Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp… São exemplos de plataformas digitais onde os argumentos populares têm sido intensificados nos últimos anos, diante do cenário político do país. Em 2018, com o advento das eleições para diversos cargos eletivos, entre eles presidente da República e governador, a tendência é de que os debates nas redes sociais ganhem um fôlego maior e mais acalorado, uma vez que os candidatos, com as reformas eleitorais que diminuem o tempo da campanha tradicional, passaram a utilizar as ferramentas com frequência para apresentar suas propostas.
Maior ferramenta de interação social no mundo, o Facebook, por exemplo, tem no Brasil mais de 120 milhões de pessoas interligadas. A rede é a que comporta as principais discussões eleitorais, como aconteceu durante o pleito de 2016 e agora o investimento dos postulantes também tende a ser mais intenso, inclusive, por conta da permissão de que as publicações eleitorais sejam impulsionadas.
##RECOMENDA##Apesar disso e da popularização das plataformas, na avaliação do doutor em Ciência Política e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Juliano Domingues, a tendência é de que elas sejam determinantes apenas em cenários mais acirrados.
“Outras variáveis tendem a interferir mais nesse processo [eleitoral], como o ambiente familiar e as relações clientelistas entre candidatos e eleitores. Somente em cenários muito disputados, em que qualquer voto pode ser decisivo, elas podem fazer alguma diferença. Entretanto, como as redes sociais acabam criando bolhas de percepção, seu potencial está muito mais atrelado ao reforço de opiniões previamente adotadas”, salientou.
As ferramentas podem ainda não ser determinantes para o resultado do pleito, mas uma pesquisa recente feita pelo Ibope registrou que 36% dos eleitores entrevistados acreditam que as redes sociais vão influenciar muito na escolha do candidato, 20% disseram que terá pouca influência e 40% pontuaram que as plataformas não vão interferir no pleito.
Para Domingues, os políticos devem “conhecer bem seu eleitorado potencial e trabalhar formato e conteúdo da mensagem sob medida, sem medo da interação” para que possa se beneficiar de alguma forma com o uso das redes sociais, mas não investir apenas nelas.
“A variável mais importante quando se fala em rede social digital é a escala. Portanto, a depender da repercussão, um erro pode ser fatal. Ao mesmo tempo, um acerto pode render uma boa quantidade de votos. Entretanto, não há fórmula pronta. Além disso, o uso de redes sociais digitais deve ser visto como reforço a estratégias que não se restrinjam ao mundo virtual. A internet, por si só, está longe de garantir a eleição de um candidato”, disse.
Grupos e ideologias vão acentuar o debate
Quanto a inserção do eleitor nas redes sociais, o estudioso acredita ainda que os debates mais intensificados nas plataformas são protagonizados por grupos específicos. “De modo geral, o que há é uma discussão entre pessoas e grupos convictos das suas verdades absolutas. Além disso, as redes sociais são marcadas pela efemeridade e pela superficialidade argumentativa. Essas características incentivam mais a discussão do que propriamente o debate”, observou, salientando que é comum, inclusive, observar troca de ofensas entre os internautas que discordam de alguma tese.
Coordenador da pesquisa Robôs, Redes Sociais e Política no Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ruediger afirmou recentemente, ao avaliar as chamas fake news - notícias falsas que podem surgir na disputa, disse que as redes sociais serão um campo de batalha durante a campanha.
“Não tenho dúvida de que [o peso da redes sociais] será muito maior. Mais pessoas utilizam redes sociais do que há quatro anos. As campanhas de rua ficaram muito caras e com poucos financiadores. Então, as redes se tornam atraentes porque o custo, em geral, é mais baixo. O problema é que será um "tiroteio" de vários lados, porque é frequente o uso das mídias sociais para deformar o debate público e todos os campos ideológicos usam esse tipo de instrumento. É disseminado no mundo da política e agora vai ser potencializado”, cravou.