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A manhã foi melancólica no Edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Esta quarta-feira (20) é o prazo final para que os moradores desocupem o imóvel. O tempo todo caminhões de mudança entram e deixam o local. Segundo a Defesa Civil, 77 mudanças estão agendadas para ocorrer hoje em caminhões cedidos pela Prefeitura do Recife, sem contar as pessoas que deixam o prédio por conta própria.

Aqueles que ainda não decidiram sair continuam esperando uma nova decisão judicial que permita que permaneçam. “A gente está aguardando decisão judicial. Engenheiros vão entrar com recurso, a peça já está pronta. O documento mostra o que já foi feito, o que está sendo feito e o que vamos fazer. O processo vai ser feito como o bombeiro quer, mas a gente quer que seja feito com o povo morando”, explica o morador e comerciante Fernando Santos, que também cuida da administração do Holiday. O síndico Rufino Neto completa: “Esse laudo diz que foi minimizado o risco de incêndio por eletricidade, por causa do lixo e das cozinhas industriais. Estamos provando que o risco de incêndio é mínimo”.

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A inquilina Jeane da Silva, que vende empada na Praia de Boa Viagem, mais de uma vez vê e exibe as fotos do nascer do sol que tirou da sua janela no 15º andar com o celular. Ela ainda não empacotou seus pertences. “Meu plano é correr atrás, ir até o último minuto. Eu não corri atrás de casa, não fiz nada. Eu não vou sair me rendendo, vou lutar até o fim, se tiver que esperar a polícia, eu vou esperar”, ela comenta.

Segundo Jeane, é preciso ter moradores no local para que o prédio não seja esquecido. “Se fechar aqui a gente vai cair no esquecimento, que nem Brumadinho, que ninguém lembra mais. Lá foi uma tragédia, nem se compara a isso aqui e já caiu no esquecimento. Então aqui não vai ser diferente”, reflete. E acrescenta: "Aqui é o único local que o pobre mora tão bem quanto o rico. Pode não ser a mesma estrutura de prédio, mas tem a mesma visão, mesma praticidade, mesmo local. Tudo é favorável aqui, para pegar ônibus, pegar táxi, comer. É a única oportunidade que pobre tem de morar bem”.

Encostada do lado de fora do prédio, Vanusa Barbosa não conseguia conter as lágrimas. Ela se mudou há oito dias, mas tem acompanhado de perto a situação. “É triste ver as pessoas saindo desse jeito. Dois filhos meus nasceram e cresceram aqui. Todos se conheciam. Era um local seguro, que ninguém fazia o mal ao outro, e, de repente, se desfaz”, lamenta.

285. Essa é a quantidade de degraus que Fernando Cândido, de 87 anos, tinha que subir até o seu apartamento no 13º andar, após o imóvel ficar sem energia e, consequentemente, sem elevadores. O idoso demorou mais de meia hora contando os lances de escada, levado pela curiosidade. Mudou-se há dois dias para um local próximo. “Morar aqui era ótimo, era uma beleza. Perto de tudo. Vou voltar para cá se Deus quiser”, torce o aposentado.

Outra idosa, de 63 anos, precisou ser retirada pelo Corpo de Bombeiros de seu apartamento no 16º andar. Regina Pires mora só, tem dificuldade de locomoção, sendo hipertensa e diabética, além de já ter sofrido dois AVCs. Ela estava de saída, porém a contragosto. Antes, quando questionada se cogitava deixar o endereço, exclamava: “não diga nem isso!”. Foi convencida de que era necessário deixar o local. Com a glicose elevada, saiu direto para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira. De lá, será encaminhada para um abrigo da prefeitura.

A Justiça determinou que os moradores deixassem o local até esta quarta-feira, mas não há um horário específico. O juiz Luiz Rocha, autor da decisão, tem pontuado que a saída dos residentes deve ser feita com diálogo, para evitar o uso da força.

O comerciante Hélio Gomes, que tem um depósito de água na parte de trás do Holiday, havia recebido técnicos da Defesa Civil que afirmaram que ele deveria deixar o local. “Eu fiquei sem dormir, sem comer…”, recorda. Hélio conseguiu decisão favorável da Justiça ao defender que jamais foi condômino do edifício, que não está em débito com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), além de estar regular com o Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea). Apesar de Hélio dizer que seu imóvel não faz parte do terreno, moradores têm esperança de que a decisão seja um indício de que a ordem de desocupação possa ser suspensa.

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Em uma conversa descontraída, Neide Cereja, 55 anos, conta que vive há mais de 40 anos nas ruas de Belém. É artesã, sua barraquinha fica em frente à Praça da República, ela vende bijuterias, pulseiras, colares, brincos, apanhadores de sonho, objetos de decoração. Todas as peças são feitas à mão, confeccionadas por ela mesmo. “Não nasci com o alicate na mão, mas foi um dom que Deus me deu”, conta.

A artesã decidiu viver nas ruas por causa de uma decepção familiar. Mas às vezes, aos domingos, ela volta para casa, em Benevides, município distante cerca de 30 quilômetros de Belém, onde moram seus dois filhos. Uma das coisas de que ela mais sente falta, estando na rua, é da família. Por isso a visita. Para Neide, a vida nas ruas chega a ser uma troca de energias positivas, em que ela passa e recebe felicidade. 

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Geralmente, Neide dorme no calçadão em frente às lojas Americanas da avenida Presidente Vargas, no centro da capital paraense. Ela lembra do primeiro dia em que dormiu na rua. Diz que não foi um momento tão sofrido, “porque anjos enviados por Deus” a protegeram. Quando chegou e sentou em sua mochila, estava muito assustada. Em seguida, pessoas estenderam a mão para ajudá-la e dar apoio. Neide diz que é espírita. Para ela, a “liberdade espiritual” é tudo: “Não troco por nada”.

