Tópicos | geleiras

Entre 1990 e 2020, as geleiras dos Andes tropicais perderam 42% de sua cobertura. Passaram de um máximo de 2.429,38 km2 para 1.409,11 km2. O derretimento sem precedentes é resultado das mudanças climáticas e de fatores não climáticos como o aumento das queimadas florestais na Amazônia. Os resultados foram publicados na revista Remote Sensing por especialistas do MapBiomas Amazônia, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade Nacional Agrária La Molina e Instituto de Pesquisas em Glaciares e Ecossistemas de Montanha, ambos do Peru.

De acordo com o estudo, os focos de incêndio na Amazônia geram carbono negro que pode acelerar o recuo das geleiras ao entrar na superfície do gelo dos Andes. O MapBiomas é uma iniciativa que reúne ONGs, universidades e empresas de tecnologia.

##RECOMENDA##

A perda média anual é de 28,42 km2. As mais afetadas foram as geleiras que estão a menos de 5.000 metros acima do nível do mar, que em 30 anos perderam quase 80,25% de sua área. A aceleração foi mais significativa a partir de 1995, quando a perda da Bacia Amazônica supera a de outras bacias. Em 2020 elas possuíam uma área aproximada de 869,59 km2.

As geleiras tropicais andinas estão presentes em todos os países andinos. As maiores áreas estão no Peru (72,76%), Bolívia (20,35%) e Equador (3,89%). O recuo das geleiras em 2020, em relação a 1990, foi de 41,19% no Peru, de 42,61% na Bolívia e de 36,37% no Equador.

O estudo ressalta a urgência de os governos nacionais tomarem medidas decisivas para combater a crise climática, incluindo políticas e programas de adaptação às alterações climáticas, nomeadamente em bacias com geleiras, de forma a reduzir os impactos do degelo.

Além dos impactos ambientais e econômicos, a retração das geleiras leva à perda de bens culturais, uma vez que as montanhas nevadas são de especial valor para as populações locais. Ao cobrir toda a região dos Andes tropicais em 36 anos de mapeamento anual, o estudo é considerado o mais abrangente atualmente disponível.

Outro estudo do MapBiomas mostrou a pressão do desmatamento da Amazônia sobre alguns desses países. Uma área equivalente ao Chile, ou 74,6 milhões de hectares, em cobertura vegetal natural deixou de existir na chamada região pan-amazônica, entre 1985 e 2020. Nesse período, em sentido contrário, a mineração cresceu 656%, a agricultura/pecuária aumentou 151%, e a infraestrutura urbana deu um salto de 130%.

Os dados são referentes a todo o bioma, desde os Andes, passando pela planície amazônica até as áreas de transições com o Cerrado e o Pantanal. Além do Brasil, fazem parte da região Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname.

Há 36 anos, pastagens, agricultura, mineração e áreas urbanas ocupavam o equivalente a 6% de toda a região. Em 2020, chegou a 15%. Esse processo não ocorreu de forma homogênea. Em uma ponta, o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa têm a ocupação da floresta por essas atividades de apenas cerca de 1%. Na outra ponta, o Brasil: 19%.

Um novo estudo publicado segunda-feira (2) na revista Nature Climate Change chegou à conclusão que "as tendências ambientais na dinâmica costeira" e "a recessão costeira impulsionada pela subida do nível do mar" podem quase arrasar metade das praias do mundo até o final do século XXI.

Segundo o estudo, o nível do mar tem subido ao longo dos últimos 25 anos, e mesmo que ocorra uma mitigação moderada das emissões de gases de efeito estufa, mais de um terço das costas do planeta poderá desaparecer até o final do século, prejudicando fortemente a indústria do turismo costeiro em muitos países.

##RECOMENDA##

"Além do turismo, as praias arenosas muitas vezes atuam como a primeira linha de defesa contra tempestades e inundações costeiras, e sem elas os impactos de eventos climáticos extremos serão provavelmente maiores", disse à AFP o autor principal da pesquisa Michalis Vousdoukas, que também é pesquisador do Centro Comum de Pesquisas da Comissão Europeia. "Temos que nos preparar."

A concentração econômica e de infraestruturas como função da alta densidade populacional nas áreas costeiras à volta do mundo agrava o impacto das mudanças climáticas, indicam os cientistas.

