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ESPECIAL/NÃOPUBLICAR-Rua do Hospício, Rua da Aurora, Avenida Dantas Barreto. As ruas do centro do Recife já integraram o itinerário cultural da cidade, levando a cinemas, teatros, museus e áreas de convivência onde os recifenses, e os turistas, podiam encontrar diversão, entretenimento e cultura. Porém, não mais. Os endereços mais tradicionais do coração da metrópole estão relegados ao esquecimento, com equipamentos culturais fechados, ou funcionando precariamente. Em consequência, com o público ausente, é cada vez mais difícil encontrar diversão e cultura na capital pernambucana, desde o bairro da Boa Vista até o Bairro de Santo Antônio.


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Talvez o exemplo mais notável desta triste realidade seja o Teatro do Parque. Localizado na Boa vista, mais precisamente, na Rua do Hospício, o lugar chegou a ser um dos palcos mais célebres da cultura no Recife e um verdadeiro centro cultural que agregava as mais diversas artes. Inaugurado em 1916, o Cineteatro do Parque, durante sua trajetória, recebeu grandes artistas e espetáculos, além de projetos como o Pixinguinha; Seis e Meia; Todos verão teatro; e sessões de cinema a R$ 1. Pessoas de todas as idades frequentavam o espaço que garantia diversão e dava vida àquela área do centro.


Mas, em 2010, o Parque foi fechado para reformas que não aconteceram até hoje. Durante estes oito anos de fechamento, o espaço foi se deteriorando cada vez mais. Atualmente, até a placa que sinalizava a reforma do equipamento cultural está toda desbotada, acompanhando as grades enferrujadas e vitrines quebradas na fachada do prédio.


O ator e produtor Oséas Borba tem acompanhado o calvário do Parque desde o fim de sua operação. Integrante de movimentos como o Guerrilha Cultural, OcuParque, ReExiste Teatro do Parque e Virada Cultural, ele tem lutado pela recuperação do espaço desde 2010: "O Teatro do Parque é um teatro chave na cidade do Recife. Além da localização geográfica, ele é um dos poucos teatros que envolve todas as artes, porque ele era um cineteatro, tinha festivais de dança, exposições, o cinema, grandes shows, peças de teatro, musicais; então é um teatro que faz muita falta. Sem contar que o entorno do Parque também foi ficando abandonado. Muitos bares e comércios ali na região fecharam.", lamenta o ator.



Em 2015, a Prefeitura do Recife (PCR), por meio de licitação, realizou um contrato de reforma do prédio mas, alegando um cenário de crise, paralisou as obras pouco depois de seu início. Agora, nova licitação foi feita e a empresa MultiCon Engenharia foi a escolhida para retomar os trabalhos de revitalização do Parque. A PCR, através de sua assessoria, informou, na última quinta (26), que "os próximos dias serão de preparação e mobilização para retomada das obras de reforma e restauro da edificação. O valor total para a continuidade dessa etapa é de R$ 5.652.904,38."  


Ainda através da assessoria, a PCR explicou que a reforma do teatro do Parque é "uma obra delicada" e que "exigiu cuidadosos estudos preliminares, feitos pela equipe técnica do gabinete de Projetos Especiais". Apesar das aparentes dificuldades inerentes à reforma, o órgão informou que a obra está prestes a começar e deve durar cerca de 12 meses: "Dada a complexidade do trabalho, que será iniciado no mês de maio, a finalização das obras deverá acontecer no prazo de aproximadamente um ano."


Para Oséas, o momento é de ficar atento a esta nova promessa do poder municipal: " A gente fica na expectativa e no aguardo para fiscalizar essa obra, até porque não é a primeira vez que a Prefeitura publica no Diário Oficial uma empresa para iniciar a reforma. Em 2015 começou-se a obra e foi paralisada. E quando eles pararam, negaram que estava parada quando já estava. Na véspera do aniversário do teatro, em agosto de 2015, eles chegaram a colocar funcionários lá dentro para dizer que a obra continuava funcionando. Espero que dessa vez eles realmente cumpram a promessa e deem prosseguimento à obra."


