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O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, fez um apelo nesta terça-feira (4), para que o próximo governo comece o ajuste fiscal com a reforma da Previdência. "É o cerne do problema", ele disse, em palestra em evento da Febraban.

Na visão do ministro, o Brasil ainda tem a chance de fazer um ajuste fiscal gradual e, sabendo de suas vulnerabilidades, precisa enfrentá-las antes que o cenário externo "fique ainda mais adverso". "Outras economias não conseguiram realizar um ajuste fiscal, e isso leva a medidas urgentes de curto prazo, que no Brasil acabariam reforçando as distorções que temos", disse Guardia, que ressaltou que, na reunião do G-20, o tom era de preocupação com 2019.

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Na opinião de Guardia, seria um erro revogar o teto de gasto, que se tornou uma espécie de garantia aos investidores internacionais de que haverá algum controle de despesas. E, para que o teto seja respeitado, é necessário realizar a reforma da Previdência. "A manutenção do teto é crível pelos próximos quatro anos, pelo menos até o próximo governo", disse.

Para o ministro, a continuidade do processo de reformas vai exigir um diálogo entre os poderes Judiciário e Legislativo. Também afirmou que os governos estaduais precisam controlar os gastos, que ainda crescem mais que a inflação.

O presidente Michel Temer escolheu Eduardo Guardia para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, que deixará o cargo na próxima semana para tentar disputar as eleições de outubro. Meirelles vai se filiar ao MDB e quer concorrer à Presidência, mas ainda não tem garantia da candidatura.

Guardia, atual secretário executivo da Fazenda, enfrentava resistências no Congresso por ser considerado um técnico sem jogo de cintura política. A escolha do nome dele, no entanto, fez parte de um acordo entre Temer e Meirelles para que o ministro se filiasse ao MDB. Além disso, o presidente também avaliou que manter a continuidade na equipe econômica é o melhor caminho para evitar turbulências no fim do governo, principalmente às vésperas da campanha eleitoral. Projeções indicam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que pode superar as expectativas e chegar a 3,4%, além de arrecadação em alta, inflação baixa e juros em queda.

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Temer planeja entrar no páreo por um novo mandato e pode ter Meirelles como vice da chapa. Auxiliares do presidente dizem que a ideia é formar uma aliança entre a política e a economia, ao centro, para enfrentar os extremos. Se até o fim de junho Temer não tiver melhor desempenho nas pesquisas, a tarefa de defender o governo poderá ficar com Meirelles.

De perfil discreto, Guardia se transformou numa espécie de "Sr. não" nas negociações políticas com o Congresso. Para fechar o cofre do governo, ele bateu de frente, nos últimos meses, com os aliados do presidente ao buscar restringir as vantagens concedidas aos partidos aliados, principalmente nas negociações para aprovação dos cinco Refis (parcelamento de débitos tributários). Também teve papel importante nas negociações para os Estados em dificuldade financeira e foi decisivo para barrar um socorro de R$ 600 milhões para o Rio Grande do Norte, o que evitou uma fissura no time econômico.

Por essa razão, já foi "demitido" diversas vezes por políticos no próprio gabinete. A postura linha-dura levou à resistências dos políticos à indicação do ministro Meirelles para substituí-lo. Além disso, o número 2 da Fazenda sempre foi visto como um nome do PSDB. Ele foi secretário do Tesouro no governo Fernando Henrique Cardoso e depois de secretário de Fazenda de Geraldo Alckmin, em SP.

Outras trocas

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, avisou Temer, nessa quarta-feira, 28, que prefere não ser transferido para o BNDES. Sua preocupação é que uma eventual ida para o banco seja carimbada como um movimento para abertura do cofre. Diante da ponderação de Dyogo, Temer avalia se o secretário de Acompanhamento Fiscal, Mansueto Almeida, fica onde está ou se será deslocado.

Está certo que o ministro dos Transportes será Valter Casimiro, atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Casimiro substituirá Maurício Quintela (PR-AL), que pretende concorrer ao Senado. A reforma ministerial deve atingir 11 dos 29 ministros. Ocupantes de cargos públicos precisam sair até 7 de abril, se quiserem entrar na disputa.

O impasse sobre a sucessão no Ministério da Saúde continua. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, foi indicado pelo PP para assumir no lugar de Ricardo Barros, que deixou o cargo para retornar à Câmara e disputar a reeleição. O governo, no entanto, não bateu o martelo. (Colaborou Ligia Formenti). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Inaugurada no dia 7 de setembro de 1876, no Centro do Recife, a Praça Maciel Pinheiro, cuja fonte de mármore foi esculpida pelo artista Antônio Moreira Ratto, em Portugal, é uma comemoração nacionalista ao triunfo do Brasil na Guerra do Paraguai. Ironicamente, foi ali que uma mulher de 67 anos se instalou para, em suas palavras, “cuidar dos pombos”. Ela empilha caixas de papelão debaixo do jorro d’água, onde acomoda as aves que considera doentes, e transita livremente pela água suja para chegar ao calçamento onde alimenta e dá de beber a centenas delas. 

“Ela tem problemas mentais, sempre está aqui”, afirma um transeunte. Com discurso desconexo e voz bastante rouca, a mulher alega que é veterinária aposentada, reside em uma casa na Rua da Conceição e vai à Praça Maciel Pinheiro pelo menos quatro vezes por dia. “Se não der comida, os pombos morrem de fome. Tem que zelar pela natureza. Criei eles desde novinhos, cada um bonito. Muita gente mata e estupra. Eles morrem e eu lavo o sangue”, afirma. Além de alimentar centenas de pombos na Praça Maciel Pinheiro a mulher garante fazer o mesmo em outros locais do centro. “Alguns ficam me esperando na Igreja do Pátio de Santa Cruz, na Sete de Setembro e perto do Shopping Boa Vista". 

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Mulher aplica pomada em pombos doentes com as próprias mãos. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Despercebida pela maioria das pessoas que circulam pela Maciel Pinheiro, a mulher trata as feridas dos pombos com pomada e água e usa uma sacola na cabeça para evitar molhar o rosto, embora suas roupas estejam costumeiramente ensopadas. “Os pombos são mais limpos que nós. Somos podres”, responde ao ser questionada a respeito das condições de higiene em que convive com os animais. 

De acordo com o mestre em aves da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jonathas Lins de Souza, o contato intenso da mulher com os pombos a expõe ao risco de contaminação por mais de 72 doenças. “Estas aves podem transmitir enfermidades como criptococose, histoplasmose, ornitose, salmonelose, toxoplasmose, encefalite, dermatites, alergias respiratórias e tuberculose aviária. Vale lembrar que os idosos são ainda mais suscetíveis a contrair estes males”, comenta. 

Exposta à água suja da Praça Maciel Pinheiro, mulher acomoda aves em caixas de papelão debaixo da fonte de mármore. (Marília Parente/LeiaJá Imagens)

O pombo doméstico não é nativo das Américas. A espécie chegou ao país trazida pelos europeus no século XVI, tendo se adaptado bem às grandes cidades. “São aves que procuram lugar propício à alimentação e à reprodução. Como comem quase tudo, um local sujo vai proporcionar muita coisa. Assim, a grande quantidade de pombos no Centro do Recife se deve ao acúmulo de detritos na área”, completa Jonathas.    

Assistência

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Recife informou que o serviço de assistência para pessoas com transtornos mentais é feito de maneira integrada “através de ações conjuntas e complementares envolvendo os equipamentos do Consultório na Rua, CAPS, Serviço Especializado de Abordagem Social, Centro Pop. Ao realizar a abordagem, e identificar que tipo de cuidado/ necessidades dessa  pessoa, a equipe traça o projeto terapêutico, identificando as estratégias de intervenção que melhor se adeque: equipamentos de saúde (USF/US, policlínica, CAPS, unidades de urgência e emergência), parceiros intersetoriais como a Assistência Social, Educação, Justiça, entre outros”.

De acordo com a Coordenadora do Consultório na Rua, Brena Leite, a mulher abordada pela equipe do LeiaJá na Praça Maciel Pinheiro já é conhecida da equipe técnica e resistiu aos primeiros contatos. Mais uma tentativa de abordagem está agendada para esta semana. “A gente começa uma intervenção levantando as necessidades da pessoa. Não retiramos da rua,  oferecemos assistência no local. Se há desejo de saída, buscamos informações, solucionamos conflitos familiares e até, de forma articulada, buscamos abrigos”, afirma. 

Consultório na Rua 

Caso localize pessoas com transtornos mentais em situação de rua, o cidadão pode notificar o Consultório na Rua, através do telefone 3355-2810. São duas equipes compostas psicólogos, assistentes sociais e redutores de danos, que têm por objetivo lidar com os diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, dentre os quais também estão as demandas relacionadas ao álcool e outras drogas. 

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