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O contador Dirceu Pupo Ferreira, homem de confiança dos negócios imobiliários da família de Beto Richa, é suspeito de tentar atrapalhar as investigações de corrupção, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro que levaram o ex-governador do Paraná e candidato ao Senado pelo PSDB à prisão nesta semana, junto com familiares e aliados Todos foram soltos na sexta-feira, 14, por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As imagens do sistema de segurança do prédio de número 417, na Rua Carlos de Carvalho, em Curitiba, registram encontro de Ferreira - identificado como um "faz tudo" do ex-governador que representa formalmente a família nos negócios - com o corretor de imóveis Augusto Albertini, no último dia 8 de agosto.

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As suspeitas são de que Ferreira procurou Albertini para tentar combinar com ele o depoimento que ele deveria prestar às autoridades, caso fosse procurado, sobre a compra de salas comerciais no Edifício Neo Business, na região do Centro Cívico, centro administrativo da capital paranaense, pela família Richa.

O negócio teria envolvido a permuta de um imóvel que a família tinha em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e uma complementação em dinheiro em espécie de R$ 1,7 milhão, sem declaração. Segundo investigadores, o a transação pode ocultar dinheiro de propina recebido de desvios em contratos do governo do Estado, em especial na área de rodovias.

O ex-governador é investigado pelo Gaeco, na Radiopatrulha, e pela força-tarefa da Operação Lava Jato (que reúne a Procuradoria da República, a Polícia Federal e a Receita), na Operação Piloto. Ambas deflagradas simultaneamente na terça-feira, 11, tratam de suposta corrupção envolvendo empreiteiras e negócios de estradas do Estado.

"Essa sistemática de aquisição de imóveis de valores distintos através de simples permuta, omitindo dos registros formais os pagamentos realizados em dinheiro, em quantias consideráveis, não parece ter sido isolada por parte da família Richa", registra o pedido de prisão do ex-governador feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual.

Registro

O contador de Richa chegou ao prédio em que ocorreu o encontro com o corretor às 10h48, mostram os arquivos de imagem entregues ao Gaeco. Há também registro da conversa deles e de sua saída, às 11h14.

O encontro é para o Ministério Público Estadual um dos indícios "concretos" da tentativa de obstrução da Justiça e foi um dos pontos centrais dos pedidos de prisão dos investigados, para levantamento de provas e preservação das apurações e testemunhas.

"Tal situação de influenciar as testemunhas e embaraçar as investigações foi observada concretamente no presente caso", escreveu o Gaeco, no pedido aceito pelo juiz estadual Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13.ª Vara Criminal de Curitiba. O juiz decretou a prisão preventiva dos investigados - sem prazo para acabar - no mesmo dia em que Gilmar mandou soltar.

Injusta

Neste sábado, 14, ao anunciar que o Gaeco deve recorrer para reverter a decisão do STF, o promotor Leonir Batisti disse que o ministro Gilmar Mendes "não faz justiça aos fatos".

"O ministro está distante e especialmente em relação ao fato objetivo de que o grupo das pessoas investigadas já procurara esse ano, em agosto, pessoas que poderiam ser testemunhas, para que essas pessoas omitissem a verdade ou mentissem aos investigadores para evitar, então, a responsabilização, ou a apuração", disse Batisti.

Gilmar - que criticou a operação que levou o político para a cadeia - concedeu a liberdade a Richa menos de uma hora depois de a 13.ª Vara Criminal de Curitiba transformar a prisão temporária que havia sido decretada contra o governador em preventiva - que determinaria que ele ficaria preso durante o processo. Richa foi solto no início da madrugada deste sábado.

Delator

O encontro do contador de confiança da família Richa com o corretor de imóveis e as imagens de segurança do prédio foram entregues ao Gaeco oficialmente pelo ex-deputado estadual e empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, em sua delação premiada homologada em agosto.