Previsões do estudo

O estudo concluiu que o México, China, Rússia, Argentina, Índia, Canadá, Chile, EUA, e também o Brasil, seriam fortemente afetados pela recessão da linha costeira devido à elevação do nível do mar, tempestades resultantes de furacões e tufões e diminuição do sedimento dos rios represados. A Austrália seria a mais afetada, com os pesquisadores estimando que cerca de 14.500 quilômetros da costa do país poderiam desaparecer nos próximos 80 anos.

Para determinar a rapidez com que as praias poderiam ser destruídas, os pesquisadores usaram três décadas de imagens de satélite para estimar a futura erosão em dois cenários de mudanças climáticas. No "pior cenário", no qual as emissões de gases de efeito estufa continuariam sem restrições, seja através de atividades humanas ou de fatores ambientais como o degelo do pergelissolo, o mundo poderia perder até 50% de suas praias arenosas, ou seja, 132.000 quilômetros.

Na situação menos terrível, em que as temperaturas globais não aumentariam mais de 3 graus Celsius, cerca de 95 mil quilômetros de costa poderiam desaparecer até o final do século, levando à preservação de uma média de 42 metros de largura de praia ao redor do mundo em 2100.

O estudo também apela à "projeção e implementação de medidas de adaptação eficazes" para evitar a erosão da linha costeira.

"A ligação que o estudo faz da degradação costeira global à combustão [de combustíveis fósseis] é um avanço histórico", disse Jeffrey Kargel, cientista sênior do Instituto de Pesquisa Planetária em Tucson, Arizona, que não participou do estudo, ao portal Phys.org. Kargel também observou que a erosão costeira em partes do sul da Ásia "é esperada ser extremamente rápida".

Corroboração da pesquisa

Um relatório publicado pelo Painel de Segurança Nacional, Militar e de Inteligência do Centro de Clima e Segurança na segunda-feira (2) também descobriu que as mudanças climáticas podem representar graves ameaças aos "ambientes, infraestruturas e instituições de segurança" se as emissões globais de gases de efeito estufa continuarem aumentando.

O relatório conclui que "mesmo em cenários de baixo aquecimento, cada região do mundo enfrentará sérios riscos à segurança nacional e global nas próximas três décadas".

"Níveis mais elevados de aquecimento representarão riscos catastróficos, e provavelmente irreversíveis, para a segurança global ao longo do século XXI", acrescenta o relatório, observando que tais riscos incluem desestabilização das economias dos países, desigualdade regional, efeitos negativos sobre a infraestrutura civil e militar, "respostas etno-nacionalistas" e conflitos por recursos hídricos.

Da Sputnik Brasil

As altas temperaturas que têm atingido a Europa neste verão causaram efeitos drásticos na Groenlândia. A enorme ilha semiautônoma do território dinamarquês viu suas geleiras se desfazerem e virarem verdadeiros rios e cachoeiras.

Em apenas um dia, 10 bilhões de toneladas de gelo derreteram e se deslocaram para o oceano. O degelo foi registrado pelo Instituto Meteorológico da Dinamarca e teve seu pico na última quarta-feira (31). Os cientistas estimam que, em todo o mês de julho, 197 bilhões de toneladas de gelo derreteram na Groenlândia.

##RECOMENDA##

Apesar do degelo ser um fenômeno que ocorre todo ano durante o verão europeu na Groenlândia, desta vez o derretimento foi maior, pois a média dos últimos anos era de 60 a 70 bilhões de toneladas. Para efeitos de comparação, um bilhão de tonelada é o suficiente para encher 400 mil piscinas olímpicas.

Em julho, portanto, o degelo equivaleu a quase 80 bilhões de piscinas olímpicas. As temperaturas marcadas durante esta semana na ilha ficaram de 1 a 3 graus Celsius acima do normal para a época do ano e chegaram a ultrapassar os 20ºC. Isso fez com que 60% da superfície total de camada de gelo derretesse nesta semana, de acordo com simulações realizadas por modelos de computador.

E as estimativas dos especialistas dinamarqueses não são boas. "O calor e os dias ensolarados devem continuar na Groenlândia, ou seja, o derretimento prosseguirá", disse a meteorologista Ruth Mottram, do Instituto.