Pouco mais adiante, na Rua da Aurora, outro equipamento cultural acumula anos de fechamento e abandono. O Museu da Imagem e do Som de Pernambuco, o Mispe, antes um local de pesquisa e mergulho na cultura da música e artes visuais, hoje se resume a um sobrado lacrado com tapumes e caindo aos pedaços. Houve uma promessa de reabertura do lugar em 2014, porém esta se perdeu no tempo e continua sem explicação sobre não ter vingado. Atualmente, o acervo do Mispe está disponível apenas para pesquisadores em uma sala da Casa da Cultura.


A presidente da Fundarpe, Márcia Souto, afirmou, em entrevista ao LeiaJá, já haver um projeto concluído para a requalificação do Mispe e que este depende, apenas, de captação de recursos para poder iniciar. "A gente fechou o projeto para este imóvel da Rua da Aurora, orçamos e abrimos para captação do recurso. Ele prevê área de formação,acesso ao acervo, salas de consulta, auditório. Mas é um projeto caro, R$ 4 milhões só a parte física da obra. Conseguimos captar uma parte, R$ 1,300 mil e já estamos negociando com a Caixa o restante da captação para podermos abrir uma licitação. Já está bem encaminhado.", afirmou. Com um projeto grandioso a depender de verba e licitações, é impossível estimar quando o Mispe retornará ao seu funcionamento.


Até lá, existe um outro projeto, o de abrir uma unidade do museu na Casa de Capiba, desapropriada pelo Governo de Pernambuco em outubro de 2017. O imóvel, localizado no bairro do Espinheiro, Zona Norte da cidade, deve virar um equipamento cultural após votação favorável do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. "É uma unidade que a gente já pode ir adiantado", assegurou Márcia. O projeto, no entanto, também não tem previsão de entrega à população.


Ainda na Rua da Aurora, outro prédio tradicionalíssimo do centro do Recife abriga o não menos tradicional Cinema São Luiz. Inaugurada em 1952, a sala de exibição mais famosa e concorrida do centro já foi lugar de entretenimento para  diversas gerações além de ter recebido importantes festivais, inclusive, a nível internacional.



Em 2015, o São Luiz recebeu um aporte de R$ 1, 2 milhões para que seu maquinário fosse digitalizado e, assim, ficasse em condições de receber as novas produções da indústria cinematográfica. O moderno sistema de projeção e som contava com projetor digital 4k, 3D e som Dolby 7.1. Porém, o que deveria ser um ganho para o cinema acabou transformando-se em martírio pois o equipamento, que constantemente tem quebrado, é de difícil e dispendiosa manutenção. Só para ter ideia, na cidade do Recife não é possível encontrar peças para o conserto deste maquinário e a sala acaba sendo fechada para que técnicos e peças de fora possam ser solicitados.


É o que está acontecendo desde novembro de 2017. De lá até este mês de maio, o São Luiz permaneceu mais tempo fechado do que aberto. Em novembro, o festival Janela Internacional de Cinema por pouco não aconteceu no cinema do centro por conta de problemas técnicos como este e a equipe do evento precisou intervir para solucionar a dificuldade. À época, o realizador do festival, Kléber Mendonça, falou ao LeiaJá sobre o ocorrido: "Até quarta a gente estava com medo de não ter projetor pro Janela. Essa equipe milagrosa daqui faz um excelente trabalho mas a gente precisa de mais estrutura. Esse problema foi um bom alerta para que o governo tenha uma estrutura melhor pro São Luiz funcionar".


O público, muitas vezes pego de surpresa, fica sem entender o abre e fecha contínuo do São Luiz. Até porque, nestes últimos meses em que não funcionou, nenhum aviso foi afixado na porta do cinema, ou publicado em suas redes sociais. No entanto, a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, explicou que, neste meio tempo foram feitos os reparos nas placas do projetor e, em seguida, foi preciso fazer uma manutenção no ar condicionado da sala. Os serviços já estão em finalização e uma possível data de reabertura do cinema foi estimada: "A previsão é que por volta do dia 10 de maio, no máximo, deve estar abrindo. A ideia deles (equipe técnica) é liberar o cinema antes do dia 7 de maio." A presidente não soube informar o motivo pela ausência de informativos sobre o não funcionamento do São Luiz.  


