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Mudar uma marca consolidada é um desafio. O Royal Mail, serviço postal britânico, quis ser chamado de Consignia, em 2001. Não durou um ano e voltou ao nome dado por Henrique VIII, em 1516. Recentemente, Elon Musk decretou que o Twitter agora é X - não se sabe até quando. Agora, a Índia vive um dilema parecido.

Esta semana, o governo do premiê Narendra Modi distribuiu convites para a cúpula do G-20 trocando a palavra "Índia" pelo nome do país em hindi: "Bharat". O "deslize" aumentou os rumores de que os nacionalistas indianos pretendem aposentar para sempre um dos maiores ícones da era colonial.

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No convite, o presidente da Índia, Draupadi Murmu, aparece como "presidente de Bharat", uma antiga palavra com origem no sânscrito que muitos acreditam remontar aos primeiros textos hindus.

A mudança é apoiada pelo Partido Bharatiya Janata (BJP, na sigla em inglês), de Modi e dos nacionalistas. Eles alegam que o nome do país é um "símbolo da escravidão". Os britânicos governaram o subcontinente indiano por cerca de 200 anos, até a independência da Índia, em 1947. "Outro golpe na mentalidade escravagista", disse o deputado Pushkar Singh Dhami, líder do BJP, que compartilhou o convite nas redes sociais.

Passado

Há muito tempo, o BJP tenta apagar os nomes relacionados ao passado mongol e colonial britânico. Em 2015, a famosa Estrada Aurangzeb, de Nova Délhi, em homenagem a um rei da Mongólia, foi rebatizada de Estrada Dr. APJ Abdul Kalam. No ano passado, o governo também renomeou uma avenida no coração da capital usada para desfiles militares.

Modi afirma que as mudanças são um esforço para recuperar o passado hindu da Índia. Os partidos de oposição, no entanto, criticaram a ideia. "Embora não seja inconstitucional chamar a Índia de Bharat, espero que o governo não seja tão tolo a ponto de dispensar completamente a Índia, que tem um valor de marca incalculável construído ao longo de séculos", disse o deputado Shashi Tharoor.

A disputa a respeito do nome do país ganhou força em julho, quando os partidos de oposição anunciaram uma nova coalizão - a Indian National Developmental Inclusive Alliance (India) - para derrotar Modi nas eleições de 2024. Desde então, os nacionalistas passaram a defender que o país se chamasse Bharat.

Costume

Mudar o nome de um país, porém, exige mais que um decreto. A República Checa pediu para ser chamada de Chéquia, em 2016. A ONU embarcou, mas quase ninguém foi atrás. Em 2019, o governo holandês decidiu abandonar o nome de sua província mais rica e ser rebatizado de Países Baixos. Não funcionou nas línguas latinas, que permaneceram apegadas à Holanda.

Na Ásia, os países tiveram mais sucesso em virar a página do colonialismo. O Sião se transformou em Tailândia, em 1939. O Ceilão se tornou Sri Lanka, em 1972. E, mais recentemente, a ditadura da Birmânia adotou o nome de Mianmar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Será analisada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) a ideia legislativa que sugere que o Brasil tenha a bomba atômica como forma de “dissuadir interferência estrangeira”. A proposta, apresentada em 13 de outubro de 2020 por meio do Portal e-Cidadania, atingiu em 2 de novembro os 20 mil apoios necessários para transformar-se em sugestão legislativa.

Até aquela data, a ideia já tinha 27.900 apoios. Caso aprovada pela comissão, a sugestão se tornará um projeto de lei. Na forma da Sugestão 31/2020, a ideia foi encaminhada em 16 de novembro para a apreciação da CDH, onde aguarda designação do relator.

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A ideia legislativa foi apresentada pelo cidadão paranaense Vito Angelo Duarte Pascaretta, sob o argumento de que “As Forças Armadas Brasileiras necessitam da bomba nuclear para dissuadir interferência estrangeira em nosso território nacional”. E complementa: “A Amazônia Brasileira é nossa!”

Regras

Qualquer cidadão pode apresentar uma ideia legislativa no portal e-Cidadania. Basta se cadastrar, acessar a página das ideias legislativas e enviar a proposta. Cada ideia fica aberta por quatro meses para receber apoios. Se nesse prazo conseguir 20 mil apoios, a ideia é encaminhada para a CDH e se transforma em sugestão legislativa. Se a comissão aprovar, a sugestão passa a ser um projeto de lei e é analisada da mesma maneira que os projetos apresentados pelos senadores.

