Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o ex-secretário de saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, afirmou que a decisão de revogar o decreto que estabelecia medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus no Amazonas, publicada pelo governo Wilson Lima (PSC), foi tomada devido à pressão popular. As medidas foram revogadas em dezembro do ano passado, segundo Campêlo, sem aval da secretaria de saúde do Estado.
Durante depoimento, o ex-secretário já tinha falado sobre a dificuldade de reforçar as medidas de restrição no Estado, da falta de adesão às medidas, e sobre os movimentos realizados contra o decreto. "Manifestações, inclusive com violência, com barricadas, com a interrupção do direito de ir e vir da população", afirmou, comentando várias autoridades federais e figuras públicas que foram às redes criticar o decreto no final do ano passado, o que poderia "influenciar a ação de outras pessoas".
##RECOMENDA##O presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), atribui a resistência contra a implementação de medidas não farmacológicas para combater a pandemia ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro e de sua base de apoio. "Pessoas ligadas ao Presidente, infelizmente, o filho dele e Deputados Federais atacando o lockdown na cidade de Manaus. O Governador, equivocadamente, errando, recua no lockdown, pressionado pelas redes sociais. Pressionado por manifestações, e tal, recuou. No recuo, aí, há uma grande contaminação", declarou Aziz.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apontou manifestações do presidente da República e de parlamentares da base de apoio do governo que foram comemorar a revogação do decreto, continuou com seus questionamentos e inquiriu o ex-secretário sobre a estratégia da "imunidade de rebanho". Campelo negou que tenha participado de uma reunião para discutir o tema, seja com o governo estadual ou com o governo federal.
Sobre a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, Campêlo afirmou que ela esteve no dia 4 de janeiro no Estado, onde apresentou uma série de teses sobre o tratamento precoce contra covid-19, e defendeu a adoção da do medicamento para e atenção primária.
Segundo ele, Mayra chegou ao estado dizendo que haviam "150 teses a respeito desse tema", o tratamento precoce contra covid, e incentivou que o medicamento fosse adotado na atenção primária . "Ela recomendou que fizesse, que adotasse essa sistemática, mas que ela ainda iria trabalhar principalmente na atenção primária. Isso era para a atenção primária; no primeiro momento, no primeiro contato com o paciente", declarou o ex-secretário.