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O Comitê Paralímpico Internacional decidiu nesta sexta-feira permitir que atletas russos participem dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. Os esportistas da Rússia, que vêm enfrentando restrições em diversas competições internacionais desde a invasão do país à Ucrânia em fevereiro do ano passado, poderão disputar o grande evento como atletas neutros.

A decisão foi tomada após votação na assembleia geral do Comitê, realizado nesta sexta em Manama, capital do Bahrein. Por 74 a 65 votos, a entidade decidiu não suspender a delegação russa. Na sequência, os membros do Comitê Paralímpico Internacional votaram, por 90 a 65, a favor de suspender "parcialmente" o país até 2025.

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A entidade alegou que a Rússia foi parcialmente suspensa por causa de "infrações em suas obrigações constitucionais como membro" do Comitê. As mesmas votações terão Belarus como protagonista ainda nesta sexta. O país é o principal aliado da Rússia na invasão à vizinha Ucrânia.

De acordo com o comitê, os russos "estarão elegíveis para participar de forma individual e neutra" na Paralimpíada e outros eventos geridos pela entidade. Pela definição, somente os atletas poderão competir nas provas individuais. As equipes russas foram vetadas das modalidades coletivas, caso do futebol, basquete, vôlei, entre outros.

A decisão, considerada tardia, já deve reduzir por si só a delegação russa na Paralimpíada, uma vez que muitos atletas russos não chegaram a disputar eventos pré-olímpicos e classificatórios nos últimos meses.

A Rússia poderá recorrer desta decisão na corte do próprio Comitê Paralímpico Internacional. O tribunal já havia alterado decisão da entidade, a favor da suspensão, em maio deste ano.

A decisão desta sexta-feira pode abrir precedente para o Comitê Olímpico Internacional (COI), que ainda não se manifestou oficialmente sobre a situação dos russos quanto à participação deles na Olimpíada de Paris-2024.

A contagem regressiva rumo à Paralimpíada de Paris chega a 500 dias neste domingo (16). O evento em solo francês começa em 28 de agosto de 2024 e segue até 8 de setembro, com expectativa de reunir 4,4 mil atletas, em 549 eventos de 22 modalidades.

O Brasil, por enquanto, está assegurado em três delas. A primeira foi o vôlei sentado, que tem a seleção feminina garantida, após o inédito título mundial, obtido em novembro passado, em Sarajevo (Bósnia e Herzegovina). A equipe disputará dois torneios em 2023 que valem vaga para os Jogos: o Campeonato Pan-Americano, em Edmonton (Canadá), em maio, e a Copa do Mundo do Cairo (Egito), em novembro. Como já está classificado, o time brasileiro utilizará as competições, basicamente, como preparação.

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“Tem hora que até eu mesmo não acredito que já conquistamos a vaga e que tem gente ainda correndo atrás. Agora, é treinar para buscar o título”, celebrou Janaína Petit, jogadora da seleção de vôlei sentado.

“Dá uma tranquilidade grande [ter classificado por antecipação], mas um ano e meio passa muito rápido. A gente vai testar [formações e jogadas], mas já tem na cabeça o que queremos. Acho que o time ficará mais forte. Entraremos em igualdade de condições para ganhar a medalha de ouro [em Paris]”, completou o técnico Fernando Guimarães, que também está à frente da seleção masculina, que disputará os dois eventos de 2023 para buscar vaga na Paralimpíada - apenas o campeão se garante.

A participação brasileira em 2024 também está confirmada no goalball masculino, graças à conquista do tricampeonato mundial pela seleção, em dezembro do ano passado, em Matosinhos (Portugal). O esporte é disputado por atletas com deficiência visual (total ou baixa visão) e é o único do movimento paralímpico a não ser uma adaptação de alguma prática “convencional”.

Outra modalidade que tem representação verde e amarela assegurada em Paris é o ciclismo. Em fevereiro, a União Ciclística Internacional (UCI) destinou duas vagas ao Brasil - uma por gênero - por conta da posição do país nos rankings das Américas masculino (líder) e feminino (segundo).

Considerando as três modalidades, o avião do Brasil rumo à Paris tem, neste momento, 20 lugares reservados: 12 para atletas do vôlei sentado feminino, seis do goalball masculino e dois do ciclismo. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) quer classificar, ao menos, 250 esportistas. Na edição de Tóquio (Japão), em 2021, o país teve 259 representantes, incluindo aqueles sem deficiência (atletas-guia de atletismo e natação, o timoneiro do remo, os goleiros do futebol de cegos e calheiros da bocha).

Vagas em vista

Ainda há vagas a serem conquistadas nos outros 19 esportes. Algumas serão definidas este ano, nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago (Chile), em novembro. No tênis de mesa, por exemplo, os campeões das 11 categorias (masculino e feminino) vão à Paris. Nomes como Cátia Oliveira (classe 2), Israel Stroh (7), Sophia Kelmer (8) e Bruna Alexandre (10) têm chances de classificarem via ranking mundial, que será fechado apenas em 2024, mas podem antecipar o passaporte se vencerem o Parapan.

Outra modalidade com disputa de vaga em Santiago é o rugby em cadeira de rodas. O campeão parapan-americano se assegura nos Jogos. A seleção brasileira tenta, pela primeira vez, classificar-se à Paralimpíada sem ser o país-sede. Para alcançar a classificação ainda em 2023, porém, a equipe terá de superar, principalmente, Estados Unidos (prata em Tóquio) e Canadá (onde o esporte surgiu).

“Pensando com os pés no chão, o caminho rumo à Paris é ficar entre segundo e terceiro no Parapan, porque terá um torneio classificatório, entre fevereiro e março de 2024, com oito seleções e três vagas. Nosso plano é chegar a esse classificatório e buscar uma dessas três vagas”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC), José Higino.