No calçadão, afirma Neide, todos são muito unidos. Semanas antes da entrevista, uma mulher que trabalhava como prostituta foi baleada. Por esse motivo, o grupo de moradores de rua estava tentando arranjar dinheiro para ajudá-la com os remédios, curativos e documentos. Neide e um outro amigo levaram a vítima para o Pronto- Socorro da Quatorze de Março, para os primeiros socorros.

Segundo a artesã, é comum matarem pessoas que vivem na rua pela área do comércio de Belém, principalmente pessoas que trabalham durante a noite. Muitas são alvo de balas perdidas em perseguições a usuários de drogas.

Neide informou que faz tratamento psiquiátrico em um dos Centros CAPS de Belém - Centro de Atenção Psicossocial –, que são unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, com equipe multiprofissional voltada ao atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Ela diz que o tratamento é somente por uma questão de crises de ansiedade e para o equilíbrio mental e que não faz uso de nenhuma substância química a não ser as medicações com tarja preta que são prescritas pelo médico.

Descobri Neide em uma das ações do “Tem palhaço na rua”, da Trupe dos Palhaços Curativos. Conhecida dos voluntários, ela realmente é incrível. Acredito que não foi o grupo que levou assistência a ela, foi ela que nos deixou uma lição.

Vaidosa, sempre vestida com um vestido diferente longo e florido, de um coração bondoso e muito simpática, Neide gosta de falar da sua habilidade como artesã. As  peças que ela confecciona são muito bonitas, feitas com sementes, caroço de açaí, capim dourado e outros materiais regionais.

Sempre aberta para o diálogo, Neide esbanja simpatia e educação. Costuma dizer que tudo vai ficar bem, nos dias ruins. Como ela pode ser tão otimista e tão feliz ao mesmo tempo depois de tanta coisa que lhe aconteceu? Talvez seja essa sua missão, fazer das ruas um lugar melhor para todos.

Reportagem: Trayce Melo.

Edição de texto: Antonio Carlos Pimentel.

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Há pouco mais de um ano, Adriano Santos Loureiro, 35 anos, fugiu de casa porque recebeu ameaças de morte após uma briga com um vizinho policial. Foi uma decisão difícil, mas era a única forma de proteger sua vida. Desde então ele perdeu contato com a família. Impossibilitado de voltar, passou a viver na rua.

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“Boto”, como Adriano é conhecido pelas redondezas do Ver-o-Peso, gosta muito de nadar. Foi daí que surgiu o apelido. Como não usa drogas, ele guarda o dinheiro que ganha reparando carros. “Boto” usa os trocados para comprar comida ou ajudar um de seus colegas com a refeição do dia. A rotina é bem simples: “Durmo, tomo café, almoço. Normal. Para mim eu acho normal. Às vezes reparo carros aqui”.

Em grandes centros urbanos, ou nas cidades pequenas, a situação de vida nas ruas é alarmante. Não se trata de um problema exclusivamente brasileiro. Ele está presente no mundo todo. Pessoas de diferentes vivências estão nessa condição pelas mais variadas razões. Há fatores, porém, que os unem: a falta de uma moradia fixa, de um lugar para dormir temporária ou permanentemente, e a ausência de vínculos familiares, interrompidos ou frágeis. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que, em 2015, o Brasil tinha 101 mil habitantes em situação de rua. Esses são os dados mais recentes. Com a crise e o aumento do desemprego, os índices podem ser bem maiores.

Adriano Santos Loureiro, o “Boto”, morador de rua de Belém, engrossa essa estatística. Nunca chegou a procurar um dos Centros POP da capital paraense - Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Diz que prefere ficar na rua. Não é muito de regras, e cada centro tem suas regras.

Ele conta que nunca sofreu agressão de agentes de segurança pública, só às vezes que os policiais mandam levantar e sair do local, geralmente na praça Waldemar Henrique, região central da cidade, onde se reúnem usuários de drogas. Certa vez, numa briga, saiu com o nariz quebrado. “Quando ele [outro morador de rua] veio me abordar, dei uma cotovelada nele e em seguida o policial me deu um soco”, relatou "Boto", rindo da situação.

Adriano é uma pessoa quieta, bem na dele. Não é muito de falar. Mas é gente boa e simpático. Percebi isso desde a primeira vez que conversei com ele na ação “Tem Palhaço na Rua”, organizada pela Trupe dos Palhaços Curativos. No dia da ação ele estava sentado isolado com sua marmita e um copo de suco, enquanto os outros interagiam e brincavam com a trupe dos palhaços.

Arrisquei conversar, com medo de ele não querer papo com ninguém, mas aos poucos ele foi desenrolando. Naquela noite marquei de voltar outro dia para fazer uma entrevista e ele topou a ideia. Falou que era para eu procurar pelo “Boto” na escadinha que fica ao lado da Estação das Docas, que ele estaria por lá.

Dito e certo, no dia da entrevista, com sol a pino, perguntei por “Boto” a uma vendedora ambulante em frente à Estação das Docas. Queria saber se ele realmente era famoso naquelas redondezas. “O ‘Boto’? Onde ele está? Deve estar nadando perto da escadinha”, respondeu a vendedora.

Foi quando olhei para a pracinha na beira da baía do Guajará e lá estava ele deitado em um banco. Ao redor havia outras pessoas sentadas no chão e em pé, conversando e rindo com dois policiais. Fiquei impressionada. Me aproximei de onde ele estava e perguntei se estava incomodando. Então ele se levantou, pegou sua mochila preta, colocou a camisa no ombro e fomos sentar em outro banco para fazer a entrevista.

