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Todo Duro é folclórico. O principal nome da história do boxe pernambucano não faz um personagem. Ele o é sem figuração. Completamente espontâneo, o pugilista agradece o apoio do povo pernambucano - além da imprensa pela cobertura - na Luta do Século por um momento inédito na carreira. Medo? Apenas um: parar. O boxeador de 50 anos sequer cogita pendurar as luvas e já se prepara para a revanche contra o baiano Reginaldo Holyfield, em dezembro, em Salvador.
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Luciano Horácio Torres mora na parte de cima de um duplex simples na Vila do Vintém, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. Vive com a irmã, uma das três filhas e os netos – os quais apresenta como filhos. Todo Duro não é um personagem só da porta para fora. Dentro da casa a personalidade é a mesma. Sem as luvas vem o lado afável do boxeador e até resmungão.
O pugilista conta que faz treinos diários em três turnos e não escapa da ‘marcação cerrada’ das filhas. “Não dá para escapar (dos compromissos). Se eu não apareço, o empresário liga para elas e o carão vem por telefone”, conta. Mas o que realmente incomoda Todo Duro é a possibilidade de abandonar os ringues. “Eu tenho saúde, tou bonzinho aqui”, justifica. E completa: “Se botar aqueles meninos do UFC contra mim tu vai ver, é pau”.
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Se as lutas em Pernambuco não recebem o destaque necessário, é possível dizer até que o boxe existe um degrau abaixo. Esmagado inclusive pela popularização do MMA. Ainda assim, Todo Duro diz que não é por falta de talentos. Traído pela memória, o pugilista revela que alguns atletas têm a carreira castrada pela falta de incentivo, seja público ou privado.
Apesar de ser um esporte olímpico e o Brasil estar a menos de um ano dos Jogos do Rio de Janeiro, não existe investimento no boxe. A Luta do Século, por exemplo, recebeu apoio apenas da Prefeitura do Recife e foi ignorada pelo Governo do Estado.
A situação em que vive Luciano Horácio Torres é não só culpa da má administração das próprias finanças, mas também do reflexo de como o esporte definha na Terra dos Altos Coqueiros. O oposto da situação na Bahia – que sempre tem representantes na seleção brasileira, como atualmente Everton Lopes, Robson Conceição e Robenilson de Jesus, que estiveram em Londres-2012. Se Todo Duro venceu Holyfield nos pontos na noite da Luta do Século, os baianos nocauteiam Pernambuco diariamente na valorização do boxe.