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O porta-voz do presidente filipino, Rodrigo Duterte, disse nesta segunda-feira (11) que o fato de a jornalista crítica do governo Maria Ressa ter ganhado o Prêmio Nobel é uma prova de que "a liberdade de imprensa está viva" no país.

A cofundadora do portal de notícias Rappler e o jornalista russo Dmitri Muratov receberam o Prêmio Nobel da Paz na última sexta-feira (8) por seus esforços para "proteger a liberdade de expressão".

Desde que Duterte assumiu o poder, em 2016, Ressa e Rappler foram alvo de várias acusações penais e de investigações que, de acordo com os advogados deste veículo de imprensa, constituem assédio, por parte do Estado, ao trabalho. Entre outras pautas do site, está a cobertura da sangrenta guerra do governo contra o tráfico de drogas.

Duterte já classificou o Rappler de "sucursal de notícias falsas", e Ressa foi vítima de assédio nas redes.

"É uma vitória para uma filipina, e estamos muito felizes", declarou o porta-voz de Duterte, Harry Roque, em entrevista coletiva.

"A liberdade de imprensa está viva, e a prova é o Prêmio Nobel de Maria Ressa", completou Roque.

Veículos da imprensa e grupos de direitos humanos das Filipinas aplaudiram o prêmio, considerando-o um "triunfo", em um país classificado como um dos mais perigosos do mundo para jornalistas.

Ex-jornalista da CNN e autora de "How to Stand Up to a Dictator" ("Como enfrentar um ditador", em tradução livre), Ressa, de 58 anos, está sendo processada em sete casos diferentes.

No momento, encontra-se em liberdade sob fiança. Ela espera a decisão sobre um recurso apresentado por sua defesa, após ser condenada por difamação em junho passado. Se for considerada culpada neste caso, ela corre o risco de ser condenada a uma pena de até seis anos de prisão.

Outros dois casos de difamação on-line foram arquivados há alguns meses.

Ainda assim, o porta-voz de Duterte rejeitou a ideia de que Ressa seja um problema para o governo, insistindo em que "ninguém nunca foi censurado nas Filipinas".

"Maria Ressa ainda tem de limpar seu nome nos nossos tribunais", completou Roque, que a chamou de "criminosa condenada".

- Escudo -

Em declarações à AFP no sábado (9), Ressa disse confiar em que o prêmio será uma espécie de escudo protetor para ela e para outros jornalistas filipinos, que sofrem ataques físicos e cyberbullying.

"Esse 'nós contra eles' não foi criado por jornalistas. Foi criado pelas pessoas que estão no poder, que estão comprometidas com uma forma de governar que divide a sociedade", afirmou, descrevendo o prêmio como uma "dose de adrenalina".

"Espero que permita que os jornalistas façam bem seu trabalho, sem medo", acrescentou.

Durante anos, Maria Ressa destacou a violência que acompanha a campanha antidrogas iniciada por Duterte. Segundo organizações de direitos humanos, esta política já deixou dezenas de milhares de mortos. Em setembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) autorizou sua investigação.

O Rappler é um dos meios de comunicação que publicam imagens hediondas dos assassinatos e questionam seu embasamento jurídico.

Outros veículos pagaram caro pela cobertura desta política, como a rádio ABS-CBN, que perdeu sua licença no ano passado.

Maria Ressa acredita, no entanto, que a independência do Rappler permite que se defenda.

"Não temos outras empresas para proteger, então é fácil para nós nos defendermos", explicou.

A jornalista filipina Maria Ressa declarou neste sábado (9) que seu prêmio Nobel da Paz é para "todos os jornalistas do mundo" e os exortou a continuar lutando pela liberdade de imprensa.

"Isso é realmente para todos os jornalistas do mundo", disse Ressa, em declarações à AFP. A jornalista é uma das vozes mais críticas do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

"Precisamos de ajuda em muitas frentes. É muito mais difícil e perigoso ser jornalista hoje", afirmou.

Ressa, cofundadora do veículo online Rappler, e o jornalista russo Dimitri Muratov, editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, receberam o Nobel da Paz na sexta-feira (9) por seus esforços pela "liberdade de expressão".

O reconhecimento de Ressa foi visto como um "triunfo" por organizações humanitárias e pela mídia em um país que é considerado um dos mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo.

Maria Ressa, de 58 anos, ex-jornalista da CNN, tem sido alvo de várias investigações e processos judiciais nos últimos anos e tem sofrido intenso cyberbullying, especialmente desde que Duterte chegou ao poder em 2016.

O Rappler publicou artigos críticos ao chefe de Estado, principalmente por sua luta sangrenta e polêmica contra o tráfico de drogas.