Em 2018, “Boto” disse que presenciou a morte de mais de cinco conhecidos das ruas, por envolvimento com drogas. Quando questionei se tinha algum problema com drogas ou álcool, falou que bebia, mas nunca usou drogas nem fumou. Chegou a ter uma parceira. Durou seis meses o relacionamento. Mas ela bebia demais e isso desgastou a relação. Ele também perdeu o emprego um pouco depois, em uma estância, onde trabalhou durante dez meses. Depois disso, não conseguiu mais carteira assinada.

A primeira passagem pela rua foi no ano de 2015. Estava cansado, não aguentava a vida e toda a pressão em casa, contou. No início, ficava desconfiado, com vergonha de ser reconhecido e não sabia muito bem como agir. Disse que não se importa com afeto. Não foi criado pela mãe, relatou, nem teve o seu amor. Passava a maior parte do tempo na rua porque o pai também não ligava para ele, afirmou. Sem amor e afeto na infância, acabou se acostumando a não ter. Quando falei da possibilidade de sair das ruas, ele disse: “Cara, eu queria, mas não sei quando. Não sei, só Deus Sabe!”

Os invisíveis

É bastante difícil quantificar o número de pessoas nessa situação no Brasil. A maioria dos censos leva em conta o local de moradia das pessoas e as que estão em condição de rua não têm essa constância, o que atrapalha a realização de pesquisas. Para o planejamento urbano, eles são realmente invisíveis, embora não seja difícil encontrá-los entre as principais rotas comerciais e turísticas das grandes cidades.

Na cidade de Belém do Pará, os principais cartões-postais da cidade e o centro histórico são os mais habitados por essas pessoas. Os chamados “moradores de rua” estão em situação de vulnerabilidade e acabam se tornando “invisíveis” aos olhos da sociedade.

Só no mês de fevereiro de 2018, em Belém, foram noticiados dois homicídios com pessoas em situação de vulnerabilidade. Os crimes ocorreram num intervalo de tempo de 12 horas e em áreas de intenso comércio: praça do Relógio (ao lado da pedra do Ver-o-Peso) e Entroncamento. Outra questão preocupante é a saúde. Pela falta de higiene muitos deles têm problemas bucais, sequelas de acidentes, ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e tuberculose.

Na última ação do projeto “Tem palhaço nas ruas”, iniciativa de jovens voluntários que distribuem amor e afeto a quem vive na rua, no mês de novembro, encontrei novamente o “Boto” sentado em seu banco, quieto, mas com companhia dessa vez. Era uma mãe e seus três filhos. Uma moça jovem, bonita e muito envergonhada. As crianças adoraram a presença dos palhaços. O mais velho tinha 7 anos, a do meio, 5 anos e a bebê, 3 meses de vida. Confesso que fiquei incomodada com o que estava vendo, mas ela dormia em seu carrinho toda aconchegada. Como Belém está no período de chuvas, a mãe disse que às vezes ela e os filhos dormem em albergue, se conseguem um trocado, mas tem dias que são mais difíceis.

Uma das maiores dificuldades é comprar fraldas, já que são caras. Sobre o pai, a menina de 5 anos contou que ele trabalha muito. Ela disse que estão esperando ele voltar.

A prefeitura registrou na Fundação Papa João XXIII (Funpapa) mais de 2.400 pessoas atendidas entre os anos de 2016 e 2017, segundo o Relatório do Serviço de Vigilância Socioassistencial de Belém. No município, atualmente, existem dois espaços de acolhimento institucional para pessoas adultas em situação de rua: CAMAR I, para acolhimento de pessoas somente do sexo masculino; e CAMAR II, que atende mulheres e famílias. A porta de entrada do serviço é o encaminhamento institucional realizado pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua - Centro POP, Centro de Referências Especializado da Assistência Social - CREAS e, em alguns casos, dos serviços na área da Saúde e de Conselhos de Direitos.

“Boto”, na entrevista, queria contar sobre a visita à casa da irmã, no almoço do Círio, em outubro. Ele estava com roupas novas e um corte de cabelo diferente, animado e cheio de novidades. Passar ao lado da irmã essa data deve ter sido especial, já que ele não a via fazia tempo. Ele também agora era um bom amigo para a jovem que chegou com os três filhos recentemente naquele lugar. Mas à casa da mãe, destacou, ele não voltou mais.

Reportagem: Trayce Melo.

Edição de texto: Antonio Carlos Pimentel.

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Investigadores americanos concluíram que um morador de rua de 78 anos foi o maior assassino em série da história dos Estados Unidos, com mais de 40 homicídios, informaram as autoridades nesta quinta-feira.

Samuel Little já confessou mais de 90 assassinatos cometidos entre 1970 e 2005 e suas principais vítimas foram dependentes de drogas e prostitutas em todo o país, segundo a polícia federal americana (FBI).

O promotor Bobby Bland, do condado de Texas, onde Little está detido, revelou que o assassino confessou ao menos outras seis mortes, o que eleva a mais de 40 o número de assassinatos verificados.

"Está contando coisas, casos que ocorreram há 50 anos, e dando detalhes sobre todos estes assassinatos diferentes. Nenhuma das declarações que fez era falsa", disse Bland à AFP.

Segundo Bland, o serial killer se declarou culpado do assassinato, em 1994, de Denise Christie Brothers, em Odessa (oeste do Texas), o caso que revelou a carreira de crimes do morador de rua.

O FBI tem trabalhado com agências federais, estaduais e locais para alinhar as confissões de Little a assassinatos não resolvidos em todo o país.