Da Ansa

Um terço das geleiras do Himalaia pode derreter até o fim do século em razão das mudanças climáticas, que ameaçam as fontes de água doce para cerca de 1,9 bilhão de pessoas, mesmo que os atuais esforços para reduzir o aquecimento global funcionem. Mas se essas ações falharem, o impacto pode ser ainda pior: dois terços das geleiras da região poderão derreter até 2100.

As informações são de um estudo publicado nesta segunda-feira (4) pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas. "O aquecimento global está a caminho de transformar os glaciares, os picos das montanhas cobertas por geleiras da região do Hindu Kush e Himalaia", disse Philippus Wester, da entidade, que liderou as pesquisas.

##RECOMENDA##

O estudo foi realizado durante cinco anos e observou os efeitos das mudanças climáticas na região que passa por Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, China, Butão, Bangladesh e Mianmar. A área, que inclui algumas das montanhas mais altas do mundo, tem geleiras que alimentam sistemas fluviais como os rios Indo, Ganges, Yangtzé e Mekong.

As pesquisas apontam que o impacto do derretimento pode variar de inundações causadas pelo aumento de escoamento a uma elevação dos níveis de poluição do ar em razão do carbono negro e poeira depositada nas geleiras.

Saleemul Huq, diretor do Centro Internacional para Mudança Climática e Desenvolvimento, um centro de pesquisas sobre meio ambiente em Dhaka, descreveu as descobertas no estudo como "muito alarmantes". "Todos os países afetados precisam priorizar o combate a esse problema antes que ele atinja proporções de crise", afirmou.

Huq foi um dos revisores externos do estudo, que ressaltou ainda que mesmo que um ambicioso Acordo de Paris consiga limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim do século, mais de um terço das geleiras da região serão perdidas. Se a temperatura global aumentar 2°C, dois terços dos glaciares do Himalaia derreterão.

O Acordo de Paris de 2015 foi um momento crucial na diplomacia internacional, reunindo governos com diferentes visões sobre como reduzir o aquecimento global. Foi estipulada uma meta de evitar que as temperaturas subam mais de 2°C, ou 1,5°C se possível.

Segundo um estudo recente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, precisariam ser reduzidas a um nível que o planeta consegue absorver - conhecido como net-zero - até 2050 para manter as temperaturas globais em 1,5°C, como previsto no acordo.

O Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas disse que o estudo contou com o trabalho de mais de 350 pesquisadores e especialistas de 22 países. Fonte: Associated Press.

Cientistas detectaram geleiras enterradas em Marte, que oferecem novos indícios sobre a quantidade de água acessível que o Planeta Vermelho tem e onde esta se encontra, informaram pesquisadores nesta quinta-feira (11).

Embora se saiba há algum tempo que existe gelo em Marte, estudar melhor sua profundidade e localização poderia ser vital para futuras missões com humanos, indicou o estudo publicado na revista americana Science.

"Basicamente, os astronautas poderiam ir lá com um balde e uma pá e obter toda a água que necessitam", disse um dos autores da pesquisa, Shane Byrne, do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade de Arizona, em Tucson. A erosão deixou expostos oito locais de gelo, com profundidades de um a 100 metros abaixo da superfície, afirmou.

Estas escarpas subterrâneas parecem "ser gelo quase puro", indicou o artigo, baseado em dados recolhidos pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, lançada em 2005. "Este tipo de gelo está mais estendido do que se pensava anteriormente", disse Colin Dundas, geólogo do Serviço Geológico de Estados Unidos, em Flagstaff, Arizona.

O gelo mostra faixas e variações de cor que sugerem que se formou camada por camada, talvez conforme a neve se acumulou ao longo do tempo. Os pesquisadores acreditam que o gelo se formou há relativamente pouco tempo, pois os locais parecem ser lisos na superfície, e não marcados por crateras que teriam se formado com o impacto de detritos celestes no planeta ao longo do tempo.

Os buracos e precipícios estão todos perto dos polos, que mergulham em uma escuridão gélida durante o inverno marciano e não seriam um local adequado para um acampamento humano de longo prazo.

No entanto, se fosse possível perfurar e analisar uma amostra de uma das geleiras, os pesquisadores poderiam aprender muito sobre a história climática de Marte e o potencial de vida no planeta vizinho. A Nasa planeja enviar os primeiros exploradores a Marte na década de 2030.

