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O número de brasileiros endividados atingiu novo recorde em agosto, passando de 78% para 79% do total de famílias no País, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Há um ano, esse número era de 72,9%. Da mesma forma, aumentou o porcentual de inadimplentes (aqueles que têm contas em atraso) - de 29% para 29,6% (ante 25,6% em agosto de 2021), também o pior patamar da sondagem, iniciada em 2010.

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Esses resultados aparecem num momento de inflação ainda próxima de dois dígitos e de alta de juros, o que compromete o orçamento do brasileiro e, segundo especialistas, pode afetar a trajetória de retomada da economia depois do impacto da Covid-19.

"Principalmente depois dos dados do último PIB (referentes ao 2.º trimestre), sabemos que o crédito tem sido uma via relevante para dar suporte ao consumo, tanto que o endividamento vem crescendo desde o ano passado", disse Ízis Janote Ferreira, economista da CNC. Ela ressalta que o alto endividamento pode comprometer a capacidade de consumo, principalmente, no ano que vem. "Chega uma hora que esgota."

Num ciclo virtuoso de emprego e renda, o crescimento do endividamento não representaria, necessariamente, um problema. Ao contrário, poderia significar mais consumo, especialmente de bens duráveis como carros e eletrodomésticos, cujas vendas costumam ser parceladas pelos consumidores. O preocupante no cenário atual é que o mercado de trabalho tem até gerado empregos, mas com salários menores.

Segundo Ízis, a pesquisa tem mostrado que o aumento do endividamento foi uma das formas encontradas pelo consumidor para tentar manter as despesas correntes. Isso aparece, por exemplo, quando se considera o prazo médio de novos financiamentos. Há um ano, esse número equivalia a 7,3 meses. Pela pesquisa de agosto passado, caiu para 6,8 meses, o que indicaria crescimento maior nas modalidades de empréstimo de curto prazo.

"Não é crédito pessoal ou para comprar bem. É crédito de prazo curto, no cartão e no carnê de loja, para suportar o consumo de itens mais básicos, não duráveis, do orçamento do dia a dia. Não é para trocar de carro nem para comprar eletrodoméstico", afirmou ela.

Para Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec, a elevação do Auxílio Brasil para R$ 600 deverá aliviar as finanças das famílias mais pobres até o fim do ano. O movimento de esgotamento tenderá a ficar mais para 2023. "Vamos ter de esperar para ver como ficará o Auxílio Brasil no ano que vem. O mercado de trabalho tem tendência de melhora."

Carnês e cartões de loja crescem como opção, mas requerem atenção

O uso de carnês e cartões próprios de varejistas tem crescido como modalidade de crédito nos últimos meses, em detrimento de instrumentos puramente financeiros, mostram os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É mais uma opção para os consumidores fecharem as contas com o orçamento apertado, mas também requer atenção das famílias para evitar a desorganização das contas.

Em agosto, 19,4% das famílias endividadas recorreram a carnês e cartões de lojas do varejo, aumento de 0,5 ponto porcentual ante julho.

O cartão de crédito segue como principal modalidade de endividamento, com 85,3% em agosto, mesma proporção de julho, mas 3,5 pontos porcentuais abaixo do registrado em abril, desde quando vem caindo.

Segundo Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec, parte desse movimento é estrutural e tem mais a ver com a estratégia dos varejistas do que com a demanda por parte das famílias. Diante dos juros altos, as empresas do varejo estão fugindo dos serviços de financeiras e têm aproveitado a diversificação dos serviços financeiros por parte de bancos digitais para oferecer crédito e parcelamentos diretamente aos consumidores.

Para o consumidor, a retomada do crediário direto com os lojistas se tornou "mais uma alternativa de pedalar o orçamento", disse Braga. "Virou mais uma fonte para ele tentar sobreviver no curto prazo", completou o professor, ressaltando que essa fonte de crédito também tem limites, embora ele afirme que esse esgotamento deverá ficar para 2023.

No caso de Ana Félix, de 54 anos, o crédito foi a saída para lidar com as complicações vindas depois de ficar desempregada por conta da pandemia. Hoje, ela trabalha de domingo a domingo para pagar as contas. De segunda a quinta-feira, dá expediente como vendedora no Centro do Rio. De sexta a domingo, é cuidadora de idosos.

"A pandemia atrapalhou muita coisa. Fiquei parada, ficamos em casa sem trabalhar, aí as contas vão se transformando em uma bola de neve", relatou Ana. "Estou inadimplente. Minha prioridade é pagar conta de luz, água, telefone e cartão de crédito", reconheceu.

Alta de alimentos tira item supérfluo da lista de compras de brasileiro

Os consumidores brasileiros planejam ampliar gastos com bens nos próximos meses, mas o aumento dos preços de alimentos é o principal obstáculo enfrentado pelo brasileiro para exercer esse seu desejo de consumo, segundo uma pesquisa da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil.

Apontada por 67% dos entrevistados, a inflação de alimentos obriga os consumidores a direcionar uma parte maior do orçamento doméstico para os itens essenciais, em detrimento dos supérfluos. O segundo e terceiro entraves às compras mais mencionados por consumidores foram questões relacionadas ao frete, como descumprimento de prazo (queixa registrada por 44% dos entrevistados), e demora na entrega (43% de citações).

"Isso começou em dezembro, e o mercado sentiu bastante isso: a troca de itens, sempre por produtos de menor valor agregado, de menor custo, até o consumidor ou parar de consumir o produto ou, então, ficar só com uma coisa, o valor dele reduzido", afirmou Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil.

Os alimentos comprados em supermercados para consumo no domicílio acumularam um aumento de 17,37% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo os dados do IPCA-15, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o preço do óleo diesel, que afeta o custo do frete, apresentou uma elevação de 58,81% no período de um ano, de acordo com o IPCA-15.

Além da inflação de alimentos e de problemas na entrega, Luciana lembra que os consumidores também sentiram os impactos da desorganização da cadeia de suprimentos sobre a experiência de consumo em alguns segmentos, como a falta de produtos ou filas de espera, especialmente por automóveis e equipamentos eletrônicos.

Segundo a empresa de consultoria e auditoria, ainda assim as perspectivas são positivas para o varejo no médio prazo. No Brasil, 70% dos entrevistados afirmaram terem aumentado suas compras online durante a pandemia, e 55% dos consumidores declararam que ampliarão ainda mais essas compras nos próximos seis meses, enquanto 36% esperam manter os níveis atuais. Um terço dos entrevistados (34%) planeja expandir seu consumo em lojas físicas, e 45% preveem manter o nível atual de consumo.

A ampliação de medidas de transferência de renda para a população deve beneficiar mais a aquisição de itens essenciais do que supérfluos, como o segmento de alimentos, avaliou Luciana.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A proporção de famílias brasileiras endividadas cresceu em 1 ponto porcentual (p.p.) na passagem de julho para agosto, para 79%, informou nesta segunda-feira, 5, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao divulgar a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Na comparação com agosto de 2021, a proporção de famílias endividadas cresceu 6,1 p.p.

