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O ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, John Major, disse nesta terça-feira que o magnata da mídia Rupert Murdoch tentou influenciar os acordos do governo com a União Europeia (UE), até mesmo ao insinuar que o premiê poderia perder apoio dos jornais do tycoon midiático se ele não mudasse o rumo político. Major foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 1990 e 1997. Ele liderou o Partido Conservador após Margareth Thatcher.

Major deu seu testemunho nesta terça-feira à investigação britânica sobre ética na mídia, que foi convocada após ter sido mostrado que o tabloide News of the World, de Murdoch, grampeava chamadas telefônicas de autoridades, de personalidades e de fontes do jornal. O tabloide foi fechado no ano passado, mas desde então o escândalo cresceu e envolveu líderes políticos criticados por terem relações muito próximas a Murdoch.

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Major afirma que Murdoch lhe fez essas declarações em fevereiro de 1997, três meses antes das eleições gerais, que os conservadores perderam para os trabalhistas. Mas Major também afirmou que Murdoch não lhe disse diretamente para mudar a política do governo, embora "tenha deixado claro que ele não gostava da minha política europeia e que gostaria que ela fosse mudada".

Murdoch disse então que seus jornais não podiam apoiar mais o governo conservador, a menos que ele mudasse sua política, afirmou Major. "Tanto quanto eu consigo me lembrar, ele não fez menção à independência editorial, mas referiu-se a todos os jornais dele como 'nós'", afirmou Major.

O período de governo de Major foi dominado pelo tema Europa na Grã-Bretanha - a libra britânica sofreu um ataque especulativo em 1992, o país deixou o mecanismo europeu da taxa de câmbio (que existiu antes criação do euro em 1999) e Major frequentemente teve que lutar com seu partido sobre o quanto envolvida a Grã-Bretanha deveria estar com a União Europeia.

Logo após o jantar, os dois maiores jornais de Murdoch, o News of the World e o The Sun, apoiaram Tony Blair nas eleições gerais de 1997, que acabaram com o governo conservador. Major enfrentaria de qualquer maneira uma disputa eleitoral muito difícil contra Blair, um jovem político cuja estrela estava em ascensão, mas a perda do então influente The Sun ajudou a selar seu destino político.

Tony Blair e seu sucessor trabalhista, Gordon Brown, também testemunharam na investigação sobre os grampos e a relação que tinham com o império midiático de Murdoch. Brown disse na segunda-feira que os jornais de Murdoch ajudaram a minar o esforço de guerra britânico no Afeganistão, uma década após Major. As investigações sobre os grampos feitos por jornalistas e executivos do agora defunto News of the World já resultaram em três investigações criminais que levaram a mais de 40 prisões no Reino Unido.

As informações são da Associated Press.

O comitê parlamentar do Reino Unido que proibiu a escuta ilegal feita pelo tabloide News of the World, da News Corp., que já não está mais em circulação, divulgou um relatório final nesta terça-feira concluindo que o executivo-chefe do jornal, Rupert Murdoch, "não é uma pessoa apta a exercer a administração de uma grande empresa internacional". O documento também acusou vários executivos da empresa de enganarem o Parlamento britânico, segundo reportagem do The Wall Street Journal.

O relatório afirma que Murdoch e o filho dele, o diretor operacional da News Corp., James Murdoch, presidiram uma cultura de "cegueira voluntária" na News Corp. O documento também acusa James Murdoch de exibir uma "falta de curiosidade", até mesmo uma "ignorância deliberada", ao lidar com o escândalo das escutas telefônicas enquanto ocupava o cargo de gerente de supervisão da unidade do jornal britânico da empresa, News International, desde o fim de 2007 a 2012.

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Segundo o documento, três ex-executivos da unidade do jornal britânico da News Corp. enganaram o Parlamento em 2009: Les Hinton, ex-executivo-chefe da unidade Dow Jones & Co. da News Corp.; Colin Myler, editor do News of the World's de 2007 até o fechamento do tabloide no ano passado; e Tom Crone, principal advogado do jornal.

A comissão diz que uma série de afirmações dos ex-executivos feitas em 2009 eram falsas, incluindo a alegação de que a escuta ilegal de correio de voz foi feita apenas por um repórter e a afirmação de que as escutas tinham sido investigadas exaustivamente pela empresa. O relatório diz que o objetivo da News Corp. em todo o caso foi o de "encobrir ao invés de investigar irregularidades e punir os infratores."

A News Corp. divulgou um comunicado dizendo que irá "examinar cuidadosamente" o relatório e vai responder em breve. A empresas acrescentou que "reconhece plenamente as irregularidades significativas no News of the World e pede desculpas a todos, cuja privacidade foi invadida". As informações são da Dow Jones.

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