Ao que tudo indica, o irredutível Dana White vai colocar os seus lutadores em cena durante a pandemia causada pela Covid-19. Após ser um dos últimos a resistir sobre o cancelamento dos eventos e até cogitar usar uma ilha particular, o chefão do UFC marcou o retorno das lutas para o próximo dia 9 de maio, na Flórida. Até serem escalados para entrar no octógono, as principais estrelas do UFC 249, como Tony Fergunson e Justin Gaethje, seguem em isolamento como os outros atletas. O Estado conversou com Gilbert Durinho, Charles do Bronx, Amanda Ribas e Junior Cigano sobre as decisões da organização e as adaptações durante o período de quarentena.
Durinho e Amanda tiveram a oportunidade de participar do último evento do UFC antes da paralisação, no dia 14 de março, em Brasília. A edição foi realizada com portões fechados, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e contando com o apoio dos atletas. "O UFC conseguiu controlar muito bem e organizar tudo. Eu era a favor de fazer o evento. Também me disponibilizei para lutar no 249, mas acabou não acontecendo. O UFC é um evento muito grande e muito profissional. Eles conseguem organizar e manter todo mundo seguro ao mesmo tempo", afirmou o carioca.
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O compatriota Cigano também concorda com Dana White. "Eu não sou contra a decisão (de realizar o UFC 249). O Dana White vem sendo, ao longo dos anos, um líder para o evento e para nós, atletas. Muitos estavam preparados para lutar antes e acho que o Dana está tentando fazer as coisas continuarem, mas tomando todos os cuidados e precauções necessárias. É uma forma de nos mantermos ativos e de entreter o mundo. Acho que todo mundo gostaria de assistir. E ele propôs de uma forma segura", destacou.
"Acredito que eles estejam tentando manter ao máximo de eventos por conta de toda a preparação dos atletas. Se eu tivesse a oportunidade de lutar nesse na Flórida, eu tentaria também. É o meu trabalho", complementou Charles do Bronx.
Adaptar a rotina de treinos em casa, ficar mais tempo com a família e praticar seus hobbies. Essas são as principais atividades dos lutadores do UFC em período de quarentena imposta como medida de prevenção à covid-19.
GILBERT DURINHO - Com uma academia montada em casa, Gilbert Durinho diz que a estrutura ajuda a manter o ritmo de treinos. "Estou treinando em casa, então consigo manter o ritmo. O meu preparador físico adaptou uma série de exercícios para que eu mantivesse minha preparação nesse período. O meu irmão tem vindo para cá e também me ajuda".
O lutador está em casa com a mulher e os dois filhos. "Sinto falta de vê-los indo para a escola", brincou. "Em casa o tempo todo eles precisam fazer os deveres e está sendo bem estressante ajudar".
O seu passatempo neste período é se arriscar no futebol e jogar videogame. "Brinco muito com as crianças, Faço tudo o que você pode imaginar. Além das atividades com bola e jogos online, estou treinando, comendo e descansando". Durinho iniciou a temporada nocauteando Demian Maia em Brasília e projeta realizar cerca de três lutas ainda em 2020. "Tive uma ótima performance contra o Demian e pretendo continuar assim. Mesmo com a pandemia, sigo treinando e me mantendo preparado", garantiu.
CHARLES DO BRONX - Charles do Bronx acabou lesionando o ombro antes da pandemia, então ainda não consegue treinar. "Tenho tentado seguir as orientações, ficando quieto e o mais longe possível de qualquer tipo de aglomeração durante esse período. Mas essa semana já devo começar a voltar a treinar. Eles vão ser adaptados para que eu consiga voltar aos poucos, sem loucura. Vou sentar com a minha equipe para que possamos desenhar isso", contou.
Sem as atividades físicas, ele costuma ver TV. "Principalmente Netflix, que era algo que eu não costumava fazer", revelou. Além disso, o lutador entrou na onda das "lives" nas redes sociais e tem passado muito tempo conectado com os fãs. "Aproveito para interagir e me aproximar mais deles. Quero voltar a lutar e eles querem me ver. Acredito que esse período acabou nos aproximando mais".
Nas redes sociais, Charles chegou a compartilhar receitas com os fãs. "O Charles finali... ops, ensina uma receita especial de macarrão para você fazer durante a quarentena".
AMANDA RIBAS - "Estou assistindo lutas o dia inteiro", disse Amanda Ribas. Ela derrotou Randa Markos no UFC Brasília e diz que deve voltar com mais experiência após o período de quarentena, já que está estudando suas possíveis adversárias e segue com os treinamentos. "Eu só fiquei parada uma semana. Lógico que nesse momento não dá para fazer o treino completo, com sparring, mas eu estou treinando. A academia é da minha família, fica do lado da minha casa e está fechada para o público. Então eu tomo todo os cuidados possíveis de higiene e roupas", pontuou.
Ela está em casa com a mãe e a irmã e, assim como Charles, se arrisca na cozinha. "Tenho aproveitado para fazer receitas diferentes, cozinhar, assistir filme... Também faço faculdade à distância e ela não parou, então estou estudando, fazendo trabalho, prova. Além de jogos com minha família e online com as minhas amigas".
Nas redes sociais tem aproveitado o tempo para interagir mais com os fãs. "Também estou fazendo 'lives'. Tenho um pouco de vergonha, mas acho que agora que estamos direto dentro de casa, tenho tido mais tempo responder todo mundo. Consigo tirar mais fotos, interagir mais. E eu estou tendo um retorno muito bacana, então quero continuar fazendo".
JUNIOR CIGANO - O ex-campeão do peso pesado do UFC atualmente mora nos Estados Unidos e passa o período de confinamento ao lado da mulher e seus dois filhos. "Sou um cara positivo, tendo sempre me apegar ao lado positivo das coisas. Poder estar em casa a minha família tem sido de uma riqueza gigantesca. Temos aproveitado muito. Sei que é um momento triste, de dificuldade e perdas para todos nós, mas eu tento me apegar no positivo para manter o psicológico em alta. Poder ficar na minha casa tem sido muito bom", salientou.
Apesar de não conseguir manter a intensidade, Cigano segue treinando. "Eu até comecei uma dieta com a minha médica Maria Bogéa e meu nutricionista Marcelo Guedes. Mantive a minha alimentação de sempre, mas como não estou gastando as mesmas calorias, estava ganhando peso. Então eles montaram uma dieta para que eu possa administrar o peso e ficar o mais próximo do normal", contou.
O lutador também revela que sente muita falta de competir, ter um objetivo e trabalhar para alcançá-lo. "Estar parado e não poder correr atrás do futuro que a gente deseja é bem frustrante. Gosto de me manter ativo o tempo todo. E isso me incomoda".
Em sua última apresentação, em janeiro, Cigano acabou sendo superado por Curtis Blaydes. Ele define o seu início de temporada como "conturbado" e pretende "retornar o mais rápido possível" para se manter ativo e melhorar os seus resultados até o final do ano.