Cannes tem maior vaia de toda a sua história
A exibição do longa-metragem mexicano Post Tenebras Lux, dirigido por Carlos Reygadas, bateu recorde de vaia
O Festival de Cannes deu início ao nono dia de sua 65ª edição com a exibição do longa-metragem mexicano Post Tenebras Lux, dirigido por Carlos Reygadas. A obra recebeu as maiores vaias da sessão de imprensa até agora no Festival.
Post Tenebras Lux conta a história de Juan, que se muda de uma cidade grande do México com a mulher e os dois filhos para o interior do país. Preocupado em mostrar um retrato do ambiente rural, Reygadas explora a dualidade presente no campo, que provoca momentos de alegria e prazer para o personagem diante de paisagens e valores diferentes.
A montagem indecifrável do filme foi criticada pelos jornalistas. Sequências do passado, presente e futuro misturam-se a momentos de fantasia, sonho ou imaginação de um dos personagens. "Trato apenas de compartilhar o que vivo, sinto e imagino. Me sinto livre em todos os sentidos. Às vezes até tento fazer um filme mais fácil, mas não consigo”, declarou o diretor à imprensa, mostrando-se indiferente às vaias.
Homenagem aos brasileiros - Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Eduardo Coutinho e Walter Salles. Todos representam a imagem do Brasil na 65ª edição do Festival de Cannes, cuja direção escolheu o país tropical para ser o homenageado de honra em 2012. Na última terça (22), Nelson Pereira dos Santos foi aplaudido de pé após a exibição do filme A Música segundo Tom Jobim, dirigido por ele.
Realizado em parceria com a neta de Tom, Dora Jobim, a obra conta em uma hora a trajetória do compositor pelo processo criativo de suas canções, que conduzem o filme até o final. Nelson ignorou diálogos e depoimentos e apostou em cenas com imagens, fotos, capas de discos e cartões-postais que resgatam a história de Tom. Apresentada por Thierry Fremaux, um dos diretores do festival, a sessão foi uma homenagem a Nelson, que recebeu elogios do diretor e foi lembrado como um dos precursores do Cinema Novo.
Cacá Diegues e Eduardo Coutinho também serão homenageados no Festival Cannes Classic, série que exibe filmes antigos restaurados. Cabra Marcado para Morrer de Coutinho, lançado em 1984, e Xica da Silva, dirigido por Cacá Diegues, de 1976, serão projetados na mostra ainda nesta edição.
Na última quarta (23) foi a vez de Walter Salles exibir o seu Na Estrada, adaptação do clássico da literatura beatnik On the Road, escrito por Jack Kerouac em 1957. Em sua primeira sessão para jornalistas em Cannes, o longa do cineasta foi recebido com frieza. Sem vaias, o filme passou longe de ser ovacionado e foi exibido novamente no mesmo dia, às 19h, em sessão de gala, quando foi aplaudido pelo público de pé. O elenco e a equipe da comissão do Ministério da Cultura do Brasil estiveram presentes, com destaque para a ministra Ana de Hollanda.