A inadimplência, medida pela proporção de famílias que relataram ter dívidas em atraso, ficou em 29,6% do total de entrevistados, alta de 0,6 ponto ante julho. Já a proporção de entrevistados que informou que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, um sinal de permanência na inadimplência, ficou em 10,8%, 0,1 ponto acima do registrado em julho.

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"A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda, o que mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos", diz a nota divulgada pela CNC.

No caso da proporção de endividados - que considera qualquer tipo de dívida, incluindo o uso de cartão de crédito, mesmo que pago em dia -, o crescimento de agosto se deu no mesmo ritmo entre os mais pobres e os mais ricos.

"A melhora do mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido a renda das famílias nas faixas mais baixas, mas a inflação ainda elevada desafia o poder de compra desses consumidores", diz a CNC.

A Peic de agosto também identificou um aumento do uso dos carnês e cartões de parcelamento no varejo, em detrimento de instrumentos puramente financeiros. Entre as famílias endividadas, 19,4% recorreram a carnês e cartões de lojas do varejo, aumento de 0,5 p.p. ante julho. O cartão de crédito segue como principal modalidade de endividamento, com 85,3% em agosto, mesma proporção de julho, mas 3,5 p.p. abaixo do registrado em abril, desde quando vem caindo.

A quantidade de mensalidades em atraso nos cursos presenciais de ensino superior caiu 11,1% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nos cursos EAD (Ensino a Distância), a taxa de inadimplência subiu 8% no período. A taxa de inadimplência no ensino superior privado ficou em 8,67% no primeiro trimestre, valor 1,5% menor que no ano anterior. Os dados são da 14ª edição da Pesquisa de Inadimplência no Ensino Superior Privado, realizada pelo Instituto Semesp.

O resultado foi obtido com base em uma amostra de 357 instituições de ensino superior, após um aumento significativo da taxa de inadimplência em 2020, influenciado pela pandemia de covid-19 no cenário político-econômico brasileiro, como o crescimento do número de desempregados, redução da renda dos trabalhadores, dificuldades de acesso ao crédito estudantil, além das incertezas sobre o retorno das aulas presenciais..

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“A inadimplência dos alunos em cursos presenciais caiu em 2021 e no primeiro trimestre de 2022 por conta da volta das atividades presenciais, a partir do segundo semestre de 2021. A taxa de inadimplência voltou a patamares semelhantes ao início da crise econômica de 2015. Esse recuo na taxa de inadimplência está aliado à redução da base de alunos, além do retorno da normalidade das atividades presenciais”, avaliou o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato. 

No primeiro trimestre de 2022, a PNAD registrou nova queda de 4,3% em relação ao primeiro trimestre de 2021. A taxa de evasão anual, medida com base no Censo da Educação Superior, chegou a 32,4% em 2020, registrando crescimento de 1,4% em relação ao ano anterior.

“Enquanto a inflação em 2021, medida pelo IPCA, chegou a 10,16%, as mensalidades no ensino superior, medida pelo mesmo índice, registrou queda de 0,2%. Além disso, pesquisa sobre mensalidades escolares no estado de São Paulo, realizada no primeiro semestre de 2022 pelo Instituto Semesp, registrou queda do valor praticado em cursos presenciais de 18,92% e de 1,04% em cursos EAD”, disse Capelato.

O estudo mostrou ainda que as instituições de pequeno e médio portes apresentaram redução de 2,5% e de 5,7% no pagamento de mensalidades recebidos e as grandes instituições de ensino superior registraram um crescimento de 10,7%.

Os registros de inadimplentes subiram 1,1% em julho, na comparação mensal, após queda de 0,6% em junho. A informação foi divulgada nesta terça-feira (16), pela Boa Vista. A alta acumulada em 12 meses acelerou de 7,5% em junho para 9,5% em julho.

Em relação a julho de 2021, houve aumento de 16,6% dos registros. Em 2022, o indicador acumula aumento de 12,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

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"Parece que a melhora observada no mercado de trabalho ao longo dos últimos meses e os efeitos da liberação do saque ao FGTS não foram suficientes para conter o avanço da inadimplência, que segue forte e ainda muito afetada pela pressão inflacionária e pelo aumento da taxa de juros", avalia o economista da Boa Vista Flavio Calife, em relatório.

Nesta leitura, o Indicador de Recuperação de Crédito avançou 0,6% na comparação mensal, ante recuo de 5,6% em maio. Houve também alta de 8,5% em relação a julho de 2021.

Em contrapartida, o indicador desacelerou o crescimento acumulado em 2022 frente a 2021, de 9,5% no primeiro semestre para 9,4% até julho.

O País iniciou o segundo semestre com novo recorde de brasileiros endividados e inadimplentes, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em julho, 29% das famílias tinham algum tipo de conta ou dívida atrasada, o maior patamar de inadimplência desde 2010, quando teve início a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Segundo a CNC, o aumento da inadimplência indica que as medidas de governo de estímulo ao consumo, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, tiveram efeito apenas momentâneo no pagamento de contas ou dívidas em atraso, concentrado no segundo trimestre deste ano.

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O total de inadimplentes aumentou 0,5 ponto porcentual na passagem de junho para julho. Em relação a julho de 2021, houve uma elevação de 3,4 pontos porcentuais na proporção de lares em situação de inadimplência.

O porcentual de famílias endividadas subiu a um ápice de 78% em julho, um aumento de 0,7 ponto porcentual ante junho. Em relação a julho do ano passado, a proporção de lares endividados teve um crescimento de 6,6 pontos porcentuais. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e prestação de casa.

"O porcentual de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas", apontou a CNC, em nota.

Em julho, 10,7% das famílias afirmaram não ter condições de pagar seus débitos já atrasados, ou seja, permanecerão inadimplentes, alta de 0,1 ponto porcentual em relação a junho. De acordo com a CNC, a maioria dos que permanecerão sem pagar contas ou dívidas já atrasadas de meses anteriores está entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).

"As classes de despesas das famílias que ganham menos são justamente as que tiveram maiores aumentos recentes de preços, então elas acabam gastando uma parcela maior do orçamento para fazer frente ao aumento da inflação. Ou seja, as famílias com menor renda foram mais afetadas e aumentaram o endividamento, a despeito dos juros altos, para sustentar seu nível de consumo", explicou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.

A proporção de endividados entre famílias que recebem mais de dez salários mínimos por mês subiu a 75,0% em julho, enquanto que o total de lares com dívidas entre os que recebem até dez salários mínimos avançou a 78,8%.

Entre as modalidades de dívidas, houve redução pelo terceiro mês consecutivo nas contas a pagar em cartão de crédito. Do total de endividados, 85,4% tinham dívidas no cartão de crédito em julho ante uma fatia de 88,8% em abril deste ano.

"As famílias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste início de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famílias com dívidas, respectivamente", acrescentou Izis Ferreira.

A pesquisa mostrou ainda uma queda nos financiamentos de automóveis e da casa própria. Em julho de 2021, 12,6% das famílias pagavam prestações de carro e 9,7%, de casas. Em julho deste ano, apenas 10,6% das famílias pagam financiamento de carro, enquanto a fatia comprometida com prestações da casa própria desceu a 7,6%.