Além do tênis de mesa e do rugby, o Parapan definirá vagas à Paris no goalball, bocha, tiro com arco, futebol de cegos e remo. Nestas três últimas, haverá, ainda, possibilidade de vagas por meio de Campeonatos Mundiais deste ano, que também servirão como classificatório para mais quatro modalidades: atletismo, natação, paracanoagem e tiro esportivo.

Diferentemente do tênis de mesa, no qual as vagas dos campeões parapan-americanos são dos próprios atletas, as demais pertencem ao país, que definirá os critérios para convocação. Nos Jogos de Tóquio, por exemplo, o CPB definiu que os medalhistas de ouro nos Mundiais de atletismo e natação de 2019 teriam lugar garantido na Paralimpíada. Os parâmetros para 2024 ainda serão anunciados.

“Eu sou muito ansiosa [risos]. A gente tem que entender que cada passo é um passo. Por isso, temos nossa psicóloga, com quem fazemos um bom trabalho, para chegar bem e calma no Mundial. E aí conseguir essa vaga será consequência do trabalho”, projetou Marcelly Pedroso, velocista da classe T37 (paralisia cerebral), que sonha com a primeira Paralimpíada da carreira em Paris.

A organização da Olimpíada e da Paralimpíada de Paris-2024 revelou nesta segunda-feira seus mascotes. A Phryge Olímpica e a Phryge Paralímpica representam o barrete frígio, um tipo de gorro que tem forte simbologia na França. O barrete remete à Revolução Francesa e simboliza a liberdade.

"Escolhemos um ideal em vez de um animal", disse o chefe do Comitê organizador de Paris-2024, Tony Estanguet. "Escolhemos o barrete frígio porque é um símbolo muito forte da República Francesa. Para os franceses, é um objeto muito conhecido que é um sinônimo de liberdade, um objeto que representará mascotes em todo o mundo. O fato de que a mascote Paralímpica tem uma deficiência visível também manda uma forte mensagem: a promoção da inclusão."

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As duas mascotes são predominantemente vermelhas, com traços em branco e azul, contendo o logo de Paris-2024. Cada "gorro" traz a bandeira da França na altura dos olhos. "Elas são as protagonistas de uma grande tribo, são parte da família de Phryges", explicou Julie Matikhine, diretora de marca de Paris-2024. "De acordo com nossa narrativa, elas existem há milhares de anos e estavam presentes durante vários eventos-chave na história da França".

"Agora elas retornaram para este grande evento na França para liderar uma missão de revolução pelo esporte. O objetivo é mostrar que o esporte pode mudar tudo na sociedade. O objetivo é mostrar que o esporte e seus valores podem fazer grandes coisas. É sobre fraternidade, solidariedade e ajuda a sociedade a crescer", completou.

Historicamente, este tipo de gorro era comum na Ásia, na região onde está localizada a Turquia atualmente. Na época da Revolução Francesa, o chapéu se tornou comum entre as pessoas que faziam parte do movimento em favor da República e que culminou na Tomada da Bastilha, em 1789. O evento marcou o início da Revolução Francesa.

"O barrete frígio tem um significado de habilidade, que todos temos quando atuamos coletivamente para nos levantarmos e trabalharmos juntos por algo melhor", afirmou Matikhine. "Este foi o caso da Revolução Francesa e será o caso dos Jogos de Paris-2024 porque este evento será uma revolução através do esporte."

Em termos práticos, a maior diferença entre a Phryge Olímpica e a Phryge Paralímpica, nas imagens divulgadas pela organização dos Jogos de Paris, é que a mascote da Paralimpíada é um pouco maior e usa uma prótese para corrida na perna direita.

O brasileiro Andrew Parsons será reeleito presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), já que será o único candidato a se apresentar na Assembleia Geral do órgão, que acontecerá no dia 12 de dezembro, em Taiwan.

O dirigente, de 44 anos e nascido no Rio de Janeiro, exerce a liderança do IPC desde 2017. Desde então, o órgão realizou os Jogos Paralímpicos de Inverno de PyeongChang-2018, na Coreia do Sul, e os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020, no Japão.

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Em agosto desde ano, Parsons destacou que sua principal linha de ação é "expandir o movimento paralímpico para todos os continentes, se aproximando dos diversos comitês e federações nacionais. O brasileiro ainda falou da necessidade da realização de programas de cooperação em países com menos recursos financeiros e

da assinatura de um acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI) para traçar um plano estratégico comum, pelo menos, válido até 2032.

Antes de assumir o IPC, Parsons foi presidente do Comitê Paralímpico das Américas, entre os anos 2005 e 2009, e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), entre 2009 e 2017.

Outro candidato único a se apresentar na Assembleia Geral será o neozelandês Duane Kale, atual vice-presidente do órgão, que também concorrerá à reeleição.

A World Para Athletics (WPA), entidade ligada ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) e responsável pelo atletismo paralímpico no mundo, manifestou-se nesta quinta-feira (9) sobre a prova do arremesso de peso da classe F57 da Paralimpíada de Tóquio (Japão). A princípio, a disputa teve Thiago Paulino como vencedor, mas o resultado foi alterado após a China recorrer ao júri de apelação dos Jogos, que invalidou dois arremessos do brasileiro (que ficou com o bronze) alegando infração. O ouro foi para o chinês Goushan Wu.

No comunicado, a WPA diz que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) “requisitou a exibição do vídeo oficial, que embasou a decisão do júri de apelação” e que “representantes do CPN [sigla para comitê paralímpico nacional] do Brasil foram autorizados a fazê-lo na sala de vídeo, na presença do secretário do júri”. O CPB rebateu em publicação no Twitter, pedindo à entidade que apresentasse, “em nome da transparência”, as imagens que comprovam a infração de Paulino, “que até agora não foi esclarecida”.