O aquecimento global fez o gelo na Antártica derreter mais rápido que o normal, mas um estudo publicado nesta terça-feira (2) sugere que o ritmo de perda em algumas áreas pode ser mais lento do que se pensava anteriormente.

Pesquisadores do Reino Unido mapearam a mudança na velocidade de perda de gelo usando dados de cinco satélites diferentes, segundo o artigo publicado na revista científica americana Geophysical Research Letters.

Depois de estudar as mudanças em mais de 30 geleiras desde 1992 na Terra de Palmer ocidental - a parte sudoeste da Península Antártica - eles descobriram que a perda de gelo aumentou.

"Entre 1992 e 2016, o fluxo da maioria das geleiras da região aumentou entre 20 e 30 centímetros por dia, o equivalente a uma média de 13% de aceleração nas geleiras da Terra de Palmer ocidental como um todo", disse o estudo.

Combinando estes dados dos satélites com um modelo matemático do fluxo de gelo, os pesquisadores puderam constatar que as geleiras desta parte da Antártica despejaram no oceano a cada ano 15 km cúbicos a mais de gelo do que na década de 1990.

Um estudo anterior, muito mais alarmante, publicado na revista Science em maio de 2015, calculava uma perda pelo menos três vezes maior, de 45 km cúbicos de gelo por ano.

"Embora a Terra de Palmer ocidental detenha um monte de gelo - o suficiente para elevar os níveis globais do mar em 20 centímetros - suas geleiras não podem ser responsáveis ​​por uma grande contribuição para a subida do nível do mar, porque a sua velocidade (de derretimento) aumentou pouco nos últimos 25 anos", disse o coautor do estudo Andrew Shepherd, professor School of Earth and Environment da Universidade de Leeds.

A maior aceleração no fluxo e perda de gelo foi observada em geleiras submersas a profundidades de mais de 300 metros abaixo da superfície do oceano, onde a água quente e salgada pode derreter o gelo da base.

Os pesquisadores ressaltam que, apesar do ritmo de derretimento mais lento encontrado em algumas regiões, o continente como um todo está perdendo massa mais rápido do que nunca devido às mudanças climáticas.

Cientistas descobriram o mecanismo que tem provocado o rápido derretimento do glaciar da Ilha Pine, no oeste da Antártida e concluíram que a aceleração de sua retração começou por volta de 1945, depois de um período de aquecimento oceânico ligado ao fenômeno El Niño.

Entre as geleiras que estão derretendo em todo o mundo, as que tem o maior potencial para contribuir com a elevação do nível do mar são as que ficam no Manto de Gelo da Antártida Ocidental, de acordo com os autores do novo estudo, publicado nesta quarta-feira, 23, na revista científica Nature.

##RECOMENDA##

Localizado em uma ilha no Mar de Amundsen, no oeste da Antártida, o grande glaciar está se retraindo, mas o mecanismo inicial que levou a essa retração não era conhecido.

Para realizar o estudo, os cientistas analisaram detalhadamente amostras de sedimentos retiradas debaixo do glaciar flutuante da Ilha Pine. A deposição dos sedimentos deixa sinais que documentam as mudanças ambientais ocorridas ao longo dos anos.

Com a análise, os cientistas mostraram que, próximo de um proeminente cume no solo marinho, o glaciar sofreu uma transição ao longo do tempo: o que era uma geleira assentada no solo passou a ser uma plataforma de gelo flutuante.

Utilizando técnicas de datação aplicadas aos sedimentos, os cientistas revelaram que uma cavidade oceânica se formou sob a plataforma de gelo, por trás dos cumes submarinos, começou a se formar aproximadamente em 1945, depois de um pico de calor associado ao fenômeno El Niño no Oceano Pacífico.

O descolamento da plataforma de gelo ocorreu na década de 1970, segundo o estudo. De acordo com os autores, embora nas décadas seguintes as condições climáticas já tenham voltado aos padrões anteriores a 1940, o afinamento e retração do Glaciar da Ilha Pine não parou.

Segundo eles, os resultados do estudo ajudam a esclarecer os mecanismos que controlam o derretimento de mantos de gelo e indicam que a retração pode continuar mesmo quando as pressões climáticas se enfraquecem.

O grupo de cientistas que realizou o novo estudo foi liderado por Martin Truffer, da Universidade do Alasca em Fairbanks (Estados Unidos), e por David Vaughan e James Smith, ambos da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando