A Marcha Mundial das Mulheres (MMM), movimento feminista que existe desde o ano 2000, enviou ao LeiaJá uma nota de repúdio ao secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, por conta de declarações feitas por ele em entrevista ao portal publicada na sexta-feira (7) passada.
“A MMM vem expressar seu mais profundo repúdio ao secretário do Patrimônio e Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, que deu a seguinte declaração ao Portal LeiaJá: “folião veio e provavelmente virá novamente em 2014 com o espírito liberado para se divertir e aproveitar as cores, a música e, no nosso caso, as mulheres bonitas. Isso é o que interessa”, diz a nota.
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Segundo Gabriela Belufe, integrante do movimento em Pernambuco que se organiza em sindicatos, praças e universidades, a nota foi produzida seguindo os princípios da entidade. “Nós mulheres não somos mercadoria. Também não queremos ser oferecidas como atrativo turismo por sermos bonitas, como disse Varejão. O que queremos, no mínimo, é o cargo dele. Uma pessoa que está na Secretaria de Cultura não pode ter esse tipo de tratamento. Ele deveria era zelar pelos direitos de todas as mulheres, homens e sociedade em geral”, argumenta Gabriela.
Além disso, segundo o documento, o movimento feminista reivindica ao prefeito Renildo Calheiros “uma Política de Igualdade de Gênero e Proteção aos Direitos das Mulheres, com garantia de implantação da Secretaria da Mulher com autonomia e orçamento próprio, modelo já implantado em outras cidades da Região Metropolitana do Recife”.
“Não existe uma hierarquia no movimento. Somos formados por várias outras instituições e nos reunimos em sindicatos, praças e universidades, além do meio rural”, declara Josilene Carvalho, que também faz parte da MMM.
Confira a nota na íntegra:
"Nota de Repúdio da Marcha Mundial das Mulheres Pernambuco à declaração machista do Sr. Secretario do Patrimônio e Cultura de Olinda, veiculada no Portal LeiaJá no dia 07/02/2014.
A Marcha Mundial das Mulheres vem expressar seu mais profundo repúdio ao secretário do Patrimônio e Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, que deu a seguinte declaração ao Portal LeiaJá: 'folião veio e provavelmente virá novamente em 2014 com o espírito liberado para se divertir e aproveitar as cores, a música e, no nosso caso, as mulheres bonitas. Isso é o que interessa.'
O 7° anuário revelou que, no Brasil, o crime de estupro é mais elevado do que o crime de homicídios, subindo 18,17% em 2012 e pesquisas como a do IPEA em 2013, mostraram o aumento da violência contra a mulher.
A prostituição no Brasil não é opção das mulheres, mas parte de um perverso e cruel sistema de exploração do corpo e da vida, onde as principais vítimas são as meninas pobres e negras, atentando que no contexto atual, da realização do carnaval, copa do mundo, obras e megaeventos, o corpo das mulheres e meninas tem sido mais um produto a ser vendido.
A mercantilização da vida e do corpo das mulheres é imposta pela mídia de consumo um padrão de beleza as mulhere, reafirmando o modelo machista e patriarcal, colocando a mulher numa condição de objeto sexual, facilitando no carnaval e nos mega eventos a exploração sexual de mulheres e meninas, tráfico de pessoas além dos inúmeros registros e casos de estupros que ocorre nesses eventos e fora deles, colocando nós mulheres como culpadas e nunca como vitimas.
Neste sentido compreendemos que a fala expressa e formal de quem representa o Estado vêm nessa lógica oferecendo aos foliões nós, mulheres. Não seria papel do Estado, ter política afirmativa de igualdade de gênero? Não seria também papel do Estado ter uma política de segurança nos mega eventos para as mulheres? Olinda deita em berço esplêndido na ausência de políticas públicas e afirmativas de igualdade de gênero, por isso repudiamos a fala do então secretario e ao Estado que ele representa, por que somos mulheres e não mercadorias para sermos colocadas como atrativo sexual para turistas, por que somos uma diversidade de mulheres, que não temos o padrão de beleza imposta por uma mídia machista e patriarcal desse sistema capitalista.
Nós mulheres, exigimos providências do então senhor prefeito Renildo Calheiros, sobre a declaração machista do seu secretario Lúcilo Varejão, que viola os Direitos Humanos das mulheres, como também reivindicamos uma Política de Igualdade de Gênero e Proteção aos Direitos das Mulheres, com garantia de implantação da Secretária da Mulher com autonomia e orçamento próprio, modelo já implantado em outras cidades da Região Metropolitana do Recife.
Seguiremos em Marcha ate que todas sejamos livres!
Marcha Mundial das Mulheres Pernambuco
Fevereiro 2014"