"O motivo para menor uso de crédito de longo prazo também é o crescimento dos juros, que aumentaram em média 5,8 pontos porcentuais em um ano, para carros, e 2,8 p.p., no caso da aquisição de imóveis pelas pessoas físicas", justificou a CNC.

A parcela de inadimplentes, aqueles que têm contas ou dívidas em atraso, chegou a 28,7% das famílias brasileiras em maio. É a oitava alta consecutiva do indicador, que vem crescendo desde outubro de 2021. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (CNC) e foram divulgados nesta terça-feira (7).

Em abril, a inadimplência havia ficado em 28,6%. Em maio de 2021, o percentual era de 24,3%. A parcela registrada em maio deste ano (28,7%) é a segunda maior taxa da pesquisa, iniciada em 2010, ficando atrás apenas da observada em janeiro daquele ano (29,1%).

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Já o percentual de famílias endividadas, ou seja, aquelas que têm dívidas (em atraso ou não), ficou em 77,4% em maio, abaixo dos 77,7% de abril, interrompendo três meses de altas. Mesmo com a queda, a taxa ainda é superior à de maio de 2021 (68%).

As famílias que não terão condições de pagar suas contas em atraso também caiu, de 10,9% em abril para 10,8% em maio. Em maio de 2021, a taxa era de 10,5%.

O tipo de dívida mais comum continua sendo o cartão de crédito, responsável pelo endividamento para 88,5% das famílias endividadas.

Segundo a CNC, em maio, o comprometimento médio da renda familiar com dívidas chegou a 30,4%, o maior percentual desde agosto do ano passado (também 30,4%). Do total de endividados, 22,2% precisaram de mais de 50% da renda para pagar dívidas com bancos e financeiras, proporção mais elevada desde dezembro de 2017.

O tempo médio do atraso para pagamento das dívidas, entre aqueles com contas em atraso, chegou a 61,7 dias, abaixo dos 62,1 dias de abril, mas acima dos 61 dias de maio de 2021.

Quase quatro em cada dez brasileiros adultos estavam inadimplentes no mês passado, o que corresponde a 61,94 milhões de pessoas com pendências nos birôs de crédito, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número de inadimplentes incluídos na base do birô de crédito aumentou quase 6% no mês passado em relação a abril de 2021.

O total de inadimplentes, hoje, não é uma marca recorde. O maior contingente foi de 63,08 milhões, atingido em novembro de 2018, segundo a série do SPC Brasil, iniciada em janeiro de 2015.

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"Estamos com patamar de inadimplentes muito próximo do de 2018, que foi um recorde histórico, e a perspectiva é de que esse número aumente", afirmou Merula Borges, coordenadora financeira da CNDL.

Apesar da injeção de recursos extras na economia, como a antecipação do pagamento do 13.º salário para aposentados e pensionistas da Previdência e a liberação de parcelas do FGTS aos trabalhadores, a especialista lembra que os cenários econômicos doméstico e internacional estão conturbados e que isso pode agravar a situação do calote.

O Banco Central já indicou que deve continuar subindo os juros básicos, hoje em 12,75% ao ano, para conter a inflação de 12,13% em 12 meses até abril. Juros elevados dificultam a saída da lista do calote e fazem a dívida virar uma bola de neve, caso ocorra qualquer atraso.

O levantamento mostra que, dos inadimplentes, metade está com dívidas atrasadas entre 91 dias e um ano. Um ano atrás, o juro básico estava na mínima histórica de 2%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em fevereiro passado, Viviane da Silva Rocha, de 36 anos, mãe de um menino de 6 e há quatro meses desempregada, teve de fazer uma escolha: ou pagava a conta de luz - que subiu repentinamente de R$ 80 para R$ 300 - ou fazia as compras de alimentos no supermercado. "A minha opção foi comer", disse. Na última sexta-feira, ela foi ao posto de atendimento da distribuidora de energia para tentar negociar a dívida de três contas em atraso, que somam R$ 900.

Desde que foi demitida de uma empresa de serviço de limpeza, Viviane vive com o seguro-desemprego de R$ 1.200. Foi a primeira vez que ela ficou inadimplente com o pagamento da conta de luz.

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A decisão da ex-faxineira e de milhões de brasileiros que se viram pressionados pela tarifa de energia elétrica engrossou as estatísticas de inadimplência. Nos últimos 12 meses até abril, a energia já subiu 20,52%, e superou a inflação geral de 12,13% no período. Depois das pendências com bancos, com alta de 18,75%, as dívidas não pagas de contas básicas de água e luz foram as que mais cresceram em abril ante o mesmo período de 2021. O aumento foi de 7,92%, aponta levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

"O aumento da inadimplência de contas de água e luz retrata a situação do País", disse Merula Borges, coordenadora financeira da CNDL.

Com o desemprego elevado e inflação em alta, as pessoas estão direcionando os gastos para o consumo básico de comida e até se arriscam a ter luz e água cortadas ao deixar de pagar a conta. Ela lembra que no passado o avanço da inadimplência dessas contas básicas oscilava entre 2% e 3%.

No caso das dívidas não pagas com bancos, elas sempre lideraram o ranking da inadimplência. Normalmente, esse tipo de calote é o que mais cresce e que responde pela maior fatia da inadimplência (60%). "É relativamente mais fácil deixar de pagar banco."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A proporção de brasileiros com dívidas a vencer alcançou 76,1% em janeiro, queda de 0,2 ponto porcentual (p.p.) em relação a dezembro de 2021, segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira (7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Foi a primeira queda ante o mês anterior após 13 meses seguidos de altas.

Na comparação com janeiro de 2021, a Peic ainda aponta crescimento do endividamento. A proporção de endividados saltou 9,6 p.p. em um ano, conforme os dados da CNC.

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A CNC atribuiu a queda de janeiro ante dezembro ao ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic, hoje em 10,75% ao ano), que encarece as parcelas dos financiamentos. Esse encarecimento freou a contratação de financiamentos, segundo a entidade.

"Os dados recentes disponibilizados pelo Banco Central (Bacen), em dezembro de 2021, apontaram aumento de 37,2% para 45,1% nas taxas médias das linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas. Além disso, mesmo tendo apresentado crescimento de 10,6% em termos reais em 2021, de novembro para dezembro, as concessões de crédito tiveram queda de 22,2% na média diária", diz a nota divulgada pela CNC.

Enquanto o encarecimento do crédito freou a contratação de financiamentos, a inadimplência apresentou alta. "O indicador registrou crescimento mensal de 0,2 p.p. e anual de 1,6 p.p., atingindo 26,4% do total de famílias no País, o maior nível desde agosto de 2020 e a maior proporção para meses de janeiro observada na série histórica da Peic", diz a nota da CNC.

Já a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, ou seja, aqueles entre os inadimplentes que deverão permanecer nessa situação, apresentou leve expansão, de 0,1 p.p. Na comparação com janeiro de 2021, entretanto, o porcentual contou com queda de 0,8 ponto, informou a CNC.