Da Agência Senado

O massacre contra muçulmanos ocorrido nesta sexta-feira em duas mesquitas da Nova Zelândia mostra a ascensão do nacionalismo branco, que prega um ideal imaginário "europeu", rejeita a imigração e compartilha ameaças na internet.

É um movimento que carece de liderança, é fragmentado e atrai a atenção de lobos solitários, como o australiano de 28 anos que matou 49 pessoas nesta sexta-feira em Christchurch e explicou em um manifesto que pretendia "esmagar a imigração" e se vingar dos ataques jihadistas realizados na Europa.

Mas especialistas alertam que se trata de um movimento coeso, interligado através da internet e que se estende por toda a Europa até a Rússia, tem um grande número de seguidores nos Estados Unidos e Canadá e, como demonstrado pelo ataque de sexta-feira, está presente na Austrália e Nova Zelândia.

Eles dizem que representa uma ameaça internacional tão grande quanto o extremismo islâmico, mais ainda nos Estados Unidos, onde os ataques dos nacionalistas brancos ultrapassaram os dos jihadistas.

"O nacionalismo branco e o extremismo da ultradireita são a ameaça extremista mais proeminente que os Estados Unidos enfrentam atualmente, e, na verdade, são um fenômeno global", afirma Brian Levin, diretor do Centro para o Estudo do Ódio Extremista da Universidade Estadual da Califórnia. "Essa gente tem medo da mudança demográfica. Usa o termo genocídio branco", explica.

- Raízes na década de 1930 -

O movimento nacionalista branco tem suas raízes nos conceitos propostos há décadas pelos fascistas europeus e americanos e pelos neonazistas.

O historiador francês Nicolas Lebourg observou que o manifesto do atirador de Christchurch citou o fascista britânico Oswald Mosley, de 1930.

O uso da palavra "europeus" para se referir aos brancos foi promovido pelo neonazista americano Francis Parker Yockey.

"Genocídio Branco" é uma ideia que surgiu por volta de 1972 nos Estados Unidos, observou Lebourg, e foi popularizada na Europa pelo escritor francês Reanud Camus.

Na verdade, o título do suposto manifesto do atirador neozelandês é "The Great Replacement" (A Grande Substituição), o mesmo que um livro escrito por Camus em 2011, popular em círculos de nacionalismo branco e que argumenta que os imigrantes que não são brancos estão suplantando os europeus brancos.

Embora alguns nacionalistas brancos sejam antimuçulmanos, antijudeus, capitalistas ou socialistas, hoje eles estão unidos, segundo os analistas, por uma rejeição à imigração.

Sophie Bjork-James, professora da Universidade de Vanderbilt, diz que o medo comum é de que os cristãos brancos possam se tornar minoritários nas sociedades que dominam há séculos.

Isto deu asas a movimentos como os "Identitários", nascido na França, e o "Identity Evropa", nos Estados Unidos.

Nacionalistas brancos foram encorajados ainda mais pelo surgimento de políticos que apoiam uma linha dura com a imigração, de Marine Le Pen na França e Viktor Orban na Hungria ao presidente russo, Vladimir Putin, e o partido UKIP na Grã-Bretanha.

O mesmo acontece nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump chegou à Casa Branca com um discurso anti-imigração, apoiado por uma base de eleitores predominantemente branca.

Trump pareceu legitimar a marcha dos supremacistas brancos e neonazistas em Charlottesville em 2017, e evitou condenar a violência da extrema direita.

"Eles vêem nele (Trump) uma incrível oportunidade de ampliar sua influência", explica Bjork-James.

O autor do ataque em Christchurch chamou Trump de "símbolo de identidade branca renovada e propósito comum".

Mesmo condenando o massacre de imediato, Trump gerou novamente polêmica dizendo que não acreditava que o nacionalismo branco fosse um problema crescente no mundo.

- Lobos solitários -

Bjork-James diz que a internet, especialmente sites como GAB e Stormfront, ajudou a construir uma comunidade global para nacionalistas brancos.

"O Stormfront é uma câmera de ponto focal global para o nacionalismo branco", afirmou.

O site está cheio de comentários sobre o ataque de Christchurch, alguns questionando o assassinato de mulheres e crianças.

Um comentário rejeita o debate: "Os invasores não são pessoas inocentes".

"O ataque de um lobo solitário é, na verdade, parte de uma estratégia global", explica Bjork-James.

