Tópicos | Jornada de trabalho

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Limpar, cozinhar, arrumar a casa, lavar roupas, esfregar chão... Essas são apenas algumas das atividades desempenhadas por trabalhadoras que há bastante tempo cumprem a importante missão de deixar organizadas as casas dos brasileiros. As empregadas domésticas, mesmo prestando esse importante serviço, não tinham todos os seus direitos trabalhistas totalmente assegurados. Porém, na última terça-feira (26), o Senado Federal aprovou, por unanimidade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que garante aos empregados domésticos direitos já assegurados aos outros trabalhadores.

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Com 67 anos de idade e 15 como doméstica, Marinalva Cassiano dos Santos sempre teve seus direitos assegurados como profissional do lar. “Eu acho que é um trabalho como outro qualquer e merece ter as mesmas condições”, opina. “Sempre tive direito a tudo e não tenho o que reclamar do meu trabalho”, completa.

Para ela, a aprovação da PEC representa uma garantia às empregadas, uma vez que, muitas, após anos de trabalho, perdem seus empregos e ficam sem benefícios. “Quando a gente parar de trabalhar, teremos uma tranquilidade maior para vivermos bem. Somos reconhecidas como profissionais de verdade”, diz Marinalva.

O patrão da doméstica, o aposentado Vlademir Barbosa, 66, destaca como é importante a aprovação da PEC e o trabalho das empregadas. “É de uma importância monstruosa. Sem Marinalva, nossa casa não estaria tão organizada. As domésticas agora estão sendo valorizadas”, comenta.

Barbosa reconhece que algumas pessoas não terão condições de arcar com os custos para manter legalmente as domésticas no trabalho, mas, quem tem recursos financeiros, deve sim cumprir a lei. “Do ponto de vista financeiro, alguns patrões irão reclamar ou não terão condições de pagar. Mas, a lei deve ser cumprida e vou sempre fazer isso”, explica.

De acordo com a diretora geral do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Cidade do Recife, Luiza Batista, é possível que ocorram demissões de muitas domésticas. “Sabemos que vão acontecer demissões, mas, ainda não temos a noção de quantas empregadas perderão seus trabalhos”, projeta.

A diretora explica que a princípio, a sociedade passará por uma fase de adaptação. “Quando os patrões sentirem a necessidade dos serviços das domésticas, terão, de qualquer forma, que contratá-las e cumprir as regras”, fala Luiza.

Segundo dados do Sindicato, o Recife e Região Metropolitana têm hoje 152 mil empregadas domésticas. Em relação ao estado de Pernambuco como um todo, ainda não existe, por parte do Sindicato, uma pesquisa que aponte o número de trabalhadoras.

Conheça a lei

Na próxima terça-feira (2), a proposta deverá ser promulgada. De acordo com o Senado, as novas regras entram em vigor na data de publicação, que também acontecerá na próxima semana. Jornada definida, com limite de 8 horas diárias e 44 por semana, além das horas extras, são alguns dos direitos imediatos. Já para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a proposta aponta a necessidade de regulamentação.

Segundo informações do Senado, atualmente, o profissional doméstico possui somente parte dos direitos garantidos pela Constituição aos trabalhadores em geral. Salário mínimo, décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, licença-gestante e licença-paternidade, aviso-prévio e aposentadoria já são dos direitos garantidos.

Com a aprovação da PEC, um dos novos direitos mais importantes é o controle da jornada de trabalho. Agora, os trabalhadores passarão a receber horas extras, de forma remunerada, com quantia pelo menos 50% acima do normal.

O FGTS também ganha destaque com a PEC, e, mensalmente, o valor a ser recolhido é de 8% do salário do empregado. Clique AQUI e confira outras informações sobre a PEC das domésticas.







 

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O dia de Taciana Lacerda começa cedo. Às 5h30 ela já está de pé e se preparando para ir ao trabalho, mas para qual emprego ela está indo, depende do dia. Ela, assim como outros quatro milhões de brasileiros, faz parte do grupo com dois empregos ou mais. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

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Professora, organizadora de eventos, universitária, estudante, atriz, dona de casa e "mãe" de duas cachorrinhas, Taciana dividi-se numa rotina com mais de cem horas de trabalho por semana. Ela conversou com a reportagem do LeiaJá num dia atípico, quando estava em casa. Segundo ela, normalmente, divide sua semana entre três colégios, onde leciona química para alunos do ensino médio (ela é formada em química pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE), o curso de ciências contábeis, o curso de inglês, os ensaios de teatro e a organização de chás para noivas e mamães.

“Conciliar os horários é o grande desafio. É preciso cumprir todo o cronograma, do contrário, não dá certo”, é assim que ela faz possível tantas jornadas. Algumas profissões como médico ou professor, naturalmente fazem seus profissionais terem a necessidade de se dividir em mais de um local de trabalho para manter uma determinada renda. Entretanto, é cada vez mais comum ver pessoas de outras áreas se dividindo em jornadas duplas ou triplas.

É o caso de Felipe Vasconcelos, funcionário público, presta serviços para uma empresa captadora de recursos para ONGs e ainda leciona aulas particulares de espanhol, francês e inglês. “Sempre lembro meu objetivo. Uso o stress do meu dia a dia, como fonte do que almejo”, lembra Felipe, que atualmente dedica seus finais de semana para estudar para concurso. Ele quer ser auditor fiscal.

Mais que organização com as horas de trabalho, amar o que faz é essencial, quando se trabalha em múltiplas funções, é o que aponta Taciana. Assim também é para Felipe, ensinar é seu hobbie, mas a carreira de seus sonhos é outra. Prestes a iniciar o segundo período de contábeis na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Taciana comenta como costuma estar cansada. “Além de dar aulas, é preciso preparar as fichas de aula e corrigir muitas provas. Minhas noites e meus domingos são dedicados à química”, conta Taciana.

Além de ajudar a complementar a renda familiar, uma das razões para cada vez mais brasileiros escolherem uma segunda carreira é a oferta de emprego. O IBGE registrou em 2012 a menor taxa de desemprego no país na última década. Os benefícios são inúmeros para as duplas jornadas. Dois 13º, benefícios em dobro, dependendo da soma dos dois salários, o trabalhador ainda receberá o teto da aposentadoria. 

Mas é preciso ter atenção a alguns detalhes. Os trabalhadores celetistas, ou seja, aqueles regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) podem ter mais de um emprego, desde que entre as jornadas haja uma pausa de 11 horas. A 'mordida do leão' também é maior para quem declara duas rendas, e caso o funcionário tenha choque de horários entre os empregos, ele pode ser demitido por justa causa.

Com disciplina é possível adequar tudo. Muitas empresas, inclusive, incentivam os funcionários empreendedores, já que geralmente são eles que têm as melhores ideias e mais disposição para conciliar tudo, é o que lembra Vanessa Pocicarpo, analista de recursos humanos da empresa Diferencial Serviços.

Abrir o jogo com os chefes é outra dica, assim facilita quando o funcionário precisar ir para um trabalho no lugar do outro. “É preciso disciplina e bom senso”, afirma Vanessa. Cuidar da saúde, que muitas vezes é deixada de lado, já que poucos têm tempo para se alimentar na hora correta e fazer exercícios, precisa ser priorizado, do contrário o corpo vai reagir negativamente.

“Como a cada três horas. Dou preferência a alimentos com mais fibras, ferro e principalmente a frutas”, afirma Taciana. É preciso lembrar que essa rotina é temporária e deve ser mantida sempre com foco, por uma razão maior.

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