- Escudo -

Ressa confia que o prêmio será uma espécie de escudo protetor para ela e outros jornalistas filipinos, que sofrem ataques físicos e cyberbullying.

"Esse 'nós contra eles' não foi criado por jornalistas, foi criado pelas pessoas que estão no poder, que estão comprometidas com uma forma de governar que divide a sociedade", disse, descrevendo o prêmio como uma "dose de adrenalina".

"Espero que permita que os jornalistas façam bem o seu trabalho, sem medo", acrescentou.

Durante anos, Maria Ressa destacou a violência que acompanha a campanha antidrogas iniciada por Duterte, que segundo organizações de direitos humanos já deixou dezenas de milhares de mortos e que o Tribunal Penal Internacional (TPI) autorizou em setembro a investigar.

O Rappler é um dos meios de comunicação que publica imagens hediondas de assassinatos e questiona seu sustento jurídico.

Outros veículos pagaram caro por essa política, por exemplo, a rádio ABS-CBN, que perdeu sua licença no ano passado.

Mas Ressa acredita que a independência do Rappler permite que se defenda. "Não temos outras empresas para proteger, então é fácil para nós nos defendermos", comentou.

A Nobel da Paz é acusada em sete casos diferentes, todos descritos como "ridículos" pela jornalista, determinada a ganhá-los um a um.

Ela está atualmente em liberdade sob fiança e aguarda recurso após ser condenada por difamação em junho, em um caso em que corre o risco de sete anos de prisão.

Dois casos de difamação online foram rejeitados há alguns meses e Ressa, autora de "How to Stand Up to a Dictator" ("Como enfrentar um ditador", em tradução livre) espera ir à Noruega para receber seu Nobel.

"O maior desafio sempre foi superar o medo", disse. "Ser destemida não significa não ter medo, mas simplesmente saber como lidar com isso", acrescentou ela.

"Às vezes eu digo que realmente teria que agradecer ao presidente Duterte porque você sabe quem é até o momento em que tem que lutar por isso", disse Ressa. "E agora eu sei quem eu sou".

Ressa afirmou que a campanha eleitoral nas Filipinas, que começou este mês com a inscrição de candidatos para mais de 18 mil cargos, será um momento "crítico" e afirmou que seu país está muito perto de ter "democracia apenas no nome".

As eleições vão eleger o sucessor de Duterte, que é proibido pela Constituição de concorrer a um segundo mandato de seis anos.

As pesquisas colocam sua filha Sara e o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, que leva o nome do pai, entre os favoritos. Por enquanto, Sara Duterte negou que queira aparecer.

Os jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dimitri Muratov (Rússia) ganharam o Prêmio Nobel da Paz, concedido nesta sexta-feira (8), por sua luta pela liberdade de expressão em seus respectivos países - anunciou o Comitê do Nobel.

Ressa e Muratov foram reconhecidos "por seus esforços para proteger a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e a paz duradoura", declarou a presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo.

Dimitri Muratov, de 59 anos, é um dos fundadores e editor-chefe do jornal russo Novaya Gazeta e "defende, há décadas, a liberdade de expressão na Rússia, em condições cada vez mais difíceis", destacou o júri.

Ex-jornalista da rede americana CNN e cofundadora do site de notícias Rappler, Maria Ressa, de 58, foi alvo, nos último anos, de várias investigações, processos judiciais e intenso cyberbullying. O Rappler já publicou matérias críticas da gestão do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, abordando, inclusive, sua sangrenta e polêmica luta contra o narcotráfico.

"Nada é possível sem fatos", afirmou Ressa em entrevista on-line transmitida pelo Rappler, acrescentando que "um mundo sem fatos significa um mundo sem verdade e sem confiança".

A jornalista disse ter-se emocionado ao saber da premiação e garantiu que o Rappler "apenas continuará fazendo o que sempre fez".

"É o melhor momento para ser jornalista", frisou Ressa.

"Os momentos mais perigosos são também os momentos mais importante", completou.

Em abril, Ressa foi agraciada com o Prêmio Mundial da Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano 2021, criado em memória do jornalista colombiano Guillermo Cano assassinado em 1986.

Em 120 anos de história, o Nobel da Paz nunca havia reconhecido o trabalho de uma imprensa independente que força as autoridades a prestarem contas e contribui na luta contra a desinformação.

"As reportagens que nos ajudam a ficar informados e a ter uma ideia dos assuntos da atualidade em tempo real são essenciais para um bom debate público e para as instituições democráticas", afirmou recentemente o diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz de Oslo, Henrik Urdal.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) celebrou o anúncio, "um sinal poderoso, um chamado à ação".