O autor do atentado na Nova Zelândia escreveu que foi inspirado por outros nacionalistas brancos que perpetraram assassinatos em massa.

Ele mencionou Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em 2011; Dylann Roof, que matou nove paroquianos negros em uma igreja nos Estados Unidos em 2015; e Alexandre Bissonnette, que matou seis pessoas em um ataque em 2017 em uma mesquita no Canadá.

Lebourg diz que os últimos ataques parecem ter se tornado parte de um ciclo de vingança, especialmente porque a França foi alvo de jihadistas em 2015.

O manifesto do australiano menciona repetidamente uma vingança pelos ataques do extremismo islâmico.

"Os ataques de 2015 foram um ponto de virada para todos os supremacistas", diz Lebourg. "Agora, a vingança está na cabeça dessas pessoas", conclui.

Ao longo dos últimos 40 anos, o fenômeno da globalização encontrava na pequena e afastada cidade de Davos, nos Alpes suíços, seu porto seguro. Nenhum movimento de oposição parecia chegar até lá. Nem os protestos antiglobalização do final dos anos 90, que pararam Seattle, nem o sucesso momentâneo do Fórum Social de Porto Alegre e a crise financeira de 2008 conseguiram tirar a capacidade do Fórum Econômico Mundial de ser o palco de encontro da elite financeira mundial e de, nos bastidores, desenhar o que seria o sistema internacional.

Na edição deste ano, que começa amanhã, o vilarejo aos pés da Montanha Mágica de Thomas Mann vive o que muitos acreditam ser o maior questionamento feito contra o sistema. A ameaça, porém, não vem de ativistas ou ONGs defensoras de um mundo sem fronteiras. Mas de uma espécie de revolta nas urnas e nas ruas que levou ao comando de diversos países partidos com discurso nacionalista e políticas populistas.

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Se em alguns lugares esse mal-estar já levou novos grupos ao poder, em outros, como na França, ainda ocupa as estradas do país, na figura dos coletes amarelos. Em diferentes línguas e realidades, o tom tem sido o mesmo: os perdedores da globalização não encontram respostas nas políticas tradicionais e as alternativas que ganham terreno apontam para um caminho bem diferente do que Davos vinha pregando.

No ano passado, o evento já recebeu o presidente americano, Donald Trump, que usou o palco para garantir que seu governo focaria em seu slogan "America First" (Primeiro a América). Curiosamente, foi um comunista, o presidente da China, Xi Jinping, que surgiu como a pessoa que poderia "salvar" o sistema multilateral. Neste ano, o Fórum terá como destaque o presidente Jair Bolsonaro, em sua estreia internacional.

Agora, o discurso de defesa da soberania já migrou da esfera comercial para também pôr em xeque as instituições criadas depois da 2.ª Guerra Mundial e que, segundo especialistas, garantiram a estabilidade global por mais de sete décadas. Hoje, governos falam abertamente no questionamento da existência da Organização Mundial do Comércio (OMC), em desmontar blocos que pareciam sólidos, além de levantar dúvidas sobre a necessidade de acordos internacionais sobre clima, migração e direitos humanos.

Ameaça

Em Davos, há um reconhecimento, pela primeira vez, de que o descontentamento global é uma ameaça. Mas seus gurus tentam imprimir uma proposta de reforma que mantenha alguns dos principais pilares da globalização, entre eles a abertura dos mercados. Não é por acaso, portanto, que o tema de Davos neste ano é a "Globalização 4.0 - Moldando a arquitetura global na era da 4.ª Revolução Industrial".

Num "manifesto" que serve de base para os debates desta semana, o fundador do fórum, Klaus Schwab, tenta dar uma resposta à crise, apontando para um novo caminho. No lugar do mantra da "cooperação internacional", o ideólogo de Davos fala agora em "coordenação".

"Isso significa chegar aos mesmos objetivos, enquanto se dá liberdade para diferentes visões nacionais, conceitos e valores", explicou. Segundo ele, a "coabitação no mundo hoje deve estar baseada em interesses compartilhados, e não em valores compartilhados". Sua manobra conceitual é interpretada como uma tentativa de acomodar a globalização aos anseios nacionalistas atuais.

Nessa nova estratégia, Schwab insiste que as atuais instituições já estão ultrapassadas. Uma mera reforma, porém, não será suficiente. Colocar, por exemplo, um curativo na atual guerra comercial não dará resultados e Davos acredita que chegou a hora de um novo sistema. "Precisamos repensar nossas instituições globais, que foram criadas há quase 70 aos, e adaptá-las para garantir que sejam relevantes em nosso contexto".