Um dos envolvidos no esquema de corrupção alvo da Radiopatrulha, Tony Garcia revelou ter conhecimento que Albertini havia sido "recentemente procurado" por Ferreira "na condição de representante dos Richa". O objetivo, segundo o delator, seria "orientá-lo a respeito do que dizer, ou melhor, do que não dizer, caso viesse a ser intimado pelas autoridades a prestar declarações em relação a alguma das várias investigações".

Ao justificar a necessidade de prisão dos investigados, o Gaeco registra: "ora, se solto e sem o conhecimento da investigação o representado (Ferreira) já está atuando para dissimular as provas, imagine caso sejam decretadas medidas restritivas contra o grupo criminoso".

Para os promotores, "não é preciso esforço para perceber que a atuação criminosa" do contador de confiança de Richa "não decorreu de sua iniciativa própria, tendo agido a mando e no interesse dos demais integrantes da organização criminosa".

Inocente

Liberado na madrugada deste sábado, depois de quatro dias preso no âmbito da Operação Rádio Patrulha, o ex-governador disse que a ordem da Justiça "foi uma crueldade enorme". Beto Richa nega todas as acusações. "Eu não merecia o que aconteceu, mas estou de cabeça erguida e continuo respondendo a todas acusações sem a menor dificuldade."

A defesa de Richa pediu sua liberdade diretamente a Gilmar Mendes. Ela alegou que o ex-governador foi preso por fatos relacionados ao ano de 2011, o que não caracteriza a urgência nem o risco de continuidade da ação criminosa. Argumentou ainda que nunca foi chamado a depor anteriormente no caso e que já tinha se colocado à disposição do Ministério Público para prestar esclarecimentos.

A defesa de Dirceu Ferreira disse que considerava a prisão absolutamente ilegal e desnecessária. O advogado Gustavo Alberine Pereira não foi localizado para comentar o encontro dele com o corretor.

Na mira

O Gaeco investiga, no âmbito da Operação Rádio Patrulha, direcionamento do programa Patrulha do Campo, criado em 2011 para recuperação de rodovias rurais do Estado, orçado em R$ 71 milhões, para um grupo de empresários, que em contrapartida pagariam propinas ao grupo político comandado por Richa e seu irmão, conhecido como Pepe Richa, ex-secretário de Infra Estrutura e Logística do Paraná.

A Lava Jato busca provas de corrupção em outro esquema, também no setor de contratos de rodovias do Estado: o direcionamento de uma Parceria Público Privada para um consórcio liderado pela Odebrecht, em 2014, para obras e gestão de 220 quilômetros da rodovia PR-323, que liga os municípios Maringá a Francisco Alves - negócio de R$ 7 bilhões.

Tanto a Radiopatrulha como a Lava Jato consideram ter indícios de que crimes estariam sendo praticados por pessoas alvos das investigações.

Ao deixar o regimento da Polícia Montada, em Curitiba, onde estava preso, o ex-governador Beto Richa (PSDB) declarou, na madrugada deste sábado, 15, que vai retomar sua candidatura ao Senado nas eleições 2018 e que a prisão contra ele foi uma "crueldade".

"O que fizeram comigo foi uma crueldade enorme, não merecia o que aconteceu, mas estou de cabeça erguida e continuo respondendo todas as acusações sem a menor dificuldade", disse. O tucano foi preso na terça-feira, 11, acusado de chefiar um esquema de desvios em um programa de manutenção de estradas rurais enquanto governador do Estado.

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O ex-governador foi solto por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Também deixaram a o regimento a mulher do ex-governador tucano, Fernanda Richa, e o irmão, Pepe Richa. Outros 11 presos da Operação também foram liberados por Gilmar Mendes, mas ainda estão presos no Complexo Médico Penal, em Curitiba.

"Foram dias, não posso deixar de reconhecer, de extremo sofrimento, pra mim e para toda minha família, e lamento que (tenha valor) a palavra de um indivíduo, de um delator, cujo histórico de vida não demonstra nenhuma credibilidade, ao contrário, total falta de credibilidade. Aí eu pergunto: vale a palavra dele ou a minha palavra?", declarou Richa.

