedade em que esses talentos possam se desenvolver, ter vez e voz.

O médico Drauzio Varella e a campeã do BBB 20, Thelma Assis, farão uma "live", nesta quarta-feira (15), para falar sobre os problemas de saúde enfrentados pela população negra no Brasil. A transmissão ao vivo ocorrerá às 18h, abordando problemas físicos e mentais.

A conversa recebeu o título #SaudeNegraImporta. Nela, Drauzio e Thelma, que é médica anestesiologista, vão trazer informações sobre questões de saúde frequentes na população negra, como diabetes, hipertensão e hipertensão.

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De acordo com dados da Política Nacional de Saúde "Integral da População Negra: uma política para o SUS", publicada em 2017 pelo Ministério da Saúde, a população negra representa 67% dos atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS), e 37,8% da população parda ou preta avaliam sua saúde como regular, ruim ou muito ruim.

As taxas de hipertensão e diabetes também são maiores na população negra e as duas doenças são fatores de risco para a Covid-19, agravando os efeitos do vírus. A "live" será transmitida no canal no YouTube de Drauzio.

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Pelo segundo dia seguido, manifestantes tomaram as ruas do Centro do Rio nesta sexta-feira (16), para denunciar o extermínio da população negra e pobre nas favelas cariocas.

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O ato convocado para cobrar do poder público uma investigação minuciosa do assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e de seu motorista Anderson Gomes, também lembrou as mortes do pedreiro Amarildo, na Rocinha, e de Claudia Ferreira, que foi arrastada por uma viatura da PM. Ambos os crimes aconteceram em 2014 e tiveram policiais militares envolvidos.

A informação de que o lote de munições usado na execução da parlamentar foi adquirido pela Polícia Federal e que grupos da milícia da Zona Oeste do Rio são suspeitos de serem os mandantes motivou a militância a seguir pedindo o fim da intervenção militar no Rio e a desmilitarização da polícia.

Com velas acesas em punho, o grupo marchou da Assembleia Legislativa (Alerj) em direção à Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, onde Marielle cumpria o mandato conquistado na última eleição.

Nem a chuva forte que começou a cair foi capaz desmobilizar o grupo, que continuou gritando palavras de ordem sem represália das forças policiais. “É fácil saber que quando eles [a PM] são os culpados eles não querem dar a cara, são uns cocardes. E como eles são os culpados pela morte dessa mulher negra, favelada e sapatão, então eles não querem estar presentes”, ratificou Indianare Siqueira, do PSOL, e amiga de Marielle.

Um novo ato será convocado para a próxima segunda-feira (19).

"Bateram nele com um grande tronco [...]. Eu ouvia os ossos dele quebrando". Debbie Turner conta no lar de idosos onde vive a lenta agonia de seu marido, que foi espancado por agressores negros até a morte em sua fazenda da África do Sul.

Robert "Oki" Turner, um fazendeiro branco de 66 anos, passou a engrossar há seis meses a longa lista de vítimas de um dos legados envenenados do apartheid, os "assassinatos de agricultores". Um quarto de século depois do fim do regime segregacionista, o país vive uma situação de violência, fracassos econômicos e divisões raciais.

"Até quatro ou cinco anos atrás vivíamos felizes" em uma fazenda nas montanhas de Limpopo (nordeste), recorda Debbie. Mas a violência extrema das grandes cidades se estendeu às províncias, com assaltos, tomadas de reféns e execuções, às vezes em troca de resgates ridículos, como uma caçadeira ou um aparelho de telefone. No último 14 de junho, foi a vez dos Turner. Em plena noite, homens armados irromperam em sua fazenda.

'Não me estuprem'

"Arrastaram-me para dentro da casa, colocaram-me debaixo do chuveiro e queriam me estuprar", conta a sexagenária. "Eu disse a eles: 'Tenham piedade, não me estuprem, tenho aids'". Os assaltantes arrastaram depois "Oki" para o lado dela e lhe deram uma surra, antes de roubar milhares de randes do cofre.