Do outro lado da ponte Duarte Coelho, chegando ao bairro de Santo Antônio, outro espaço, antes de convivência, turismo e lazer, sofre paras manter-se vivo no cotidiano dos recifenses e visitantes. O Pátio de São Pedro, largo com alguns equipamentos culturais, restaurantes, bares, que costumava ser palco para eventos, como festas e shows, já não figura mais entre os destinos mais procurados daqueles em busca de diversão. Alguns destes equipamentos, como o Museu de Arte Popular, o Centro de Design do Recife e o Mamam no Pátio, seguem em uma manutenção eterna, os demais - o Núcleo de Cultura Afro, o Memorial Chico Science e Memorial Luiz Gonzaga e o anexo da Casa do Carnaval -, estão de portas abertas, mas com pouca sinalização.


Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura do Recife  afirmou que “o diagnóstico dos equipamentos já foi concluído e algumas intervenções e ações estão programadas”. Segundo o órgão, “o momento é de captação de recursos” e, portanto, é impossível estimar prazos e datas para a volta do funcionamento dos equipamentos fechados. Questionada, também, sobre reuniões e planejamentos em busca de uma nova ocupação para o Pátio, hoje usado quase que exclusivamente nos ciclos festivos como Carnaval, São João e Natal, informadas, em setembro de 2017, pelo Secretário Execuitivo de Cultura, Eduardo Vasconcelos, a PCR não deu resposta.


Mesmo assim, ainda há quem não desista do Pátio de São Pedro. Como os integrantes do Pátio Criativo, coletivo que, na casa 52 do largo, oferece brechó, oficinas de arte e eventos; o produtor da tradicional Terça Negra Demir Favela, que após bastante insistência conseguiu retomar o evento, ainda que somente uma vez ao mês; e o chef Thiago das Chagas que, sem temer o clima e abandono do lugar, abriu um novo restaurante no pátio, o Restaurante São Pedro, há cerca de um mês.


Uma “ousadia”, como o próprio chef coloca. Para ele, estar no Pátio de São Pedro é uma forma de se aproximar da essência do Recife e dos recifenses, além de poder estar mais perto dos produtos que compõem seu menu. A ideia é “fazer uma cozinha urbana, com a cara da cidade”: “Pra quem, é cozinheiro,o que dá mais satisfação é de fazer uma cozinha relacionada com os produtos da sua região, com a facilidade de acesso aos produtos. Compro os insumos do Mercado de São José, compro o camarão de bacia da esquina.”, diz Thiago.  


Ele assumiu o risco de tentar um novo negócio em um local em processo de degradação, e não foi por acaso: “O Pátio, de certa forma, era a praça de alimentação do recifense. Antes dos shoppings, todo mundo ia beber e almoçar lá. O Pátio tem cinco restaurantes tradicionais, hoje em dia a maioria está penando para se manter vivo. A principal motivação também é de fazer um processo de mudança ali no centro da cidade. Não só o Pátio, como o seu entorno, está todo degradado, é uma cracolândia.”.


O chef contou, também, sobre projetos que ele, junto a outros apaixonados pelo Pátio de São Pedro, e órgãos como o Sebrae estão planejando. São ações pensadas em diversas frentes como música, festival gastronômico e jantares dançantes, que devem compor um cronograma para preencher 12 meses do ano. “São iniciativas que a gente está tocando do ponto de vista privado que talvez revigore, de certa forma, o Pátio, sem depender da iniciativa pública”.

 

*Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O Museu da Imagem e do Som de Pernambuco, fundado em 1970, surgiu para servir de lar dos registros da cultura pernambucana em sua forma auditiva e visual. O acervo começou a ser composto por áudios de entrevistas marcantes com personalidades da época de sua abertura, como João Cabral de Melo Neto, Cícero Dias e Gilberto Freire. Inicialmente, essas peças eram todas guardadas na Casa da Cultura de Pernambuco, a primeira sede do museu.