"Depois da 2.ª Guerra Mundial, líderes se uniram para criar a estrutura global para viver juntos num ambiente de paz, segurança e prosperidade", escreveu Schwab. "Eles desenharam as organizações e os processos institucionais para atingir isso. Desde então, o mundo mudou e precisamos de uma nova forma de, juntos, moldarmos nosso futuro global", disse. "Reformar nossos processos e instituições não será suficiente. Precisamos redesenhá-las."

Perdedores

O guru de Davos e fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, admitiu que a globalização também trouxe perdedores. "A globalização produziu ganhadores e perdedores. Existem mais ganhadores nos últimos 30 anos. Mas agora precisamos olhar para os perdedores, aqueles que não conseguiram acompanhar o processo", disse. "Precisamos de uma globalização mais inclusiva."

Para Schwab, o mundo tem algumas opções. Uma delas é a de proteger aqueles que perderam, estratégia que tem sido usada por governos populistas em diferentes partes do mundo. Isso, segundo ele, traria "vantagens políticas de curto prazo, mas criaria o palco para a erosão da competitividade". A outra opção, defendida por ele, é a de abraçar as mudanças, se preparar para ganhar com elas e "preservar a abertura" dos países.

Richard Kozul-Wright, diretor da Divisão sobre a Globalização da Conferência da ONU para o Comércio, não tem dúvidas de que o momento é o de maior questionamento do atual sistema internacional. "Eles (Davos) estão preocupados e estão, finalmente, falando sobre outra economia", disse.

Todos os dados mostram, porém, que a atitude dos governos não segue o "mapa" criado por Davos. No fim de 2018, o número de medidas protecionistas adotadas pelas maiores economias bateram recorde e as novas barreiras já atingem um comércio equivalente a US$ 481 bilhões.

Schwab e a cúpula da ONU concordam: falta uma liderança mundial para reverter a atual tendência populista e nacionalista. Davos, portanto, se apresenta como candidato para ser o palco dessa discussão. Mas Kozul-Wright alerta: "A reforma não virá daqueles atores que, por tantos anos, ganharam tanto com o sistema". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Donald Trump retomou nesta segunda-feira sua ofensiva em termos de imigração e segurança interna com a assinatura de um novo decreto contra viajantes de seis dos sete países muçulmanos inicialmente atingidos, mas isentando estrangeiros com visto e 'green card'.

O presidente americano assinou o documento longe das câmeras, no Salão Oval da Casa Branca, após ter passado o final de semana acusando seu predecessor, Barack Obama, de ordenar escutas telefônicas contra a Trump Tower durante a campanha eleitoral.

"Este decreto se insere nos nossos esforços para limitar as vulnerabilidades exploradas pelos terroristas islâmicos radicais para fins destrutivos", declarou o chefe da diplomacia americana, Rex Tillerson, durante uma declaração à imprensa com seus colegas da Justiça e da Segurança interna.

O Iraque não faz mais parte dos países cujos cidadãos foram proibidos de entrar nos Estados Unidos, e seu governo já comemorou. O decreto entra em vigor em 16 de março, por 90 dias, segundo documentos publicados nesta segunda-feira pelo departamento de Segurança interna.

A suspensão da entrada de refugiados por 120 dias também passará a valer, mas aqueles com viagem aos Estados Unidos já programada poderão entrar no país.

O assunto é quente e corresponde às promessas de campanha do republicano, que está comprometido com a implementação de uma política de "verificação extrema" nas fronteiras para evitar a entrada de extremistas.

Seu primeiro decreto, assinado uma semana depois de chegar ao poder, havia provocado um clamor global, sendo Donald Trump acusado de discriminação contra os muçulmanos, potencialmente inconstitucional.

A nova versão deve alcançar o mesmo propósito, mas contornando a obstrução da justiça, que suspendeu a aplicação do texto original.

Ele tentou fechar a porta aos cidadãos de sete países de maioria muçulmana por 90 dias, incluindo os titulares de vistos válidos e, a princípio, aos residentes permanentes, criando confusão nos aeroportos dos Estados Unidos e no exterior.

"A Constituição e o Congresso deram o poder ao executivo de emitir julgamento de segurança nacional e de aplicar nossas leis migratórias a fim de proteger os americanos", declarou o secretário de Justiça, Jeff Sessions. "Este decreto é um exercício apropriado deste poder".

