Tópicos | PIS-COFINS

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que, em conversas com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo federal avalia a possibilidade de zerar o PIS-Cofins que incide sobre o óleo diesel, em janeiro do próximo ano.

De acordo com o presidente, durante transmissão semanal ao vivo nesta quinta-feira (19), a medida deve ter impacto de R$ 17 bilhões nas contas públicas. Entre as opções para compensar a perda, Bolsonaro destacou a redução de subsídios dados a outros setores. "Temos que reduzir 10% dos subsídios no corrente ano. E quando há redução, há margem para se fazer isso chegar em outro local. Os 10% são da ordem de R$ 15 bilhões. Devemos achar R$ 17 bilhões para tapar um buraco. Faltam R$ 2 bilhões, mas a gente vai se virar", afirmou o presidente.

##RECOMENDA##

Apesar do anúncio, Bolsonaro reforçou que a medida não é certa ainda. "Pretendo! Não vou dizer que vou conseguir, mas conversei com o Paulo Guedes e existe uma chance - não me cobrem porque está em estudo ainda - de zerarmos o PIS-Cofins do diesel a partir de janeiro do ano que vem. Hoje em dia arrecadamos algo na ordem de R$ 17 bilhões. Temos que achar algo compensador para isso, não basta dar uma canetada", afirmou o presidente.

Durante a transmissão, o presidente voltou a cobrar que governadores zerassem também a cobrança do ICMS sobre combustíveis e gás de cozinha. Segundo Bolsonaro, ao menos, o ICMS deveria ter um valor nominal definido por cada Estado.

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou, nesta quinta-feira (24), que o fim da paralisação está condicionada a sanção do projeto de lei que prevê zerar, até o fim de 2018, o PIS-Cofins que incide sobre o óleo diesel. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados e precisa passar por apreciação no Senado antes de ser sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB). 

De acordo com Fonseca, apenas a promessa de votação da matéria ainda hoje não adiantará para os caminhoneiros. “Uma experiência que eu tenho, não neste governo, mas de outros, é que quando não quer resolver nada começa a criar grupos de trabalhos”, declarou o presidente da Abcam, em entrevista à rádio Band News. 

##RECOMENDA##

“Já estamos vacinados contra essas coisas. A medida que precisa ser tomada é esta: tem que acontecer um pronunciamento hoje para o pessoal dar uma aliviada, publicou no Diário Oficial, acabou. Hoje o Diário é eletrônico, não precisa de impressora, não precisa de nada. Dois minutos, pronto.  Está resolvido o problema”, completou José da Fonseca. Ele disse que espera que a situação seja resolvida até amanhã. 

O dirigente da associação informou que o país tem 1 milhão de caminhoneiros parados. Segundo ele, após a retomada dos trabalhos, as atividades devem ser normalizadas em uma semana. 

“Para se normalizar levará uma semana ou mais, tem muitos lugares com veículos carregados, mas até se organizar. Por isso que essa atitude da Petrobras [de  reduzir em 10% o preço do diesel e congelar por 15 dias] não vai ajudar a gente em nada, quando começarmos a atividade a todo vapor já passaram os 15 dias”, argumentou José da Fonseca. 

Ele ainda disse que os caminhoneiros têm outros pleitos, como a recusa de que o preço do combustível seja aumentado diariamente, mas isso será discutido sem paralisação. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prepara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para derrubar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e incluir novamente o ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins. O tema faz parte da agenda própria da Casa que o parlamentar fluminense quer impor depois de rejeitada a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na quarta-feira.

Em março, a maioria dos ministros do Supremo determinou a exclusão do ICMS (imposto estadual que incide sobre mercadoria e serviços) da base de cálculo para a cobrança do PIS (tributo do Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Os tributos, ambos federais, ajudam a financiar a Previdência e o seguro-desemprego. Pelos cálculos da área econômica, a decisão fará com que o governo perca de R$ 20 bilhões a R$ 50 bilhões por ano.

##RECOMENDA##

"É melhor do que aumentar imposto. Não vou dizer que foi (uma decisão) errada (do STF). Mas a decisão errada para Câmara é ter de aumentar imposto. Isso a gente não vai. E se não vai, tem de recuperar os R$ 20 bilhões. Como é que recupera isso? Recolocando o ICMS na base de cálculo", afirmou Maia ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Ele prometeu tentar aprovar a PEC ainda neste ano no Congresso, mas admitiu que essa será uma tarefa difícil, em razão dos prazos regimentais para tramitação da matéria.