O aperto na política de juros pesou mais sobre os mais pobres. Na análise desagregada por faixas de renda, entre as famílias com ganhos de até dez salários mínimos, o porcentual de endividados teve redução de 0,3 p.p., alcançando 77,4%, a primeira queda desde outubro de 2020. Já para a parcela de famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, o endividamento cresceu 0,3 p.p., atingindo a maior proporção de endividados na série histórica, 71,2%.

A continuidade da alta do endividamento entre os mais ricos pode ser uma reação do sucesso da vacinação, apesar da nova onda de casos de covid-19, com a variante Ômicron. "Com a maior flexibilização, as famílias no grupo de renda mais elevada têm revertido suas poupanças, ampliadas durante a pandemia, para o consumo, especialmente de serviços", diz a nota da CNC.

O percentual de famílias que declaram estar endividadas em Pernambuco cresceu 1,4 pontos percentuais, quando comparado o mês de novembro deste ano com o mesmo período do ano passado. Já o percentual de famílias com dívidas entre outubro e novembro permaneceu praticamente estável, saindo de 78,2% para 78,8%.

Esses dados foram levantados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O recorte local feito pela Fecomércio, por sua vez, mostra uma leve piora em novembro: segundo a pesquisa, o percentual de famílias com contas atrasadas subiu 1,1 pontos e ficou em 31,4% em novembro. 

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“Com esse movimento, a série interrompeu uma trajetória de 4 meses em queda, após passar de 33,2% em junho para 30,3% em outubro. Na comparação com novembro do ano anterior, o indicador subiu 2,4 pontos”, explica o assessor econômico da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.

Já o percentual de famílias que se dizem sem condições de pagar as contas atrasadas seguiu em trajetória de elevação e encerrou novembro deste ano em 16,8%. Na passagem de outubro para novembro, o indicador subiu 1,1 pontos e já se encontra 4,2 pontos percentuais acima do patamar observado em novembro do ano de 2020, quando era de 12,6%.

Dimensão do endividamento

Em novembro do ano passado, 13,5% das famílias se diziam muito endividadas e, agora em 2021, essa proporção chegou a 21,8%. O percentual das que se dizem mais ou menos endividadas caiu 3,1 pontos em relação ao mesmo mês de 2020, mas teve elevação de 3,5 pontos em relação ao mês de outubro deste ano.

“Verifica-se que, embora a proporção de famílias endividadas não tenha sofrido alteração substancial na comparação com novembro do ano passado, a composição do indicador aponta mudança relevante sobre a percepção desse endividamento”, comenta Saraiva.

O demonstrativo por tipo de dívidas aponta que o cartão de crédito elevou levemente sua participação entre os débitos declarados pelas famílias endividadas no mês de novembro, na comparação com o mês anterior.

O cheque especial, por sua vez, cresce entre os tipos de dívidas mencionadas pelas famílias como componentes do endividamento recente: estavam 7,9% em novembro de 2020, chegou a 11,6% em outubro deste ano e avançou para 14,1% em novembro.

“Nesse sentido, o pouco espaço para busca de crédito ou para refinanciamento das dívidas já existentes, devido à situação ainda frágil no mercado de trabalho, pode estar forçando o atraso de contas e levando as famílias a contrair dívidas em conta corrente para saldar outros débitos e potencializando o endividamento no curto prazo”, ressalta o assessor econômico da Fecomércio-PE.

Cabe destacar que o cheque especial tem a terceira maior taxa média de juros entre as modalidades de crédito livre às pessoas físicas, em torno de 129%, atrás apenas do parcelamento do cartão de crédito (169%) e do crédito no rotativo (aproximadamente 340%).

*Com informações da assessoria

O total de brasileiros endividados ficou em 74% da população em setembro, 1,1 ponto porcentual (p.p.) acima de agosto, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira (4) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na comparação com setembro de 2020, o nível do endividamento está 6,8 p.p. acima.

Com a alta de setembro, o indicador de endividamento renovou o nível recorde, mas houve queda na inadimplência, o que sinaliza um quadro menos negativo - a Peic mede todos os tipos de endividamento, incluindo cartão de crédito, e o crescimento do endividamento não implica, necessariamente, contas em atraso.

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O porcentual de famílias com dívidas ou contas em atraso atingiu 25,5% do total de famílias, 0,1 p.p. abaixo do nível de agosto, e 1 ponto abaixo do apurado em setembro de 2020.

Para a CNC, a diminuição da inadimplência "tende a se consolidar ao longo do ano, mostrando o esforço das famílias em manter seus compromissos financeiros em dia, seja por meio da renegociação, seja por maior controle dos gastos ou evitando o consumo de supérfluos".

Por outro lado, o ciclo de alta dos juros básicos pelo Banco Central (BC) poderá ser um obstáculo, já que "tende a encarecer as dívidas e demais despesas em aberto".

"O recente aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mesmo que temporário, acirra ainda mais esse custo", diz a nota divulgada pela CNC.

A proporção de famílias com dívidas no País alcançou em julho 71,4% do total de entrevistados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alta de 1,7 ponto porcentual (p.p.) em relação a junho, renovando o recorde da série histórica. Em relação a julho de 2020, houve alta de 4,0 p.p., maior variação nessa base de comparação desde dezembro de 2019.

O crescimento do endividamento, em meio à inflação pressionada e ao mercado de trabalho fragilizado, preocupa a CNC, principalmente porque houve aumento da inadimplência na Peic de julho.

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O total de brasileiros com dívidas ou contas em atraso aumentou pelo terceiro mês seguido, alcançando 25,6% das famílias - 0,5 p.p. acima de junho, mas 0,7 p.p. abaixo de julho de 2020.

A parcela dos consumidores que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, o que sinaliza para continuidade da inadimplência, passou de 10,8% em junho para 10,9% em julho, 1,1 p.p. abaixo do nível registrado em igual mês de 2020.

"O tempo de atraso no pagamento das dívidas também vem crescendo, reflexo das dificuldades enfrentadas pelas famílias na faixa de menor renda, em especial, para quitarem seus compromissos financeiros em dia", diz a nota divulgada nesta quinta-feira pela CNC.

De acordo com a CNC, o aumento no número de endividados em julho ocorreu nas duas faixas de renda investigadas na Peic, mas a proporção de famílias endividadas chamou mais atenção no grupo que recebe até dez salários mínimos, com avanço de 70,7% em junho para 72,6% agora - recorde da série histórica.

No agregado, o cartão de crédito se manteve como principal forma de endividamento. A proporção de endividados no cartão de crédito também renovou a máxima da série histórica, chegando a 82,7%. "Este meio de pagamento é o mais difundido pelas facilidades de uso, mas é também o que oferece o maior custo ao usuário, sobretudo quando se torna crédito rotativo", diz a CNC.

A entidade demonstrou preocupação também com o ciclo de elevação dos juros, após o Banco Central (BC) aumentar a taxa básica Selic de 4,25% ao ano para 5,25% ao ano, em decisão anunciada na quarta-feira, 4.

