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Militares das Forças Armadas começaram nesta quarta-feira, dia 3, a inspecionar os códigos-fonte dos sistemas da urna eletrônica. O trabalho deve durar dez dias. Nove oficiais da ativa do Exército, Marinha e Aeronáutica participaram do primeiro dia de atividades na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O TSE autorizou a imprensa a acompanhar parte do processo por cerca de uma hora, do lado de fora da sala destinada à abertura do código-fonte. Os militares ficaram instalados na sala multiuso, no subsolo da Corte, onde todas as entidades fiscalizadoras podem ter acesso às informações, há pelo menos dez meses. Sem fardas, cada um tinha um computador do próprio TSE à disposição para fazer a inspeção visual das linhas de programação com instrução para funcionamento dos softwares.

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Conforme dados do TSE, os militares poderão analisar cerca de 17 milhões de linhas, escritas em linguagem de programação, que são parte dos softwares do ecossistema da urna eletrônica. Inicialmente, os militares pediram prazo para averiguar o sistema eletrônico até 12 de agosto. Os dez dias superam o período solicitado por outras entidades públicas e privadas.

A Controladoria-Geral da União levou cinco dias para realizar o mesmo exame em janeiro, enquanto a Polícia Federal vai averiguar os códigos pelo mesmo tempo, no fim de agosto. O Ministério Público Federal, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Senado Federal usaram três dias cada.

A consulta aos códigos é parte do trabalho de fiscalização das eleições, desenvolvido pela primeira vez pelas Forças Armadas neste ano, a convite da Justiça Eleitoral. Os militares dizem que pretendem colaborar com o aperfeiçoamento do sistema eletrônico de votação e que não agem com viés político.

Superior hierárquico das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro tem feito ataques às urnas eletrônicas. O presidente também alega que eleições anteriores foram fraudadas, algo já investigado e jamais comprovado, inclusive pela Polícia Federal. Ele pressiona o TSE a adotar mudanças de procedimento sugeridas pelos militares, como alterações nos moldes dos testes de segurança das urnas.

A inspeção dos militares iniciada nesta quarta-feira foi acompanhada presencialmente por servidores da Justiça Eleitoral, com os quais os militares se reuniram pela manhã para apresentação das ferramentas disponíveis, entre eles o juiz auxiliar Sandro Nunes Vieira. "Nosso objetivo é conhecer o sistema e estamos focando em algumas partes, no que foi pedido", disse o coronel do Exército Marcelo Nogueira de Sousa, chefe da Equipe das Forças Armadas de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, indicada pelo ministro da Defesa.

A Defesa pediu acesso aos códigos-fonte de quatro sistemas específicos, entre eles os que ativam a apuração, registram o voto na urna e totalização os dados no TSE.

Além deles, também desenvolvia a inspeção Lucas Pavão, representante do PTB, partido que foi autorizado a consultar o sistema nesta semana. Outros dois partidos, PL e PV, chegaram a se reunir no ano passado com técnicos da Corte, mas não inspecionaram os códigos.

Em ofício enviado na segunda-feira, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, pediu em caráter "urgentíssimo" o agendamento do período para trabalho dos militares, em tempo considerado por eles "exíguo". A solicitação foi prontamente atendida pelo presidente do TSE, ministro Edson Fachin.

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, solicitou ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, acesso aos códigos-fonte das urnas eletrônicas. O ofício é classificado pela pasta como "urgentíssimo" e pede a disponibilização dos dados até o dia 12 de agosto. "A fim de possibilitar a realização de procedimentos de fiscalização", justifica o ministro da Defesa.

"Haja vista o exíguo tempo disponível até o dia da votação, solicito que o acesso aos códigos-fonte seja disponibilizado, para a execução do trabalho da Equipe das Forças Armadas de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, na janela de trabalho inicial de 2 a 12 de agosto de 2022", diz o ofício.

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Paulo Sérgio é a ponte entre o presidente Jair Bolsonaro e as Forças Armadas nos ataques sem provas ao sistema eleitoral brasileiro, considerado um pilar do Estado Democrático de Direito. Os militares exigem uma apuração paralela de votos, o que foi negado pelo TSE.

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O governo brasileiro deverá mudar seu representante no Fundo Monetário Internacional (FMI). O conselheiro sênior do Banco Mundial, Otaviano Canuto, será o substituto do economista Paulo Nogueira Batista, atual diretor executivo pelo Brasil e dez outros países no Fundo. De acordo com fontes consultadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o destino de Batista deverá ser o Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Anunciado no ano passado, o banco terá sede em Xangai, na China. O primeiro presidente será indiano e um brasileiro ocupará o comando do conselho de administração.

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Canuto está no Banco Mundial desde 2004. Seu nome chegou a ser cotado para substituir Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda no fim do ano passado. Ele acabou preterido pela presidente Dilma Rousseff, que escolheu Joaquim Levy para dar uma sinalização de austeridade ao mercado. Mais tarde, Canuto também foi cotado para o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas Dilma optou por manter Luciano Coutinho no posto.

Perfil

Paulo Nogueira Batista foi indicado como representante no FMI em 2007 pelo ex-ministro Guido Mantega, de quem é próximo. Economista de posição mais heterodoxa, tem perfil oposto ao do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a quem cabe a indicação ao cargo.

Em seu período no fundo, Batista foi ferrenho defensor de reformas para dar maior participação aos países emergentes na instituição.

Acumulou polêmicas durante sua passagem pelo cargo. Em 2013, se absteve na votação de liberação de novos recursos para a Grécia, à revelia do governo brasileiro. Na época, Mantega teve de sair em defesa de Batista e dizer que ocorreu um "erro de comunicação" entre a pasta e o representante brasileiro.

Em 2010, demitiu a diretora executiva adjunta no Fundo Monetário, a colombiana Maria Inés Agudelo, episódio que levou o governo da Colômbia a pedir explicações ao Palácio do Planalto.

Batista foi professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ocupou o cargo de secretário especial de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e de assessor para Assuntos de Dívida Externa do Ministério da Fazenda nos anos 1980.

Foi ainda chefe do Centro de Estudos Monetários e de Economia Internacional da FGV e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Canuto foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda entre 2002 e 2003. É doutor em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp).

Em seus últimos artigos, Canuto tem defendido temas como políticas de distribuição de renda e desigualdade de renda e maior inserção do Brasil no mercado internacional. Procurado para comentar as mudanças, o Ministério da Fazenda não respondeu até o fechamento desta edição. A reportagem não conseguiu contato com Batista e Canuto.

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