Como Maia não pode apresentar projetos por ser presidente da Câmara, a ideia é que a Proposta de Emenda à Constituição seja apresentada pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), um dos principais aliados do parlamentar fluminense. "O Supremo entrou em uma questão que já estava pacificada e criou uma instabilidade e prejuízo para Receita Federal de bilhões de reais", disse o deputado amazonense.

Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que o governo estuda aumentar as alíquotas do PIS/Cofins para compensar a decisão do STF e evitar queda das receitas no ano que vem. Para isso, deve enviar ao Congresso uma medida provisória (MP), que teria efeito imediato assim que editada, ou um projeto de lei elevando as alíquotas.

"Aumento de imposto ninguém vota", disse o líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O salmão não está sozinho como "item de luxo" da cesta básica que hoje tem tributação zero, mas é cotado para ter a taxação elevada para engordar os cofres públicos em 2017. Se passar uma lupa na legislação que fixou essa desoneração, a equipe econômica pode encontrar outros itens de basicidade questionável, como o bacalhau, a truta, o atum do Atlântico. E também dez tipos de queijo, como provolone, mozarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota, requeijão, parmesão, queijo fresco não maturado e queijo do reino. Também pagam menos impostos extratos, essências e concentrados de café e preparações à base destes extratos.

Na entrevista que o jornal O Estado de S. Paulo publicou em sua edição de domingo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, cita o salmão como "item de luxo" que foi incluído na cesta básica, sobre a qual a alíquota do PIS-Cofins atualmente é zero, mas que pode ser elevada. E ainda brincou: "outro peixe não serve? Digamos, um robalo?"

##RECOMENDA##

Na realidade, o robalo e o salmão têm mais ou menos o mesmo preço, atualmente na faixa de R$ 50,00 o quilo do peixe fresco inteiro. Nos seis primeiros meses do ano, o Brasil já gastou perto de US$ 200 milhões importando 32 mil toneladas de salmão do Chile, o principal fornecedor do País. Já o robalo é nacional, mas torna-se caro principalmente pelo esgotamento da pesca extrativista no mar.

Segundo as estimativas da Receita Federal, o governo deixará de arrecadar este ano R$ 18,5 bilhões por causa da desoneração de PIS-Cofins da cesta básica. A medida, adotada em 2004, beneficia itens como feijão, arroz, farinha de mandioca, batata-doce e milho além de leite. Também estão na lista massas alimentícias, açúcar, óleo de soja, manteiga e margarina. E produtos de higiene e limpeza, como sabão, pasta de dente, fio dental e papel higiênico.

São desoneradas ainda as carnes bovinas frescas, congeladas ou salgadas, as proteínas de frango e até as carnes de caprinos e ovinos, para respeitar hábitos alimentares de diferentes regiões do País. E todos os peixes - daí a lista de itens nem tão básicos assim.

O salmão, disse Meirelles, é um exemplo pequeno do que pode ser feito para elevar tributos - se for o caso. Ele explicou que o aumento de impostos e contribuições está em estudo, mas constitui o que ele chamou de "Plano C". O Plano A, disse ele, é ajustar as contas públicas com a contenção do crescimento dos gastos públicos e com alguma recuperação da arrecadação. O Plano B, reforçar o caixa com privatizações, securitizações e vendas de ativos. E o Plano C, o aumento dos impostos.

O governo mantém essa possibilidade sobre a mesa, mas sabe que elevar tributos tem repercussões sobre a economia, ainda mais num cenário de atividade econômica ainda fraca. Por isso, a ideia é pesar muito bem o impacto que cada medida na área tributária provocará.

No caso do PIS-Cofins, os estudos para sua elevação vão muito além dos produtos da cesta básica. Mas, para cada setor em que se avalia o aumento, é levado em conta também quanto essa medida representará em aumento de custo para as empresas e, no limite, se ela terá de demitir em função disso. Existem também estudos para uma alta geral do tributo.

O mesmo cuidado é tomado na Cide Combustíveis, outro tributo cotado para subir caso seja acionado o Plano C. Embora seja uma medida de simples implementação pois, diferente do PIS-Cofins, não depende de aprovação pelo Congresso Nacional, o aumento da Cide tem impacto direto na inflação.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando