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A partir da próxima quinta-feira (7), o antigo Cine Sesi, fechado desde Junho pelos bombeiros por apresentar riscos à segurança, volta a funcionar. O espaço, que foi reformado e mudou de nome – agora se chama Centro Cultural Arte Pajuçara – será inaugurado em uma sessão exclusiva para convidados, com pré-estreia do filme “Elena”. 

Na sexta-feira (8), começa a mostra “Em Busca do Tempo Perdido”, que acontece até o dia 14, exibindo as melhores produções cinematográficas deste ano. Dentre os filmes que fazem parte da programação da mostra, estão títulos nacionais como 'Flores Raras' – o polêmico filme que tem no elenco atriz global Glória Pires – e internacionais, como “Amantes Passageiros”, do aclamado diretor espanhol Pedro Almodóvar.

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Além disto, três longas-metragens terão entrada gratuita: 'A música segundo Tom Jobim’, ‘Memória do Cárcere’, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, e El Justiciero.

Interdição 

Em abril deste ano o Cine Sesi foi interditado pelos bombeiros após uma vistoria que detectou riscos à segurança dos usuários do espaço. Em junho, foi definitivamente fechado após o Sesi afirmar que não poderia arcar naquele momento com as despesas de uma reforma. Nas redes sociais, após o anúncio da desativação, houve uma grande mobilização por parte dos frequentadores para que o local fosse reaberto. 

Foi a partir da iniciativa de Marcos Sampaio, antigo funcionário do Cine Sesi, que a possibilidade da reabertura se concretizou. “Fui surpreendido pela notícia de que o espaço seria fechado. Foram 7 anos de dedicação, não poderia deixá-lo morrer”, disse.

Sampaio viu, então, uma oportunidade única: a de realizar um antigo desejo e, ao mesmo tempo, reabrir o local que costumava trabalhar. “Eu já mantinha um diálogo com o cineasta Werner Salles, pois tinha a vontade de abrir um cinema próprio. Foi então que o convidei para ser meu sócio, junto com Milton Pradines e Felipe Guimarães”.

As reivindicações e manifestações nas redes sociais e na imprensa foram tantas que não o resultado não poderia ser diferente. “Buscamos apoio na prefeitura de Maceió, a nossa maior parceira, no governo do estado, de empresas privadas e do próprio Sesi. Sem eles, não existiria o Arte Pajuçara”, conta o sócio. 

Na página do Centro Cultural Arte Pajuçara no Facebook, haverá o sorteio de convites com direito para a inauguração do espaço. Segundo a organização, por não ser possível a presença de todos que estão interessados em participar do evento, serão escolhidas 10 pessoas, com direito a acompanhante, que escreveram a melhor frase em resposta à pergunta: “Porque você deve estar na sessão de abertura do Arte Pajuçara?”. A página pode ser acessada através do link.

O Festival de Cannes deu início ao nono dia de sua 65ª edição com a exibição do longa-metragem mexicano Post Tenebras Lux, dirigido por Carlos Reygadas. A obra recebeu as maiores vaias da sessão de imprensa até agora no Festival.

Post Tenebras Lux conta a história de Juan, que se muda de uma cidade grande do México com a mulher e os dois filhos para o interior do país. Preocupado em mostrar um retrato do ambiente rural, Reygadas explora a dualidade presente no campo, que provoca momentos de alegria e prazer para o personagem diante de paisagens e valores diferentes. 

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A montagem indecifrável do filme foi criticada pelos jornalistas. Sequências do passado, presente e futuro misturam-se a momentos de fantasia, sonho ou imaginação de um dos personagens. "Trato apenas de compartilhar o que vivo, sinto e imagino. Me sinto livre em todos os sentidos. Às vezes até tento fazer um filme mais fácil, mas não consigo”, declarou o diretor à imprensa, mostrando-se indiferente às vaias.

Homenagem aos brasileiros - Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Eduardo Coutinho e Walter Salles. Todos representam a imagem do Brasil na 65ª edição do Festival de Cannes, cuja direção escolheu o país tropical para ser o homenageado de honra em 2012. Na última terça (22), Nelson Pereira dos Santos foi aplaudido de pé após a exibição do filme A Música segundo Tom Jobim, dirigido por ele.

Realizado em parceria com a neta de Tom, Dora Jobim, a obra conta em uma hora a trajetória do compositor pelo processo criativo de suas canções, que conduzem o filme até o final. Nelson ignorou diálogos e depoimentos e apostou em cenas com imagens, fotos, capas de discos e cartões-postais que resgatam a história de Tom. Apresentada por Thierry Fremaux, um dos diretores do festival, a sessão foi uma homenagem a Nelson, que recebeu elogios do diretor e foi lembrado como um dos precursores do Cinema Novo.

Cacá Diegues e Eduardo Coutinho também serão homenageados no Festival Cannes Classic, série que exibe filmes antigos restaurados. Cabra Marcado para Morrer de Coutinho, lançado em 1984, e Xica da Silva, dirigido por Cacá Diegues, de 1976, serão projetados na mostra ainda nesta edição.

Na última quarta (23) foi a vez de Walter Salles exibir o seu Na Estrada, adaptação do clássico da literatura beatnik On the Road, escrito por Jack Kerouac em 1957. Em sua primeira sessão para jornalistas em Cannes, o longa do cineasta foi recebido com frieza. Sem vaias, o filme passou longe de ser ovacionado e foi exibido novamente no mesmo dia, às 19h, em sessão de gala, quando foi aplaudido pelo público de pé. O elenco e a equipe da comissão do Ministério da Cultura do Brasil estiveram presentes, com destaque para a ministra Ana de Hollanda.

Com estreia prevista para o dia 20 deste mês nos cinemas de todo o país, o documentário A Música Segundo Tom Jobim mostra a trajetória do compositor brasileiro, autor de obra mundialmente reconhecida como uma das mais importantes da música popular do século 20. Concebido com base na música do “maestro soberano”, com imagens em movimento e fotográficas – não há uma palavra sequer no filme - o documentário tem na direção um dos mais importantes cineastas brasileiros, Nelson Pereira dos Santos, em parceria com a neta de Tom, Dora Jobim.

A decisão de trabalhar unicamente com o acervo de fotos e filmes da família do compositor e os arquivos obtidos pelo pesquisador Antonio Venâncio foi do diretor de Vidas Secas e Memórias do Cárcere, entre mais de 20 filmes premiados. “Vi que em cada imagem havia outra história, e mais outra. Era uma história dentro da outra, contando tudo por meio da música”, disse o cineasta, ao explicar que o material poderia, por si só, mostrar a trajetória de Antônio Carlos Jobim (1927-1994).

Com experiência na área de DVDs musicais, Dora Jobim, que divide a direção com Nelson, foi responsável pelo levantamento extenso do acervo fotográfico e de imagens da viúva de Tom, Ana Jobim. O resultado é uma sucessão de imagens do próprio compositor e de cantores brasileiros e estrangeiros, em interpretações de clássicos do repertório jobiniano.

São mais de 40 nomes interpretando as canções de Jobim ao longo dos 90 minutos de documentário. Entre os brasileiros estão Elizeth Cardoso, Maysa, Elis Regina, Nara Leão,Gal Costa, Nana Caymmi, Miúcha, Adriana Calcanhoto, Agostinho dos Santos, Vinicius de Morais, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Carlinhos Brown. A relação de intérpretes internacionais inclui nomes como Frank Sinatra, Judy Garland, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Errol Garner, Henri Salvador e as contemporâneas Diana Krall e Jane Monheit.

Produção da Regina Filmes, o documentário tem roteiro assinado pelo próprio Nelson Pereira dos Santos, juntamente com a cantora Miúcha, irmã de um dos parceiros de Tom, Chico Buarque. A direção musical ficou a cargo do filho do compositor, o também músico Paulo Jobim.

Juntos ao cineasta pernambucano Guel Arraes e o jornalista Alexandre Figueirôa, eles participaram do painel na Fliporto "Como o cinema e a TV reescrevem a literatura". Na conversa, falaram sobre os dilemas enfrentados na direção de um filme quando o assunto é a livre adaptação literária para as telas. "No começo da minha carreira, escutei dizerem para nunca fazer uma adaptação de um autor vivo", brincou Yamasaki para uma das plateias mais cheias da festa literária.

Mas Guel Arraes e o próprio Nelson Pereira deram testemunhos bem diferentes da brincadeira dita por Yamasaki. Adaptar "O auto da compadecida", segundo Guel, foi algo que ele fez "pisando em ovos". "Tenho uma relação psicológica e afetiva muito grande com o Ariano, então, a cada passo que eu dava, cada cena que imaginava e gostava, eu pensava se o Ariano também gostaria dela. Resolvi fazer então nos moldes de 'O burguês fildalgo", de Molière, que tinha feito com o João Falcão", conta o cineasta, que recebeu um aval do próprio autor para fazer o que bem entendesse com a obra.

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Já Nelson dos Santos acredita que o cineasta tem que ser o mínimo fiel ao autor, tentar descobrir o porquê a obra foi escrita, quais foram as ideias, o que representa - tudo tem de ser respeitado. Para ele o seu maior desafio é fazer chegar ao espectador o que foi captado pelo o leitor da obra. No caso do filme Vidas Secas, seu principal intuito era abordar a chaga do sertão, mas confessa que nunca pensou em trabalhar propriamente com a literatura, queria seguir o cinema Neorealista, falar sobre o que estava acontecendo ao seu redor.

EM PRODUÇÃO - Perguntada sobre em que momento da leitura de um livro um cineasta decide que dará um bom filme, a cineasta Tizuka Yamasaki conta que no caso da sua atual produção, "Amazônia Caruana", foi pela grandiosidade, pela situação do fato e não pela dramaturgia. Baseado no livro O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó, o filme conta a história de uma Pajé, Zeneida Lima, autora do livro. Nascida às margens do rio Amazonas, o livro conta sobre a fuga da pajé da casa dos pais para seguir uma paixão quando acaba descobrindo seu dom para a pajelança.

Para o próximo ano, Nelson Pereira pretende lançar sua mais nova produção, "A música segundo Tom Jobim", filme que será produzido a partir de arquivos de televisão e rádio que conta com os depoimentos de amigos e de três amadas do compositor: sua irmã, Helena Jobim e sua primeira e segunda esposa, Thereza Hermanny e Ana Beatriz Lona, respectivamente.

Ao ser perguntado sobre o desenvolvimento do cinema brasileiro, ele elogia o pernambucano Cláudio Assis. “Tem gente boa fazendo cinema”, e por fim completa, “sou fã do cinema pernambucano! É corajoso, traz a temática do Brasil. Tem tradição e história”.

*Com a colaboração da repórter Mayra Rodrigues/Especial para o LeiaJá

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