Fim do 'caos'

Os outros seis países que continuam visados são Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria, Iêmen. Mas desta vez, os detentores de "green cards" e vistos serão explicitamente protegidos. E os iraquianos deixaram de fazer parte das nacionalidades proibidas de entrar em território americano, após o governo aceitar fornecer informações suplementares sobre seus cidadãos requerentes de visas, segundo Washington.

"Recebemos a garantia do governo iraquiano que poderemos realizar as verificações necessárias", declarou uma autoridade americana. Os casos de ex-interprétes iraquianos do exército americano detidos nos aeroportos chocaram até mesmo o campo político do presidente.

As precauções adotadas nesta versão buscam evitar a confusão reinante após o primeiro decreto. "Não haverá caos nos aeroportos", explicou uma autoridade. "O período de aplicação será sereno", garantiu. Pessoas com green card ou visto de todas as idades - estudantes, engenheiros ou médicos - foram detidos ou expulsos.

"Se você tiver um visto válido, não terá problema", assegurou um funcionário do departamento de Estado.

Refugiados sob investigação

Outra mudança diz respeito aos refugiados. Inicialmente, a entrada de todos os refugiados estava suspenso durante 120 dias, mas no caso de refugiados sírios, a suspensão era indefinida. Agora, os sírios não serão tratados de forma diferente de outros refugiados.

Para Washington, as novas medidas são necessárias em nome da segurança nacional. As autoridades revelaram que cerca de 300 refugiados presentes nos Estados Unidos eram investigados pelo FBI por terrorismo.

"Não é uma medida contra os muçulmanos", declarou uma fonte do governo. "Trata-se de uma suspensão temporária da admissão de cidadãos de seis países que têm falhas ou que apoiam o terrorismo, e sobre os quais não podemos fazer as verificações necessárias.

Um juiz federal de Seattle havia suspendido em 3 de fevereiro a aplicação do primeiro texto - uma decisão confirmada em recurso - com a justiça estimando que o governo não havia provado a iminência de graves riscos para a segurança nacional.

A mudança de terreno é bem-vinda para a Casa Branca, que passou o fim de semana a se defender das acusações de Donald Trump contra Barack Obama. O presidente acusou o seu antecessor de ter ordenado escutas telefônicas contra a Trump Tower, onde vive e trabalha em Nova York.

Trump não apresentou qualquer prova para apoiar suas graves alegações, prontamente rejeitadas pela comitiva do ex-presidente democrata e pelo ex-diretor da inteligência, James Clapper.

Ao menos três comissões do Senado e da Câmara de Representantes já iniciaram investigações sobre a ingerência da Rússia na campanha eleitoral, cujo fim teria sido favorecer a vitória de Trump frente a democrata Hillary Clinton.

Uma parte da investigação incide sobre o possível conluio entre pessoas próximas ao candidato Trump e funcionários russos, o que o inquilino da Casa Branca nega.

O alemão Martin Roth, que dirigia desde 2011 o Victoria & Albert Museum de Londres, explicou que deixava seu posto para se envolver na luta contra os nacionalismos na Europa, após a vitória do Brexit no Reino Unido.

Na semana passada havia anunciado sua renúncia e na sexta-feira à noite considerou, na emissora de rádio BBC, que após a decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia (UE) será mais difícil trabalhar com as instituições no exterior.

"Amo verdadeiramente este país, amo Londres, amo viver aqui", disse Roth, de 61 anos. Mas "as modalidades e as condições mudam", afirmou.

"É pior. Isso acaba de começar no Reino Unido, mas o novo nacionalismo está por toda parte, é um movimento de direita na Alemanha, está na França, na Holanda, está por toda parte e penso que devemos fazer algo, é uma das razões pelas quais vou embora", explicou.

Disse temer que o Reino Unido acabe entrando em colapso. "Não quero falar da 'pequena Inglaterra', mas isso vai mudar. Já está acontecendo".

Segundo ele, quando a Grã-Bretanha tiver abandonado de forma efetiva a UE, será mais difícil para os museus trabalhar com outras instituições no exterior e compartilhar exposições.

Antes da criação da UE "era mais difícil trabalhar com outros países, com outros museus. Isso implica o contexto legal, os impostos, o comércio e muito mais".

"As fronteiras abertas oferecem uma situação completamente diferente", ressaltou.

Martin Roch anunciou que se tornará presidente do Instituto de Relações Internacionais, com sede em Stuttgart, Alemanha.