Robert Turner morreu pouco depois, no hospital. A cada ano, dezenas de agricultores brancos morrem na África do Sul de forma violenta, embora não existam estatísticas detalhadas sobre estes crimes. A ONG AfriForum, porta-voz da minoria branca (9% da população), fez deste um de seus principais combates.

"A África do Sul é um país muito violento", reconhece o vice-presidente da organização, Ernst Roets. "Mas estes ataques também têm uma causa política. Alguns dirigentes predicam o ódio contra os fazendeiros brancos e os acusam de todos os males".

Em sua mira está Julius Malema, chefe da esquerda radical que exorta a "tomar a terra" dos brancos, e o presidente, Jacob Zuma, que em 2010 entoou o cântico revolucionário "atirem no fazendeiro, atirem no boer (descendente de colono holandês)". A agricultura sul-africana continua controlada, em grande parte, pelos descendentes dos colonos. Os agricultores brancos possuem 73% das terras, segundo um estudo recente.

Mesma condenação

Em um contexto de desemprego maciço, florescem os chamados à "transformação radical da economia" em benefício dos negros. "Os negros acreditam que roubamos o país deles", aponta o agricultor Gerhardus Harmse. "Mas fomos nós que o construímos".

Esta posição extremista é muito ativa. No final de outubro, seus partidários provocaram um escândalo ao mostrar a antiga bandeira da África do Sul em manifestações nas que os fazendeiros brancos pediam ao governo medidas concretas de proteção.

O ministro da Polícia, Fikile Mbalula, negou-lhes qualquer tratamento privilegiado em um país onde a cada dia morrem 52 pessoas devido à violência, em sua maioria negros. "O assassinato de qualquer sul-africano deve ser condenado da mesma forma", afirmou.

Os agricultores negros também sofrem com a insegurança, mas resistem a se unir ao combate de seus colegas brancos. "Não aceitamos que alguns utilizem seu status de agricultores para difundir um discurso de extrema-direita", explica Vuyo Mahlati, presidente da Associação de Agricultores Africanos (Afasa).

Ao se considerarem abandonados pelo governo, muitos agricultores brancos garantem sua segurança com seus próprios meios, às vezes patrulhando durante a noite, armados com pistolas. "É preciso se proteger. [...] Queremos estar tranquilos", justifica Marli Swanepoel, de 37 anos, dono de uma fazenda isolada em Limpopo.

Outros se recusam a ceder perante o medo, como Hans Bergmann, assaltado uma manhã por homens armados que atiraram em seu pé e esvaziaram seu cofre. "Vieram pelo dinheiro. [...] Todo mundo acha que os agricultores são ricos", diz este sexagenário. Mas "não vou começar a me trancar. A vida é assim".

A alta taxa de homicídios de jovens negros levou o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) a protocolar denúncia contra o Estado brasileiro em relatorias do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

A denúncia foi formalizada em 22 de agosto e divulgada hoje (29), no aniversário de um ano do fórum, que reúne movimentos em defesa da igualdade racial, como a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa).

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A denúncia tem como principal base o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Assassinato de Jovens, do Senado, finalizado em 2016. Na página 145, o documento afirma, em sua conclusão, que a comissão, desde o início, "se deparou com uma realidade cruel e inegável: o Estado brasileiro, direta ou indiretamente, provoca o genocídio da população jovem e negra".

A expressão genocídio aparece já no capítulo 1 do relatório, cujo título é O genocídio da população negra. "É a que melhor se adequa à descrição da atual realidade em nosso país com relação ao assassinato dos jovens negros", diz o texto.

Advogado do fórum, Daniel Teixeira argumenta que o Estado assumiu a existência do genocídio ao produzir o documento. "Textualmente, o Estado Brasileiro, por meio de uma de suas casas legislativas, reconhece que há um genocídio em curso contra os jovens negros", disse. "É tão naturalizada essa situação dos jovens negros, que é um dos únicos casos na história em que o próprio país a assume".