Little admitiu o assassinato de Brothers no Texas após Bland se comprometer a não aplicar a pena de morte neste caso, uma concessão feita "para ganhar sua confiança", de acordo com o próprio promotor.

NAO PUBLICAR

Família, amigos e paixão pelo futebol. No desespero por conseguir um trabalho, o desempregado Alan Silva deixou o que tinha em Anápolis, Goiás, e partiu para o Ceará, contando com a boa vontade de desconhecidos que não lhe deixaram de oferecer carona nas estradas por que passou. Fã de Pelé e da seleção brasileira de 1970, ele trocou o gosto pelo esporte pelos jogos de azar, ainda na terra natal. “Perdi tudo e fui aventurar. Só que chegando em Fortaleza, a fazenda em que fui trabalhar era de serviço escravo. Com três dias, a polícia bateu lá e prendeu dono, capataz, em bocado de gente. A gente ficou jogado sem teto e resolvi vir para Recife”, relata. Há sete meses vivendo nas ruas da capital pernambucana, Alan afirma não ter recebido apoio da Prefeitura em suas tentativas de requerer a passagem de volta. “Dizem que não tem verba. Para piorar, roubaram meu celular, perdi todos os contatos e minha família não sabe onde estou. Já fui fanático, quero assistir aos jogos, mas quem consegue assistir? Concentrar na Copa tá difícil”, completa.

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De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o déficit habitacional no Brasil cresceu de 6.881.343, em 2011, para 7.757.183 moradias, em 2015, quando a instituição levantou os últimos dados. Sentado ao lado de Alan, em uma das fontes espalhadas pela Praça da Independência, no Centro do Recife, o artesão Daniel Silva conta que mora nas ruas há 7 meses, enquanto prepara mais uma de suas peças de arte feitas com no base de arame, um dos poucos recursos de que dispõe para sobreviver. “Onde eu morava, tinha duas facções. Se você vive numa rua, não pode a atravessar para o outro lado. Então resolvi sair fora, atravessar todas as ruas, estados e, se possível, passar por cima de qualquer coisa. Melhor do que estar numa casa em que quem manda são os traficantes”, comenta.

Daniel sobrevive vendendo seu artesanato, feito essencialmente de arame. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Descrente no país e na sociedade em que vive, Daniel estende sua revolta à seleção brasileira. “Vou torcer para esse time se só tem alma sebosa no Brasil? Nossos governantes são as primeiras desgraças que existem no mundo. O Brasil vive jogado, na lama, só tem bandido. Não se pode confiar em político, polícia nem em em jogador de futebol. Hoje em dia, ninguém crê mais em nada”, lamenta. 

A profissional do sexo Valdirene Jesus se queixa da pouca procura dos clientes durante o período do jogos. “As lojas fecham cedo e as pessoas vão embora, só atrapalho. Diminui o movimento, o pessoal só tá pensando em comprar camisa da Copa”, lamenta. Desempregada há 12 anos, quando perdeu o serviço de empregada doméstica. “Eu gostaria de arranjar um emprego, mas só fiz até a oitava série, aí fica difícil de conseguir. Além disso, ultimamente o pessoal não quer mais ninguém trabalhando em casa, porque agora tem que pagar carteira assinada e salário”, comenta. 

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Assim, Valdirene vê o ponto de programa no centro do Recife como única maneira de sustentar seus dois filhos e três netos. “Tenho esperança, porque a esperança é a última que morre. Conheço muita gente desempregada, tem um bocado de gente passando fome e o pessoal só fala em Neymar. Por mim o Brasil nem ganharia a copa, porque, se ganhar, eles vão continuar ricos e eu pobre”, afirma. 

“Sem o futebol, o que seria?”

Longas filas, grades e revista. Há quem não tenha tempo para enfrentar a burocracia da entrada da Arena Brahma no Bairro do Recife, ação idealizada pela empresa para divulgar sua marca a partir de um telão e estrutura montados para a torcida brasileira na copa do mundo. A poucos metros de lá, um grupo de pessoas prefere se reunir para assistir a Brasil e Costa Rica em um dos fiteiros da avenida Marquês de Olinda. Timidamente, o catador Danilo Henrique faz a difícil escolha de trocar a atenção no chão repleto de latinhas para se aproximar da TV na tentativa de acompanhar alguns lances de um primeiro tempo decepcionante para a seleção. “No momento, só paro para dar uma olhada, mas tenho que fazer minha correria. Eu gosto de futebol, mas se ligar só para isso, como é que vou ficar?”, questiona. 

Alguns catadores pararam o trabalho por instantes para acompanhar o jogo da seleção. (Rafael Bandeira/LeiaJá)

Apesar disso, o catador acredita que os “vizinhos” estão pouco interessados na copa. “A maioria que mora na rua não liga não. Ninguém está ligando porque o evento não oferece nada para a gente, nenhum time ajuda a gente”, completa. Na rua desde os sete anos de idade, Danilo não guarda mágoas do país que não lhe deu outra possibilidade. “Por que estaria irritado? É assim mesmo a vida. Quando tem jogo, o povo deixa mais latinha na rua. Futebol é legal, é uma diversão pra todo mundo. Sem o futebol, o que seria?”, indaga, poucos minutos antes de voltar ao serviço, sem assistir à encorajadora vitória por 2x0 contra a seleção costarriquenha.  