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A classe F57 da Paralimpíada reúne atletas com deficiência nos membros inferiores e que competem sentados. Segundo a WPA, o recurso da China se baseou na regra 36.3 da prova, que considera o arremesso falho se o competidor “mover-se da posição sentada do momento em que leva o implemento para a posição inicial da prova até o instante que ele toca o solo”.

Antes de acionar o júri de apelação, os asiáticos reclamaram (sem sucesso) com o árbitro da disputa sobre o segundo e terceiro arremessos de Paulino, ambos acima de 15 metros, que foi a marca alcançada por Wu. Com a invalidação, o brasileiro passou a ter 14,77 metros como melhor resultado, ficando também atrás dos 14,85 metros alcançados pelo compatriota Marco Aurélio Borges, que levou a medalha de prata.

De acordo com a WPA, as imagens analisadas foram as da fornecedora oficial de tecnologia do evento, em uma câmera posicionada em frente ao brasileiro, “permitindo uma visão clara do atleta durante o arremesso e a fase de preparação”. Segundo o comunicado, “nenhum outro vídeo foi apresentado pelo CPN da China”.

A nota ainda informa que o veredicto foi anunciado “às 0h22 do dia 4 de setembro” e que um e-mail foi enviado ao CPB avisando do resultado, já que o Comitê “não tinha representante no Centro de Informação Técnica [TIC, sigla em inglês] quando o presidente do júri explicou a decisão”. A manifestação da WPA encerra informando que os brasileiros apresentaram imagens do arremesso de Paulino feitas por um celular na arquibancada e que as mesmas foram analisadas, mas que o júri entendeu não serem suficientes para mudar a posição.

Paulino expressou indignação com o resultado da chegada à saída do pódio, realizado quase 24 horas após a prova. Ao passar pelo centro do tablado, onde fica o vencedor, o brasileiro apontou para o chão. Durante a cerimônia, sinalizou negativamente várias vezes, inclusive ao receber a medalha de bronze.

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Nem mesmo a retirada do ouro de Thiago Paulino horas depois da prova do arremesso de peso terminar fez com que o Brasil não conseguisse bater seu recorde de ouros em uma Paralimpíada. O Brasil conseguiu quebrar sua melhor marca e superar os 21 ouros de Londres-2012 nesta madrugada, graças a conquistas de Fernando Rufino na canoagem e a seleção masculina de futebol de cinco, chegando aos 22 ouros. Também vieram duas pratas e três bronzes no atletismo, um bronze no vôlei sentado, uma prata no tae kwon do e uma prata na canoagem. Confira o resumo completo do penúltimo dia da Paralimpíada.

Atletismo

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O dia começou com revolta: por conta de uma apelação da China, os dois arremessos de Thiago Paulino que superaram Guoshan Wu foram invalidados horas depois e o brasileiro perdeu a medalha de ouro, ficando com o bronze. O Comitê Paralímpico Brasileiro entrou com recurso, que foi negado - o CPB alega não ter tido acesso aos vídeos da suposta infração e não tê-la identificado nas imagens. Na cerimônia do pódio, o atleta brasileiro protestou e demonstrou muita contrariedade.

Ainda no período da noite no Brasil, veio a primeira medalha: Ricardo Gomes foi bronze nos 200m rasos da classe T37 (atletas andantes com paralisia cerebral). Pela manhã, Thalita Simplício ficou com prata na prova dos 200m rasos da T11 (cegos) por apenas quatro milésimos de segundo, mesma prova em que Jerusa Geber foi bronze. Thomas de Moraes e Petrúcio Ferreira repetiram a dobradinha com prata e bronze na prova dos 400m rasos da classe T47 (atletas com parte de um braço amputado).

Futebol de cinco

O Brasil continua sendo o único campeão paralímpico da modalidade e continua invicto. Na final contra a Argentina, a seleção brasileira triunfou por 1 a 0 graças a um golaço de Nonato, artilheiro da equipe na competição, e conquistou a medalha de ouro pela quinta vez.

Canoagem

O Brasil conquistou o primeiro ouro paralímpico da modalidade. Fernando Rufino é campeão paralímpico na categoria VL2 , com tempo de 53s077. O brasileiro liderou a prova de ponta a ponta e venceu a decisão, seguido por Steven Haxton (EUA) e Norberto Mourão (POR).

Depois do ouro conquistado por Fernando Rufino na categoria VL2, Giovane Vieira de Paula foi outro brasileiro a subir ao pódio na canoagem de velocidade VL3. Aos 23 anos, ele fechou a disputa com 52s148, atrás apenas do campeão Curtis McGrath, da Austrália, com 50s537. Stuart Wood, da Grã-Bretanha, com 52s760, completou o pódio.

Tae Kwon Do

Débora Menezes garantiu mais uma medalha para o Brasil n o tae kwon do, modalidade estreante em Jogos Paralímpicos. Na estreia, a brasileira, campeã mundial, derrotou a mexicana Daniela Martinez por 24 a 12. Na semifinal, derrotou a ucraniana Yuliya Lypetska com uma larga vantagem, por 55 a 10. Na final, acabou sendo derrotada pela uzbeque Guljonoy Naimova por 8 a 4, conquistando a medalha de prata.

Vôlei sentado

A seleção feminina demonstrou poder de reação e conseguiu bater o Canadá na disputa pela medalha de bronze. A equipe começou vencendo o primeiro set, perdeu o segundo e estava perdendo o terceiro, mas conseguiu reverter a vantagem de cinco pontos das canadenses. No final, venceu por 3 sets a 1 (25-19, 24-26, 26-24 e 25-15). Já a equipe masculina acabou sendo derrotada na disputa do bronze pela Bósnia, líder do ranking mundial, por 3 sets a 1 (23-25, 25-19, 25-18, 25-11).

Tiro esportivo

Pelas eliminatórias da carabina mista 50m, pela classe SH1, para atletas que conseguem suportar o peso da arma, Alexandre Galgani atingiu 618 pontos, ficando com a 16ª colocação. Como apenas os oito primeiros garantem vaga na final, o brasileiro não avançou.