"Vou retomar minha campanha e nós podemos voltar a falar em outro momento. Vou dizer aqui com muita clareza: entrei nesse regimento como homem honrado e saio daqui como homem honrado", completou.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, liberou da prisão nesta sexta-feira, 14, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), preso desde terça-feira, 11, na Operação Radiopatrulha. A decisão também inclui a mulher de Richa, Fernanda, e mais 13 presas no mesmo contexto, a partir de uma determinação de ofício do ministro. De acordo com Gilmar, os fundamentos para as prisões dos demais investigados são idênticos. A investigação em que os 15 foram presos apura suposto esquema de propinas em contratos de manutenção de estradas rurais.

Na decisão, o ministro explica que a revogação da prisão funciona também como uma espécie de salvo-conduto, que atinge também as prisões provisórias que venham a ser decretadas com base nos mesmos fatos da investigação.

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São alcançados pela decisão do ministro José Richa Filho (o Pepe Richa), Ezequias Moreira Rodrigues, Luiz Abi Antoun, Deonilson Roldo, Celso Antônio Frare, Edson Luiz Casagrande, Túlio Marcelo Dening Bandeira, André Felipe Dening Bandeira, Joel Malucelli, Aldair Wanderlei Petry, Emerson Savanhago, Robinson Savanhago e Dirceu Pupo Ferreira.

Pouco antes da decisão de Gilmar Mendes, o juiz Fernando Bardello Silva Fischer, da 13.ª Vara Criminal de Curitiba, decretou a prisão preventiva do ex-governador e de outros alvos da Radiopatrulha.

Os advogados do tucano alegavam ao STF que a prisão temporária imposta ao candidato ao Senado pela 13.ª Vara é, na verdade, uma condução coercitiva. No requerimento ao ministro, oito advogados de Beto Richa pediam habeas corpus de ofício. A banca alega "flagrante constrangimento ilegal".

"Requer-se seja determinado o imediato relaxamento da prisão temporária cominada ao requerente, em trâmite perante o I. Juízo da 13.ª Vara Criminal de Curitiba, tendo em vista consistir em verdadeira condução coercitiva, utilizada por via oblíqua, em flagrante afronta ao quanto decidido pela C. Corte Suprema, na ADPF n. 444, que declarou a inconstitucionalidade desta medida", pedia a defesa.

O caso

Candidato ao Senado nas eleições 2018, Beto Richa foi preso na terça-feira, 11, pela Operação Radiopatrulha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná. O ex-governador também foi alvo da Lava Jato, que fez buscas em sua residência no mesmo dia da prisão.

A Lava Jato suspeita de ligação do tucano com recebimento de propinas da Odebrecht, que teria sido favorecida em contrato de duplicação da PR-323, no interior do Paraná.

Na Operação Radiopatrulha também foram presos Fernanda Richa, mulher do tucano, Pepe Richa, irmão dele, e Deonilson Roldo. As prisões estão relacionadas a investigações sobre supostos desvios de verbas no Programa Patrulha do Campo, para manutenção de estradas rurais entre 2012 e 2014.

Segundo este inquérito, há indícios de direcionamento de licitação para beneficiar empresários e pagamento de propina a agentes públicos, além de lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

O empresário Antônio Celso Garcia, cuja delação levou à prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), na terça-feira, 11, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o tucano recebeu "entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões" em propina e caixa 2 em campanhas eleitorais.

Richa é alvo da Operação Radiopatrulha, do Ministério Público do Paraná, e da Lava Jato. "Se for ver todas as coisas que estão investigando, se metade for verdade, eu diria que, fácil, (a propina) passaria de R$ 400 milhões, R$ 500 milhões", afirmou. A defesa de Richa não respondeu à reportagem. Na terça, informou que não havia tido acesso à investigação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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