"O aumento dos juros em curso no País encarece as dívidas, principalmente na modalidade mais buscada pelos endividados hoje, que é o cartão de crédito", alerta a nota da CNC.

O País chegou ao fim do primeiro semestre com a maior proporção de famílias endividadas em mais de uma década, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em 2010, registrou que um recorde de 69,7% de brasileiros tinham dívidas em junho, uma alta de 1,7 ponto porcentual em relação a maio, quando essa proporção era de 68,0%. Na comparação com junho de 2020, quando o total de endividados somava 67,1%, o avanço foi de 2,5 pontos.

A pesquisa da CNC considera como dívidas as contas em aberto no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

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Em junho, houve piora também na inadimplência, pelo segundo mês consecutivo. O porcentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou 25,1%, ante uma fatia de 24,3% em maio. No mês de junho de 2020, no entanto, a inadimplência era maior, alcançando 25,4% das famílias.

O total de famílias que declararam não ter condições de pagar as contas ou dívidas atrasadas e, portanto, permanecerão inadimplentes cresceu de 10,5% em maio para 10,8% em junho. O resultado ainda ficou 0,8 ponto porcentual abaixo dos 11,6% observados em junho de 2020.

Segundo a CNC, o orçamento das famílias tem sido comprometido por fatores como inflação mais elevada e a redução no pagamento do auxílio emergencial pelo governo.

As famílias mais pobres estão mais endividadas e mais inadimplentes. Entre os que recebem até dez salários mínimos mensais, o porcentual de endividados saltou de 69% em maio para 70,7% em junho. Nas famílias com renda acima de dez salários mínimos mensais, a proporção com dívidas cresceu de 64,2% para 65,5% no período.

Quanto à inadimplência, a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de renda mais baixa aumentou de 27,1% em maio para 28,1% em junho, enquanto que no grupo de renda mais elevada manteve-se estável em 11,9%.

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas variou de 14,6% em maio para 14,7% em junho, maior parcela desde julho do ano passado. O tempo médio de comprometimento do brasileiro com dívidas também tem aumentado, diante de fatores como juros ainda baixos, que possibilitam a renegociação de dívidas e estimulam as modalidades de financiamento, com prazos mais longos, justificou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.

"As dívidas das famílias têm se alongado no período acima de um ano. O crédito vem ajudando o brasileiro, atua na recomposição de renda, mas a cada mês nós tememos que o orçamento familiar atinja um patamar de dificuldade que impeça ainda mais o consumo e dificulte a reorganização da economia", alertou Izis, em nota oficial, acrescentando que os programas sociais de governos têm ajudado a evitar um problema maior, principalmente na inadimplência.

O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas mostra tendência de aumento desde abril, passando de 7,0 meses em maio a 7,1 meses em junho. Do total de endividados, 22,4% possuem dívidas que vencem em até três meses, enquanto que 32,7% das famílias estão endividadas por mais de um ano.

A proporção das famílias que apontam o cartão de crédito como principal tipo de dívida alcançou um recorde de 81,8% em junho. As demais modalidades mais citadas foram carnês de lojas (17,5%), financiamento de carro (11,9%), crédito pessoal (10,0%) e financiamento de casa (9,1%).

Após três reduções seguidas, o número de brasileiros com dívidas voltou a subir no último mês de 2020, informou nesta quarta-feira (6) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de dezembro apontou que 66,3% dos consumidores estão endividados, uma alta de 0,3 ponto percentual com relação a novembro. No comparativo anual, o indicador registrou aumento de 0,7 ponto percentual.

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Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia em 2021. “É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, disse, em nota, Tadros, ressaltando que grande parte do crédito ofertado durante a pandemia de covid-19 foi concedido com carência nos pagamentos e deve começar a vencer no início deste ano.

 

 

Em relação à renda, as trajetórias do endividamento passaram a apresentar tendências semelhantes em dezembro. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual subiu para 67,7% do total, após três reduções consecutivas. Para as famílias com renda acima de dez salários, o indicador aumentou para 60%.

 

 

Segundo a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, com o fim do auxílio emergencial, em janeiro as famílias de menor renda que recebiam o benefício precisam adotar maior rigor na organização dos orçamentos domésticos. “O crédito pode voltar a funcionar como ferramenta de recomposição da renda, ainda no contexto de incertezas sobre a evolução do mercado de trabalho”, afirmou Izis.

 

 

Inadimplência em queda

 

Apesar da alta do endividamento, os consumidores continuam conseguindo quitar débitos e compromissos financeiros. O total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2%, em dezembro. Em comparação com igual mês de 2019, a proporção cresceu 0,7 ponto percentual.

 

Segundo a CNC, a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permanecerão inadimplentes teve nova retração, passando de 11,5% para 11,2%. Em dezembro de 2019, o indicador havia alcançado 10%.

 

Com relação aos tipos de dívida, a proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer, alcançando 79,4% das famílias – a maior taxa desde janeiro de 2020 – mantendo-se como a principal modalidade de endividamento. Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas. “Ambas são modalidades associadas ao consumo imediato e de curto e médio prazos”, disse Izis.

 

O governo brasileiro não honrou o pagamento da penúltima parcela de US$ 292 milhões para o aporte de capital no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a instituição financeira criada pelos cinco países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O prazo para a quitação da parcela terminou no dia 3 e o Brasil agora está inadimplente com o banco que ajudou a fundar e é um dos acionistas.

O dinheiro para o pagamento da parcela da dívida com o Banco do Brics e outros compromissos com os bancos multilaterais ficou de fora do projeto de lei que foi votado no fim do ano para remanejar despesas do Orçamento de 2020 e atender a demandas de obras de interesse do governo e emendas de parlamentares aliados.

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No fim do ano, o argumento para votar correndo o texto, mesmo na frente de votação de outros projetos importantes, foi o de que o governo precisava honrar os seus compromissos com organismos multilaterais e não podia ficar com a imagem arranhada na comunidade internacional.

O Brasil ficou inadimplente com o Banco do Brics justamente no ano em que o brasileiro Marcos Troyjo assumiu a presidência da instituição por indicação do governo Bolsonaro e o total de financiamento aprovado para o País bateu recorde em 2020, atingindo US$ 3,5 bilhões.

Ex-secretário Especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Troyjo fez apelos aos ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil) e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para conseguir o pagamento dentro do prazo, mas não obteve sucesso. Um ofício foi enviado aos três alertando para os riscos do não pagamento, inclusive, o de a nota de crédito do banco dada pelas agências internacionais ser afetada negativamente.

Diante da inadimplência, o Brics, por determinação contratual, terá de comunicar às agências de classificação de risco, detentores de títulos e parceiros internacionais, o não pagamento. O Palácio do Planalto foi avisado pelo Ministério da Economia do problema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise econômica provocada pela Covid-19 no País elevou o desemprego a níveis recordes e provocou o fechamento de um sem-número de empresas. Mas, ao contrário do que se poderia esperar, os níveis de inadimplência, sejam de pessoas físicas ou jurídicas, recuaram.