Tiro com arco

Pelas oitavas de final da competição por equipes mistas no tiro com arco, a dupla brasileira formada por Fabíola Dergovics e Heriberto Roca acabou superada pelo Japão por 5 a 1, finalizando a participação nos Jogos de Tóquio.

Débora Menezes fechou a primeira participação do Brasil no tae kwon do paralímpico com mais uma medalha, uma de prata - foi a primeira vez que a modalidade esteve na Paralimpíada. A brasileira competiu na categoria acima 58kg classe K44 (atletas com amputação unilateral abaixo da articulação do cotovelo).

Na estreia, já nas quartas-de-final, Débora superou a mexicana Daniela Martinez por 24 a 12. Na semifinal, foi amplamente dominante sobre a ucraniana e ganhou por nada menos que 55 a 10. Assim, avançou para enfrentar Guljonoy Naimova, do Uzbequistão, na grande decisão. Na final, a brasileira não conseguiu encaixar os golpes contra a uzbeque e acabou sendo derrotada por 8 a 4 e ficando com a medalha de prata.

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O tae kwon do do Brasil já tinha um ouro e um bronze: Nathan Torquato foi campeão na categoria até 61kg da classe K44, enquanto Silvana Fernandes ficou na terceira colocação na categoria até 58kg classe K44.

O tae kwon do, que faz a sua estreia no programa paralímpico, é disputado por atletas com amputação unilateral do cotovelo até a articulação da mão, dismelia unilateral, monoplegia, hemiplegia leve e diferença de tamanho nos membros inferiores. Débora nasceu com má-formação abaixo do cotovelo direito.

A seleção feminina do Brasil demonstrou grande poder de reação para ficar com a medalha de bronze no vôlei sentado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. As brasileiras triunfaram por 3 sets a 1, parciais de 25/19, 24/26, 26/24 e 25/15.

No primeiro set, o Brasil dominou, se aproveitando muito dos erros do Canadá e do bloqueio e triunfou por boa vantagem. No segundo, o Canadá melhorou no ataque e chegou a abrir 24 a 19 - o Brasil foi buscar o empate, mas as canadenses conseguiram fechar o set em 26 a 24.

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O terceiro set foi fundamental para o triunfo do Brasil: o Canadá chegou a estar vencendo por 20 a 15, mas as brasileiras foram buscar, empataram em 22 a 22 e, por fim, conseguiram fechar em 26 a 24. Com o lado psicológico pendendo para o lado verde e amarelo, o Brasil voltou a dominar o quarto set, manteve uma grande vantagem e venceu por 25 a 14.

Brasil e Canadá já haviam se enfrentado antes em Tóquio: na estreia de ambas as equipes na fase de grupos, as duas seleções fizeram um jogaço, que terminou com vitória brasileira por 3 sets a 2. Na sequência, o Brasil superou o Japão e a Itália por 3 sets a 0. Na semifinal, acabou perdendo para os Estados Unidos por 3 sets a 0, e, agora, levou a medalha de bronze com nova vitória.

A seleção masculina também jogou pelo bronze nesta madrugada, mas acabou derrotada pela Bósnia, prata no Rio e líder do ranking mundial, por 3 sets a 1 (23/25, 25/19, 25/18, 25/11).

Foi por quase nada que a brasileira Thalita Simplício ficou com a prata na prova dos 200m rasos da classe T11 (cegos), no atletismo da Paralimpíada. Quase nada mesmo: a chinesa Liu Cuiqing superou a brasileira em apenas quatro milésimos de segundo para levar a medalha de ouro, em decisão feita através da foto da linha de chegada. Também brasileira, Jerusa Geber ficou com o bronze.

A corrida tinha apenas quatro atletas, já que as competidoras necessitam do guia para correr e eles ocupam os espaços das quatro raias. A prova foi extremamente disputada, com Thalita fazendo o tempo de 24s940, enquanto a chinesa, atual recordista mundial, correu para 24s936. Jerusa chegou em terceiro com 25s10.

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Com o resultado, as brasileiras superam a impressão ruim deixada na final dos 100m rasos. A situação era a mesma: com duas competidoras entre quatro participantes, a lógica era de que ao menos um bronze já estava garantido. No entanto, Jerusa perdeu a corda que a ligava ao guia no começo da corrida e Thalita perdeu a que a ligava ao guia dela no fim, sendo ambas desclassificadas.

"A sensação que eu tinha era que elas iam abrir, mas fomos bem, demos nosso melhor para hoje", comentou Thalita ao SporTV após a conquista da prata.

Aos 24 anos, Thalita Simplício já tem uma prata em Tóquio, na prova dos 400m rasos da classe T11. Jerusa, de 39 anos, já tinha três medalhas paralímpicas: um bronze em Pequim e duas pratas em Londres.

O Brasil completou mais uma campanha perfeita no futebol de cinco nos Jogos Paralímpicos de Tóquio com a vitória por 1 a 0 na final sobre a Argentina. Com o golaço de Nonato, a seleção brasileira venceu os cinco jogos sem ser vazada uma vez sequer e garantiu a quinta medalha de ouro paralímpica no esporte. A medalha também é histórica pois é a 22ª de ouro do Brasil no Japão, garantindo a melhor campanha dos atletas brasileiros numa edição da Paralimpíada.

O resultado significa a manutenção de uma hegemonia do Brasil na modalidade: desde a estreia do futebol de cinco em Jogos Paralímpicos, em Atenas-2004, apenas o Brasil ganhou medalha de ouro. E, mais do que isso: com cinco edições e 25 partidas disputadas, o Brasil continua invicto.

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A Argentina começou levando perigo em cobrança de falta, que o goleiro brasileiro Luan defendeu. O Brasil demorou a entrar no jogo, mas a primeira finalização foi bastante perigosa, com Paraná acertando a trave do adversário. Ricardinho finalizou duas vezes na sequência, levando perigo.