 

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Há um mês, Roberto se alimenta dos sopões solidários oferecidos aos moradores de rua. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

De camisa de botão, calças bem passadas e sapatos sociais, o desempregado Roberto Silva aguarda um dos encontros mais importantes de sua vida. Há um mês, ele tirou os cerca de R$ 600 que guardava em uma conta bancária e comprou uma passagem só de ida, de São Paulo para o Recife, deixando esposa, filhos, casa e carro próprio na esperança de descobrir o paradeiro de seu pai, o pernambucano Amaro Mariano Silva. Desde então, Roberto dorme nas ruas do Centro do Recife e conta com a ajuda de desconhecidos para se alimentar e bancar as passagens para continuar as buscas.

 “Minha mãe é paraibana e veio morar no Recife. Aqui, conheceu meu pai, com quem viajou para São Paulo. Eles tiveram cinco filhos, comigo, e se separaram. O que ela me contou foi que foi traída, o que ocasionou o rompimento do casamento e a volta do Seu Amaro para Pernambuco”, relata Roberto. Depois disso, o desempregado sabe apenas de fragmentos da própria história. “Não sei o que deu na cabeça dela, mas resolveu vender a casa em vivíamos muito bem. Meu pai era torneiro mecânico, nos sustentava com tranquilidade. Nos mudamos para uma favela e sei que ela chegou a ser presa, desconheço o motivo”, lamenta. Roberto era recém-nascido quando o pai deixou a família.

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Com outro companheiro, a mãe de Roberto teria ainda mais dois filhos. “Ela, até hoje, mal fala do meu pai. Sempre questionei, mas nunca recebi respostas concretas. Ela criou ódio dele por causa da traição, não queria nem que a gente tocasse no assunto”, completa. A cada novo natal sem respostas, Roberto se inquietava sozinho, em oposição à apatia dos irmãos em relação ao pai. Capacitado para trabalhar como vigilante, era com essa atividade profissional que sustentava a companheira e os filhos, até que ficou desempregado.

Aos 55 anos, sem uma foto sequer do pai e com a exclusiva informação de que ele trabalhou na antiga “Minerva”, uma fábrica de papéis do Bairro de Caixa d’Água, em Olinda, fechada há mais de 30 anos, Roberto decidiu que era o momento de investigar o paradeiro de Amaro. 

Foram três dias em um ônibus e um desembarque apressado. Da rodoviária, com R$ 40 no bolso e uma mala com uma bíblia, documentos e algumas roupas, Roberto se apressou em ir a Caixa d’Água. “Passei a noite pra cima e pra baixo, procurando informações sobre meu pai com a população. Dormi na rua pela primeira vez. Me disseram que, de lá, quando a empresa fechou, ele se mudou para Rio Doce (Olinda)”, afirma. 

Roberto no local onde costuma dormir. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Vida no Centro

Embora tenha sido racionado durante a viagem em um lanche por dia, o dinheiro logo acabou. Com os abrigos para moradores de rua lotados, restou a Roberto hospedar-se debaixo da marquise de um edifício, no cruzamento entre a Rua do Sol e a Avenida Guararapes. “Os seguranças sempre estão de olho, qualquer coisa podem me dar uma força. Lá embaixo, perto da Praça do Diario, a coisa é mais pesada, comecei a recuar, mas ao mesmo tempo tinha que jogar o jogo deles, na forma de falar, no jeito de me vestir, se não poderia ser roubado ou morto”, explica. 

Roberto chegou a ter o celular, que utilizava para se comunicar com a esposa, roubado. Com “vergonha de pedir”, foi vender água até conseguir R$ 20 para comprar um novo aparelho, mais simples, na Avenida Dantas Barreto. “Sinceramente, nos primeiros dias me senti meio inseguro, mas depois que comecei a ter contato com as pessoas, vi que os pernambucanos são pessoas muito amorosas, carismáticas. Encosto numa banca a pessoa já me dá um cafezinho, sem eu pedir”, conta. Alimentando-se dos sopões organizados por instituições de caridade para os moradores de rua e carregando o celular em Igrejas, Roberto vai levando uma rotina cheia de incertezas e espaços vazios. 

Se a coisa não mudar, em duas semanas, ele pretende desistir do sonho de reencontrar o pai e voltar à São Paulo. “Preciso de alguma notícia dele, vivo ou morto. Se eu pelo menos arrumasse um emprego, poderia ficar mais. Todos os meus documentos estão com a prefeitura”, conta. Aos cuidados do Centro POP Glória, espaço de referência do Ministério de Desenvolvimento Social voltado para o atendimento especializado de pessoas em situação de rua, Roberto foi abordado pelo educador social Bartyson Souza há cerca de 3 semanas.

“Sabemos que ele veio em busca do pai e que a situação ficou apertada. Caso ele decida ir, a gente vai tentar conseguir o recurso com a Secretaria de Desenvolvimento Social”, afirma Bartyson. De acordo com o educador social, nos últimos quatro anos, histórias como a de Roberto tornaram-se comuns nas ruas do Recife. “Neste período de crise, estamos nos deparando com pessoas de fora que, devido ao desemprego, vêm em busca de familiares, mesmo que não tenham vínculos com eles. Esses indivíduos retornam na tentativa de encontrar um contexto melhor”, relata.

Serviço//Contatos

Centro POP Glória

Endereço: Rua Bernardo Guimarães, 135, Santo Amaro, Recife-PE

Roberto Silva

Telefone: (81) 98859-0155 

O Corpo de Bombeiros retirou no início da tarde de hoje (4) o corpo de uma das vítimas do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, na última terça-feira (1º), na capital paulista. O corpo foi encontrado no local identificado como quadrante 1, o mesmo onde o morador conhecido como Ricardo Pinheiro caiu no momento em que era resgatado. Pelo Twitter, a corporação informou que a vítima foi levada ao Instituto de Criminalística, sendo um homem com diversas tatuagens no corpo e encontrado com o cinto de segurança utilizado durante a tentativa de salvamento.