No ano de 1992, o Mispe ganhou um casarão do século XIX, localizado na Rua da Aurora, para ser seu próprio lar. O endereço abrigou o museu durante 16 anos, até que, em 2008, por problemas na estrutura do prédio histórico, o acervo precisou ser temporariamente transferido de volta para o seu local de origem, a Casa da Cultura.

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A Casa guarda o vasto acervo do Mispe, que atualmente conta com mais de 20 mil peças, segundo Pedro Aarão, responsável pelo setor dos filmes. Além das películas estão guardadas no local partituras, fitas de áudio, discos, cartazes, cartões postais, slides, fotografias, livros, cordéis, recortes de jornal e todo o acervo jornalístico doado pela TV Universitária. Há também cercade 350 aparelhos de imagem e som, como câmeras fotográficas e cinematográficas, projetores, toca-discos, rádios e televisores.

A riqueza dos arquivos, no entanto, encontra-se disponível apenas para pesquisadores ou para intercâmbios com outros centros culturais. Pedro conta que não há planos para disponibilizar as peças para o público em geral ainda na Casa da Cultura. A ideia é que elas sejam expostas novamente aos visitantes apenas quando o edifício do Mispe for reaberto.

No período de quase dez anos desde o fechamento e seis anos de reforma, foram feitas algumas promessas de reinauguração do espaço. A última era de que o local reabriria em setembro de 2014. Três anos se passaram desde então, e ainda não há sinal de uma possível reabertura.

Segundo informações do site do Portal Cultura de Pernambuco, o projeto de requalificação da sede do Mispe, incluindo o orçamento arquitetônico e complementar, está pronto e seu valor é de aproximadamente R$ 3,5 milhões, que serão arrecadados com auxilio da Lei Rouanet. A meta é a otimização na guarda do acervo e melhorias na estrutura do edifício. André Arararipe,  diretor de gestão de equipamentos da Fundarpe, explicou em 2013 que o projeto é utilizar os quatro andares do prédio, com exposições permanentes e sessões de cinema.

Procurada pelo LeiaJá, a Fundarpe, responsável pela manutenção do equipamento cultural, teve seis dias para responder aos questionamentos enviados pela reportagem, mas não respondeu a nenhum. Em vez disso, se resumiu a enviar, por meio da assessoria, uma cópia do texto que já está disponível no Portal Cultura de Pernambuco.

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Foram mais de sete anos à frente do Governo de Estado e, consequentemente, das políticas públicas implantas em Pernambuco. No âmbito da Cultura, o ex-governador Eduardo Campos, ao longo dos seus dois mandatos (2007-2011 e 2012-2014) trouxe avanços significativos, a exemplo da implantação no calendário de eventos do Festival Pernambuco Nação Cultural, da ampliação do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), e da criação de uma secretaria específica para o setor, a Secretaria de Cultura (Secult), em 2011. Por outro lado, algumas mazelas envolvendo a gestão cultural em Pernambuco não foram sanadas, a exemplo do abandono de alguns equipamentos culturais, como o Museu de Imagem e Som de Pernambuco (MISPE), do atraso crônico na divulgação dos resultados do Funcultura e da demora na adesão pernambucana ao Sistema Nacional de Cultura (SNC).

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Mudanças na gestão da Cultura

De acordo com a Secretaria de Cultura, em 2007, quando Eduardo Campos assumiu o Governo do Estado, a instituição responsável pela elaboração e gestão das políticas culturais do Estado era a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que até 2011 estava vinculada à Secretaria de Educação e sob a presidência de Luciana Azevedo. Ainda em 2007, Ariano Suassuna foi nomeado secretário especial de Cultura de Pernambuco, cargo vinculado ao gabinete do governador e sem responsabilidade de gestão cultural.

Em 2011, início do segundo mandato de Eduardo Campos, foi criada a Secretaria de Cultura, entidade que passou a centralizar e responder pelas políticas culturais de Pernambuco, incluindo a Fundarpe, e contou com Fernando Duarte como o primeiro secretário. Mas desde outubro do ano passado, Marcelo Canuto é o gestor da pasta. Em relação à Fundarpe, Severino Pessoa passou a responder pela presidência do órgão público em 2011, após uma investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que afastou Luciana Azevedo do cargo.