A Argentina teve que substituir o capitão Deldo, que saiu lesionado, e a partida ficou mais travada por alguns minutos. No final do primeiro tempo, Ricardinho chutou uma bola cruzada após cobrança de escanteio, mas a bola passou na frente do gol e não entrou. O primeiro tempo terminou com o 0 a 0 no placar.

No segundo tempo, o Brasil voltou dominando mais o jogo, mas a primeira finalização saiu apenas com cinco minutos jogados, de Paraná. Na sequência, Nonato arriscou e o goleiro argentino fez boa defesa. Na segunda tentativa do atacante, não teve jeito: Nonato driblou o time inteiro da Argentina (literalmente) e bateu de esquerda no alto para marcar um golaço, abrindo o placar.

A Argentina, que não tinha finalizado ainda no segundo tempo, tentou reagir chutou com Espinillo para grande defesa do goleiro Luan. O Brasil respondeu com Paraná, que foi travado no instante antes de chutar quando estava cara a cara com o arqueiro adversário. Paraná teve outra chance, que o goleiro defendeu. Nos minutos finais, a defesa do Brasil segurou bem e não foi ameaçada, garantindo a vitória por 1 a 0 e a quinta medalha de ouro.

Na campanha, o Brasil passou na primeira fase apenas com goleadas: 3 a 0 sobre a China, 4 a 0 contra o Japão e mais 4 a 0 contra a França - este último jogo, já com o time reserva. A Argentina, por sua vez, também teve apenas vitórias: 2 a 1 sobre o Marrocos, 2 a 0 sobre a Espanha e 3 a 0 sobre a Tailândia.

Nas semifinais, o Brasil teve um adversário bastante complicado no Marrocos, que se defendeu bem, e ainda foi atrapalhado pela chuva, mas conseguiu triunfar por 1 a 0 graças a gol contra de Berka. A Argentina derrotou a China por 2 a 0. Na disputa do terceiro lugar, Marrocos goleou a China por 4 a 0 e ficou com o bronze.

O brasileiro Ricardo Gomes conquistou a medalha de bronze nos 200m da classe T37 (paralisia cerebral) nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Ele fechou a prova com o tempo de 22,62 segundos, sua melhor marca da carreira.

O americano Nick Mayhugh garantiu o ouro e bateu o recorde mundial da prova com o tempo de 21,91 segundos. A prata foi para Andrei Vdovin, do Comitê Olímpico Russo (22,24 segundos). O outro brasileiro na disputa, Christian Gabriel terminou na oitava colocação com o tempo de 23,49 segundos.

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Foi a primeira medalha paralímpica de Ricardo na carreira. O atleta de 31 anos sofreu um acidente em 2014 e ficou com sequelas no braço e perna direitos. Ele começou no esporte paralímpico somente em 2019 e estrou em Paralimpíada.

Um pouco antes, na final dos 200m da classe T35 (paralisia cerebral), o brasileiro Fabio Bordignon foi desclassificado por ter pisado na linha do balizamento. Dmitrii Safronov, do Comitê Paralímpico Russo, bateu o recorde mundial da prova e garantiu a medalha de ouro com o tempo de 23,00 segundos. A prata ficou com o ucraniano Ihor Tsvietov (23,25) e o bronze para Artem Kalashian, do Comitê Paralímpico Russo (23,75).

Também ficou fora do pódio o brasileiro Mateus Ramos. Na final dos 100m da classe T36 (paralisia cerebral), ele terminou na sexta colocação com o tempo de 12,32 segundos. O chinês Peicheng Deng garantiu o ouro com a marca de 11,85 segundo, novo recorde paralímpico. A prata foi para o australiano James Turner (12,00) e o bronze para o argentino Alexis Chavez (12,02).

A situação da pandemia de coronavírus continua grave no Japão. A Paralimpíada de Tóquio vem sendo afetada desde antes da primeira prova. Até o momento, 275 casos de covid-19 em pessoas ligadas ao evento esportivo já foram detectados, sendo que duas pessoas foram hospitalizadas e uma dessas era atleta.

Por medida de segurança, a organização dos Jogos não revelou o nome do atleta, modalidade ou país de origem. Apenas garantiu que ele não se encontrava em estado grave. Foi o primeiro caso de atleta hospitalizado, contando Olimpíada e Paralimpíada. Da mesma forma, a porta-voz do comitê organizador local, Masanori Takaya, não revelou a função do outro trabalhador dos Jogos que foi para o hospital, embora tenha garantido que também não era um caso grave de covid-19.

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Mais de 4,4 mil competidores foram selecionados para competir nos Jogos Paralímpicos, que acabam neste domingo, dia 5. Preocupados com a emergência sanitária, os organizadores reforçaram ainda mais o controle dos atletas às medidas de prevenção contra a doença.

A principal medida foi que viajantes de outros países que fossem atletas, membros de delegações ou da imprensa só pudessem frequentar locais autorizados com limite de tempo e em transportes cadastrados dos Jogos Paralímpicos. Na Olimpíada, essas restrições eram válidas apenas durante um período de quarentena de 14 dias, logo após a chegada ao país.

Outras medidas foram a ampliação da testagem entre os atletas e exigências maiores de distanciamento social do que os protocolos seguidos na Olimpíada. As competições também ocorreram completamente sem público.

De acordo com a universidade americana Johns Hopkins, o Japão contabiliza, desde o início da pandemia, 1,5 milhão de casos do novo coronavírus e pouco mais de 16 mil mortes. Nos últimos dias, o país asiático registrou mais de 21 mil casos diariamente, enquanto cerca de 50% da população já recebeu as duas doses da vacina. Cidades como Tóquio passaram a Paralimpíada em estado de emergência.