“Ontem os cães detectaram a provável presença de uma vítima. A equipe dos bombeiros retiraram grande quantidade de entulho e hoje, depois de 22 horas de buscas, o corpo foi localizado. Foi retirado, periciado, com muitas tatuagens, foi encontrado o cinto que foi utilizado na tentativa de salvamento em cima da edificação e também parte do para-raio, levando a crer que poderia ser o Ricardo”, disse o capitão dos bombeiros, Marcos Palumbo. 

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Desde a manhã de hoje, os bombeiros aumentaram para seis o número de vítimas do desmoronamento. Oficialmente, os filhos de um casal que morava no prédio apresentaram queixa do desaparecimento dos pais. Segundo Palumbo, apesar do tempo transcorrido do desmoronamento, há chances de vítimas com vida serem encontradas.

“Vejo que há possibilidade de que tenham sobreviventes pelo fato de que algumas células de sobrevivência já terem sido encontradas hoje, porém sem vítimas. E nós estamos falando das partes mais altas da edificação. A partir do momento em que cheguemos no ponto das lages próximas do térreo ou do subsolo, por que não? Esses locais podem ter acomodado alguma pessoa que tenha ali sobrevivido ao colapso e também ao incêndio”, disse. 

Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado e preso na Operação Lava Jato) chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba, no sábado passado, dia 7, a vida do desempregado Eduardo Maciel, 20 anos, mudou drasticamente. Morador do pacato bairro Santa Cândida, na Zona Norte de Curitiba, há oito meses, ele e sua família (pai, mãe e três irmãos) viram na montagem do acampamento "Lula Livre" uma oportunidade de negócios.

Uma placa na porta da casa explica o empreendimento: "Número 1 - R$ 2, número 2 - R$ 3, Banho: R$ 4, carregamento de celular - R$ 2." "Faturamos entre R$ 300 e R$ 400 por dia", disse ele à reportagem, enquanto organizava a fila do banho. Eleitor declarado do deputado Jair Bolsonaro, Maciel não se furta de falar de política com os militantes petistas que chegam em busca de algum alívio - ou higiene.

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"Voto no Bolsonaro. Vi os vídeos dele e gostei. Se o Lula está preso, não é por acaso", afirmou o jovem, enquanto os integrantes da fila olhavam com reprovação.

Na esquina de cima, o aposentado Atahyde Carlos da Silveira, 59, morador do bairro há 25 anos e eleitor de Lula e Dilma, reclama da "vigília". "Minha vida virou de pernas para o ar. Nossa liberdade de ir e vir está comprometida. Nem o carteiro consegue chegar mais aqui. Tenho que andar com comprovante de residência e não posso mais chamar convidados", disse ele. Do dia para a noite (literalmente), cerca de 500 manifestante segundo a Polícia Militar (os organizadores falam em mil pessoas) se espalharam pelas ruas no entorno da Polícia Federal.

A estrutura de funcionamento é a mesma dos acampamentos recém-criados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): há uma organização rigorosa, com divisão de trabalho, provisões de alimentação e água, estrutura provisória de moradia (barracas de lona improvisada e de camping).

'Disciplina'

Mas em vez de ocupar uma área rural verde ou de pastagem, está montada em pleno bairro residencial, de ruas planejadas com asfalto, calçadas de grama e ladeiras íngremes. No local também funcionam uma subsede do PT nacional. "Eu sei que não é confortável abrir a porta de casa e ver isso. Mas estamos fazendo tudo com muita disciplina e respeito. Enquanto Lula estiver aqui, ficaremos. Esse é o nosso local de resistência", disse a professora Vanda Santana, 49, integrante da executiva do PT-PR e uma das coordenadoras do acampamento.

Ela conta que alguns moradores inicialmente avessos à vigília acabaram se envolvendo e abrindo suas casas para os militantes usarem o banheiro e tomar água. Um morador fez um pacto: liberou a água, mas depois que a coordenação aceitou pagar sua conta.

Transferência

O cerco ao prédio da PF fez o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná pedir a remoção de Lula da unidade, alegando prejuízo aos serviços oferecidos à população e pelos riscos de segurança causados aos moradores e aos policiais.

"Pessoas filiadas ao nosso sindicato trouxeram essa dificuldade. Ou seja, estão até sendo intimidadas ao saírem de suas casas. As ruas estão com problema de acesso, de saúde pública. Essa região da sede da PF não tem a mínima condição de receber esse condenado", afirmou o presidente do sindicato, delegado Algacir Mikalowski.

O pedido foi apresentado ao superintendente regional da PF em Curitiba, delegado Maurício Valeixo. Em nota, a direção da PF informou que Lula está recebendo o mesmo tratamento aplicado aos "demais custodiados" no prédio.

Pela primeira vez desde que foi preso em uma cela no último andar da sede da PF, o ex-presidente vai receber nesta quinta-feira, 12, a visita dos filhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se você é daqueles moradores que não possui uma boa relação com os vizinhos e já causou problemas, deverá ficar atento ao projeto de lei 9353/17, que tramita na Câmara dos Deputados. A proposta visa que um condômino possa ser expulso do prédio por comportamento inconveniente, agressivo ou desrespeitoso. 

De acordo com a matéria, a decisão pela expulsão será realizada por meio de uma assembleia com o apoio de, ao menos, três quartos dos condôminos. No entanto, antes, é preciso que a multa já prevista no Código Civil para quem perturba o sossego alheio não surta o efeito esperado. 

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Para o autor do projeto, o deputado Augusto Carvalho (SD), o direito de propriedade não é absoluto. "Cabendo a todos os condôminos o uso da coisa sem prejudicar os demais. Infelizmente, nem sempre é isso que acontece no convívio social”, argumentou o parlamentar. 

A proposta será analisada, de forma decisiva, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. 

 

 

Pisca-pisca, presépio, muita neve, árvores, luzes especiais, presentes e papai Noel. Há 17 anos são esses alguns dos elementos que não podem faltar durante o Natal na casa de Emanuel Pontes, 36, morador do bairro de Tejipió, no Recife. Todo fim de ano, o funcionário público faz questão de transformar a frente da sua residência em um verdadeiro cenário natalino com lâmpadas de led e ursos de pelúcia.  

Para se ter uma ideia, a decoração ocupa todo o muro da casa. São 22 metros de comprimento e 4 metros de altura. A atração já é tão famosa que vem gente de diversos lugares só para tirar uma foto no cenário. "Aqui eu já recebi gente de Ipojuca, Paulista, Boa Viagem, até de outro estado. O pessoal gosta de aproveitar esse momento para curtir o colorido do natal", conta.  

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A decoração nunca é a mesma. Segundo Emanuel, todo o ano o tema precisa ser diferente e ter algo mais criativo. E como não podia faltar nessa época festiva, o tema escolhido para 2017 foi a neve. Durante cinco horas, mais de 23 mil luzes iluminam a Rua Matoso da Câmara, em Tejipió, juntamente com muitas bolinhas de isopor que lembram o gelo.  

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O "Natal Nevado" de Emanuel começou no último dia 8 de dezembro, com cinco minutos de queima de fogos para celebrar a inauguração da atração deste ano. As luzes são acessas sempre às 18h e dependendo do movimento dos visitantes no local, ficam ligadas até às 23h. Em 10 dias de decoração, Emanuel diz que a conta de luz já subiu mais de R$ 230.  

Os preparativos começam cinco meses antes. A compra dos materiais é sempre feita no meio do ano, quando ele vai até São Paulo para conseguir os produtos por um preço mais em conta. Para enfeitar toda a fachada de sua casa, esse ano ele usou 23 mil e 100 microlâmpadas de led, 19 lâmpadas de foco, 14 fitas de led, fora as árvores e o presépio.  

Apaixonado desde a infância pelo período natalino, a desejo de fazer as decorações começou lá atrás quando ainda era criança. "Eu me lembro que a senhora que cuidava da gente começou decorando com apenas um pisca-pisca uma goiabera que tinha aqui no quintal de casa, depois disso eu queria fazer todos os anos", relembra Emanuel.  

Todo papai Noel tem seu ajudante 


Todo esforço de Emanuel já sensibilizou os vizinhos, que acabam juntando durante o ano todo algum produto para enfeitar a árvore, os cenários e instalar as lâmpadas. São bandejas de ovos, refis de café, tubos de PVC e entre tantas coisas que ajudam na hora de transformar os 22 metros do muro da casa em um paredão de luzes. 

Além de tudo isso, toda a decoração também conta com um fundo musical natalino. Ao todo são 23 canções diferentes, que ficam tocando sem parar enquanto as pessoas exploram todos os espaços. O espírito do Natal é tão forte que até os vizinhos são contagiados pela decoração. O que sobra dos anos anteriores, o funcionário público compartilha com os moradores da rua para iluminar mais ainda o local.  

São bonecos de pano, caixas de papelão enfeitadas e muito pisca-pisca. A ideia de Emanuel já é tão famosa que agora ele participa do concurso da Prefeitura do Recife, que elege a decorações de natal mais bonitas. 

Em 2013, o primeiro lugar da competição foi para Emanuel. Já em 2014 e 2016, as colocações foram terceiro e segundo lugar, respectivamente. Infelizmente nesse ano, o morador não conseguiu ficar entre os três melhores. Só em 2017 ele já gastou mais de R$ 7 mil comprando os enfeites de natal e R$ 1.230 com os fogos. Mas diferente de muita gente, para ele é uma satisfação imensa gastar todo esse valor só com a decoração. Confira: 

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Nos dias 24 e 31 de dezembro, ainda haverá outros cinco minutos de fogos e chuvas de neve para quem quiser curtir de perto o cenário iluminado. O endereço é Rua Matoso da Câmara, 157 – Sancho, no bairro de Tejipió, Zona Sul Recife.  

Mais uma vez as gravações de ‘A Força do Querer’ tiveram um problema inusitado. Enquanto estava em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, a equipe teve que lidar com um inconveniente que aconteceu enquanto as atrizes Juliana Paes e Carla Diaz estavam e cena.

De acordo com o jornalista Léo Dias, um morador da praia do Foguete, locação escolhida, apareceu da sua varanda soltando xingamentos. Entre os alvos das suas palavras estavam a atriz Juliana Paes e a TV Globo. O morador foi identificado como um médico, e também gritava frases de apoio ao deputado Jair Bolsonaro a cada vez que o diretor dizia “gravando!”, interrompendo assim o silêncio necessário para a concentração dos atores e para a filmagem.

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O incômodo foi tanto que a Polícia Militar foi chamada para resolver a situação, e terminou levando o morador algemado por desacato a autoridade após ele chamar as autoridades de “bando de merdas”. A ação foi aplaudida por quem assistia ao momento e as gravações seguiram adiante.

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Quem mora no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste da capital, vive cerca de 25 anos a mais que o morador de Cidade Tiradentes, no extremo leste. Na média, o primeiro chega a 79,67 anos, enquanto o segundo não passa de 53,85 anos. Essa diferença é causada por dificuldades enfrentadas pela população mais carente, que foram expostas ontem em estudo apresentado pela Rede Nossa São Paulo. O Mapa da Desigualdade de 2016 mostra grandes diferenças de acordo com o distrito da cidade em todas as áreas. Na Sé, por exemplo, as bibliotecas municipais dispõem de 7,92 livros para cada habitante com mais de 18 anos. No Jardim São Luís, essa taxa é de 0,001.