Milhares de simpatizantes da extrema direita italiana se manifestaram neste sábado (21) em Roma sob o lema "Os italianos primeiro", uma marcha convocada pelo grupo fascista Casa Pound, não muito longe de uma contramanifestação da extrema esquerda.

Um importante dispositivo policial, que incluiu canhões que lançavam jatos d'água, controlava a manifestação da direita, devido a possíveis confrontos com os manifestantes de esquerda. O único incidente registrado ocorreu quando manifestantes de esquerda atacaram um micro-ônibus que parecia transportar membros da direita.

O grupo Casa Pound, que obteve menos de 1% dos votos nas últimas eleições locais e legislativas, decidiu organizar a manifestação de hoje para lembrar o terceiro aniversário do suicídio de Dominique Venner.

Este historiador, ensaísta e militante do movimento de extrema direita radical na França durante décadas suicidou-se em 21 de maio de 2013, aos 78 anos, diante do altar da catedral de Notre Dame, em Paris.

"O que mais tememos é o nacionalismo russo", afirma em uma entrevista à AFP a escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, que, em dezembro, receberá o Nobel de Literatura em Estocolmo.

A autora de língua russa que dá voz aos testemunhos ignorados das grandes tragédias soviéticas, como a Segunda Guerra Mundial, o conflito no Afeganistão ou a catástrofe de Chernobyl, não sente nenhuma nostalgia do passado, mas tampouco está satisfeita com o presente.

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Em Belarus, onde mora parte do ano, "as pessoas me abraçam, querem fazer fotos comigo" desde que foi anunciada como vencedora do Prêmio Nobel em 8 de outubro. Mas para o presidente Alexander Lukashenko "tudo continua como antes", lamenta a autora de "War's unwomanly face".

"Lukashenko declarou em seguida que eu queria manchar o povo russo", afirma, com voz pausada.

Rússia e Belarus estariam condenadas a viver sob um regime autoritário depois de quase um século de comunismo? "No se está avançando muito rápido", lamenta Alexievich, de 67 anos.

"Nos anos 1990, quando lançamos a Perestroika, esperávamos que (a democracia) fosse aplicada rapidamente, mas fomos românticos, ingênuos".

"O homem não pode ser livre tão rapidamente. Estava em um campo e no dia seguinte está livre. Não! Entendemos que isto levaria seu tempo. Vai acontecer, mas não rapidamente", afirma.

Mas ela constata que o presidente russo, Vladimir Putin, é adulado por parte da população russa, sobretudo os jovens. Alexievich admite estar "assustada" com o "renascimento do nacionalismo russo".

Sanções beneficiam os ditadores

"Sabemos que todo nacionalismo leva ao fascismo. É o mais perigoso. E esperamos poder evitar. Mas é difícil prever acontecimentos", afirma.

A autora de "Vozes de Chernobyl", um livro de depoimentos devastadores sobre a catástrofe da central nuclear, não está convencida de que a política de sanções aplicada pelos europeus desde a anexação da Crimeia por Moscou seja eficaz.

"Viajei pela Sibéria e depois por Belarus. E fiquei surpresa com o efeito produzido pelas sanções", disse.

"Por um lado, as sanções afetam a economia e prejudicam o poder da ditadura. Mas por outro, ajudam a unir o povo. Criam a imagem do inimigo: a Europa é o inimigo, Estados Unidos aparecem como o inimigo, e o resultado é que a nação se une ao redor de um líder, de um ditador", destaca.

"Não encontrei resposta sobre o que deve ser feito", admite.

"Se a Ucrânia conseguir se levantar e virar efetivamente um país livre, então será o melhor argumento para as pessoas, atualmente cegas pelo nacionalismo".

Ao falar sobre sua obra, Alexievich afirma que seu vasto painel soviético está concluído. A escritora afirma ter iniciado um novo ciclo, "consagrado ao amor".

Como nos livros anteriores, ela pretende escutar e transcrever centenas de depoimentos anônimos.

"Isto leva tempo", conta, sorrindo.

Ela demora entre sete e 10 anos para escrever cada obra. Seu editor francês, Michel Parfenov, que a conhece há muitos anos, não consegue superar o espanto com a facilidade da escritora de falar com as pessoas, que confiam nela de uma forma incrivelmente íntima.

"É preciso livrar-se da banalidade", explica.

"Não me interessa escrever ou escutar o que você pode ler em outros livros".

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