Segundo especialistas, esse quadro surpreendente é resultado direto do auxílio emergencial, dos programas de socorro às pequenas e microempresas e também da taxa de juros no piso histórico, o que permitiu um forte movimento de renegociação de dívidas por parte dos bancos. No auge da pandemia, as instituições financeiras também permitiram o adiamento dos pagamentos por 60 dias.

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A grande dúvida é como o calote vai se comportar quando todos esses socorros acabarem e a economia tiver de voltar a andar com as próprias pernas. O temor é que haja uma explosão da inadimplência no início do ano que vem.

"A queda da inadimplência é algo inédito", afirma o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, empresa que monitora a situação financeira de consumidores e empresas no País. Em julho, último dado disponível, 63,5 milhões de brasileiros estavam inadimplentes, segundo pesquisa da Serasa. São 2,5 milhões de pessoas a menos em relação a abril, quando o País parou por causa da Covid-19. Também o número de empresas com dívidas em atraso recuou em julho para o menor nível do ano: 5,8 milhões. É exatamente a mesma quantidade de companhias inadimplentes registrada em julho do ano passado.

Outro termômetro do calote é a quantidade de empresas que pediram recuperação judicial. Isto é, que reconheceram a incapacidade financeira de pagar as dívidas em dia e solicitaram à Justiça condições especiais. Os dados, coletados em todos os cartórios do País, mostram que neste ano, até agosto, 868 empresas procuraram esse caminho, um número 7,3% menor que o registrado no mesmo período de 2019. Para os oito primeiros meses do ano, o número de processos em 2020 foi o menor desde 2015. Pelo ritmo atual, a perspectiva é que 2020 termine com 1,3 mil pedidos. Em 2019, sem pandemia, foram 1.387

Rabi diz que o risco de o calote voltar a subir está ligado, num primeiro momento, aos consumidores, e depois às empresas. "Os brasileiros que perderam renda estão pendurados hoje no auxílio emergencial, que tem data e hora para acabar (no fim de dezembro)." Se até o fim do ano o quadro for ainda ruim para o emprego, a inadimplência da pessoa física pode subir e resvalar na pessoa jurídica, que não vai receber os créditos em dia. "A inadimplência está represada, não está extinta", alerta Rabi.

Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considera que os bancos estão empurrando o problema da inadimplência com a "barriga". Deram uma carência, por isso, o indicador não está saindo do lugar."

Bancos

Do início da crise até agosto, os bancos postergaram R$ 110,5 bilhões em dívidas, em um total de 14,2 milhões de contratos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Desse total, a maior parcela de beneficiados é de pequenas empresas e pessoas físicas, um volume de R$ 62,2 bilhões. Neste mês, vence a primeira rodada das carências concedidas, que pode vir acompanhada de aumento da inadimplência, num cenário de desemprego elevado.

A preocupação dos bancos com risco de calote está estampada nos balanços. No segundo trimestre, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Caixa elevaram o gasto com provisões para devedores duvidosos em mais de R$ 14 bilhões, totalizando R$ 193,6 bilhões.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, aposta em pico da inadimplência das famílias já no fim deste ano. Bentes, da CNC, lembra que o auxílio emergencial de R$ 600 foi reduzido pela metade a partir de setembro. Ele questiona se, após o fim dessas medidas, a economia terá capacidade de voltar a crescer por conta própria para fazer frente à inadimplência, uma vez que o investimento não foi retomado.

Sem sobras

A catadora de artigos para reciclagem Gisele Santos da Silva, de 34 anos, casada e mãe de duas filhas, estava inadimplente desde 2012. Na época, trabalhava como auxiliar de limpeza, foi demitida e a empresa, segundo ela, não pagou a rescisão. Resultado: ficou sem renda para quitar a fatura do cartão de crédito e a dívida, como acontece nesses casos, virou uma bola de neve.

Em agosto, com juros e multa, a dívida estava em cerca de R$ 700. Mas a catadora conseguiu quitar a pendência e deixar a lista de devedores, desembolsando R$ 143. "Foi fácil até demais negociar desta vez, não esperava esse descontão."

Como catadora, Gisele tira entre R$ 300 e R$ 350 por semana, mas a renda é incerta. Ela está recebendo o auxílio emergencial, que até agosto era de R$ 600 e foi reduzido à metade a partir de setembro. "Com o auxílio, estou pagando as despesas, não sobra nada, ainda mais agora com tudo aumentando." 

Em julgamento sobre o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é inconstitucional a suspensão da atividade profissional de advogados por inadimplência. O professor e advogado especialista em Processo Tributário, Caio Bartine, analisa os desdobramentos da decisão.

“Se foi assim julgado e serve de repercussão geral, teremos vários desdobramentos. Se realmente ficou caracterizado que a anuidade da OAB é um tributo, havendo inadimplência, ela deve ser escrita em dívida ativa, proposta e ajuizada uma execução fiscal. Isso fará com que tenhamos uma proliferação de medidas executivas, por parte da OAB, na cobrança das anuidades”, explica o especialista, segundo informações da assessoria de comunicação.

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Em votação quase unânime, com apenas um voto contrário do ministro Marco Aurélio Mello, ficou sustentado que a cobrança de anuidade do conselho não pode impedir que o profissional exerça a função. Além da OAB, essa decisão abrange outros conselhos profissionais, como o Conselho Regional de Medicina (CRM); o Conselho Regional de Contabilidade (CRC); o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA); dentre outros.

O professor acredita que a decisão aumentará a judicialização de execuções para cobrança dos inadimplentes, ou seja, uma decisão tida como uma “sanção política em uma matéria tributária” sem o debate amplo sobre “a consequência jurídica e a repercussão desta decisão”. Ponto de questionamento do advogado Caio Bartine.

“Se o Supremo Tribunal Federal diz que é um tributo, fatalmente eu vou utilizar de um mecanismo, que a própria legislação me dá. E que irá se sujeitar a todo um regramento tributário próprio. A não ser que se crie, novamente, algo híbrido, como tivemos no passado”, enfatiza o advogado.

O valor de R$ 246,6 mil das contas bancárias do 'apóstolo' Valdemiro Santiago e da Igreja Mundial do Poder de Deus foi penhorado pela Justiça de São Paulo, por decisão da juíza Valéria Longobardi, da 29ª Vara Cível de São Paulo. A determinação acontece por conta do atraso do pagamento do aluguel de um dos templos localizado em São Paulo.

Em sua defesa, a igreja revela à Justiça que a inadimplência acontece por conta da pandemia da Covid-19, que causou a queda dos fiéis e, consequentemente a sua principal fonte de renda, que é o dízimo. No entanto, o atraso dos aluguéis já vem acontecendo desde 2018. 

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Segundo a Folha de São Paulo, Valdemiro alega que não pode ser responsabilizado pela dívida da igreja, que ele é líder e fundador, porque não tem nenhuma ligação jurídica com a Igreja Mundial do Poder de Deus. Ele diz à Justiça que não assinou contrato de locação e seu nome não faz parte da ata fundacional nem do estatuto social da igreja.