Consta ainda no relatório da CPI que um jovem negro é assassinado no Brasil a cada 23 minutos, e que, entre as vítimas de homicídio no país, 53% são jovens, 77% são negros e 93% são do sexo masculino.

A denúncia foi apresentada a diferentes relatorias do conselho: a de afrodescendentes, a de racismo, a de questões de minorias e a de execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais. O texto será avaliado pelas relatorias, que podem pedir esclarecimentos e fazer vistorias no país, além de emitir um posicionamento formal na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos, em março.

A intenção do fórum é gerar pressão internacional para a implementação de políticas que enfrentem o problema, como as que foram recomendadas pelo relatório.

Para Hélio Santos, do Instituto Baobá, uma das entidades integrantes do fórum, só foi possível encerrar a segregação racial na África do Sul com pressão estrangeira.

"Acreditamos que haverá, como na África do Sul, o reconhecimento de um absurdo. Entre os 10 mais ricos, o Brasil é o único de maioria negra. É uma situação avassaladora. A palavra genocida também cabe se pensarmos no impacto demográfico: são 23 mil homens [assassinados por ano], com idade entre 12 e 29 anos. Homens que ainda não procriaram. Durante 10 anos, são menos 230 mil pessoas".

A denúncia endossa as recomendações da CPI no Senado e também traz proposições próprias, como a formulação de um Plano Emergencial de Políticas para a Juventude Negra e uma CPI da Segurança Pública. 

A coordenadora Executiva do Instituto Odara, Valdecir Nascimento, defendeu que é preciso cobrar a responsabilidade do estado, mas também é necessário discutir a falta de sensibilidade da sociedade e da mídia em relação às mortes.

"Precisamos de novas formas de comunicar e implodir o imaginário que a mídia criou sobre a população negra brasileira. Não basta colocar negros na TV se você não implodir esse imaginário racista", disse a coordenadora. Ela criticou a associação constante de periferias e favelas à criminalidade.

"A mídia não consegue enxergar as riquezas dessas comunidades. Ela tem um olhar cotidiano de desqualificação".

Divulgado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Atlas da Violência mapeou que, entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios entre negros subiu 18,2%, enquanto a de não negros caiu 12,2%.

Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério da Saúde, o estudo mostrou que a taxa de homicídios da população negra em 2015 foi quase 2,5 vezes maior que a da população não negra.

O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos, lançou hoje (21), em Brasília-DF, uma campanha publicitária voltada aos cidadãos negros. Com o slogan "O SUS está de braços abertos para a saúde da população negra”, a iniciativa tem como objetivo garantir o atendimento segundo às necessidades das pessoas pretas e pardas.

A população negra representa 54% dos brasileiros e detém indicadores que demostram situações de vulnerabilidade no que diz respeito às doenças crônicas e infecciosas, tais como a anemia falciforme, o diabetes mellitus (tipo 3) e a hipertensão arterial. Em média, cinco mil profissionais de saúde serão capacitados para o atendimento em comunidades quilombolas e em áreas com a maior concentração de pessoas negras para poder identificar as doenças antes que atinjam um estado crítico. 

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De acordo com Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, 29,7% da população branca avalia a própria saúde entre muito ruim e regular. Quando se trata da população negra e parda, esse índice sobe para 37,8%.

O fim do genocídio da população negra será o mote principal de uma vigília que acontece nesta segunda-feira (7), às 16h, no Recife. O evento está sendo organizado pelo deputado estadual Edilson Silva (PSOL), que tem um Núcleo Temático de Negros e Negras no mandato. O ato será na Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, e faz parte, de acordo com a organização, da primeira etapa de uma campanha que tem o objetivo de chamar a atenção sobre a problemática com a realização de intervenções políticas e culturais.  

Na vigília, deve ocorrer um debate com a população sobre os seguintes temas: genocídio da juventude negra, intolerância religiosa, racismo ambiental e racismo institucional. Segundo o Atlas da Violência 2017, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. “Queremos dar uma maior visibilidade a esta problemática, e com a participação da população. A questão exige ações de políticas concretas”, destacou o deputado. 