Segundo a Secretaria de Cultura, desde 2007 o princípio da gestão cultural no Estado tem sido difundir e fomentar todos os setores artístico-culturais pernambucanos, com foco na valorização da cultura popular, incluindo as manifestações dos povos tradicionais, como os quilombolas e os indígenas. E, para que isso se concretize, o orçamento estadual para a Cultura tem sido ampliado. Em 2007, o orçamento destinado foi de R$ 46 milhões, e para 2014 há uma previsão orçamentária na ordem de R$ 133 milhões. 

Funcultura Independente

Criado em 2003, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura foi uma das iniciativas públicas que mais teve avanços significativos durante a gestão de Eduardo Campos. Até 2007, primeiro ano da gestão socialista no Estado, o Fundo contemplava todas as linguagens artísticas e tinha um orçamento de, em média, R$ 4 milhões ao ano. A partir do primeiro ano de Eduardo Campos como governador, o orçamento subiu para R$ 8,1 milhões e hoje conta com R$ 33,5 milhões de caixa, dos quais R$ 11,5 milhões são destinados ao Funcultura Audiovisual – também criado em 2007 e voltado para o fomento do cinema pernambucano.

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Em linhas gerais, de 2007 até 2013, foram investidos R$ 142,1 milhões e contemplados 1863 projetos culturais. No final de 2013, o ex-governador sancionou a Lei 15.225/2013 que assegura um montante mínimo de recursos para o Funcultura de R$ 33,5 milhões (sendo R$ 11,5 milhões para o Audiovisual e R$ 22 milhões para as outras linguagens). Mas apesar de tantos avanços, uma atitude recorrente por parte do Funcultura e que tem prejudicado o cronograma dos projetos proponentes é o anúncio, com meses de atraso, do resultado das iniciativas contempladas pelo fundo. Segundo a assessoria do fundo estadual, a Fundarpe repassou 46% dos R$ 33,5 milhões destinados aos projetos aprovados no ano passado.

Festival Pernambuco Nação Cultural 

Criado em 2008, o Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC) é um momento de culminância das diversas ações e políticas culturais do Estado. Além dos shows de atrações nacionais e locais, o evento congrega mostras de todas as linguagens artísticas, como cinema, teatro, dança, circo, fotografia e artesanato, entre outras, além de encontros de cultura popular e de povos tradicionais, oficinas e seminários. De 2007 a 2011, a média era de cinco edições por ano.

A partir do início do segundo mandato de Eduardo Campos e com as mudanças na gestão das políticas culturais do Estado, o festival passou a ter uma média de dez edições anuais - com destaque para o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que passou a integrar o FPNC - e a percorrer todas as regiões pernambucanas. Neste ano, a caravana do Pernambuco Nação Cultural começou na Mata Norte, com ações em Goiana e mais dez cidades da região, e a programação segue até o próximo dia 13 de abril.

Concursos e premiações

Consequência direta do FPNC, o Concurso de Fotografia Pernambuco Nação Cultural já teve sete edições. O prêmio é de R$ 5 mil para cada vencedor e as fotos circulam em exposição nas edições do Festival Pernambuco Nação Cultural. O objetivo é dar visibilidade aos fotógrafos profissionais e amadores do Estado.   

o Prêmio Pernambuco de Literatura, que em 2014 completou duas edições, foi criado com o objetivo de fomentar a produção literária em todas as macrorregiões do estado. Além das publicações dos títulos vencedores pela Companhia Editora de Pernambuco, os vencedores de cada macrorregião levam um prêmio no valor de R$ 5 mil. Há ainda um prêmio especial de R$ 15 mil para um dos cinco vencedores. 

Equipamentos Culturais de Pernambuco

De acordo com a Secretaria de Cultura, a rede de equipamentos culturais da Secult/Fundarpe em funcionamento é composta pelo Cinema São Luiz, a Casa da Cultura Luiz Gonzaga, o Museu da Imagem e do Som, o Museu do Estado de Pernambuco, o Museu de Arte Contemporânea, o Teatro Arraial, a Torre Malakoff, o Museu de Arte Sacra de Pernambuco, a Estação Cultural Senador José Ermírio de Moraes, o Museu do Barro de Caruaru, o Espaço Pasárgada, o Museu Regional de Olinda (Mureo) e o Cine Teatro Guarany (Triunfo). 