A inadimplência no pagamento de mensalidades das instituições de ensino superior cresceu 51,7% em maio na comparação com o mesmo período de 2019, conforme a pesquisa Cenário Econômico Atual das Instituições de Ensino Superior Privadas, divulgada nesta segunda-feira, 29, pelo Semesp. O índice passou de 15,8% para 23,9% do total de estudantes no período.

Em abril, o crescimento foi de 72,4% no indicador em relação ao mesmo mês de 2019. Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, a inadimplência cresceu em ritmo mais lento devido aos acordos entre as instituições e os estudantes. "Muitos alunos renegociaram a sua inadimplência, isso foi parcelado e adiado mais pra frente", afirma.

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No caso das instituições de grande porte, o indicador avançou de 17,8% para 23,4% entre maio de 2019 e maio de 2020. Já no caso das instituições de pequeno e médio porte, o indicador passou de 15% para 24,2%. Em abril, as empresas maiores sofreram mais com a inadimplência, mas, de acordo com o diretor executivo do Semesp, a situação se inverteu devido à maior capacidade financeira das companhias. "Elas têm uma capacidade de renegociação de dívidas maior, um movimento mais rápido para trazer esses alunos e negociar, têm mais ferramentas financeiras", aponta Capelato.

Como visto no mês de abril, a inadimplência foi maior no caso dos cursos presenciais. O indicador passou de 14,8% para 23% do ano passado para cá, enquanto os cursos de educação à distância chegaram a 21,3% de inadimplência no mês passado, ante 19,6% em maio de 2019.

No Estado de São Paulo, os inadimplentes somaram 23% em maio deste ano, ante 14,6% em maio de 2019. O segmento presencial chegou a 23% de inadimplência em todo o Estado, ante 14,5% no ano passado, enquanto a educação à distância passou de 18,8% para 19,1% entre os dois períodos.

No acumulado do semestre, o indicador chegou a 10,7%. "É sem dúvida a maior inadimplência da história, mais próximo da projeção pessimista", afirma. As estimativas do Semesp para o período, baseadas em projeções de PIB e desemprego, apontavam que no cenário pessimista o índice chegaria a 11,3%, enquanto o cenário otimista trabalhava com 10,1% de inadimplência.

Os 10,7% de inadimplentes representam avanço de 19% no índice ante o primeiro semestre do ano passado, quando o índice era de 9,5%. O menor nível registrado nos últimos anos foi em 2014, quando a inadimplência era de 7,8%. Em comparação com 2014, o índice deste semestre saltou mais de 45%.

Evasão

Já a evasão cresceu 14,2%, passando de 3,2% para 3,6% do total de estudantes de maio de 2019 para cá. No segmento presencial, o índice passou de 3,1% para 3,6%, enquanto na educação à distância houve queda de 5,8% para 5,6% nas desistências.

O diretor-executivo do Semesp pontua que o mês de maio historicamente tem um índice de evasão maior do que abril. "Tenho que considerar não só o efeito da crise e da pandemia, mas também o efeito sazonal, então esse crescimento não nos preocupa tanto", afirma.

Segundo ele, o índice é impulsionado principalmente por estudantes que iniciaram os cursos no primeiro semestre deste ano. "Alunos que estão em anos mais avançados da graduação não querem perder o investimento que fizeram, enquanto o mais novo teve pouquíssimo contato com colegas, professores, campus, então o elo dele é muito mais frágil", aponta. O Semesp estima que, ao final do ano, a evasão pode subir para 30% a 40% do total de estudantes.

A captação de novos alunos para o segundo semestre também deve ser "muito menor", de acordo com Capelato. O termômetro utilizado pelo Semesp tem sido as buscas por matrícula em cursos superiores no Google, que registraram queda de 70% ante 2019.

Demissões

Para o Semesp, a piora dos índices reflete as demissões de docentes anunciadas por instituições de ensino superior no final deste mês. "É uma situação bastante delicada", afirma Rodrigo Capelato.

Ele pontua que, entre esta segunda e a terça-feira, podem ser anunciados novos desligamentos em razão do calendário acordado com os professores. "A norma coletiva estabelece que é preciso fazer a demissão até o início das férias de julho. Se a instituição de fato entrar em um cenário que a evasão cresça 30% e a captação caia 70%, pode ter uma ociosidade gigantesca, um número de professores muito maior que de alunos, e não vai ter receita para sustentar isso", afirma.

A pesquisa do Semesp foi feita com 146 instituições de todo o Brasil, sendo 71% de pequeno e médio porte, até 7 mil alunos, e 29% de grande porte, com mais de 7 mil estudantes.

O aumento da inadimplência das empresas por causa da crise do coronavírus já entrou no radar do sistema financeiro. Na divulgação dos balanços do primeiro trimestre, os quatro maiores bancos do País (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) destinaram R$ 28 bilhões para bancar possíveis calotes de empréstimos concedidos no passado - R$ 10 bilhões a mais que em igual período de 2019. O valor foi mais que o dobro do lucro líquido de R$ 13,7 bilhões apurado no período, segundo a Economática.

Um teste de estresse feito pelo Banco Central (BC) para avaliar a capacidade do sistema financeiro diante da pandemia considera que, para fazer frente a perdas de crédito em um cenário mais "catastrófico", as provisões poderiam chegar a quase R$ 400 bilhões. O resultado faz parte de um relatório feito periodicamente pelo BC e, desta vez, trouxe a estimativa do aumento da inadimplência das empresas por causa da Covid-19.

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O calote projetado viria de um conjunto de empresas consideradas mais vulneráveis e que respondem por 29% da dívida de pessoas jurídicas - ou seja, juntas elas devem R$ 893 bilhões. Em nota, o BC reforçou que se trata de uma projeção para um cenário severo e que o pior resultado do sistema até hoje foi em 2016, quando os bancos tiveram de fazer provisões de R$ 81,4 bilhões. "O exercício é um choque que simula a perda de todas as operações num único momento. Na prática, isso ocorreria ao longo do tempo", diz o BC, ressaltando que o sistema financeiro tem capacidade para enfrentar a crise, mas exigiria aporte de recursos.

Procurados para falar sobre essas perspectivas, os bancos não se pronunciaram. Na divulgação dos balanços, no entanto, a maioria falou sobre a necessidade de elevar as provisões. O Bradesco destacou que, a partir da segunda quinzena de março, o agravamento da crise da Covid-19 colocou pressão adicional sobre os índices de inadimplência e entende que a situação deverá se agravar nos trimestres subsequentes. O Itaú afirmou que é fundamental "manter um balanço forte e é com este objetivo que incrementou o nível de provisões".

No mercado, economistas destacam que os números de inadimplência vão começar a piorar a partir de agora. Até meados do mês passado, os cartórios estavam fechados e, portanto, sem protesto de títulos. Mesmo assim, no primeiro trimestre do ano, ainda com efeito limitado da crise, algumas linhas de crédito já vinham registrando alta, segundo dados do BC. Na modalidade de capital de giro, com prazo de até um ano, a taxa de inadimplência avançou 1,4 ponto porcentual; cartão de crédito, 0,4 ponto; e desconto de duplicata, 0,3 ponto.