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Além das discussões, a vigília terá uma roda de capoeira comandada pela mestra Adriana da Luz, do Centro de Capoeira Luz de Angola. Materiais informativos também serão entregues à população. Além da Boa Vista, a vigília também passará por outros locais da Região Metropolitana do Recife, como os bairros do Ibura e Várzea, a comunidade do Bode (Pina) e em Camaragibe.  

Pernambuco deve ganhar políticas em prol da população negra. Nesta quinta-feira (9), o governador Paulo Câmara divulga um pacote com cinco ações em favor dos negros que vivem no Estado, como reforço da política de igualdade racial em terras pernambucanas.

Para a divulgação das ações, será realizada, às 17h, no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, uma solenidade que integra a programação oficial do Mês da Consciência Negra, comemorado em novembro. Um das ações é o primeiro Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Pernambuco.

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A solenidade também marca a criação, a partir de decreto, do Grupo de Trabalho para construção do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI). Seu objetivo é elaborar atividades e soluções para combater práticas racistas em Pernambuco. Além disso, a Caminhada de Terreiros passará a ser, oficialmente, o evento de abertura do Mês da Consciência Negra.

 

 

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinou nesta segunda-feira (1º) que as políticas, programas e projetos desenvolvidos pela pasta contemplem ações de estímulo à inclusão da população negra no mercado de trabalho. As medidas estão previstas no Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010).

A lei de 2010 estabelece, entre outros atos, que o Poder Público estimule, por meio de incentivos, a adoção das mesmas ações pelo setor privado. Ações afirmativas para mulheres negras também devem ser asseguradas, assim como a promoção de ações para elevar a escolaridade e a qualificação profissional em setores da economia que têm alto índice de ocupação por trabalhadores negros de baixa escolarização.

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Cabe ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formular as políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orientar a destinação de recursos para seu financiamento.

Segundo o MTE, a iniciativa faz parte do esforço para garantir à população negra a efetiva igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

A portaria do MTE foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (1°).

Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pernambuco é considerado o estado brasileiro com maior orçamento destinado a polícias públicas voltadas às mulheres. Referente ao ano de 2012, o levantamento confirma que o estado investiu R$ 21,7 milhões e obteve a melhor média do país (R$ 4,61 por mulher). 

Os dados foram divulgados pela Secretaria da Mulher de Pernambuco nesta segunda-feira (17). Vários estados ficaram com o valor médio abaixo de R$ 1, como são os casos do Pará, pior colocado do ranking (média de R$ 0,02 por mulher), Rio de Janeiro (R$ 0,12), Ceará (R$ 0,15), Rio Grande do Sul (R$ 0,64) e Bahia (R$ 0,80). 

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Outra comparação na qual Pernambuco figura como primeiro colocado foi sobre o valor investido nas políticas do setor, com base em cada R$ 1 milhão do orçamento. O estado lidera o ranking com R$ 197,18 para cada milhão. O “lanterna” da tabela, novamente, é o estado do Pará, com média de R$ 0,65 por milhão. 

Repercussão – Para os movimentos feministas de Pernambuco, o dado é realmente um fato, mas ainda há muito a ser feito. “Reconhecemos o esforço da Secretaria e o estado é realmente o que mais investe, mas isso de uma maneira geral. Pernambuco ainda tem um déficit muito grande quanto às mulheres negras, por exemplo. Não há política consolidada quanto ao enfrentamento ao racismo, ao trabalho. É preciso avançar mais”, afirmou a coordenadora da ONG Cidadania Feminina. 

Também representante da Articulação Negra de Pernambuco, Rejane lembra que o primeiro passo necessário ao estado é assumir que não há política pública para a mulher negra. 

“As domésticas, que hoje são 84% das mulheres negras, não têm seus direitos reconhecidos. Outra exemplo é a comercialização de comida afro, que poderia receber apoio no sentido da economia criativa. Ainda falta muito apoio do Governo e o estado precisa avançar mais”. 

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