O brasileiro Luis Carlos Cardoso conquistou, nesta terça-feira (3), (quarta-feira pela manhã em Tóquio) a medalha de prata na canoagem de velocidade na categoria KL1 nas Paralimpíadas de Tóquio, com o tempo de 48s031. O húngaro Peter Kiss confirmou seu favoritismo e ficou com a medalha da ouro, enquanto Remy Boulle (FRA) completou o pódio, com o bronze.

Luis ainda disputa a semifinal do VL2, nesta sexta-feira. O também brasileiro Paulo Rufino já está garantido na final desta categoria.

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Após vencer a bateria na primeira rodada do caiaque KL1, Luis Carlos voltou para a água apenas para a decisão do KL1, sem precisar disputar as baterias semifinais.

O brasileiro largou em bom ritmo, mas foi superado pelo húngaro, que arrancou muito bem e abriu boa vantagem na primeira colocação. Luis buscou uma reação na prova, mas não conseguiu manter a mesma velocidade, terminando na segunda posição.

O brasileiro João Victor Teixeira conquistou a medalha de bronze no lançamento de disco da classe F37 (paralisia cerebral) nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Ele alcançou a marca de 51,86m. O ouro ficou com o paquistânes Haider Ali (55,26m) e a prata foi para o ucraniano Mykola Zhabnyak (52,43m).

Foi a primeira medalha de João Victor em Jogos Paralímpicos. Ele vem de um bom ciclo, onde conquistou medalha de ouro no lançamento de disco e bronze no arremesso de peso no Mundial de Dubai em 2019. No mesmo ano, garantiu a prata no lançamento de disco e no arremesso de peso nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019.

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A conquista de João Victor foi a 56ª medalha brasileira em Tóquio. O País ocupa a sexta colocação no quadro de medalhas, com 19 ouros, 14 pratas e 23 bronzes.

João Victor começou no atletismo convencional na infância. Aos 15 anos, precisou fazer uma cirurgia para a retirada de um coágulo. Depois, passou a sofrer convulsões, que resultaram na paralisia cerebral. Ele tem o lado esquerdo do corpo comprometido. Depois de um ano e meio de recuperação, ele voltou para o atletismo, mas agora no paralímpico.

Atletismo e natação são as duas modalidades que mais levaram brasileiros ao pódio na história dos Jogos Paralímpicos. Das 353 medalhas totais que o Brasil já conquistou em sua história, incluindo os primeiros nove dias dos Jogos de Tóquio, as pistas e os campos renderam 159 medalhas aos brasileiros, enquanto as piscinas foram responsáveis por 124 honrarias conquistadas até o momento. A disputa no Japão acaba no domingo, dia 5.

Apesar de o atletismo levar vantagem na quantidade de medalhas obtidas no total, historicamente as duas modalidades travam uma saudável rivalidade para saber qual dos dois esportes é o campeão de pódios em uma única edição dos Jogos.

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Ambas demonstram um poderio esportivo no movimento paralímpico brasileiro desde a década de 80, quando as competições não eram jogadas nas mesmas sedes dos Jogos Olímpicos. Na quarta participação do Brasil em uma Paralimpíada, os atletas brasileiros voltaram de Nova York (Estados Unidos) e Stoke Mandeville (Inglaterra), com 28 medalhas, todas conquistadas no atletismo (21, sendo seis de ouro) e na natação (sete medalhas).

A partir desta edição surgiram os primeiros brasileiros considerados potências paralímpicas, principalmente no atletismo brasileiro. Os resultados de Luiz Cláudio Pereira, Márcia Malsar, Miracema Ferraz e Amintas Piedade nas edições dos Jogos de Nova York/Stoke Mandeville e em Seul, quatro anos depois, ajudaram a modalidade a ser a mais premiada na época. Na Coreia do Sul, o Brasil conquistou 15 medalhas no atletismo (3 ouros, 8 pratas e 4 bronzes). Pela natação, subiu ao pódio nove vezes, uma no lugar mais alto apenas.

Nos Jogos Paralímpicos da década de 90, o rendimento das duas modalidades ficou mais equilibrado, embora o atletismo já contasse com a presença da velocista Ádria Santos, que conquistou 13 medalhas ao todo na carreira. Nos Jogos de 1992, em Barcelona, o Brasil conquistou quatro medalhas no atletismo (3 ouros) e a natação apenas três honrarias, nenhuma dourada. Os Jogos na Espanha também marcaram a despedida de Luiz Cláudio Pereira. Em três edições, o atleta ganhou seis medalhas de ouro e nove de prata. O Brasil já começava a despontar como uma das grandes nações da competição.

VIRADA DA NATAÇÃO 

Com a entrada no circuito paralímpico de atletas como Clodoaldo Silva, André Brasil e Daniel Dias (que se aposentou em Tóquio com 27 pódios na carreira), o número de conquistas entre nadadores disparou e foi superior ao do atletismo na Paralimpíada de Sydney, na Austrália, e também na de Pequim, na China, em 2008. Clodoaldo Silva, que chegou a conquistar seis ouros em Atenas, subiu ao pódio em Paralimpíadas 14 vezes na carreira. Mesmo número de André Brasil, que possui sete medalhas douradas.

Nenhum atleta brasileiro, porém, ficou mais entre os três primeiros colocados em provas finais do que Daniel Dias. O nadador, que encerrou a carreira disputando a última prova em Tóquio na quarta-feira, os 50m livre, conquistou 27 medalhas e é o atleta do País que mais subiu ao pódio entre todas as modalidades na história do movimento paralímpico brasileiro. "Deus fez infinitamente mais do que eu pedi, do que eu pensei. Se eu escrevesse isso, não ia ser tão perfeito quanto foi. Não é choro de tristeza, eu estou muito feliz", disse em seu adeus das piscinas.

