Os migrantes que tentam chegar ao norte da Europa pelos Bálcãs começaram a entrar na Eslovênia neste sábado, depois que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia, ao mesmo tempo que dois naufrágios deixaram mais de 15 mortos nas costas gregas e turcas.
A Eslovênia recebeu na manhã deste sábado (17) os seis primeiros ônibus de migrantes procedentes da Croácia. Três ônibus seguiram para um centro de recepção, segundo a polícia, e os passageiros dos outros três foram registrados diretamente na fronteira.
Os migrantes dos três ônibus foram submetidos a uma revista prévia a um controle de identidade. A polícia informou que eles serão levados para um centro de recepção próximo da fronteira com a Áustria e terão total liberdade para deixar o local e prosseguir viagem.
"Quero ir para qualquer país, desde que seja tranquilo. Faço pelo futuro dos meus filhos", disse à AFP Said, um jurista de 40 anos que viaja com a esposa e os dois filhos de 2 e 3 anos.
A nova rota foi motivada pelo fechamento da fronteira da Hungria com a Croácia aos migrantes na noite de sexta-feira.
Depois do anúncio do fechamento por parte do governo húngaro, a Croácia anunciou que enviaria os migrantes que transitam por seu território para a Eslovênia.
O governo esloveno, que enviou reforços à fronteira e suspendeu o tráfego ferroviário com a Croácia, informou que mantém conversações com Zagreb para criar "um ou dois" pontos de atendimento aos migrantes.
A Hungria fechou na sexta-feira os principais pontos de passagem de migrantes na fronteira com a Croácia, bloqueada agora em vários trechos por uma grande cerca de alambrados.
Os postos de fronteira de Beremend e Letenji permanecem abertos para as pessoas com documentos, mas não aceitam os migrantes sem vistos.
Mais de 170.000 migrantes entraram na Hungria pela fronteira com a Croácia desde 15 de setembro. Os dois países estabeleceram uma colaboração para assegurar o trânsito diário.
Novos naufrágios fatais
Os milhares de migrantes que tentam entrar na Europa pela Grécia, Macedônia e Sérvia prosseguem com as viagens extremamente arriscadas.
Doze migrantes morreram afogados neste sábado quando a embarcação em que viajavam naufragou na costa da Turquia, informou agência de notícias turca Anatolia.
A Guarda Costeira do país conseguiu recuperar os corpos que estavam em um bote de madeira que partiu da estação balneária de Ayvalik (noroeste) com destino à ilha grega de Lesbos, segundo a agência.
As equipes de emergência também resgataram 25 passageiros da embarcação, que pediram ajuda com seus telefones celulares.
Mais cedo, a Guarda Costeira da Grécia anunciou a morte de quatro migrantes, três crianças e uma mulher, no naufrágio de uma embarcação no mar Egeu.
Onze pessoas que estavam no mesmo bote foram resgatadas e as equipes de emergência procuram uma criança que está desaparecida.
Quase 300 migrantes morreram no mar Egeu em 2015, durante tentativas de fugir dos conflitos e da pobreza em seus países, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Mais de 600.000 migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro, segundo a OIM, sendo que mais de 466.000 desembarcaram na Grécia. Mais de 3.000 pessoas morreram na travessia.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou na sexta-feira um aumento do número de chegada de botes à Turquía esta semana.
O aumento pode ter sido motivado por uma "melhora momentânea das condições meteorológicas" e porque os migrantes se apressam "antes da chegada do inverno e do temor de fechamento das fronteiras europeias".