O 'desigualtômetro' contém dados atualizados até 2015. As taxas foram calculadas a partir de informações econômicas e sociais fornecidas pela Prefeitura e demais órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir delas, a entidade listou os melhores e piores distritos da capital paulista sob o ponto de vista de saúde, educação, cultura, mobilidade, segurança e habitação.

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Com ele, é possível saber, por exemplo, que a Barra Funda, na zona oeste, tem 9,42 salas de cinema para cada grupo de 10 mil habitantes. Na contramão, essa relação é de apenas 0,039 no Sacomã, zona sul.

Na habitação, o mapa coloca o distrito de Vila Andrade, na região do Morumbi, zona sul, como o que tem o maior porcentual de favelas, levando-se em conta o número total de domicílios - 49,10%. É lá que fica Paraisópolis, a segunda mais populosa de São Paulo. Situação inversa vive o bairro de Pinheiros, com 0,081 dos domicílios classificado como inadequado.

Saúde

A divisão da quantidade de leitos hospitalares pelos distritos da cidade é a que melhor exemplifica as desigualdades na área da saúde. Na Vila Medeiros, zona norte, a divisão do número total de leitos privados ou públicos disponíveis para cada grupo de 1 mil habitantes da região resulta em uma taxa mínima, de 0,041, enquanto que o ideal seria uma taxa entre 2,5 e 3. Na Bela Vista, região central, a meta é superada com folga.

Quando o assunto é violência, a taxa de homicídios por distrito volta a colocar em confronto bairros nobres e áreas periféricas. Em Marsilac, extremo sul da cidade, o número de assassinatos por 10 mil habitantes é de 4,95. Em Moema, também na zona sul, o mesmo dado é de 0,114. Já o índice de homicídios de jovens (de 15 a 29 anos) do sexo masculino é de 10,44 por 10 mil habitantes dessa faixa etária no distrito do Campo Limpo. Na Vila Mariana, o indicador para esse tipo de crime é de 0,642.

Na avaliação da entidade, o mapa funciona como uma espécie de radiografia da qualidade de vida nas diversas regiões da cidade. Em tempos eleitorais, serve para mostrar a realidade de São Paulo aos candidatos a prefeito e também para cobrar deles propostas de solução.

A atriz Helen Rio Branco, de 32 anos, mora desde criança na Cidade Tiradentes e atribui a baixa expectativa de vida à "ausência de Estado". "A expectativa de vida está ligada a um contexto social. Por ser periferia e ter uma comunidade composta por pessoas de origem pobre, a ausência do Estado é desde sempre. Então, automaticamente, há essa baixa expectativa de vida", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde as 11h deste domingo (23) moradores da favela Vila Kennedy, em Bangu, Zona Oeste do Rio, protestam contra a morte de uma pessoa após confronto entre traficantes rivais na madrugada deste sábado (22). Os manifestantes fecharam completamente os dois sentidos da Avenida Brasil, importante via que liga a Zona Oeste ao centro do Rio.

Segundo o 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Bangu, os manifestantes pedem mais policiamento no local. Durante o confronto, além do homem morto ainda não identificado, uma pessoa ficou ferida e foi levada para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, também na Zona Oeste do Rio.

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Muito emocionado, Luis Felipe Silva de Lima, de 20 anos, morador da Favela do Guarda, no Complexo União de Del Castilho, às margens da Linha Amarela, no Rio, contou como foi o regaste desesperado de Adriano Pontes, 26, morador da Favela do Rato, do outro lado da via expressa. Lima dormia na casa onde mora com a mãe quando foi acordado pelo estrondo da passarela de 42 metros caindo no chão. Essa não teria sido a primeira vez que um caminhão bate na passarela, de acordo com moradores, mas nunca com tamanho impacto.

Lima disse que a primeira imagem que viu ao sair de casa foi a da passarela caída sobre um táxi e um carro. Em seguida, avistou Pontes com a cabeça dentro do Rio Faria Timbó, que separa as duas pistas da via expressa, e o corpo nas laterais. Pontes ainda estava vivo. Com dois amigos, Lima entrou no rio para tentar salvar o vizinho. "Saí correndo e ainda o vi agonizando, lutando pela vida. Desci no rio para tentar salvá-lo, mas como não tenho conhecimento de primeiros-socorros, não consegui. Vi quando ele morreu", afirmou, emocionado. Perto dali, Célia Maria, 64, que também passava pela passarela, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

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Durante a tentativa de resgate, o irmão de Pontes, William, chegou ao local e o viu ainda com vida. Do alto do que ainda restava da passarela ele só conseguia gritar "estou contigo irmão" enquanto o pai gritava desesperado pelo filho. Mesmo com a chegada dos Bombeiros, Pontes foi retirado do rio sem vida.

"Vi os carros, mas não consegui ver as pessoas que ficaram presas. Foi uma cena muito forte. Nunca vou me esquecer." A telefonista Verônica, de 32 anos, disse que está é a terceira vez que um caminhão bate na passarela, o que foi negado pela Linha Amarela S.A. (Lamsa). Ao ouvir o barulho do impacto, Verônica correu para a janela e viu adultos e crianças que chegavam à passarela, correndo de volta para as rampas de acesso. "Se fosse em época de aulas, teria sido muito pior. Todo mundo usa a passarela para ir para a escola e para o trabalho."

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