Segundo Flávio Calife, economista da Boa Vista, esse avanço no está associado à alta do crédito em 2019, quando havia expectativa de retomada de emprego e renda. O cenário mudou bastante e os números vão piorar, já que a atividade econômica está parada, destaca ele.

Explosão de calote

O histórico das últimas crises dá uma noção do que pode vir pela frente. Em 2008 e entre 2014 e 2016, a inadimplência subiu 50% a 60%. Na primeira, provocada pelo subprime americano, a alta foi rápida e alcançou o topo em um ano. Já na retração econômica, que coincidiu com a Operação Lava Jato, a escalada levou dois anos, explica a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Para a entidade, o mais provável é que, na crise atual, o movimento siga um padrão mais parecido com o de 2008.

Ou seja, haveria uma explosão de calote no curto prazo, apesar da decisão dos bancos de renegociarem crédito e darem carência de 60 a 180 dias para pagamento de algumas parcelas. Segundo dados da Febraban, entre pessoas físicas e jurídicas, os bancos prorrogaram o pagamento de parcelas no valor de R$ 40 bilhões desde o início da pandemia. "Esse montante, se não tivesse sido postergado, já estaria compondo o índice de inadimplência", afirma Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating.

Segundo VanDyck Silveira, presidente da Trevisan, a eficácia da iniciativa está relacionada ao prazo de fechamento da economia. "Se perdurar muito, a carência dada pelos bancos vai terminar, as empresas vão continuar sem caixa e inadimplentes." Para ele, neste momento todas as empresas estão preservando caixa. "Já reduziram despesas, jornada de trabalho e salários. Agora, vão começar a parar de pagar fornecedores, o que gera um efeito em cadeia."

Uma pesquisa feita pela Corporate Consulting, que trabalha com reestruturação de companhias, mostra que, neste momento, há um volume de R$ 93 bilhões de crédito que não cabe na conta das empresas. Desse total, 60% devem terminar em recuperação judicial. "O resto vai virar calote ou vai passar por um processo de alongamento do passivo", diz o economista e presidente da consultoria, Luis Alberto de Paiva.

Crédito público

A maioria das empresas está tendo dificuldade para ter acesso à ajuda emergencial do governo federal. Com queda no faturamento e caixa no limite, as companhias relatam que não conseguem ter acesso às linhas de crédito para cumprir obrigações de curto prazo.

Uma pesquisa feita pela consultoria Quist Investimentos, especializada em reestruturação de empresa e recuperação judicial, mostra que 78% das companhias não tiveram acesso a nenhum tipo de crédito desde o anúncio da equipe econômica. Foram ouvidas 100 empresas com receita entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões.

Entre aquelas que tiveram acesso, 17,5% declararam que a ajuda emergencial esbarrou na falta de informações nos bancos e que os profissionais dos bancos de repasse não tinham orientações claras sobre as linhas. Apenas 22% das empresas disseram ter tido acesso a crédito. Mas, nesse caso, acabaram pegando empréstimos pré-aprovados pelo banco de relacionamento, e não a ajuda emergencial do governo.

"O dinheiro está empoçado porque o banco está com medo do que vai ocorrer. Há muito incerteza", diz o presidente da Quist, Douglas Duek. Segundo ele, os bancos só vão conceder recursos para quem tem nota de crédito melhor. Aqueles que representam mais risco não terão acesso a dinheiro novo. "Nesse cenário, quem estava mal vai entrar em colapso. Quem estava bem vai ficar ruim." Para Duek, apesar de os bancos serem só repassadores do dinheiro, eles terão muito trabalho se houver inadimplência porque teriam de ir atrás dos devedores.

Retomada econômica

Uma das preocupações com o aumento da inadimplência é o reflexo na retomada econômica no pós-pandemia. Com as empresas endividadas, sem dinheiro em caixa e sem crédito, a recuperação será mais difícil. A tendência é que, diante do aumento de calotes, os bancos elevem ainda mais as restrições para a concessão de novos empréstimos e isso vai dificultar a volta dos investimentos.

Relatório do Banco Central (BC), com o teste de estresse da pandemia, traz esse alerta. Com o aumento das provisões, a capacidade das instituições financeiras para conceder "novos créditos e sustentar o crescimento da economia ficaria temporariamente comprometida". Segundo a autoridade monetária, considerando a rentabilidade em períodos de crises anteriores, seriam necessários três anos para o sistema recompor sua atual capacidade.

"Sem perspectiva de melhora no mercado de trabalho e com empresas com caixa debilitado, a retomada econômica vai ser mais demorada", afirma Rodolpho Tobler, economista da FGV/Ibre. Segundo ele, hoje há uma população grande com renda baixa ou sem rendimentos. Isso vai criar uma bola de neve, elevar o calote entre as pessoas físicas e bater nas empresas, que também ficarão inadimplentes.

Para Tobler, ao contrário de outras crises, o coronavírus pegou a economia ainda com dificuldades para acelerar o crescimento e com alto índice de desemprego. "O cenário que antecedeu as crises de 2008 e 2014 era melhor. Desta vez, os indicadores já estavam ruins."

Na avaliação de economistas, a saída da crise é uma incógnita. Ninguém sabe quanto tempo vai demorar para voltar aos níveis pré-pandemia. Em alguns setores, a dúvida é ainda mais latente, como as áreas de entretenimento e restaurantes, por causa do comportamento da população ao fim do isolamento.

Nesse cenário, os investimentos vão desabar, com capacidade ociosa alta e falta de crédito. "Hoje não podemos contar com o investimento externo. O impulso teria de vir do governo, de obras públicas", diz o presidente da Corporate Consulting, Luis Alberto de Paiva. Ele reconhece, no entanto, as limitações do governo de se autofinanciar. Antes de a pandemia afetar o País, o governo vinha num esforço para reduzir gastos. Isso teve de ser abandonado para aliviar a perda de renda no mercado.

Proposta

Um grupo formado pelos economistas José Roberto Afonso, Geraldo Biasoto Jr. e Murilo Ferreira Viana e pelo engenheiro Paulo Vales propõe um programa de proteção econômica para evitar uma depressão. Segundo Afonso, o objetivo é evitar a desorganização de produção, comércio e transportes. "Sem saber ao certo até onde vai a quarentena, é preciso dar oxigênio para empresas se manterem nesse período. Isso significa pagarem o mínimo essencial, que sejam salários e encargos, as utilidades públicas e os impostos."

Na avaliação dele, a ideia é usar o mercado de capitais e as empresas de maquininhas, no lugar de bancos, para fazer com que o crédito público chegue para as empresas. "As microempresas usam esses meios de pagamento para toda sua vida financeira e seria o canal para receberem o crédito", afirma.

"Já as médias e grandes empresas poderiam emitir títulos que seriam comprados por fundos operados por gestores privados, mas que pertenceriam ao Tesouro." Quando se liberar aos poucos a economia, o governo também poderia repassar tais fundos ou títulos para o próprio setor privado, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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