"Neste momento, dois sentimentos dominam: alegria e urgência", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, a jornalistas, na sede da organização em Paris.

"Alegria, porque é uma mensagem maravilhosa e poderosa a favor do jornalismo. Uma bela homenagem a dois jornalistas (...) que representam o conjunto de jornalistas no planeta, que assumem riscos para favorecer o direito à informação".

"E, depois, um sentimento de urgência, porque o jornalismo se fragilizou, porque o jornalismo está sendo atacado, porque as democracias também (estão sendo atacadas), porque a desinformação e os rumores enfraquecem tanto o jornalismo quanto as democracias, e porque chegou a hora de agir", acrescentou.

- Dedicado aos jornalistas assassinados -

Depois de receber a notícia do Nobel, Muratov, editor-chefe do principal jornal independente russo, Novaya Gazeta, dedicou-o ao seu jornal e a seus seis jornalistas e colaboradores assassinados desde 2000.

"Não posso levar o crédito por isso. É da Novaya Gazeta. É dos que morreram defendendo o direito das pessoas à liberdade de expressão", afirmou Muratov, citando os nomes dos seis profissionais assassinados, como Anna Politkovskaya, informou a agência russa de notícias TASS.

"Como não estão conosco, (o Comitê do Nobel) decidiu, visivelmente, que eu deveria dizer isso para todo mundo (...) Esta é a verdade, é para eles", completou.

Muratov explicou que não conseguiu atender o telefone quando recebeu a ligação do Comitê do Nobel, porque estava trabalhando e ainda não teve tempo de ler o texto do anúncio.

De acordo com o jornal, uma parte do valor recebido pelo prêmio será destinado a um fundo de caridade que ajuda crianças com doenças raras. Esta organização, Krug Dobra (O Círculo da Bondade, em tradução livre), foi fundada em janeiro por iniciativa do presidente russo, Vladimir Putin.

Criada em 1993, a Novaya Gazeta costuma ser alvo de ataques e intimidações.

Pouco antes, o Kremlin elogiou a "coragem" e o "talento" do repórter.

"Felicitamos Dimitri Muratov. Trabalha sem cessar, seguindo seus ideais, mantendo-os. Tem talento e coragem", disse o porta-voz da Presidência, Dimitri Peskov à imprensa.

Este ano, havia 329 candidatos na disputa. Entre os favoritos, estavam, por exemplo, a oposição bielorrussa, a ativista do clima Greta Thunberg e outras organizações dedicadas a proteger a liberdade de imprensa da repressão e da censura, como a já citada RSF, ou o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Acertar o vencedor, ou vencedores (no máximo três), não é fácil, diante do sigilo mantido por 50 anos sobre a lista de indivíduos e organizações na disputa.

Ainda não se sabe se os ganhadores poderão se deslocar para Oslo para receber o prêmio, devido à pandemia da covid-19 e à situação em seus respectivos países.

Composto de um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de 10 milhões de coroas (980.000 euros), o prêmio costuma ser entregue em 10 de dezembro, data de aniversário da morte de Alfred Nobel (1833-1896), seu criador.

Depois do Prêmio da Paz, o único anunciado na capital norueguesa, os membros do Nobel voltam para Estocolmo para fechar a temporada de anúncios com a última categoria, a de Economia, na próxima segunda-feira (11).

Um tribunal de Manila condenou nesta segunda-feira a jornalista filipina Maria Ressa por difamação, em um processo que organizações de defesa a liberdade de imprensa consideram um passo para silenciar a oposição ao presidente Rodrigo Duterte.

Após o anúncio do veredicto, que a expõe a uma pena de até seis anos de prisão, Ressa afirmou que a condenação "não era inesperada" e completou: "Vamos continuar resistindo aos ataques contra a liberdade de imprensa".

Ressa, 56 anos, é fundadora do site de notícias Rappler, alvo do governo por seus textos críticos à administração de Duterte, em especial a respeito da política antidrogas, que provocou milhares de mortes.

A jornalista permanecerá em liberdade sob fiança até que a justiça anuncie uma decisão sobre um recurso de apelação contra a sentença.

Grupos de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa afirmam que a acusação de difamação, ao lado de uma série de processos iniciados contra o site Rappler, além de uma tentativa do governo de retirar a licença do site de notícias, equivalem a um assédio do Estado.

A Anistia Internacional indicou que os "ataques" contra o Rappler são parte de uma ofensiva mais ampla do governo contra a liberdade dos meios de comunicação nas Filipinas.

O veredicto contra Ressa foi anunciado pouco mais de um mês depois da agência reguladora do governo ter determinado a retirada do ar da ABS-CBN, a principal emissora da nação, após anos de ameaças de Duterte de fechar a rede.

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