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Na lista de reformas e melhorias nos equipamentos culturais de Pernambuco durante a gestão de Eduardo campos, destaque para o Cinema São Luiz, adquirido e restaurado pelo Governo do Estado e que está com um processo licitatório em andamento para compra de um novo sistema de som e projeção digital. Além disso, há a promessa por parte da Secretaria de Cultura de entregar dois novos equipamentos para a população: o Centro Cultural Miguel Arraes e a Estação Central Capiba (Museu do Trem).

No entanto, um exemplo de espaço público importante para a cultura pernambucana e que está fechado há muitos anos é o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (MISPE), que desde 2007 não está acessível à população. O casarão do início do século 19, que fica na Rua da Aurora, no centro do Recife, está abandonado e o acervo do museu abrigado na Casa da Cultura. A diretoria de gestão de equipamentos da Fundarpe informou à imprensa, em agosto do ano passado, que a obra estava em curso e que o prazo de entrega seria em 2014. Atualmente, o acervo do museu - que conta com mais de seis mil peças - está disponível apenas para pesquisadores.

Sistema Nacional de Cultura

No dia 22 de novembro do ano passado o governador de Pernambuco Eduardo Campos anunciou a adesão do Estado ao Sistema Nacional de Cultura (SNC), após boatos de que a Secretaria de Cultura seria extinta. Mas o LeiaJá publicou uma matéria no dia 18 de fevereiro deste ano explicando que, na verdade, ainda falta muito para que a terra dos altos coqueiros faça parte do SNC. Além da publicação do acordo de cooperação entre o Governo do Estado e o Ministério de Cultura (MinC) no Diário Oficial da União, que só aconteceu no último dia 26 de fevereiro, é necessário que o Estado tenha um órgão gestor (Secretaria de Cultura), um fundo de cultura (Funcultura), prepare um Plano Estadual de Cultura com duração de dez anos e tenha um Conselho de Política Cultural com 50% de participação da sociedade civil.

A partir o anúncio no Diário Oficial da União, Pernambuco terá dois anos para estruturar o Plano Estadual de Cultura e reformular o Conselho Estadual de Cultura, as duas pendências que faltam para a inserção completa no sistema. A Secretaria de Cultura chegou a anunciar que a a nova composição do Conselho Estadual de Cultura está em fase de conclusão e que o projeto de lei seguiria para a Assembleia Legislativa até o final de fevereiro passado, mas até o momento não há informações sobre o assunto. Em relação ao Plano Estadual de Trabalho, a Secult/PE informa que está recompondo sua Comissão Interna de Trabalho para cumprir a agenda de reuniões, fóruns e validação com a sociedade civil. No entanto, prazos não foram divulgados.

Em entrevista concedida ao LeiaJá e publicada no último dia 3 de fevereiro, Canuto não poupou críticas ao SNC. “Eu acho que é um avanço, mas ainda tem muita incerteza. Primeiro, qual é o valor que vai ter para o Sistema? Falou-se em R$ 170 milhões para todos os Estados brasileiros, mas só o Funcultura tem R$ 33 milhões. O SNC é legal, mas na execução faltou pedra para fazer. Política cultural não tem jeito, tem que ter orçamento”, afirmou o secretário.

Pernambuco sempre foi celeiro de grandes nomes do audiovisual, música, teatro e literatura.  São inúmeros os exemplos de artistas, pensadores, escritores que fizeram e fazem de Pernambuco uma força cultural. Foi com o intuito de resgatar e documentar a tão rica história cultural do Estado que nasceu, em outubro de 1970, o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (MISPE). Na época foram registrados em áudio entrevistas com personalidades da política, arte e cultura pernambucana das décadas de 70 e 80, como Cícero Dias.