TÓQUIO-2020 - Nos nove primeiros dias de disputa no Japão, a natação vem superando o atletismo. Puxados pelos bons resultados de Maria Carolina Santiago (quatro medalhas, sendo três de ouro), Gabriel Bandeira e Gabriel Araújo (três medalhas individuais cada), os nadadores somam 22 honrarias (8 ouros, 5 pratas e 9 bronzes), enquanto o atletismo contribuiu com 19 medalhas no geral (8 ouros, 5 pratas e 6 bronzes) até o momento.

O atletismo, contudo, pode virar ainda. Há mais finais da modalidade agendadas para serem realizadas até o dia 4 de setembro (horário de Brasília), um dia antes da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos. O Brasil também corre atrás de seu recorde de conquistas: 21 medalhas de ouro nos Jogos de Londres, em 2012. Por enquanto, tem 18.

Antes ameaçado pelo medo e terror, o sonho paralímpico foi realizado. Após conseguir fugir do Taleban, a atleta de taekwondo Zakia Khudadadi estreou em Tóquio e se tornou a primeira mulher a representar o Afeganistão nos Jogos. Usando hijab branco, ela entrou na arena de competição Makuhari Messe, em Chiba, nesta quinta-feira. Suas duas derrotas foram detalhes perto do feito de pisar em solo japonês.

Khudadadi chegou ao Japão no último sábado, após embarcar secretamente em um voo rumo à Austrália para conseguir fugir do Afeganistão. Com o grupo extremista tomando o controle da capital Cabul e fechando aeroportos, a participação da jovem de 22 anos na Paralimpíada foi colocada em risco. O governo australiano não mediu esforços para conseguir tirar ela e o compatriota Hossain Rasouli do cenário de caos às vésperas da competição.

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Apesar do êxito em conseguir sair do Afeganistão, Khudadadi preferiu não comentar seu desempenho em Tóquio, evitando conversar com jornalistas depois de suas lutas. Rasouli competiu no salto em distância masculino na terça-feira e também não falou com a mídia.

"Estou preocupada com a situação no Afeganistão, mas estou muito feliz que ela tenha conseguido vir e competir comigo", disse a ucraniana Viktoriia Marchuk depois de derrotar Khudadadi na rodada de repescagem. Em seu apelo para ir aos Jogos, Khudadadi disse que não queria que toda sua preparação tivesse sido em vão.

Não se sabe imediatamente o que os atletas afegãos pretendem fazer após os Jogos, mas Alison Battisson, da organização Direitos Humanos para Todos, que esteve envolvida na evacuação, disse que a Austrália lhes concedeu vistos humanitários.

O Taleban disse que respeitaria os direitos das mulheres, permitindo-lhes trabalhar e estudar "dentro da estrutura do Islã", mas muitos afegãos temem que isso seja uma um argumento de fachada, em uma tentativa de diminuir as críticas pela comunidade internacional.

Durante seu governo de 1996-2001, também guiado pela lei islâmica sharia, o Taleban impediu as mulheres de trabalhar. As meninas não podiam ir à escola e as mulheres tinham que usar burca que cobriam tudo para sair, e apenas quando acompanhadas por um parente do sexo masculino.

Na estreia do taekwondo nos Jogos Paralímpicos, o Brasil já foi bem. Nathan Torquato competiu na categoria até 61kg da classe K44 (atletas com limitações de apenas um lado do corpo, na perna ou braço) e deveria encarar Mohamed Elzayat, do Egito, na final. O adversário até tentou voltar após sofrer um golpe irregular na luta anterior, mas não teve condições e o brasileiro foi declarado campeão.

Na semifinal, Elzayat sofreu um golpe irregular no rosto do russo Daniil Sidorov, teve que ser retirado de maca do tatame, foi para o hospital e tentou voltar para lutar, mas não conseguiu.

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Nathan estreou contra Parfait Hakizimana, atleta de Burundi que compete pelo Time de Refugiados, e venceu por 27 a 4. Na sequência, enfrentou o japonês Mitsuya Tanaka por 58 a 24, e avançou para a semifinal.

Na fase seguinte, encarou o italiano Antonino Bossolo e, em uma luta mais equilibrada, triunfou por 37 a 34. O brasileiro começou bem a luta, abrindo dois pontos de vantagem no primeiro round. No segundo foi onde conseguiu o seu maior estrago, colocando o placar em 24 a 13 entrando no período final. No último, o italiano reagiu e chegou a cortar a diferença para apenas um ponto, mas Nathan conseguiu segurar e sair com a vitória.

Nathan Torquato tem 20 anos e é de Praia Grande-SP. Ele começou a lutar taekwondo com apenas três anos e, apesar de ter dismelia (um movimento para fora do centro do corpo) no braço esquerdo, competiu no esporte olímpico até 2017, quando foi para o paralimpíco. Foi campeão parapan-americano em 2019, em Lima.

Talisson Glock era cotado como medalhista, mas o favoritismo para o ouro na prova dos 400 metros livre da classe S6 (atletas com amputação ou problemas motores de um lado do corpo) da natação na Paralimpíada de Tóquio era todo do italiano Antonio Fantin, atual campeão mundial. No entanto, Talisson conseguiu superar Fantin na final e ficar com o primeiro lugar.

Talisson dominou a prova quase inteiramente. Uma das provas mais longas da natação paralímpica, o nadador precisa dosar os esforços, e, mesmo assim, Talisson virou a primeira piscina em primeiro. Na metade da prova, Fantin conseguiu ultrapassá-lo, mas Talisson recuperou a liderança nos 300m - os dois estavam bem à frente dos demais.

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No quarto final, Talisson não só manteve como aumentou a vantagem para o italiano, colocando quase meio corpo de vantagem. O brasileiro levou o ouro com o tempo de 4min54s42, enquanto Fantin ficou com a prata com o tempo de 4min55s70. O bronze foi para o russo Viacheslav Lenskii.

