O Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC) é uma das frentes de atuação do movimento de Emaús, entidade que tem parceria com o governo federal, localizada na rua da Yamada, no bairro do Bengui, em Belém. Tem como objetivo promover a formação educacional de jovens de baixa renda, com foco no recondicionamento e manutenção de equipamentos de informática.
Jomar Andrade, coordenador técnico do CRC, conta que o projeto tem dois objetivos básicos: o primeiro, arrecadação de equipamentos de informática, que estão obsoletos ou por não atendem mais a necessidade do dono, para que sejam recondicionados e colocados em funcionamento e distribuídos para ONGs que sejam vinculadas a instituições de inclusão sociodigital, com área de atuação no Pará, Amapá e Roraima. O outro objetivo é a formação profissional desses jovens em situação de risco social.
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Instrutor e ex-aluno do CRC, Douglas Pina diz que ficou sabendo dos cursos por amigos e que já tinha tido experiência nessa área em um emprego de menor aprendiz. “Como meus amigos sabiam do meu interesse pela área de informática, me convidaram para o centro que na época só tinha o curso de recondicionamento. No começo eu era bem leigo, não tinha nenhum conhecimento comparado com as outras pessoas, então aproveitei essa oportunidade e queria esse conhecimento a mais”, afirma Douglas.
Douglas diz que a sua vivência com o curso foi muito boa. Não só aprendeu a mexer no computador, mas também teve oportunidade de trabalhar em outras áreas, desde a eletricidade básica até manutenção de outros equipamentos, como monitores e carregadores. O centro dava o básico e os alunos tinham que correr atrás, sempre buscando mais.
“Aqui eles te dão mais atenção, diferente de fora. Tanto em informática, quanto em manutenção. Lá fora eles só vão fazer o que tem para fazer. Aqui eu tive mais atenção, meus professores foram mais atenciosos comigo, sempre procurando me ajudar a solucionar minhas duvidas”, afirma o instrutor.
Jomar conta que esse tipo de curso é muito importante para esses jovens, já que a maioria vem de pouca estrutura educacional e perspectivas em relação ao futuro. O CRC não tem nenhum acompanhamento após o termino dos cursos, mas segundo o coordenador é comum muitos alunos manterem contato, alguns continuam na área, outros estudando e alguns trabalhando por conta própria. O mais importante é que as orientações serviram para além do curso, sendo aplicado em qualquer trabalho que seja desempenhado.
Marcia Carvalho, assistente social do CRC, conta a importância do acompanhamento psicossocial, não só dos jovens, mas de sua família. “Nós temos a responsabilidade de acolher essas famílias que estão passando por algum risco social. O serviço social está nesse viés de olhar para essa família que veio demandada de outro órgão. Buscamos formar não só alunos para conteúdos técnicos, mas também em questão de cidadania, e o CRC está na área do meio ambiente. De você reciclar, receber um computador e procurar não poluir o ambiente com peças que não tem mais serventia”, afirma Marcia.
O coordenador afirma que a maioria das doações ao Centro é feita por pessoas que procuram o CRC. A maioria chega com o equipamento, mas há casos em que as pessoas não têm como levar, então uma equipe do centro vai até a casa da pessoa e faz uma avaliação do equipamento. A entidade recebe qualquer tipo de material que sobra não necessariamente completo, estando em bom estado e que esteja disponível para ser recondicionado.
“Em virtude de muitas pessoas deixarem os equipamentos no local, não há uma avaliação e acaba tendo muito material, não tendo utilidade para o centro. A cada quatro computadores que chega, um ainda é útil para o centro. Esses resíduos acabam trazendo uma dificuldade de como descarta-lo de maneira correta. Hoje em dia há uma empresa com certificado ambiental para fazer esse descarte. Antigamente o processo era mais rigoroso de seleção devido esses resíduos trazerem um trabalho no descarte”, diz Jomar.
Douglas diz que os cursos oferecidos no centro são muito importantes, já que vai abrir um leque de conhecimentos. “Os jovens vão ter oportunidades de se descobrirem, até mesmo aqueles que não tinham interesse. Hoje em dia até mesmo os alunos que não gostavam tanto da área estão trabalhando, e isso traz uma grande satisfação, e espera-se que no futuro eles possam ser instrutores, conseguindo repassar o que eles aprenderam, ajudando os alunos. Isso é muito gratificante.”
Jomar afirma que há um grande trabalho na divulgação dos cursos. “Quando há abertura de novas turmas nós procuramos divulgar os cursos na internet, nas nossas páginas e em lugares com concentração de jovens, como escolas, igrejas e centros comunitários. Os cursos são todos de graça”, finaliza.
Por Thomaz Oliveira.
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