Durante as décadas seguintes, o MISPE se consolidou como o principal espaço voltado à guarda, restauração, manutenção, catalogação, divulgação da música, fotografia e audiovisual no Estado. Tornou-se o guardião de um acervo composto por mais de seis mil peças, entre filmes em película, partitura, discos, literatura, audiovisual, livros, cordéis e jornais. Em 2006, a TV Universitária doou todo o material jornalístico da emissora ao museu. Outra importante doação ao MISPE foi o acervo particular do fotógrafo e cineasta pernambucano Firmo Neto. Atitude semelhante foi tomada pela Rádio Clube, que entregou aos cuidados do museu mais de duas mil horas de gravação desde 1960.

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Durante 12 anos, o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco funcionou na Casa da Cultura. Em 1992, passou para o casarão que fica na rua da Aurora. Em 2008, o tempo foi cruel com o MISPE, que por razões estruturais do prédio, voltou a funcionar temporariamente na Casa da Cultura. A reforma no antigo casarão começou em 2011 e se arrasta até os dias de hoje. O diretor do MISPE, Geraldo Pinto, em entrevista recente à imprensa, explicou que a demora em reformar o casarão se deve a problemas estruturais que demandam tempo, como a reforma no telhado e partes elétrica e hidráulica, além de diversas exigências de órgãos como o Corpo de Bombeiros.

O diretor do museu também informou que as mudanças estão em curso e que as obras devem ser terminadas em 2014. André Arararipe – diretor de gestão de equipamentos da Fundarpe, explicou que o projeto é utilizar os quatro andares do prédio, com exposições permanentes e sessões de cinema. Enquanto as obras não são concluídas, o diretor explica que o Mispe continua funcionando na Casa da Cultura do Recife, aberto apenas à pesquisadores, e que os funcionários estão trabalhando normalmente no acervo.

Procurada pelo LeiaJá, a Secult-PE/  Fundarpe não enviou resposta sobre a reforma do MISPE até o fechamento desta matéria.

*Edição: Felipe Mendes

A população precisa de locais em que possa exercer seu direito de acesso a bens culturais. Teatros, cinemas, museus, são espaços de encontro das pessoas com outras e com a cultura. Além da questão artística, os equipamentos culturais públicos, ao atrair um grande número de pessoas, também têm impacto na economia do entorno. Muitos são também patrimônio histórico e arquitetônico, trazendo mais uma dimensão para sua importância na vida da cidade.

O Recife e sua Região Metropolitana vêm sofrendo com casos crônicos de abandono de equipamentos culturais geridos pelo poder público. Alguns dos mais importantes espaços culturais - muitas vezes única opção de lazer e acesso à cultura da sua região - estão fechados há anos, quando não décadas, e alguns não têm sequer data para início das obras necessárias ao seu funcionamento. O LeiaJá foi ao Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes procurar saber como estão alguns dos mais importantes e simbólicos equipamentos culturais da Região Metropolitana.

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E o que encontrou foi espaços abandonados, obras que se arrastam há anos e promessas repetidas do poder público de entrega destes equipamentos culturais à população, que até agora não se concretizaram. Confira nesta reportagem especial como estão o Teatro do Parque e o Museu da Imagem e do Som - MISPE, no Recife, o Cine Teatro Samuel Campelo, em Jaboatão, e os cinemas Olinda e Duarte Coelho, em Olinda. Navegue pelos links para conferir as reportagens completas sobre todos estes espaços fechados para o acesso do público.

Em agosto deste ano, o Governo Federal contemplou o Estado de Pernambuco com R$ 171 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC Cidades Históricas para restauração e manutenção de patrimônios históricos. Recife ficou com R$ 78,4 milhões, Olinda com R$ 61,8 milhões e Fernando de Noronha com R$ 30,8 milhões. Confira a lista completa neste link.

A lista de obras no Recife contempla mercados, igrejas e museus. Fernando de Noronha se resumiu à restauração, conservação e revitalização de fortes, ruínas e pátios seculares. Olinda foi a maior beneficiada, com um total de 14 projetos aprovados. Estão contemplados casarões, igrejas, praças, bicas, ruas, mosteiros, o Palácio dos Governadores e o Cine Duarte Coelho, no bairro do Varadouro.