Natural de Joinville (SC), Talisson tem 26 anos e perdeu a perna e o braço esquerdos ao ser atropelado por um trem. Ele começou no esporte paralímpico em 2010, com 15 anos e já conquistou medalha de ouro em Mundiais e Parapan-Americanos. No Rio-2016, conseguiu medalha de bronze nos 200m medley S6.

Foi a terceira medalha de bronze de Talisson em Tóquio - as anteriores foram de bronze, no revezamento 4x50m livre misto 14 pontos (ou seja, a soma das classes dos atletas tem que dar 14), ao lado de Daniel Dias, Joana Neves e Patrícia Pereira e nos 100m livre da classe S6.

Na mesma prova versão feminina, chamou a atenção a quebra do recorde mundial: a chinesa Yuyan Jian baixou a marca anterior em oito segundos. A ucraniana Yelyzaveta Mereshko, medalha de prata, também nadou abaixo da marca anterior, embora tenha chegado bem depois de Jian. O bronze ficou com Nora Meister, da Suíça, e Laila Abate, do Brasil, foi a 7ª colocada.

Gabriel Araújo brilhou mais uma vez em Tóquio. O nadador de 19 anos, que compete na classe S2 (atletas com braços, pernas ou tronco limitados), conquistou sua terceira medalha na Paralimpíada, a segunda de ouro, ao dominar a prova dos 50 metros costas e chegar em primeiro com grande vantagem para os demais competidores. Com o pódio dourado, ele ajuda o Brasil a se aproximar do recorde das 21 medalhas de ouro obtidas nos Jogos de Londres-2012.

Gabriel assumiu a dianteira logo na saída da disputa. Com uma fase submersa muito boa, o brasileiro se colocou à frente, e apenas aumentou a distância para os demais, fechando com o tempo de 53s96. A prata ficou com o chileno Alberto Abarza, que anotou 57s76. O bronze foi para o russo Vladimir Danilenko, com 59s47.

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"A prova de 50m é uma prova rápida, então tem de aproveitar, e não pode cometer erros, porque não dá para recuperar depois. E deu certo, eu consegui", afirmou Gabriel. Anteriormente, o atleta já havia levado o ouro nos 200m livre e a prata nos 100m costas. A natação brasileira está fazendo uma excelente Paralimpíada, com a conquista de oito medalhas de ouro, cinco de prata e nove de bronze até agora.

Gabriel é natural de Santa Luzia (MG). Ele nasceu com folicomia, condição que causa o encurtamento dos braços e pernas. Ingressou no esporte ainda na escola, por iniciativa de um professor, que o inscreveu numa competição sem que os pais dele soubessem. Aos 17 anos, conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Lima em 2019. Agora, Daniel é uma aposta do Brasil para os próximos ciclos paralímpicos, de Paris-2024 e Los Angeles-2028.

O maior atleta paralímpico do Brasil encerrou a carreira. Daniel Dias nadou sua última prova nos Jogos de Tóquio, a final dos 50 metros livre da classe S5 (atletas com má-formação congênita ou amputados) e chegou em quarto lugar, atrás de três atletas chineses. Ele se despede com 33 anos e participação em quatro edições das Paralimpíadas.

Daniel não teve uma boa saída, mas se recuperou rapidamente e gradualmente foi ultrapassando os competidores - exceto os chineses. Daniel fechou a prova com o tempo de 32s12. O medalhista de ouro foi Tao Zheng (30s31), que quebrou o recorde paralímpico, Weiyi Yuan foi prata (31s11) e Lichan Wang chegou em terceiro (31s35).

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"Acabou, mas eu estou feliz. Só tenho de agradecer a Deus, louvado seja Ele. Deus me deu infinitamente mais do que eu pedi, se escrevesse não seria tão perfeito como foi. E agradecer à minha família. Cada braçada é para eles. Papai está chegando em casa", disse Daniel, emocionado, em entrevista ao canal SporTV.

Daniel tem 27 medalhas paralímpicas no currículo, sendo 14 de ouro, sete de prata e seis de bronze. Em Mundiais, o brasileiro tem 40 medalhas, sendo 31 de ouro, e em Jogos Parapan-Americanos, são 33 medalhas, todas de ouro.

Em Tóquio, Daniel aumentou a coleção de medalhas com mais três bronzes: nos 100m livre S5, nos 200m livre S5 e no revezamento 4x50m livre misto 20 pontos, que junta atletas de classes diferentes, mas cuja soma numérica tem que ser 20. Além disso, disputou as finais e acabou sem medalha em mais duas provas: foi sexto no 50m peito da classe S5 e quinto nos 50m costas S5.

No último ciclo olímpico, a natação passou por uma reclassificação e atletas que antes eram da S6 acabaram "caindo" para a S5. Dessa forma, Daniel teve que entrar em disputas contra competidores com deficiências menos severas, que dominaram as provas com grande vantagem para quem já era da S5.

Em Tóquio, Daniel demonstrou algumas vezes que isso o fez duvidar se conseguiria mais conquistas. Após alcançar segunda medalha de bronze em Tóquio, Dias disse ter tirado um peso das costas com a conquista da primeira, que havia acontecido no dia anterior.

Daniel inspirou muitos outros a se tornarem nadadores. Ele mesmo começou no esporte dessa maneira: com má-formação congênita nos membros superiores e na perna direita, começou a competir em 2006, inspirado em Clodoaldo Silva, e bateu todos os recordes possíveis.

"Sou muito grato pela natação. Jamais imaginei chegar aonde cheguei. Se eu fosse escrever, lá quando eu comecei, há 16 anos, tudo que eu conquistei, eu jamais iria conseguir escrever isso. Não seria tão perfeito como foi", afirmou, ao anunciar a aposentadoria, em janeiro.

Fora das piscinas, Daniel deve se dedicar mais ao Instituto Daniel Dias, criado em 2014 para fomentar o esporte paralímpico brasileiro, e também à atuação nos bastidores do esporte - ele é membro da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro e na Comissão Nacional de Atletas.

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