Olinda

O LeiaJá visitou as obras do Cine Olinda, no Carmo, e descobriu que estão adiantadas. Segundo o mestre de obras Marcolino da Silva, 80% da reforma está terminada, faltando detalhes de acabamento. ''Concluímos a parte mais pesada, como paredes e as partes hidráulica e elétrica. Esperamos entregar até o final de novembro'', afirmou Marcolino da Silva. As obras do Cine Olinda são de responsabilidade do IPHAN e não estão incluídas no PAC - Cidades Históricas. Segundo Fernando Medeiros, responsável pela obra, ela estará concluída até o final de dezembro deste ano.

Já o Cine Duarte Coelho está totalmente abandonado. Sem ninguém trabalhando, entregue à própria sorte. Nossa equipe esteve no local e encontrou um prédio destruído pelo tempo, tomado pelo mato e cheio de pichações. “Aguardávamos ansiosos pelos filmes. Assisti muitos de humor e bang bang. Era muito bom. Fico triste quando vejo o estado do Cine Duarte Coelho. O que não pode é ficar do jeito que está. É uma vergonha'', lamenta José Laurentino Ferreira, de 73 anos. A Prefeitura de Olinda, através de nota, informou que o projeto está em fase de licitação e que após a aprovação do plano de execução pelo IPHAN, a obra levará 12 meses para ser concluída, sem informar o prazo para ter início.

Confira a matéria completa sobre os cinemas Olinda e Duarte Coelho

Recife

Apesar do clamor da classe artística, o Teatro do Parque - fechado desde 2010 - não foi contemplado com a verba do PAC - Cidades Históricas. A Prefeitura do Recife, no entanto, pretende investir cerca de R$ 1 milhão na reforma do prédio. O dinheiro é suficiente, garantiu o presidente da FCCR, Roberto Lessa, já que a estrutura do teatro está sólida e não precisa de grandes intervenções.

Até agora, a obra não teve início, o que gera desconfiança por parte dos comerciantes próximos ao teatro. ''Não vi até agora nem uma telha entrando no local. Lamento que ele fique parado, já que ganhamos um dinheirinho maior quando ele funciona”, diz Joaquim Argemiro, que há 36 anos tem um bar na frente do Teatro do Parque. “É muito estranho só ter uma placa de obras na porta e nenhum operário'', diz, desconfiado, o comerciante. A Prefeitura do Recife promete entregar o Teatro do Parque à população em agosto de 2015, quando completa 100 anos.

Confira a matéria completa sobre o Parque

Jaboatão

O Cine Teatro Samuel Campelo é outro exemplo na demora em entregar equipamentos fechados de volta ao uso da população. Já são duas décadas fechado. A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes promete entregar o espaço cultural em dezembro deste ano e a reforma tem um custo total de R$ 5,6 milhões. O dinheiro vem do Ministério da Cultura, com contrapartida de R$ 500 mil da prefeitura.

Desde julho de 2011, jovens do Centro do Movimento Social Núcleo Educacionista de Jaboatão vêm acompanhando o andamento das obras e do processo de liberação dos recursos. "As obras estão devagar, não andam. Tem muito tempo que a população reclama que não existe lazer na cidade. Constatamos que a prefeitura não entregou documentos essenciais ao Governo Federal. Diante disso, só foi liberada uma parcela de R$ 500 mil para o teatro”, informa Gérson Vicente, líder do Grupo. A prefeitura rebate a informação.

Confira a matéria completa sobre o Samuel Campelo

Imagem e som

Outro exemplo de espaço público importante para a cultura fechado há muitos anos é o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (MISPE). Desde 2007, o MISPE não está acessível à população. O casarão do início do século 19, que fica na Rua da Aurora, no centro do Recife, está abandonado e o acervo do museu abrigado na Casa da Cultura.

O LeiaJá esteve no local e não havia nenhuma pessoa trabalhando. A diretoria de gestão de equipamentos da Fundarpe informou à imprensa, em agosto desse ano, que a obra estava em curso, e que o prazo de entrega seria em 2014. Atualmente, o acervo do museu - que conta com mais de 6 mil peças - está disponível apenas a pesquisadores. E a situação não tem data para mudar.

Confira a matéria completa sobre o MISPE

*Edição: Felipe Mendes

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